Inspirar-Poesia, um segundo sopro

infinitos sobrenaturais

Por Sueli Maia (Mai) em 11/17/2009
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Dias passam intradérmicos e agitados e quando é noite tudo se amplia e um dia indormido vira noite. A insônia é rebeldia que traveste-se de tudo o que quer. Assombro-me com uma pluma que cai e incorporada embebedo-me de nós. Alucino-te e a teus cabelos. E já não domino o medo de ver-te em tudo que não há neste mundo. Alma de outro mundo vai-te embora e vê se me erra! Tu és errante, eu não, e agora minto. E, sobretudo porque o natural seria tudo acabar de uma vez e ao final nada mais que um punhado de pó e poeira restar, eu não cria ser possível perceber-te novamente. Mas és tu aqui, essa presença incorpórea a me atormentar. E há tanta chuva e cheiros no ar que uma débil luz forma um halo e tu me apareces perfeito. És aura em sutil movimento. Leve, és lento ao mover-te e tudo no entorno é sobrenatural. Pluma planeando ao redor. E se não sou eu, o que é tudo isto que é um não querer de um querer inumano? Me obrigas a acender sob a pele, reacendes-me silente e inflamável te riscas e atiças uma chama qualquer. És tu que em segundos a tudo irrompes e num raio imenso de nada, tudo é só devastação. Tempo é poeira e eternidade. E quando se perde e se insiste em não abandonar, tudo incrusta na pele. Memórias da pele onde tudo se imanta. Manta de amantes tem imã de lã em infinitos sobrenaturais. E um perfume toca a língua e se transmuta em puro sabor e pele etérea tem sabor e calor de presença corporal. E nada é frio ao incorporal e neste agora inconfundível, és calor e chama. Meu peito se inflama e como nunca és sempre. Espaço vazio de pleno que faz desse sempre um tempo fugaz. Vai e já vais tarde como pluma no espaço. Dança na solidão que me deixaste e vai mais além que o nada mais, porque entre arrepios e a sede, eu sei, hoje psicografarei esta tua presença. E se em tudo estás, olho ao redor e não hás. Nada além da insurgência de coisas e o vazio se precipita organicamente. Projeções no ecrã. E o cosmo se move aqui, moras em mim, visceral. Mistérios de fogueira que crispa e num tempo que cabe em punhado, há suor em minhas mãos e tu não te destróis por castigo. És um castigo e minha pele ainda sofre a intuir que há presença e estás aqui e tudo dispara os sentidos e nada se vê. Olhares bem perto e eu te respiro ofegante. Um frio na espinha e há signos espalhados por toda parte incitam, te evocam nesta ausência com a qual te fazes presente neste sempre de infinitos sobrenaturais. Coisas da fé ou de não tê-la. Shhhhh... há vozes e agora é teu nome que ouço baixinho e estás aqui dentro de mim. Sussurro morrendo de medo, mas vai de uma vez, ascende agora, eu preciso dormir!
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Música: Trouble - Coldplay e diversos
Imagem: Google

14 comentários:

Anônimo disse... @ 17 de novembro de 2009 às 12:00

Isso me fez lembrar meu irmão que havia morrido. E naquela noite, em sonho, ele foi se despedir de mim, com um abraço e dizer que não voltaria mais. E nem olhou para trás.
Foi um abraço quente. :)

beijocas

BAR DO BARDO disse... @ 17 de novembro de 2009 às 12:02

Com fé, please!
Namastê!

Unknown disse... @ 17 de novembro de 2009 às 13:21

ehh essa musica do Coldolay é muito lindaa!!!

bj menina vai ter uns postes bem legais la no blog qando der de um pulinho lá viu dexa um sinal

bjo_na__alma!

SILVANA PEDRINI disse... @ 17 de novembro de 2009 às 13:29

AMADA,

HJ VIM AQUI DEIXAR UM ABRAÇO. TREMENDA FALTA DE EDUCAÇÃO NÃO LER SEU TEXTO, MAS É QUE A MEDICAÇÃO ESTÁ DEIXANDO MINHA VISTA TURVA DE MAIS.

AGORA TENHO OUTRO ESPAÇO PARA ENCHER DE ESPERANÇA NOSSOS CORAÇÕES, COMEÇANDO PELO MEU.

ABRAÇOS

Dauri Batisti disse... @ 17 de novembro de 2009 às 13:35

Inquietudes. Inquietudes que envolvem o sonho, o sono, a pessoa que se quer. Inquietudes de presenças, ausências, vazios. Inquietos seres, inquietos somos...

Um beijo.

Caio Fern disse... @ 17 de novembro de 2009 às 13:37

como voce consegue escrver tao bem essa dança de estados de existencia ?

Marcelo Mayer disse... @ 17 de novembro de 2009 às 13:49

confesso que me vem uma dor de cabeça ao ler este post. isso é bom. pq estou penando para abstrair tudo dele. é paixão? ódio? querer ficar na sua? viver sem precisar sonhar? não sei, mas é confortável.

Unknown disse... @ 17 de novembro de 2009 às 16:09

Adorei, Mai!

Passo muito por isso, mas já acostumei e até me conforta um pouco.

Seu texto está belíssimo!

Beijos

Mirse

Dani Pedroza disse... @ 17 de novembro de 2009 às 16:43

Ai ai, agora vc pegou pesado. Insônia, solidão, madrugadas de delírios e encontros sobrenaturais, que de "sobre" só tem o assunto porque na verdade é natural que encontremos e reencontremos tudo que foi, tudo que é, tudo que fomos e somos.

A insônia é recorrente na minha vida. As madrugadas companheiras e algozes. Em noites dessas eu me encontro e me perco tantas vezes que chega a ser patético. Às vezes transformo isso em escritos, às vezes em planos, muitas vezes é só a angústia de ser como sou. Mas é também (e talvez especialmente) nesses momentos que me deparo comigo mesma de uma forma mais direta, sem subterfúgios, e gosto desses encontros, apesar de não ser um processo indolor.

Andava com saudade daqui. Mas, a vida está corrida. Fim de ano (e de ciclo) chegando... Bjs, querida.

lula eurico disse... @ 17 de novembro de 2009 às 20:19

Ainda não vim comentar. Falta-me a concentração. Mas deixo mais do que um abraço fraterno. Te deixo minha gratidão por tudo, nesses dias de luta e de vitórias.

Macaires disse... @ 17 de novembro de 2009 às 22:28

Minha interpretação para seu texto é a ausência de alguém que faz muita falta e que está presente em pensamento e sentidos, que já foram experimentados antes e ficaram incrustados no corpo que pulsa por sentí-los novamente!
Isso é o que a vontade de estar junto faz com as pessoas!

Adoro essa música, é muito bonitinha!
Beijos, amiga!

mo.rafaella@gmail.com disse... @ 18 de novembro de 2009 às 01:10

Senti um Q de niilismo nesse texto :)
Muito bom, Mai!
Ótimo trabalho, mesmo... dá a impressao que a gente vai escorregando nas imagens que você constrói... escorregando ou senao deslizando... entende? é dificil falar das coisas quando elas nos escapam...
Ate mais ver!

Lara Amaral disse... @ 19 de novembro de 2009 às 18:40

Poema sobrenatural, de tirar o fôlego.

Preguei meus olhos nos seus escritos e embarquei na sua viagem.

Incrível, Mai.

Beijos.

Maria Luisa Adães disse... @ 20 de novembro de 2010 às 13:41

Mai

Você me assombra mais do que o espírito à sua volta.

Me torno em espítito e subtil vou
até ti e te vais assombrar quando me vires - eu que estou tão longe
e procuro estar tão perto.

Muito próximo vou para São Paulo.
e quem sabe? Talvez te torne a encontrar.

Beijos,

Mª. Luísa

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