Inspirar-Poesia, um segundo sopro

tímido

Por Sueli Maia (Mai) em 3/10/2010
.
Sentado e centrado no centro da sala de um mundo abstrato e real, ele era um mundo de perguntas por fazer. Os blocos eram lógicos, em verde, vermelho e amarelo. Seus olhos azuis eram mares onde barcos navegavam em ares sonhadores de menino. Ele era lento, calado, secreto. Ele era lindo, como o cristal que olhava, tentando decifrar o mundo de cores em tanto pensar. Ele era quieto, mínimo, afásico, em medo e vergonha de se flagrar um menino feliz. Mas era grande em avidez. Seus dedos não paravam de explorar, tocar, pedir. Sua risada era séria, plácida, distante, porque só ele sabia que não podia sorrir. Sua acuidade era extensa, imensa, telescópica, porque só ele entendia, o quanto queria compreender. Ele estava sentado e centrado a brincar. Ele falava p'ra dentro, numa ilha para além do oceano de plutão. Mas os blocos eram lógicos e os seus olhos, azuis. Ele era só um menino e era tímido.
.
Imagem Google
texto reeditado

26 comentários:

Café da Madrugada® Lipp & Van. disse... @ 28 de fevereiro de 2009 às 22:00

Uma ingenuidade, uma inocência colorida; um mundinho seu, único, fechado. Mas cheio daspossibilidades. E faz sua lógica, mesmo com a lógica do mundo a sua volta.

Márcio Ahimsa disse... @ 28 de fevereiro de 2009 às 22:51

Esse menino era tímido, calado, era um beco, um buraco dentro de seu medo, era um sorriso para dentro, quase um lamento, um incenso espalhando sua certeza pelo que desejava ser de mais concreto, num esboço de sonhar, utópico, trópico em torno de crer, em torno de se fazer e permanecer abastrato, irreal em sua totalidade, pois que a realidade era que o fazia sumir, era assim, um espirro interrompido, mas ele era um sinal, assim, disperso e disléxico, o pensamento voltado para mil coisas ao mesmo tempo, um rosto sereno e uma face plácida, um olhar confiante e discreto, ele era o seu embrulho, era a vontade de se desabrochar e sair para o mundo, era um estampido prestes a eclodir à menor chance, mas ele não teve chance, ele, simplesmente caminha seguindo o capim que dança ao resvalar do vento observando os pirilampos piscarem uma luz de esperança pelo próximo passo que suas pernas irão dar...

Ei Mai, que bom que estás bem.

Beijos em ti, querida.

Paula Barros disse... @ 28 de fevereiro de 2009 às 23:13

Ai, ai, ai,....que lindo. A imagem e o texto me transportou e me fez ver.

Quando escreve assim fico a imaginar o livro, o livro....

Quantos crescem e levam pelo mundo o medo de ser feliz, de ser, de viver ...

beijos e ótimo domingo.

Elcio Tuiribepi disse... @ 28 de fevereiro de 2009 às 23:45

Oi Mai, apenas tímido mesmo...ou nas entrelinhas tem algo mais, achei ele um pouco triste...distante do mundo...
De qualquer forma um lindo parecer sobre inocência e um tantino de não sei...um abraço na alma

:.tossan® disse... @ 1 de março de 2009 às 05:47

É muito distante sim ele era eu sem os olhos azuis, talvez esverdeados no sol, mas tímido ao extremo! Não....Nada disso! Não era eu era o teu incrível personagem. Mai tu é foda! Boa mesmo! Beijo

Gilbamar disse... @ 1 de março de 2009 às 13:09

Fui assim, menino inquieto e curioso e de tudo querendo saber, a tudo procurando descobrir. E encontrava umas poucas respostas nas poucas revistas que me caíam às mãos e nos ainda raros livros aos quais tinha acesso. Faltavam-me apenas os olhos azuis e o ser bonito.

Um lindo texto, uma grande inspiração.

Fraterno abraço do amigo Gilbamar.

Cris Animal disse... @ 1 de março de 2009 às 15:14

Oi Mai....aterrisando em casa e aterrisando pela primeira vez no seu blog!
Em primeiro lugar, muito obrigada por ter estado lá no meu canto....rs....e principalmente pelo carinho.
Vc chegou em um momento de dor, mas foi aleghria sua chegada!
Obrigada!
Lendo seu post, me lembrei da época que trabalhava com crianças e um dia perguntei a um garotinho fotocópia desse que vc descreveu o que ele estava fazendo tão quietinho, sentado ainda na mesa do lenche. Ele virou-se para mim, abriu um sorriso e disse: briuncando com meus amigos aqui. E abriu os braços para frente. Não havia ninguém. Foi a segunda vez que tive provas de que crianças vêem anjos.....rs
Talvez, esse garotinho de olhos tão azuis, não estivesse tão só em seu mundo.
Linkei vc....sigo seus rastros....rs
Um super beijo
..................Cris Animal

Anônimo disse... @ 1 de março de 2009 às 17:33

Lembrou-me meu Davi, com seus 8 meses, num silêncio que me apavorava, quando a casa toda se calava. Lá estava ele... "lendo" um livro qualquer. Engravidei logo do Arthur para ensiná-lo a brincar. Ainda bem que tinha alguem escutando as minhas preces...
Hoje, Davi está longe, bem longe de ser chamado de tímido...

SILVANA PEDRINI disse... @ 1 de março de 2009 às 17:41

Eu não conheço esse mundo de crianças, este menino não tem nada do meu. O meu não para na frente de blocos, de nada... Não fica quieto um minuto. Mas algumas crianças são assim, especialmente algumas que eu sonho em conhecer o mundo: os autistas.
bjs

Fábio disse... @ 10 de março de 2010 às 11:49

Por que?
Por que?
Por que?

Os questionamentos dos pequenininhos nunca acabam, a curiosidade, as vezes, é até maior que a timidez.

Abraços.

Anônimo disse... @ 10 de março de 2010 às 12:02

Eu tambem fui uma garota tímida que me distraia com os blocos coloridos de madeira e alguns retalhos de panos que minha mae me arrumava.
Sozinha?
Físicamente eu estava , mas nunca estava so por completo, porque meus proprios questionamentos me acompanhavam..
Lindo seu texto Mai..
Ele nos faz imaginar cada cena nele descrito com tanto carinho..

um abraço

Beti Timm disse... @ 10 de março de 2010 às 13:02

Só somos uma vez criança na vida.

E só uma vez se tem essa pureza da alma!

Beijos e saudades

nydia bonetti disse... @ 10 de março de 2010 às 13:06

Fui uma criança parecida, Mai. A um passo do autismo. E demorei pra conseguir tocar o mundo real com as mãos e os olhos. Acho que todo tímido é assim. :) Beijo.

Unknown disse... @ 10 de março de 2010 às 13:18

Tal e qual meu neto, Mai!

Um QI acima do normal, olhos azuis, mas nem o irmão acompanha seu pensamento. Tímido e inteligente ao extremo.

Saudades dele!

Beijos

Mirse

Sidnei Olivio disse... @ 10 de março de 2010 às 14:02

Especial, o menino e o texto! Beijos.

al disse... @ 10 de março de 2010 às 16:02

este texto fez-me lembrar alguém... :)

tão doce.. beijinho Mai *

Anônimo disse... @ 10 de março de 2010 às 16:55

Toda vez que venho te ler, termino por me lembrar de algum escritor de quem gosto. Desta vez, lembrei-me de Clarice e seu menino a bico de pena. Você fez como ela: um retrato real e delicado de uma criança. Muito belo!

Beijos, queridíssima!

dade amorim disse... @ 10 de março de 2010 às 17:53

Uma doçura de texto, Mai.
E esse menino, como cada um de nós o conhece bem! É fácil amar esse menino tímido.

Beijo, querida.

Mari Amorim disse... @ 10 de março de 2010 às 18:16

Mai querida,
simplesmente adorei!
simples,clean,porém grandioso,
Boas energias
Mari

f@ disse... @ 10 de março de 2010 às 18:17

Olá Mai,

Mto B ELO...

Vim ler - Te e deixar beijinhos xigantes...

Wanderley Elian Lima disse... @ 10 de março de 2010 às 18:39

Olá Mai
Excelente texto, me lembrou as crianças autistas, presas em seu mundo particular.
Beijos

Lau Milesi disse... @ 10 de março de 2010 às 18:44

Sensacional, Mai!!! Você sempre me leva a viajar no tempo. Lembrei de meus tempos de fono , quando atendi um menininho autista que me encantou. Aliás, pseudo-autista, diagnóstico atribuído em grande parte, visto à sua grande timidez.
Um beijo e minha admiração.Muito bom te ler, muito.

Lou Vilela disse... @ 10 de março de 2010 às 19:21

Já resisti aos cubos lógicos. Hoje, gosto de observar o seu funcionamento...

Beijos

Anônimo disse... @ 10 de março de 2010 às 19:34

Entrar nesse mundo de menino é o que todos devemos e tememos.

Beijo, amiga!

Unknown disse... @ 13 de março de 2010 às 16:31

Ele olha para além e nos fixa no fundo. Cheiro

Jorge Sader Filho disse... @ 16 de março de 2010 às 10:15

Uma criança, apenas... Pureza!

Abraços,
Jorge

Postar um comentário

 

Seguidores

Links Inspirados