Inspirar-Poesia, um segundo sopro

jardins des_ilusão de ótica

Por Sueli Maia (Mai) em 5/29/2009
Jardins dos vazios privados. Vastidões de silêncios aumentaram no volume dos entulhos dos desertos das cidades. Harpas nas ruas e ágoras ilógicas são palco de platéia vazia. Inverto os tons e os sons que poemo à perplexidade. Minh'alma sangra. Meus olhos oclusos são rios dissecados nos veios dos desertos. Na des_ilusão desta ótica, poemo sem voz o que cala em meu coração - o enchume da técnica. Transmuto silêncio em sons harpeados e choro prá dentro. Quantos gestos haveria de caber na estreiteza dos meus versos? Des_tinos da inércia? Evoco a memória de um timo ancestral. Há thymus de Homero queimando em meu peito e traçando os traços das letras que verso. No entulho acromático eu sonho as leiras de flores, um novo destino. Queria fazer dos meus versos jardins da perenidade. Solidão e noite. Mergulho no centro de mim e me assombram as sombras do passado, as sobras e os restos das maquinas no chão do futuro da terra. Ilusão de ótica são pesadelos desérticos de um homem, privado sonhando com os sons e os tons nos jardins.
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Arte: Benedetto Fellin
Música: Andreas Vollenweider
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bu_da_peste...

Por Sueli Maia (Mai) em 5/27/2009
Arte Bosch - As tentações de Santo Antão
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Do Alfa ao ômega, do prólogo ao epílogo eu advirto: aqui leremos tão somente a minha arte e o devaneio surreal. Oh Peste! A hiperativa humanidade cansa, 'sô! Aos pessimistas evocarei o tríptico artístico das tentações de santo antão. E o que tornar visível ou ocultar no ilusionismo sem futuro desse espetáculo global? Sem bisturís ou silicones enquanto a perfeição dos corpos renascia em pinceladas, a apocalíptica fantasia de Colombo previa, enfim, o fim do mundo. Mas ao final o que se viu e que estaria no porvir, era a América descobrir e a inspiração de toda obra surreal. Da inquisição, o asco. E no horror da tola culpa, o definhar da decadente humanidade. Eis que tranquilo o antão passivo, estava certo de vencer o inimigo destrutivo e tentador. E vai de retro! No espetáculo dominante, o alienante som global, eis o fantástico! E o show é a vida do artista e viva a arte de Dalí!

Arte: Salvador Dalí - A tentação de Santo Antônio
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No carnaval a fantasia o apetite e a luxúria. E outra vez a profecia: é o fim dos tempos. Tudo bobagem, um exagero! Mimesis genial e o mundo todo se inscrevia e metafórico cabia, na arte de Salvador Dalí. Capitalismo, escravidão, aberração e na vontade de poder, os mecanismos de controle. Homens expostos, outros em cárcere, na correria dominante, o ser humano é ao mesmo tempo mercadoria de consumo e o consumista autofágico de si mesmo. Mas, Sorria! Porque finalmente, de noite e de dia, você está sendo filmado. Haja controle, haja relógio, haja mercado, medo e correria. E o signo ilusionista da opulência pósmoderna é o big brother. Moeda, vil metal e o capital sobre os moinhos de Vento. Presságios malfazejos e outra vez, o misticismo. No apocalípse, lá no fim, eu juro, eu li que tudo isto, desde os tempos de antanho, estava pronto. Oh! bu_da_peste! Isto é o juízo, é o começo ou é o fim de toda festa? Nada! Besteira, isto é apenas o final, desse meu texto surreal.



Arte: Leo Burnett Publicidade

Música: Mozart
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relógios vermelhos

Por Sueli Maia (Mai) em 5/21/2009


Olhar passageiro no ônibus, espreitando relógios de todas as pressas e cores. Capacetes de ponteiros agressivos voavam nas ruas, postados em motocicletas. Posto, agora, no asfalto, o sangue de trânsfuga, que em moto jazia com as rodas, girando no ar. Olhar passageiro sem voz, descendo com líquidos olhos focados, nos relógios vermelhos do ônibus, congelando o motociclista. Sem pressa a órbita mel, espreitava a vida, passageira do tempo e da pressa. Quantas vidas caberão apressadas, nos relógios vermelhos?
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Imagem Google

escafandrista do aluvião

Por Sueli Maia (Mai) em 5/17/2009
Destinos e secção das fibras de uma poesia. Ossos e traumas esgarçaram o músculo. No aluvião, tudo que havia estava submerso. Cardumes e palavras retraíram-se em seus indizíveis sentires. Mas a poesia e o amor jamais se deixam aprisionar. Por dias ela esperou a sua hora de voltar. Mergulhou e esgueirou-se de versos vazios. Um escafandrista escavou-lhe o amor. Reservas em cilindros de argônio e no silêncio subaquático, a essência de todos os sons. Pistas da poesia percebidas no pulsar. Das ostras as pérolas do olhar alumbraram o escafandrista. No retorno a descompressão havida. Em ambos o perigo de embolia obstruiria artérias, cérebro, coração. Sítios arqueológicos e tesouros ficaram ao fundo no aluvião que inundou os espaços. Um escafandrista restaurou-lhe o coração trazendo de volta, aquela poesia.
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Arte : Guapuruvu - Elevation
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douras espumas do mar...

Por Sueli Maia (Mai) em 5/13/2009
Marés, correntes e o sol era ele que vinha, dourando com luz de horas tardias, o mar. O mar era ela vestindo com algas marinhas, sua pele. No espelho das águas, seus olhos, brilhavam sorrisos. Despiu-se abrindo botões madripérola, bem devagar. Brando, o sol penetrou com seu raio, na areia macia, o mar. Perfume de amor espraiando em bruma, o ar. Douros e mansos, fundiram-se sol em mar e espuma, deitados, rolaram n'areia.

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Fotografia: Tossan

asas da vaca voadora...

Por Sueli Maia (Mai) em 5/13/2009

Imagem: Google

Porque o vazio pode ser preenchido com um bom livro ou um bom vinho maduro. Em tempos de crise, pessoas e bares sempre podem tomar novos rumos, criar asas ou procurar outra marca de bebida. O fato é que se as vacas voassem, choveria muito leite sobre a terra. E há coisas que se escolhe e outras, não. Há separações que acontecem e que não se explica. Dependendo do tempo de convívio, você pode, até, se ver sem rumo. Foi assim que eu constatei que o Bar do Arnaldo havia fechado. Separação dolorosa e repentina, aquela. Bem difícil do sujeito aceitar. É que no Arnaldo a mesa, já era cativa. Arnaldo servia bons petiscos e a inédita ‘batida de whisky’ (quem beber será feliz mas, não terá fígado por muito tempo). Separações são difíceis para todos e sem aviso, o choque é certo. Você chega, a porta está fechada e a casa vazia. Olha o drama! Um Bar onde há anos você bebia, comia, chorava e sorria... Há homem que chora e até se pergunta: - será que não foi uma fase ruim ou, não teria sido um simples defeito no freezer? São tempos ruins mas estou certa de que o Arnaldo não voltará atrás. Agora é tentar superar o vazio e a falta do Arnaldo. Porque afinal, um vazio pode ser preenchido com um bom livro, ou mesmo, com um bom vinho.


Fotografia: Tossan

vi_oleiros...

Por Sueli Maia (Mai) em 5/07/2009
Fotografia: Tossan
Ruínas e pó em um canto qualquer do planeta. Barro e argila somos todos nós. Nós somos, um punhado de pó. Mas não te exasperes. Há flora olente e há vida que cresce de ti e embeleza a ruina. Coração de um homem e toda humanidade, nós somos apenas, barro e argila, em princípio e ao final. Mas o homem é oleiro, também. É artesão é Artista. Então descansa, te acalma e amanhã terás uma nova lida. E há lira, 'olhai os lírios do campo'. Te acolho e poemo, mode te lembrar que há muito amor nesse mundo. Estás consciente que és mundo? Nas mãos que modelam há calos e há dor. És educador? No coração do homem há vida que pulsa. E filosofia é ação, é chão. E Educação, em princípío, era KalosKagathos ou será que era Arete? Não sei. Não sou grego. Mas ao que envelheceu e mesmo em ruína, jamais se abandona sem cuidar. Tapera em ruína já foi um abrigo de alguém. Homem, tu queres abrigo? Abrigo e meu colo, eu te dou. E se és barro e és sopro divino, também és oleiro. Mãos hábeis no barro macio, modelam a vida que, frágil, pode até se quebrar. Na vida se aprende vivendo. E o barro, adobe modelável, endurece e resiste à dor, no fogo e na queima. O barro não berra ou faz birra. O barro tem vida nas mãos de um artista.Vi_oleiros e oleiros são homens, artistas e humanos, também. Violeiros são homens que amam, educam que choram e sofrem, se quebram e também viram pó, em qualquer lugar do planeta. E depois, é só modelar outra vez.


"Temos porém este tesouro em vasos de barro,
para que a excelência do poder seja de Deus,
e não da nossa parte" [Paulo 2Co 5.7].

Música: Violeiros - Djavan
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mono_logos laicos

Por Sueli Maia (Mai) em 5/03/2009
Enigmas do princípio ao fim. Neste cenário estarão a palavra e a razão. Lógico que esta bobagem é um monólogo laico, mas a atriz é Eclesiástica. Monologar sobre a harmonia do universo. Não vais logar, Eclesiástica! Esquece o teu login! E faças logo o teu ensaio, ou eu farei o teu logout. Velocidade, dicção e ritmo e imposta logo a tua voz. Projeta ao fundo. Aqui eu falarei sobre a palavra. Logo, neste lugar, eu seriamente brincarei certo? Minha linguagem está clara? Então não chora, deixa de drama! Olha o logoff. Mas tens razão, este meu texto está um caos e eu também. Até parece que bebi litros de Logan! - Podes ouvir esse meu sopro ai do fundo? Não tu. Ele, você ai. Terás que ouvir o que tu lês e eu disse “L-ele”. - Quem, eu? Isto mesmo, “L”. - Ok? Ação! – Ouve, meu bem, isto é para logo ou até logo já estarás cansada. E o que farás sem que eu te escreva e tu me leias? Tem até Blogger! – Espera! Palavreado inútil! - Não há verdade nisso aqui. Começa tudo outra vez. Vai! AÇÃO! - Em princípio, vamos por ordem ao caos. Logo, me ouve, te quero tanto... Com uma palavra declararei o meu amor por ti. Isto é um prelúdio filológico, meu amor. Este monologo, meu amor, é todo teu. Sshhhh... Sou toda tua, deixa-me cuidar de ti? .
Arte: Vitrais Sé
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A PAIXÃO E A ARTE - AUGUSTO BOAL, um imortal

Por Sueli Maia (Mai) em 5/02/2009
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Augusto Boal, um Homem apaixonado pelas paixões
(Ato I, Cena V, p. 25)

Hamlet sofria e chegou mesmo a cogitar o suicídio:
Hamlet: Oh, se esta demasiadamente sólida massa de carne pudesse amolecer e liquefazer-se, dissolvida em chuva de lágrimas, ou o Todo-Poderoso não apontasse o canhão contra o homicida de si mesmo!
Deus! Ó meu Deus! Como, cansado de tudo, julgo incômodos, insípidos e vãos prazeres deste mundo! Nada quero dele, nada!
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A PAIXÃO E A ARTE IMORTAL DE
AUGUSTO BOAL
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AQUELE ESPAÇO ERA A ARTE
AQUELE TEMPO ERA PAIXÃO
AQUELE HOMEM ERA PAIXÃO E ARTE
A ARTE ATRAVESSA O ESPAÇO E O TEMPO.

EM SUA ARTE AQUELE HOMEM É IMORTAL!
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Mai


"...Paixão não é sofrimento, não é doença: é vida!
A Paixão de Cristo não foram doze quedas, percalços no caminho do Calvário:
Paixão era a sua determinação em realizar o desejo do Pai e salvar o ser humano.
Não é a paixão de Romeu e Julieta que os faz sofrer e lhes traz a morte:
é o ódio voraz entre Montequios e Capuletos, suas famílias latifundiárias, seus sequazes e capangas, que lutam por mais terra e mais poder.
O obstáculo faz sofrer: a paixão vivifica!
Foi a paixão de Che Guevara que o levou à felicidade cubana;
foram os obstáculos imperialistas que o levaram à morte boliviana.
Foi a paixão do Tiradentes que o levou à Inconfidência Mineira;
foi D. Maria, a Louca, que o levou à forca!
A paixão faz sofrer, é certo; não, porém, porque seja paixão, mas por ser libertária!
O artista, quando o é de verdade, é um apaixonado
Sou um homem apaixonado pelas paixões..."
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AUGUSTO BOAL
http://www.ctorio.org.br/ - CTO - Centro de Teatro do Operimido
Livro de Memórias - HAMLET E O FILHO DO PADEIRO
Singela homenagem a um artista de verdade
Augusto Boal
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