Inspirar-Poesia, um segundo sopro

o ponto e a linha circular

Por Sueli Maia (Mai) em 6/24/2010

A linha, o ponto e o lugar do encontro. Amigos no ponto de encontro e sem espera a condução das 6:15 logo sai. Mas tudo ao redor cheira a restos: - amônia com bebida entre as pernas e o cigarro que exala dos poros é náusea. Mas é um corpo que transborda do trago e tombado se enrosca nos trapos e tenta viver, se aquecer. Aos tombos chacoalham os corpos de pé nesse ônibus. 6:20 - trânsito, e tudo hiberna na preguiça das manhãs. Droga fumaçando nas cabeças. Paciência! É mais um sopapo e espio lá fora o que sobra do calor das fogueiras quase mortas, e há tantos quase mortos lá fora e aqui dentro à margem de tudo. Quase morte é a mistura dos odores dos corpos acebolados que roçam em quase silêncio de um sono a teimar. Paciência com os buracos das ruas e os zumbis transitando, roçando, pulando, acordando, se olhando e voltando a dormir, a roncar, a babar. Paciência! Há corpos chacoalhando aos solavancos dos buracos que são tantos e tantos também são os solavancos dessa vida, que as mãos quase não dão conta de segurar com paciência. Na volta há diálogos inaudíveis e dá vontade de cantar e espantar antes que em outro solavanco eu morda outra vez minha língua e outra vez, eu suspiro! Cruzo pernas com olhares e olhares com sorrisos. Frente à casas fechadas vassouras a varrer calçadas e as fachadas dos empórios vazios são bares com copos vazios caídos sobre as mesas. De pé equilibrio de cansaço com a ressaca das garrafas alegres que ontem dançavam. Final de um dia e um sol deixa em cores um laranja e o amargo das laranjas nas línguas e no céu dessas bocas há olhos de outra noite em que escrevo sem pressa, o impaciente tempo dos homens. 6:15 é a chegada dessa linha circular.
.
Texto reeditado
.
.

 

Seguidores

Links Inspirados