Inspirar-Poesia, um segundo sopro

a invasão

Por Sueli Maia (Mai) em 10/01/2010
Foi Cristina quem me disse ao telefone: - Zumbis infestaram a casa! É uma invasão de esqueletos. Eles ficam pelos cantos, Caminham devagar e se esgueiram como cobras famintas prontas para dar o bote. Os olhos assustam, saltam como bocas arregaladas. É horrível!
- Eu quis ver de perto o fenômeno. Um deles parecia ser o Júlio. Vinte quilos mais magro e fraco vagava como um zumbi. Os frascos azuis espalhados sobre a pia, e um líquido branco já seco era uma pista que talvez explicasse o sobrenatural. Somente Clara escapou, porque adiou o ritual para depois do carnaval.
- Eles bebem todo esse líquido. Dali em diante todos se esvaem, evacuam, somem e depois reaparecem assim, esquálidos e sem noção. Há sete dias que isto acontece.
- Seis deles eu identifiquei. Manuela era a mais esquelética. Magérrima, não estava feia, mas as bolsas arroxeadas sob os olhos denunciavam uma espécie de privação. O olhar era fundo, desesperado. Pareciam famintos, prontos a invadir ou saquear. Alheia à minha tentativa de contato, Cristina retirou do forno um tabuleiro, e como num desses ataques de abelhas africanas, os esqueletos quase se desmontaram sobre a mesa.

42 comentários:

Caio Fern disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 11:57

isso nen e tao ficticio se voce considerar a epidemia de crack pela cidade .

Mateus Araujo disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 12:28

tá parecendo eu de madrugada HASUHSUSHSAHSHS
magro e com cara de Zumbi
ASHUSHAUSUSAS

beijossss ♥

Fernanda disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 12:31

nossa moorro de medo de zumbis,seu texto ficou otimo deu pra imaginar cada cena..

Dauri Batisti disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 13:09

Concordo com o Caio. A realidade do crack é bem cruel, bem real.
Um beijo

Ferdi disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 13:51

E quantos "zumbis" nós não vemos por aí se vivemos em uma grande cidade e somos observadores, principalmente :(

olharesdoavesso disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 16:01

Vagam, vagam a procura de sangue e carne fresca para devorar... Uhuu boa Mai. Bela história se inicia beijos

nydia bonetti disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 16:07

Também achei bem real, Mai. Tantos zumbis por aí... E o que é pior: prontos a invadir ou saquear. Que Deus nos ajude.

Ótimo texto, como sempre. beijos.

Anônimo disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 16:31

Mai,

Pode ser figuração de várias coisas.
Eu fico com algo cada vez mais comum em nosos dias, e que invade a vida de tantos jovens, assombrando famílias.
A anorexia e a bulimia.

Beijos.

Unknown disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 16:39

A casa tomada. Me lembraste Cortázar. Um nível de fobia que vai crescendo até a exaustão. Precisávamos fugir sem perguntar o porquê. O absurdo é mais presente do que imaginamos. Belo texto. Beijo.

P.S. Mil e um obrigados pela overdose de comentários lá.

lula eurico disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 16:51

A tristeza, mata, mas a alegria cura!!!

Beijos, flores e abraços!!!

Anônimo disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 16:59

excelente relato, muy curioso e imaginativo.
un abrazo

Anônimo disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 16:59

Linguagem mega poética para expressar o realismo super fantástico em que vivemos, e onde muitos se afundam.

Beijos, querida!

Uma ótima semana para vc!

Anônimo disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 18:53

Isso me lembrou uma foto que vi de um desfile de modas, outro dia. A modelo era tão magra que parecia um zumbi. Acredito que ela estava morta de fome, mesmo, e assim que saísse de lá comeria quilos de comida, para depois colocar tudo para fora.

Beijocas!

Márcio Ahimsa disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 19:00

a vida, às vezes, se manifesta gritando diante de nós, um grito de dor, um brado pelo vazio da rua deserta, uma lua distante, a calçada calada como única companheira, cúmplice das madrugadas... a vida,
às vezes, pede socorro, e é tanto olhar cego, é tanto ouvido surdo, é tanta boca muda... a vida, sempre, mas sempre, vem buscar a seiva das manhãs bem diante dos nossos pés, mas é tanto passo apressado, é tanto compromisso, é tanta labuta, é tanto desespero, quem nem notamos o tempero amargo que fazemos nessa mistura de água e azeite no ceio da cidade vestida de rua e solidão...

Anônimo disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 19:20

epaa, eu reconheci. Os frascos azuis, os nomes, e os fatos. Dieta!
O terror introdizido ao fato. Ficou EXCELENTE!

Vitor Nunes

Dani Pedroza disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 20:15

Seus últimos textos que li têm algo de diferente. Não sei exatamente o que. Poderia simplificar dizendo que é um toque meio transcendental ou os mistérios do que vemos e do que não enxergamos, os limites entre realidade e delírio. Mas, seria uma simplificação barata, não de facilitação, mas de redução, mutilação. Pois bem, não sei exatamente o que mudou, mas sinto e isso sim não é limitado, aliás, nem limitável.

Quanto aos zumbis, às vezes eles me visitam, invadem minha casa, meu quarto, minha cama. Por vezes, chego pro lado, puxo o lençol, num convite mudo. Não adianta pedir arrego mesmo, eles sõ vão embora ao amanhecer.

Bjs, querida.

Unknown disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 20:54

Bem Mai!

Espero que por aqui não apareça nenhum zumbi pre-apocalíptico.

Para mim não é ficçao. è real.

Como sempre sua prosa alucina e nos prende.

Beijos

Mirse

:.tossan® disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 22:14

Mas só se a vida fluir sem se opor
Mas só se o tempo seguir sem se impor
Mas só se for seja lá como for
O importante é que a nossa emoção sobreviva
E a felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo no fundo é tão singular
É resistir ao inexorável
O coração fica insuperável
E pode em vida imortalizar

Paulo Cesar Pinheiro

Beijo e seja sempre feliz Mai!

:.tossan® disse... @ 1 de fevereiro de 2010 às 22:14
Este comentário foi removido pelo autor.
Abraão Vitoriano disse... @ 2 de fevereiro de 2010 às 03:13

sombras nossas de cada dia, e o medo é um homem de cabelos brancos e com um dente abandonado, ninguém tem coragem de contato, e os raros que ousam, ou morrem ou se apaixonam de fato....

beijos,
e não se é sentir assim
mas amo o que escreves

do teu e teu
menino-homem

Mafê Probst disse... @ 2 de fevereiro de 2010 às 11:45

A vida real também contém venenos capazes de emagrecer e tornar zumbi um humano saudável. Virou até assunto de novela.

Fábio disse... @ 2 de fevereiro de 2010 às 13:30

Já está ficando repetitivo elogiar seus contos.
Eu tenho que aprender a escrever assim de forma mas suscinta, os meus textos sempre ficam muito grandes.

Abraços

O Neto do Herculano disse... @ 2 de fevereiro de 2010 às 14:15

Imagens vívidas
e muito bem
construídas,
sem se entregar
de bandeja
ao leitor.

carikaturARTE disse... @ 2 de fevereiro de 2010 às 15:22



ZUMBISbilhoteiros da nossa carne e alma!

Nunca é demais dizer:

deMAIs!

Abraços!

Leo Mandoki, Jr. disse... @ 2 de fevereiro de 2010 às 18:50

bom...parece que existe algo novo por aqui né!...não é exatamente um script, mas poderia ser uma sinopse do filme I Am Legend...gostei do que li...mas tbm poderia ser uma nota melancólica de alguém que estivesse no Haiti.
....foi tbm bom passar por aqui e ver comentários de velhos amigos
ehehehhe

Gerana Damulakis disse... @ 2 de fevereiro de 2010 às 21:10

Lembrou-me Cortázar, com o conto "A casa tomada".
Vou levar seu endereço para meus favoritos, tá?

Saulo Nunes disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 00:26

Mai qeridaa ando meio apagado mas estou melhorando aos poucos brigadaaa pelos rec no blog me vale muito e vc sabe, mas olha só, sabe q eu perdi a mini serie da Dalva e Erivelton =(
mas fiqei muuito contente em saber q fui lembrado assim kkkk abrigadaa pelo carinho vc é uma graça

já o Nada importante... ñ sei o q fazer axo q é só preguiça logo passa, mas fiqei sem net um tempinho tbm kkk

bjo na alma amiga ! vou da uma lida no seu blog e ir dormir bjo bjo

lágrima disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 01:13

És um encanto Mai!
Obrigada!
Flores para ti!

Marcela Bertoletti disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 01:53

Já faz um tempo venho lendo seu blog, já queria ter comentando outras vezes, enfim, acabei não fazendo, mas acompanho sempre. Seu estilo me agrada muito, pois independente do tema, sempre tem um costurar poético, que particularmente gosto. Teus textos prendem. Costumo gostar tb das músicas que escolhe como fundo. E acho que poesia e música andam mesmo muito juntos, sempre me ajuda a escrever e sempre me faz entrar mais na história quando leio.
Parabéns pelos textos e pelas dedicação!

Marcela Bê

b disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 08:51

Identificando alguns já fica fácil negociar...
Mas nem preocupe.
São Bento neles.
(Melhorei sim).
Mas, essa postagem muito interessante e que incita a mil "viagens", lembrou-me uma aula que tive no curso de Gnose, há muuuiiito tempo , sobre úcubus e súcubus.
Deve ter no google mas o que mais me sentí provocada, é com a sua inteligente e criativa provocação.
Séria provocação.

Luis Eustáquio Soares disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 09:54

a invasão bárbara de zumbis, passo a passo, querida may, no composso do aço, das adversidades de sermos surdos, mudos e estrangeiros, como mortos-vivos, de vez que viver é absurdo, inverossímil, mágico, dança de sentidos.
beijos
luisdelamancha

Macaires disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 11:29

Ás vezes, parece que todos nós vamos acabar assim!

Ótimo texto, amiga!
Grande beijo!

Vivian disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 13:43

...imaginei as calçadas do
centro velho na minha querida
Sampa.

quadro real da morte em vida.

fico tão feliz quando você
vai lá em casa...

adoro

bj, querida linda!

Ilaine disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 15:13

"Eles bebem todo este líquido... " Um desesperado passeio por uma cena, infelizmente tantas vezes real. Mai, amiga,este texto me conduz pelas linhas de tua escrita e encontro esta poesia, esta arte... E nas entrelinhas, este triste quadro.

Beijo e obrigada pelo carinho. Faço minhas as palavras da Vivi: também adoro quando você vem lá em casa!
Beijo

mundo azul disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 17:32

__________________________________


Num texto curto, a descrição do inferno... Parabéns! Gostei muito...


Beijos de luz e o meu carinho!

____________________________________

Pâmela Marques disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 22:48

Lembrou-me um amigo que dizia ver duendes, mas é claro usava tanta droga.
E eu adoro o jeito que tu escreve, nos faz entrar dentro desse universo, penso que quero escrever igual a você, Mai.

Ah, queria agradecer todo o apoio que me deste. Você é especial demais.

Lú Naíma. disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 23:35

Sempre arrasando né Mai?

Um beijo querida,
óptima escolha musical!!

Carlos Pegurski disse... @ 3 de fevereiro de 2010 às 23:57

Quando conheci seu blogue, escrevia sobre o Haiti. E gostei.

E gostei da sua ficção. Pena que veio tarde: o Haiti era verdade.

Anônimo disse... @ 4 de fevereiro de 2010 às 11:17

Menina, que filme de terror! =) Visualizei o texto inteiro. Dá pra adaptar e fazer um curta. Ia ser legal, hein?!
Beijos.

dade amorim disse... @ 4 de fevereiro de 2010 às 11:22

Maravilha de narrativa, Mai. Puro realismo mágico que me lembrou, mais que Cortázar, os Cem anos de solidão, de García Márquez, talvez por ser mais explícito que Casa Tomada.
Beijo pra você.

Paula Barros disse... @ 6 de fevereiro de 2010 às 20:40

Lendo seu texto fico imaginando a semelhança da ficção com os distúrbios da mente humana.

beijo e saudades.

guru martins disse... @ 17 de fevereiro de 2010 às 20:02

...muito
triste...

bj

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