Inspirar-Poesia, um segundo sopro

ao pé da letra - a função do orgasmo

Por Sueli Maia (Mai) em 11/03/2009
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Littera e amarras. Linhas onde escrevo o que gosto. E este alinhavo de escrita é o gozar de uma verdade. Gaudium cum veritate. Ao tribunal eu me declaro - sou Inocência. E inocente eu faço arte irreverente. Porque meu nome é Inocência da Silva, simplesmente. Ao inclemente eu mesmo afirmo, não sou Irene, não dou risada. Volto a dizer não sou nociva ou libertina, sou inocente. Minha inocência é a palavra e a verdade que - inocentemente - aqui escrevo. E no que eu sopro eu sei de cor o que não sou. A minha aldeia é minha Polis genesíaca. Esta poesia de nascença sou eu mesmo e o infinito que não vejo, eu sou, também. Na tessitura desse verbo eu sopro idéia - Paidéia. E, arriégua! Eu sopro tudo o que eu quiser. Eu sopro ao vento e sobre as tribos sopro a arte dos meus versos. Não sou um verbo ou uma verba. Eu sou eu mesmo e, imagine, eu estou sendo. Verso sem sílabas, poemo verbo e sou poesia em pé de vento e ao pé da letra sou cio da terra. Cio da memória do meu mundo, sou feixe e mó. Constelação. Apenas Uma. Eu sou só uma, mas eu sou UNA e o meu umbigo está no chão da minha terra e aqui - em mim - há outra ponta. Sou só um grão e minha terra é meu umbigo, meu torreão. Hoje estou eu, pois ontem eu fui. E nisto o tudo ou o nada que amanhã, eu, só, serei. Saudade muita. E hoje eu sei, sou Inocência. Este é meu nome. Depois do gozo, o riso e, novamente, a lágrima e a solidão. Este é o orgasmo da palavra e da verdade. Eu sou, só eu e a corda, eu desamarro. Então acorda! Há tempo ainda.
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Imagem Google
Música: Djavan
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29 comentários:

Erica de Paula disse... @ 5 de maio de 2009 às 18:20

Ah, Mai que lindo texto parido de suas entranhas...

E ao som de Djavan!

Bjos em teu coração!

al disse... @ 5 de maio de 2009 às 19:00

Este é o orgasmo da palavra ..

disseste tudo aqui :o

Mai *

Dauri Batisti disse... @ 5 de maio de 2009 às 19:18

Lindo texto, lindo assim no fim dizendo que há tempo ainda. Há. Então paz, que bom.

Beijo.

:.tossan® disse... @ 5 de maio de 2009 às 19:25

Aqui no caso a polis genesíaca encontrou o .G da tua poesia. Beijo

Paulo disse... @ 5 de maio de 2009 às 20:47

Puxa...!

lula eurico disse... @ 5 de maio de 2009 às 22:28

Orgonica! Eis a palavra que vem lá do fundo de mim. Orgone. Energia vital. Flui aqui, ali, acolá. Orgasmo, pois. E com função. Toda a autoregulação cabe nessa palavra. Orgasmo. E saio restaurado daqui. Essa energia é tua, é minha, é nossa, é vossa.
Reichiana?

Abraçamigo e orgástico.

Sandra Costa disse... @ 5 de maio de 2009 às 23:53

primeiro de tudo, latim ROX!

segundo, somente uma observação sobre tudo o que escreveste:

Veritas: a liberdade sem fronteira.

poucos a conhecem; poucos, menos ainda, a praticam. e menos, mas bem menos ainda, sabem que liberdade está dentro da mente. onde esconde a nossa verdade.

Cláudio disse... @ 6 de maio de 2009 às 07:56

Bonito texto, parabéns.

Anônimo disse... @ 6 de maio de 2009 às 09:28

O prazer de nos ver em letras, palavras, em linhas. Em versos e textos que podem não fazer sentido para muitos, mas é o deslizar de um prazer íntimo, o realizar de pensamentos explodidos.

beijinhos

Quintal de Om disse... @ 6 de maio de 2009 às 10:23

Sim, sempre haverá tempo!
Sempre...

Adorei o "orgasmo da palavra"
É bem assim, mesmo!

Meu beijo mais carinhoso, querida!

Abraços, flores e estrelas também...
Sam

Letícia disse... @ 6 de maio de 2009 às 11:44

Eu lembrei do Eu-Água do Elcio. Li ontem, Mai, mas estou indo devagar com a digitação porque minha mão está com um pequeno problema nas articulações. É o fim do mundo. Vou passar a gravar meus textos. =)

Bjos, poetisa.

Dora disse... @ 6 de maio de 2009 às 13:34

Mai. Na alegria e na verdade, o gozo de dizer a palavra de dentro da identidade do ser! Esse ser é Uno e inocente(porque ele se sabe e não se sabe...) e pode fazer a dicção de uma Paidéia universal, já que está "umbilicalmente" ligado à raiz da natureza-terra.
Há orgasmo, há gozo na "apreensão" dessa epifania do aqui e agora, estando Una e inteira.
Eu a interpreto, criando meu próprio prazer! rs
Beijos, querida!
Dora

Judô e Poesia disse... @ 6 de maio de 2009 às 14:37

Oi Mai,
Eu ia indo no clima, da engendração do verbo, do ato pela palavra, pensando em Wilheim Reich , por causa da obra "A Função do Orgasmo", dos meus tempos de movimento estudantil, tentando te adivinhar devagarzinho, até chegar no "Paidéia. E, arriégua!", aí você quase me derrubou da cadeira. D+. Beijos. Domingos.

Abraão Vitoriano disse... @ 6 de maio de 2009 às 20:34

"Depois do gozo, o riso e, novamente, a lágrima e a solidão."

esta capacidade de transmitir a vida, é realmente de poucos...
como o gozo é decisivo pra alguns (cama) e pra outros(existência)...

ai Mai,
só te agradecer viu?
milhões de beijo,
e um carinho do tamanho do mundo...!

Leo Mandoki, Jr. disse... @ 6 de maio de 2009 às 21:02

fazes varias combinações de palavras e de sonoridades..constrois novas observações e interpretações, mas o objeto de analise é sempre o mesmo: o coração feminino. E se começasses a falar um pouco do coração masculino??? serias capaz?
beijos

Valdemir Reis disse... @ 6 de maio de 2009 às 21:36

“Amigo é coisa pra se guardar...” Como diz o poeta. Nobre amiga Mai aqui de volta ao seu belo espaço para agradecer de coração sua gentileza em nos honrar com a sua visita e valoroso comentário. Saiba que muito nos fortalece, sua presença é sempre agradável e especial. Obrigado mesmo.... Apareça sempre lá! Confesso que admiro bastante o seu trabalho, parabéns pelo grande tema publicado, ótimo texto, muita harmonia e beleza, que maravilha, gostei, valeu, precioso e interessante. "O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis". Fernando Pessoa. Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Felicidades. Desejo uma semana repleta de realizações e de muito sucesso extensivo aos familiares, muita paz, saúde, brilhe sempre, bênçãos, proteção e alegria. Que a luz divina oriente e ilumine o nosso caminhar... Um abraço fraterno.
Valdemir Reis

Oliver Pickwick disse... @ 6 de maio de 2009 às 22:20

Inocência da Silva pelo avesso, em exibição e em evidência. Retrato precioso de uma mulher UNA.
Um beijo!

Mateus Araujo disse... @ 7 de maio de 2009 às 13:16

a_corda! há tempo anida.

VC eh MARA!
skoaskaksa

NDORETTO disse... @ 3 de novembro de 2009 às 14:17

Que delícia isso ":Eu sou, só eu e a corda, eu desamarro. Então acorda! Há tempo ainda".

Que delícia a sua prosa,envolvente, que gostoso ler você!



Neusa
http://poesiarapida.blogspot.com

byTONHO disse... @ 3 de novembro de 2009 às 15:25



Hoje estou eu,
pois ontem eu fui.
E nisto o tudo ou o nada que amanhã,
eu, só, serei.

Um dia de cada vez sem atropelar o EU...

MAIoridade em texto...

Acordar é desamarrar!
Bjs!

Anônimo disse... @ 3 de novembro de 2009 às 15:49

e as mãos continuam amarradas! pena! os pés? talvez......

Caio Fern disse... @ 3 de novembro de 2009 às 18:43

isso sim e uma verdadeira declaracao de inocencia .
de belesa e verdade .
beijos MAI !!!!!

Anônimo disse... @ 3 de novembro de 2009 às 20:52

Innocentia...
"Nullius in verba. Omnia munda mundis".
Tudo está na palavra que não se é casta. Nela se guarda o gene de si. Palavra é solo fertilizado onde raízes proliferam. Cordão umbilical para o que será ancestral. Atemporal em si. E só se tem a palavra quando se é a inocência dela: só assim se retira véus para se ver verdades.

Rendida ao que tua escrita acarreta, esboço um Habeas corpus: "Que tenhas o teu corpo" onde a palavra é êxtase em forma de arte.

Um abraço, Mai.

Katyuscia.

Marcelo Mayer disse... @ 3 de novembro de 2009 às 21:42

que sua corda não se arrebente, pq ser um humano é complicado, viu? e nem que esta corda se enrole no próprio pescoço

Lara Amaral disse... @ 3 de novembro de 2009 às 22:49

Sendo assim vc nos faz felizes com textos tão arrebatadores.

Muito bom, Mai!

Beijos.

Paula Barros disse... @ 3 de novembro de 2009 às 23:19

"Este é o orgasmo da palavra e da verdade"

E com o orgasmo da palavras, a liberdade de expressão, da mente, que não mente, e é verdade transbordando gozos.

beijos

nydia bonetti disse... @ 3 de novembro de 2009 às 23:51

pura palavra - cio da memória do mundo. gênese de outras palavras - todas puras... lindo, Mai. beijos

Ricardo Valente disse... @ 4 de novembro de 2009 às 20:30

tem uma coisa lá dentro, que não desenosa nunca.

Oliver Pickwick disse... @ 8 de novembro de 2009 às 18:18

O ritmo do texto é fantástico. Tal façanha não é para qualquer um. Gosto disso, sou tecnicista militante. O orgasmo da palavra assemelha-se ao orgasmo sexual feminino, repleto de tabus e de mistérios. É como a caverna do Batman, todos já ouviram falar, mas ninguém sabe extamente como se chega lá.
Um beijo!

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