onda...
Por Sueli Maia (Mai) em 6/25/2009Quase tarde e quase estou sozinha na casa e tenho febre no quarto e há muitas vozes ao redor e há feições, há lembranças de afeições e uma mescla de imagens no quarto vazio tão cheio de febre e frio. Há loucas confusas e há guerra de gente com febre confusa e uma onda de febre confusa, a mente difusa. A vista escurece e está turva e tudo intumesce e há febre e os lábios rachados da febre nos olhos que fervem. E a fome é menor do que a sede e a febre dá sede e a sede aperta a garganta com sede. Paredes vazias e o medo da febre, da fome e da sede. A febre é rubra e a bola no teto está rubra e a morte é mística e as vozes na mística gritam à razão que me grita e ao redor não há gritos de gente, há febre e onda de frio e sem gente ao redor, enfim, estou só. E com febre, com medo e com sede de gente, na casa vazia é noite, bem tarde da noite, sou febre.
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Imagem GoogleMúsica: Martelo Bigorna - Lenine
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11 comentários:
Uau!!!
Que forte!!!
Mas como sempre vc consegue ser intensa naquilo que escreve!
Impecável, triste mas, impecável!
bjinhos
Que sede em Mai! Eu também....Afasta de mim este cálice....Belo, muito! Beijo
Sede de gente não é só quando estamos com febre e sozinhos, também quando precisamos de alguém específico no meio de multidões.
AMUL *_*
BJO♥
"..., sou febre."
Mai,
ser febre é ficar quente no remoer das lembranças, vivê-las intessamenta... e quando o suor aparecer, é sinal que a saúde voltou, e além disso, é nesta transpiração que se vão os maus fluidos para que os poros purificados recebam os bons sentimentos... nosso corpo também é uma procissão, velas tantas vezes acesas em busca de um milagre...
quanto ao sentir é culpa sua*.rs
como sou feliz por ti.
carinho muito,
do seu homem-menino.
eu não sou muito fã daquela máxima:
'devagar e sempre'
foi isso que me pareceu o teu texto. foi?
ahm.. eu hei de concordar, Mai-Mai.
antes 'devagar e sempre' do que 'parado por todo o sempre'.
mas eu preferiria ir a mil por hora mesmo!
Mai!
Senti um grito de solidão nestas palavras. Solidão lindamente descrita através de tantas antítises: quarto vazio - cheio de febre, febre e frio, há gritos de gente - sem gente ao redor, há muitas vozes no quarto vazio...
Frio, febre, afeições.
Ah, que lindo texto!
Beijo
Oi, Mai!
Gostei do seu texto, do ritmo dele, bem intenso.
Bjs
Mai,
essa tua "onda" me lembrou uma música de Renato Russo...
Lindo!
Um grande beijo=*
Anda, Mai, anda que a febre cura-se no mar.
Beijo.
Essa é a pior das febres... Estar só... e com sede de gente... cheio de pensamentos recorrentes e imagens nem sempre claras... isso cria uma guerra dentro da gente que é quase sem fim...
Daniel Hiver
Assim... como se fosse um delírio de febre o texto né.
Massa!
"...e a morte é mística e as vozes na mística gritam à razão que me grita e ao redor não há gritos de gente.."
Que massa mesmo!
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