Inspirar-Poesia, um segundo sopro

medidas, figuras e órbitas

Por Sueli Maia (Mai) em 9/28/2010
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O corredor era um gargalo que após sete metros se abria em curvas e à direita ou esquerda, havia salas contíguas com bancos à porta. São 11:30 no relógio do 25º DP, me restava esperar e registrar a ocorrência. As cenas vinham e se desfaziam enquanto eu me acalmava. No pátio, oito ou nove metros era a altura do muro. Numa das laterais da carceragem, um pastor alemão no canil. Do outro lado, mãos fora das grades. Durante algum tempo o dia 7 de fevereiro foi uma cicatriz em meu pulso direito. Nos engarrafamentos e pelo repouso das mãos no volante, eu a toco. Aquela era a segunda vez que eu e o Lúcio nos víamos em uma delegacia. Quando menino ele era ágil e hábil com as mãos. - Este aqui não é órfão. - Me disseram. - Quase não fala. É comum ficar pálido e desmaiar. - Viera da fazenda dos Mattos. Há seis anos e já formado, me disse que finalmente chamava-se Lúcio de Mattos. O nome do pai - após o processo - constava agora em sua certidão. Visitas começaram a chegar e outros braços se juntaram em acenos nas grades. Percebo um inseto, o bote de uma lagartixa e uma fila de formigas no muro. No jornal - manchetes de mais um crime, estragos das chuvas, campeonatos, fraudes e a economia. Olho meu braço. Eu já havia me cortado em um gargalo. São 13 h e chega a minha vez. Lúcio é o escrivão e digo a ele: naquelas órbitas eu pressentí mais que uma mera cicatriz. Entreguei minha bolsa e ele correu.
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73 comentários:

Anônimo disse... @ 8 de fevereiro de 2010 às 16:53

As coisas mudam de lugar, as pessoas se transformam e mudam de posto, mas as cicatrizes são sempre as mesmas.

Muito bom esse conto, nos prende como num filme de ação policial.

Beijos, ótima semana para vc!

Anônimo disse... @ 8 de fevereiro de 2010 às 16:54
Este comentário foi removido pelo autor.
Katrina disse... @ 8 de fevereiro de 2010 às 18:44

Eu ficaria

Maria Dias disse... @ 8 de fevereiro de 2010 às 18:59

Penso que tudo passa mas ficam as cicatrizes...

Não vim aqui antes pq estava viajando(surgiu um convite flash para o cruzeiro do Roberto Carlos e arrumei novamente minha malinha azul).Obrigada por sua visitinha é sempre uma honra te-la em meu blog!rs...

Beijocas

Maria

Macaires disse... @ 8 de fevereiro de 2010 às 19:21

Tantas coisas para se falar e escolhemos as cicatrizes, qual será o motivo?
Cicatrizes nos marcam de tal forma, que mesmo que tentemos esquecer o acontecido, não podemos, pois elas estarão lá para provar e não nos deixar esquecer o que realmente aconteceu!

Ótimo seu texto, amiga!
Enorme beijo!

Dauri Batisti disse... @ 8 de fevereiro de 2010 às 20:06

O relato de mais um assalto, "entreguei minha bolsa" e o encontro com que vai ficando conhecido, o escrivão. Realidades das cidades brasileiras.

Um beijo

Jacinta Dantas disse... @ 8 de fevereiro de 2010 às 20:29

Nossa Mai!
que riqueza de detalhes. Dá para percorrer cada cenário oferecido: o muro, as formigas...

Prendo-me ao encontro com o outrora menino que, tendo sua vida assaltada, torna-se o ouvido para escutar e as mãos para registrar a experiência dos que veem suas coisas sendo levadas. Que sentimentos o escrivão deve experimentar?
Bjs

:.tossan® disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 00:01
Este comentário foi removido pelo autor.
olharesdoavesso disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 00:38

nuances, mudanças e demais contrates que não mudam as cicatrizes que continuam lá marcantes em "alto relevo". Belo mai, beijos boníssima semana.

Abraão Vitoriano disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 01:30

o que escreve carrega na mão os calos da dor
impossível é o homem ser sem marcas e ser leigo de breu e sina - se é que existe.

somos aves burras ou passarinho tímido? eu continuo a aprender voando... e se me bater numa árvore que esta seja verde e virgem... é a vida!

beijos,
do seu homem-menino

fica com Deus!

Anônimo disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 04:40

pra mim é um belo retorno; voltar ao blog e me deparar com teu texto tão incrível. parabéns.

Unknown disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 10:12

Paradoxalmente o que nos marca também nos liberta. Estás com um toque de Midas, querida, tuas palavras viram ouro. Beijo.

Eleonora Marino Duarte disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 14:48

não está aqui a realidade, mas o filtro elegante de uma cronista de grande talento,

me encatei com a narrativa.

parabéns pela qualidade e pela delicadeza,

um beijo.

Unknown disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 17:07

Uma narrativa seca, direta, cortante e que nos agarra. O final é um soco.
Pressentimos mais que uma cicatriz também. Beijos.

Unknown disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 18:12

Que elegância, e que melancolia. Sem falar na cadência linda do texto. Gostei bastante.

Furlan disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 23:04

Muito, muito interessante. Você consegue ser física e metafísica, ao mesmo tempo. Enquanto lia, ora me senti no lugar descrito, ora na sua alma, ou na minha...
Abraços!

Anônimo disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 23:04

Nada a ver, mas me lembrei (de novo) de Alice no país das maravilhas... rs
Beijos.

nydia bonetti disse... @ 9 de fevereiro de 2010 às 23:39

Também ví um filme, Mai. Gosto muito dos cortes, desta mudança brusca, intercalando fatos e memórias, que você usa tão bem. Muito bom! Beijooos.

Anônimo disse... @ 10 de fevereiro de 2010 às 03:03

un relato muy bien llevado, con un contenido muy reflexivo.
un abrazo

Sidnei Olivio disse... @ 10 de fevereiro de 2010 às 14:03

Saudades em lê-la. Estou de volta. Beijo.

Unknown disse... @ 10 de fevereiro de 2010 às 18:23

Belíssimo conto, Mai!

Cicatrizes inesquecíveis e a lucidez do cotidiano são seu ponto forte.

Beijos

Mirse

Carlos Pegurski disse... @ 10 de fevereiro de 2010 às 22:10

Seu melhor texto, Mai!

Carlos Pegurski disse... @ 10 de fevereiro de 2010 às 22:12

(dentre os que li)

Marcia Barbieri disse... @ 10 de fevereiro de 2010 às 22:14

Maravilhoso seu conto, furtou instantes e devolveu séculos... Todo assalto metaforico me impressiona.

beijos

Gerana Damulakis disse... @ 10 de fevereiro de 2010 às 23:09

Muito bem descrito. Bacana mesmo.

Anônimo disse... @ 11 de fevereiro de 2010 às 12:59

Ah as cicatrizes.....

Ela ficam para sempre nos lembrar que "determinado" fato aconteceu.
E mesmo que tentemos esquecer ..
Lá esta ou lá estam elas para nos lembrarem do que aconteceu..
O mindo gira .. gira e um dia nos deparamos com pessoas que mudam e que de alguma forma mudaram nossa Vida!!

Um abraço fraterno

Unknown disse... @ 11 de fevereiro de 2010 às 15:11

Legal. Objetivo, parece um suspense tbm...

Beijos

Fábio disse... @ 11 de fevereiro de 2010 às 16:36

Boa mistura de presente e passado, lembranças despertadas e histórias paralelas, tudo compactado. Ficou bacana.
Adorei o final:
Alguns olhos prometem mais do que cicatrizes mesmo.

Abraços.

Barbara disse... @ 11 de fevereiro de 2010 às 17:26

Uma Universidade para a integração da América Latina

No último dia doze de janeiro o governo brasileiro deu um passo histórico e irrevogável no caminho da integração latino-americana. A sanção da Lei que cria a Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA consolida a política brasileira de abertura ao continente, de resgate das identidades comuns e da busca de soluções autênticas para os problemas sociais da América Latina, sempre com o respeito à diversidade cultural.

A UNILA já é realidade, deixou de ser um projeto desafiador ou uma utopia daqueles que pensam e vivem o continente latino-americano. É a grande novidade e deve ser motivo de orgulho e entusiasmo, pois sepulta no passado as práticas dependentistas e o pensamento subserviente a uma intelectualidade estrangeira e inatingível para a realidade do continente, cujas teses abstratas sempre ocultam as ideologias, em nome da neutralidade do saber.

Para mais informações: WWW.unila.ufpr.br

Cadinho RoCo disse... @ 11 de fevereiro de 2010 às 17:49

Das ocorrências eis que somos atingidos pela desventura de quem nos rouba mais que meros instantes.
cadinho RoCo

lisa disse... @ 11 de fevereiro de 2010 às 18:28

pelo menos não levaram tua inspiração literária. :)

"Roubemos da terra
A profundidade.
E das formigas
A solidariedade."

lula eurico disse... @ 11 de fevereiro de 2010 às 18:46

Técnica ou mágica?
Arte, digo eu.
Parabéns!

Daniel Hiver disse... @ 12 de fevereiro de 2010 às 12:11

Texto muito bom Mai!

Se tu tiveres a fim e tiveres tempo, dê uma olhada na barra lateral esquerda do meu blog, logo abaixo dos meus "seguidores". Tem ali um selo que uma leitora me mandou e pediu para indicar outros sete que, na minha opinião também são merecedores do selo. E queria apenas te dizer que tu estás lá entre os sete que mais gosto de ler e que estou indicando.

Paula Barros disse... @ 12 de fevereiro de 2010 às 23:52

Mai, entre a realidade e uma boa história. Um conto que pode parecer uma ficcção, uma realidade de muitos. Mas poucos, ou pouquissímos sabe escrever assim a realidade de uma delegacia, envolvendo o leitor por cenas feito a da cicatriz, que transporta para outrs reflexões.

abraço, bom período de carnaval.

Luna disse... @ 13 de fevereiro de 2010 às 10:45

As cicatrizes fazem parte da nossa vivência, sejam elas visíveis ou invisíveis ao olhar, existem aquelas que são tão profundas que mesmo que as possamos tapar com papeis de seda bem coloridos, um dia acabam por se rasgar e deixar ver o feio que continua por dentro, e tudo pode recomeçar.

Agradeço as tua palavras sempre lindas e carinhosas no meu humilde cantinho
beijinhos ternos

Anônimo disse... @ 13 de fevereiro de 2010 às 18:52

Crônicas cada vez mais cheias de proeza.
A presença do gargalo em dois graus de visão, abre e [des]fecha o enredo.

A sutileza que espanta na surpresa da descrição seguinte. Cada ponto final como um início a apontar para o inusitado da narrativa.

Ler-te tem sido como dobrar os olhos a cada nova esquina, e aguardar que o que se possa deduzir venha de forma criativamente inesperada.

Abraços, Mai.
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Katyuscia.

Zélia disse... @ 13 de fevereiro de 2010 às 19:50

Mai,

Sei que estou em falta com vc. Não! Talvez, eu esteja em falta comigo mesma. Todas as vezes em que vc aparece no meu blog, suas palavras me deixam muito encantada. E eu não estou contando os elogios, não! Acontece que vc tem um jeito especial e acertivo de fazer seus comentários que lavam a minha alma. Sinto falta de vir mais aqui. É uma coisa é outra... É assim no meu blog também. Mas é assim que eu vou vivendo. Cada coisa no seu tempo. Vou andando e percebendo sempre mais que mera cicatrizes...

Beijo grande!
Zélia

Anônimo disse... @ 14 de fevereiro de 2010 às 19:19

Cena de filme. Barulho. Sons, muito sons. Gente circulando, quase sem rosto. E a história rodando no seu texto...
Muuuuito legal! :)

Beijinhos

Mari Amorim disse... @ 15 de fevereiro de 2010 às 13:55

Mai,querida,
vim agradecer sua amável visita.
quanto ao teu post,gostei muito,perfeito
Boas energias
Mari

nina rizzi disse... @ 15 de fevereiro de 2010 às 13:55

então, tá.
absolovida.

cheiro.

Elcio Tuiribepi disse... @ 15 de fevereiro de 2010 às 15:01

Ah...mai...eu viajo nos seus escritos e vejo tanta coisa absurda que nem sei se devo...rsrs
Mas no fim ficou a impressão dentro de mim de reflexões sobre a vida cotidiana,das feridas já deixaram cicatrizes,das pessoas que não foram presentes...enfim...uma viagem...rs
Um abraço na alma...bjo...bom carnaval

Ricardo Valente disse... @ 15 de fevereiro de 2010 às 22:01

Maravilhosamente delirante...
Um filme, Mai!
Sou teu fã!

_Sentido!... disse... @ 16 de fevereiro de 2010 às 06:51

Eu ia dizer: Mai, você nao sabe..., mas sabe, eu sei que sim, quando alguem é capaz de olhar nos seus olhos, sabendo que se vocôlha neles, vê muito mais do que o que parece estar à vista: Lê na alma!

Saudade de ti!

Filipe Garcia disse... @ 16 de fevereiro de 2010 às 11:43

Oi Mai,

bonito seu dom de se aventurar nas palavras, buscando tons diferentes, linhas diversas. Essa 'sombra' de conto policial caiu muito bem.

Um beijo!

Unknown disse... @ 16 de fevereiro de 2010 às 13:02

Mai vc pediu chorinho, aii eu levei Raphael Rabello po blog, mais um disco do Gênio =)

bjo amiga!!!

e ñ ligue se o Nada importante... anda meio apagado qeria melhorar os postes mas sei lá... kkk
bjo bjo

Léo Santos disse... @ 16 de fevereiro de 2010 às 21:05

Barbaridade! Como foi mesmo...
Deixe-me ver se entendo!
Peraí...
Delegacia...
Cicatriz no pulso...
O Lúcio é que era hábil com as mãos? Quem quase não falava tampouco era órfão - puxa, o cravo parece ser um instrumento de cordas né? - e que de súbito empalidecia e desmaiava? Como foi mesmo? Teu amigo escrivão furtou-te a bolsa? Diabo de alemão com essa música antiquíssima! Chego enxergar um salão decorado onde saltitam nobres damas e cavalheiros!

Um abraço pra ti!

guru martins disse... @ 17 de fevereiro de 2010 às 20:07

...que
cena!!!

bj

Caio Rudá de Oliveira disse... @ 18 de fevereiro de 2010 às 02:07

Gosto de cada detalhe pensado.

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse... @ 18 de fevereiro de 2010 às 09:24

não há muito o que fazer, mas temos a literatura para registrar os momentos de solidão social

lula eurico disse... @ 18 de fevereiro de 2010 às 15:29

Vim te ler de novo e deixar um abraço fra/terno.

Beijos e flores!

Dani Pedroza disse... @ 18 de fevereiro de 2010 às 15:30

São tantas as cicatrizes, não? Gargalos, ocorrências, grades, rejeições, picadas, cortes, assaltos. Os corredores parecem mesmo um gargalo, as lembranças também. Ambos são pontos de passagem, estreitamentos, podem servir, podem ferir. Ferimentos causam dor. "Pai desconhecido" impresso na identificação de uma pessoa também deve causar dor. Dor de ser renegado, dor de ter uma identidade parcial, incompleta. Mas espera aí, toda identidade é assim, não? Talvez. Mas a expressão escrita é feito a queimadura no couro do boi. Identificação à base de brasa, fogo, ardência. Tatuagem de fogo. Cicatriz no couro, na alma, no pulso. Mais uma. Mais uma vez. Mesmo lugar, outras circunstâncias. Mesmas pessoas, que já não são as mesmas. Abandonos, assaltos. Quem roubou quem? Quando? Onde? São tantas perguntas. Algumas sem resposta. Porque ele correu, entreguei meus pertences e ele correu. O menino, o homem. O tempo.

lula eurico disse... @ 19 de fevereiro de 2010 às 10:11

Ficaria ouvindo essa voz das Alagoas, do Brasil, do mundo...
E, lendo essa escritora universal, do Brasil, do Rio e do Recife...

Estou voltando, amiga...rsrsrs

Anônimo disse... @ 19 de fevereiro de 2010 às 11:23

Há sempre um momento em que se deve escolher entre parar ou prosseguir. Eu não sei muito bem quando é - mas existe...

saudades daqui....

dade amorim disse... @ 19 de fevereiro de 2010 às 20:33

Que beleza de texto, Mai. Vir aqui é sempre um prazer garantido.

Um beijo e um grande fim de semana com paz e alegria.

Dauri Batisti disse... @ 19 de fevereiro de 2010 às 21:40

AE, deu férias no blog? "Inspirar-poesia" é que não te falta, com certeza.

Aguardemos.

Beijo.

À PÉ ATÉ ENCONTRAR disse... @ 20 de fevereiro de 2010 às 00:57

Belo texto, falar de cicatrizes reete a tantas coisas, ocultas ou não, cada um de nós carrega a sua.
Sábias palavras.
BJos e bom fds!

Barbara disse... @ 20 de fevereiro de 2010 às 03:50

Sobre cicatrizes: urbanidade, urdiduras, urgências, usanças.
Você instiga, sua escrita é instigantemente inteligente e instiga um tipo de identificação inevitável.
Que bom!

:.tossan® disse... @ 20 de fevereiro de 2010 às 18:43

O urbano é assim e pronto ninguém faz nada é um álibi perfeito, tudo fica como está e você entrega a bolsa. Esse não recebe a bolsa familia. Beijo

Sandra Costa disse... @ 20 de fevereiro de 2010 às 19:24

minha visitante nr. 1 do Dixt::
já contabilizei 4 visitas suas só hoje!
gostou do video foi?
=)

Cadinho RoCo disse... @ 20 de fevereiro de 2010 às 20:54

De volta.
Cadinho RoCo

al disse... @ 20 de fevereiro de 2010 às 21:01

como sabem bem estes textos (:

beijinho, e bom fim -de-semana *

NDORETTO disse... @ 20 de fevereiro de 2010 às 23:38

Como vai? Sinto falta de seu comentários afiados...rsrsr
bjs

Bárbara Grou. disse... @ 21 de fevereiro de 2010 às 13:04

Olá Mai!
Fiquei muito feliz em te ver no meu blog, acho que é isso mesmo, escrevo para não deixar perder no tempo os meus tão-confusos sentimentos.
Quanto aos teus textos, esse e outros que li, são maravilhosos! Escreves texto densos e ricos.
Beijos.

Lú Naíma. disse... @ 21 de fevereiro de 2010 às 15:37

Olá Mai! Em primeiro lugar, quero te dizer que não me esqueci de ti, de forma alguma! Acontece que este 2010 começou de uma forma tão atribulada, com problemas emocionais, de saúde, etc, que não me consegui dedicar a este teu cantinho como antes o fazia. Eu quando aqui venho, tenho que vir tranquila, com a cabeça vazia e alma serena. Somente assim consigo me infiltrar naquilo que você delineia. Este é um blog que me exige pacificidade, coisa que não tive até poucas semanas atrás.
Estás boa? Espero que sim e que este 2010 só te traga felicidade!
Quanto ao texto, eu sempre fiquei estupefacta com as tuas descrições e com a facilidade com que constróis imagens. Imagens que eu destruo para as reconstruir enquanto te leio.
Eu adorei as formigas subindo pelo muro, o bote da lagartixa e o insecto. As presas e o predador. O braço e as cicatrizes. Os olhos observando tudo isso.
Adorei o corredor gargalo.
Adorei tudo, como sempre!

Um beijo

Márcio Ahimsa disse... @ 21 de fevereiro de 2010 às 19:30

eu entreguei minha coragem... na minha face os olhos esbugalhados dizendo: hoje eu não quero dor. não quero nada que rime com roma, romã, rolimã. mas a coragem era para que o menino deixasse a timidez de lado e recebesse o pequeno embrulho que eu lhe entregara. mas vai dizer: sou louco, liga pra mim não. ora, era um encontro planejado meses e meses. de repente, tranquilo, nada daquilo fazio sentido, eu que era o intruso, eu quem furtava o sossego de quem nunca tivera paz. mas confesso, a face refletida através dos vidros fechados sempre me parecera mais pálida e assustada que a minha. tem nome isso: a distância que plantamos será sempre mais assustadora para quem está do lado de fora, ou de dentro? estou com pressa, tenho mais um dia duro para produzir, produzir, produzir o fruto inseguro da minha fome, do meu medo, da minha solidão... as formigas é que estão certas.

Beijo, meu bem.

Francisco de Sousa Vieira Filho disse... @ 22 de fevereiro de 2010 às 09:54

Ouvir o inaudito é algo raro, requer sensibilidade ímpar... ver [através da máscara da face] o que o outro quer ocultar, cicatriz, dor, chagas e feridas [ainda] abertas... é quase 'mediúnico'... o quadro descrito é belo e pungente...

O Neto do Herculano disse... @ 22 de fevereiro de 2010 às 10:18

Quase uma crõnica social, desses que lemos nos jornais todas as manhãs, porem bem mais impactante.

Felipe Braga disse... @ 22 de fevereiro de 2010 às 21:16

Sim, uma crônica.
E uma narrativa espetacular.

Beijos.

Lau Milesi disse... @ 23 de fevereiro de 2010 às 09:20

Uma foto digital do nosso cotidiano.Faria o mesmo.Vão-se as bolsas e ficam as cicatrizes, sem dúvida.
Magnífico e pungente!!!
Estava com saudade de te ler...
Um beijo e obrigada pela visita ao Renascendo.

Eu disse... @ 24 de fevereiro de 2010 às 10:15

Minhas emoções estão tão afloradas que corro o risco de expressar sem razão...
Agradeço de coração a sua presença em palavras no meu blog.
Um beijo carinhoso

Wanderley Elian Lima disse... @ 24 de fevereiro de 2010 às 14:49

Lindo texto, cadente e com muita sensibilidade. Adorei
Beijos

Mari Amorim disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 01:47

Mai,
se você tiver um tempinho:
Está acontecendo até o dia 07/03 a BlogagemColetiva,
proposta pelo blog http://fio-de-ariadne.blogspot.com
Meu Oscar Vai Para:
Venha conferir e comentar minha participação no:
http://sempretensoesamorcontos&causos.blogspot.com/
Boas energias
Mari Amorim

Beto Canales disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 16:09

Legal

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