Inspirar-Poesia, um segundo sopro

África, escrevendo na pele

Por Sueli Maia (Mai) em 11/15/2009
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Escrevo na pele em yorubá a dúpé - eu direi - África. E a África fica em tudo. Nas veias circula sangue em rios de africanidades. Ê Zumbi! Tambores em ritos e gritos de gentes e bichos das matas. Sonoridades d'África. Orixás, sincretismo em congás. Benzedeira rezando quebranto e guiné prá quebrar a mandinga. Púrpura. Uma figa de cedro e guiné prá abolir os seus medos e abrir seus caminhos. Alforria! Sorria com os marfins e Gnus em nações. Ao redor desta terra um Brasil com raizes e mãos africanas em tudo. Angola. Ah! Luanda é tão linda de se ver. Melanina é força a proteger a pele que brilha por si. Negritude. Tudo repercute em sons e alegria. Sorriso e dança com um remelexo que encaixa os corpos suados. Jambo e malemolência ritima a kizomba. Ginga é Jogar capoeira e gritar liberdade. Coragem de lutar. Oiço vozes e raízes da ancestralidade. Dendê é esse cheiro com fogo na língua. Quente é um acarajé. Negra face e um sorriso perfeito. Aff! Como é bela essa moça que dança com trança. Pixaim é o cabelo. Moçambique, alambique tem cheiro e sabor que arde da cana, na cama. Ruanda, muamba é só uma rima. E na panela de barro a galinha d'angola é à cabidela e põe a ferver. Há mais, muito mais, forte e quente nesse tudo que é um pouco do muito que da África fica, aqui.
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Imagem: google
Música: The circle of life
E songs of África

36 comentários:

Marcelo Novaes disse... @ 15 de novembro de 2009 às 00:29

É...



Tudo isso e mais, de fato.


Saudações a bantos e nagôs.





Beijos,








Marcelo.

Desmanche de Celebridades disse... @ 15 de novembro de 2009 às 00:45

"E a África fica em tudo".

E essa frase diz tudo, especialmente se pensarmos na relação Brasil-Africa. Vc captou muito bem a riqueza desse continente. Não tratou a Africa como um lugar exotico, como a maioria das pessoas fazem, mas sim como um retrato do cotidiano de cada um dos lugares onde a Africa plantou raizes.

Abraços.

Marcelo Mayer disse... @ 15 de novembro de 2009 às 00:53

a africa é beleza pela fé que o povo tem, embora sofra pelas guerras intermináveis. é bela por acreditar. por isso acho que a copa da africa do sul vai ser a copa mais linda de todas, por criar um sentimento maior ainda entre eles. é, o futebol faz com que o rico abrace pobre. a africa é do povo. e do povo deve ser

Erica de Paula disse... @ 15 de novembro de 2009 às 00:58

Menina, que texto lindo e que jogo de palavras gostoso...

Bjos no seu coração♥

Unknown disse... @ 15 de novembro de 2009 às 01:30

A Africa é aqui..
Saudações vascaínas!!!!
Foi lindo mesmo..Amo cada vez mais..
Beijos

lula eurico disse... @ 15 de novembro de 2009 às 01:35

Vim te deixar um beijo cordial Já que estou com medo do abraço fra... pra não ser capado. kkkkk

BAR DO BARDO disse... @ 15 de novembro de 2009 às 08:44

A Áfica é mãe - ponto.

Paula Barros disse... @ 15 de novembro de 2009 às 09:57

Vou lendo seu texto histórico dançante, que me fez rever e sentir a influência dos africanos em nossas terras, nas comidas, nos cheiros, no gingado, na cor da pele, na luta....e muito mais.

Fiquei com vontade da galinha de cabidela, que muitos não conhecem. rsrsr

abraços com carinho, saudades!

Natacia Araújo disse... @ 15 de novembro de 2009 às 10:09

A mãe de todas as civilizações!
Que gingado com os versos, tô encantada!
Passei pra te agradecer por ter entrado no Fluoxetina, e me deparo com uma delicadeza visceral como essa!
Virei mais vezes aqui com muito gosto!

Ilaine disse... @ 15 de novembro de 2009 às 10:11

Mai!

Que beleza de texto.
África, um continente tão esquecido, tão injustiçado... Que bom vir aqui e lembrá-lo através do fio delicado que fia estas palavras de ti...

Beijo

Mateus Araujo disse... @ 15 de novembro de 2009 às 10:31

Ruanda, muamba é só rima. SKAOSKAKSAOKSAKKSA

ADooooooroo ♥

Anônimo disse... @ 15 de novembro de 2009 às 10:45

Mai, coração aos pulos pela beleza da(s) música(s) sentida(s) na epiderme do teu texto!

Chego aqui, no entanto, num batuque de Maracatu de Baque Virado - minha paixão!!! E trago a Calunga para reverenciar tuas palavras.

Leio teu texto como quem coreografa a ancestralidade! Deliro!
Minha querida, este também guardo comigo!

Nossa cultura é única e rica assim justamente por ser miscigenada - adoro esta palavra.
Bela como nenhuma outra, e deve isto em grandes proporções à Mãe África! Ao(s) povo(s) cujo sol nas veias foi e é mais forte que qualquer coisa.
E foste evidenciando isto a cada frase que construiste. Que painel lindo ficou!
Orgulho enorme de pertencer a uma brasilidade que tem pigmentos para pintar sua identidade. Que tem batuque nos sotaques. Que tem essa energia de sol africano no sorriso.
Sonho com o dia em que o Brasil acorde, desperte, eleve-se e reconheça o seu próprio ventre.
Valorize seus genes, com respeito e reconhecimento do que nasceu de suas entranhas. Não como visão de exótico para turista ver, mas do real, da força e da verdadeira arte que sabemos é sufocada.
A cultura - a verdadeira cultura que conheço - não é ainda "democratizada". E vou assistindo às gerações crescerem sem conhecerem seu DNA - Dose de Nação Africana.

Abraço-te fortemente.

Katyuscia.

Vivian disse... @ 15 de novembro de 2009 às 11:13

...que linda homenagem
a um povo sofrido e que
mesmo assim tem a força
de vida nas veias.

você é uma linda, e eu
estou com saudades...

beijos

Anônimo disse... @ 15 de novembro de 2009 às 13:17

Musica linda - do texto ao som!

Beijo grande!

Caio Fern disse... @ 15 de novembro de 2009 às 13:29
Este comentário foi removido pelo autor.
Caio Fern disse... @ 15 de novembro de 2009 às 13:30
Este comentário foi removido pelo autor.
Caio Fern disse... @ 15 de novembro de 2009 às 13:30

e bom que para se descrever uma raça em particular , na verdade descreve-se uma cultura . bom ? wow , agora nao sei .
ate onde ate onde misturar a ideia de uma raça com a ideia de uma cultura deixa de ser uma vistude e começa a ser um novo modelo de escravidao dentro de um esteriotipo ?
foi um prazer Mai . otimo domingo .
ate mais tarde !!
beijos !

Osvaldo disse... @ 15 de novembro de 2009 às 14:05

Mai;
E acredita que fi e fica bem, toda a África e a beleza cultural que dela advém...

Continente primeiro, esta África profunda teve o condão de se exteriorizar no Brasil com todas as virtudes culturais saídas da Guiné, Angola e Moçamboque...

E em parte nenhuma do Universo esta cultura teria tantas condições de se enraizar como nos rios, cachoeiras e cascatas do Brasil, esse Brasil que deu ao mundo, através do ardor português e do amor africano a mais bela descoberta da humanidade que é a "Mulata Brasileira...

bjs, Mai,
Osvaldo

Nade T. disse... @ 15 de novembro de 2009 às 19:04

Lindo, Mai!
A foto da modelo dá um toque especial, realçando a beleza negra!
Bjs

Jacinta Dantas disse... @ 15 de novembro de 2009 às 20:05

E,da África, o que fica de Zumbi dos Palmares, da consciência negra e da beleza de nos aceitarmos como somos: povo misturado misturando-se na diversidade de raças e cores e sabores e flores que enfeitam a vida.
Beijos


PS: ando meio distante, mas sempre presente e atenta aos seus escritos.

Wania disse... @ 15 de novembro de 2009 às 20:06

Mai

Sonoridades...

Te lendo chego a sentir os tambores batendo ao fundo e o ritmo das batidas dos pés na areia! A poeira levanta junto e toda a ancestralidade aplaude de pé...
ÉUm pouco do muito da África que ficou em cada um de nós!


Que texto belíssimo!
Da gosto vir aqui te ler...


Que figas, arrudas e guinés nos protejam!
Bjo imeeeeeenso pra ti, minha doce amiga!

PS: estamos em sintonias, ou quem sabe em [som]tonias...rsrsrs!

Marcos Ciabattari disse... @ 15 de novembro de 2009 às 20:30

Você imprime um ritmo no texto que tem tudo a ver com o sentido. Tá lindo, Mai! Tá quente, tá pulsante, tá muito vivo... e delicado, como tudo que você modela.

Lara Amaral disse... @ 15 de novembro de 2009 às 21:47

Quantas coisas devemos e quantas coisas desperdiçamos por não sabermos aprender com quem foi um de nossos berços.

Grande propriedade em seu texto, Mai.

Excelente.

Beijos.

neusadoretto disse... @ 16 de novembro de 2009 às 00:10

Como gosto dos seus comentários,muito obrigada!

Gosto como você mescla a reportagem com poesia, assim: "Aff! Como é bela essa moça que dança com trança. Pixaim é o cabelo. Moçambique, alambique tem cheiro e sabor que arde da cana, na cama."

Grata pela sua leitura,mais uma vez.

Bjs
Neusa

Macaires disse... @ 16 de novembro de 2009 às 10:19

Olá, querida!
Que texto maravilhoso!
Pena que, apesar de essas serem nossas raízes,não há reconhecimento!

O que me atrai na sua escrita é que você incorpora e transmite exatamente o que quer passar, nos envolvendo em um clima peculiar, que podemos reconhecer de longe e querer sempre mais!!!

Grande beijo, Mai!
Ótima semana!!!

Márcio Vandré disse... @ 16 de novembro de 2009 às 10:33

Esse preconceito reinante é mesmo uma lástima.
Viemos todos de uma célula perdida num planeta gaseificado.
Mas nem esse fato muda nada.
Mantemos nossas mentes plastificadas.
Descartáveis.
O lixo da esquina está cheio de cérebros podres.

Um beijo, Mai!

Katrina disse... @ 16 de novembro de 2009 às 11:38

Todos, com um pé na Africa. Ou um coração.
A grande mãe de braços abertos,infelizmente, alguns filhos a renegam

Fábio disse... @ 16 de novembro de 2009 às 14:48

Todo sinhozinho teve uma mucama como ama de leite. Batuque, cachaça e cafuné todo mundo gosta. Todo brasileiro tem muito de africano.


Abraços.

Carlos disse... @ 16 de novembro de 2009 às 14:59

Ola Mai..gostei do que li.Apesar de ter lido que captaste bem os estilo africano, desculpa dizer-te ..penso que nao..pelo menos esta não e Africa que vivi ate aos 12 anos... Nada como convidar-te a ires lá... e eu tambem....deixa-me fazer humor sem grande humor....Grande Abraço

L. Rafael Nolli disse... @ 16 de novembro de 2009 às 23:01

Mai, texto belo, poético. Aliás, bem ilustrado, imagem exata! Muito, muito mais a África tem a nos oferecer, com certeza!

Batom e poesias disse... @ 17 de novembro de 2009 às 00:43

Mesmo com minha carência "melanínica", tenho lá o "swing" do brasileiro onde o ritmo africano em tudo prevalece.

E bate tambor que eu quero dançar jongo.

E como já disse o Mateus lá no meu blog, eu desconfio que você exista.
SKAOSKAKSAOKSAKKSA (roubei a risada dele)

Ótimo texto!
beijos querida.
Rossana

Mário Lopes disse... @ 17 de novembro de 2009 às 01:01

No deserto
da nossa indiferença,
da nossa ingratidão,
veio plantar
a flor verde
da esperança
na nossa terra,
nós que lhe roubámos
todas as flores da esperança
que tinha no jardim.

Nas casas onde mora
a nossa solidão
e a ternura não rompe
a pedra do silêncio,
deixou a música e a dança
da alegria que lhe tirámos
nos corações crescida
à volta das aldeias.

Da liberdade aprisionada
teceu uma bandeira
com que se vestiu
de encontro ao sol,
ao entardecer,
e ainda arde
nos olhos de todos
porque é a nossa mãe:
África, meu amor!

Da liberdade que

nydia bonetti disse... @ 17 de novembro de 2009 às 18:16

Independente da cor da pele - a minha é tão branca, infelizmente :) - há Áfricas em nós... Como é bom te ler. beijo!

Unknown disse... @ 19 de novembro de 2009 às 16:57

Mai,
Uma vez mais, previamente achando que estou tacitamente autorizado a fazê-lo com o devido link,
copiei na íntergra este post e o coloquei no meu blogue.
Esta atitude veio em resposta e homenagem ao meu amigo Guará Mato, que me faz andar às voltas nestas
descobertas do Brasil africano e fica atazanando a minha africanidade.
Bem haja e tudo de bom para você.

Unknown disse... @ 20 de novembro de 2009 às 17:09

Mai,

Mo dúpé, também para você.
A minha gratidão vem na razão do seu carinho e
compreensão e, cada dia, muita admiração.

O meu "Bem Haja" do fundo do meu coração.

Bendigo esta agregação, que me torna muito mais
sensível, apesar de muitas contingências da vida e
de muitas imcompreensões. Acho que a maioria não sabe o significado da palav ra sensibilidade e compreensão.

Mo dúpé - Louvemos os Orixás.

Anônimo disse... @ 15 de dezembro de 2009 às 13:48
Este comentário foi removido pelo autor.

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