Inspirar-Poesia, um segundo sopro

arquitetura e espaços

Por Sueli Maia (Mai) em 5/13/2010
Plácida e salina, migrando com água à superfície. Fendas nas camadas degradadas, abriram espaços entre as vigas e os vãos. Por trás das fachadas, rebocos das húmidas e vazias manhãs. Por dentro: sulfatos, nitratos e cloretos garantem - permeáveis - as paredes calorosas sem fissuras nos betões. Guardo-me intacta. E há recintos com minúcias ocultas e claros espaços nas salas e quartos de nós. Abre as portas, entra, cava-me. Há estâncias minerais daquilo que te é potável. Reboca-me e à reboque a tua e a minha liberdade e direção.
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Texto reeditado
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Arte: Tarsíla do Amaral
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o voo

Por Sueli Maia (Mai) em 5/06/2010
Deixe-me dizer sobre as palavras que me chegavam ligeiras, em bandos. Essas meninas esquivas estão em suspenso, como poeira cintilando num raio de luz que a mão quer reter, mas não consegue. Já rolei com palavras em sonhos, dancei, dissolvi-as na língua e com pimenta até saboreei demorado. Este é um voo de palavras e houve momentos em que as senti se aproximar e ensaiei escrever. Mas as palavras arremeteram a aterrissagem e arredias voaram novamente. É, estou sem palavras e não sei por quanto tempo elas ainda se aterão a esse capricho de, por pirraça, me fazer esperar. Talvez elas saibam que só em silêncio se consegue sentir e consolar tristezas. Enquanto elas voam eu deixo aqui o frescor de palavras meninas a soprar uma brisa de beira de rio, plantando desejos.

Música: Jacques Morelembaum
 

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