Inspirar-Poesia, um segundo sopro

onda...

Por Sueli Maia (Mai) em 6/25/2009

Quase tarde e quase estou sozinha na casa e tenho febre no quarto e há muitas vozes ao redor e há feições, há lembranças de afeições e uma mescla de imagens no quarto vazio tão cheio de febre e frio. Há loucas confusas e há guerra de gente com febre confusa e uma onda de febre confusa, a mente difusa. A vista escurece e está turva e tudo intumesce e há febre e os lábios rachados da febre nos olhos que fervem. E a fome é menor do que a sede e a febre dá sede e a sede aperta a garganta com sede. Paredes vazias e o medo da febre, da fome e da sede. A febre é rubra e a bola no teto está rubra e a morte é mística e as vozes na mística gritam à razão que me grita e ao redor não há gritos de gente, há febre e onda de frio e sem gente ao redor, enfim, estou só. E com febre, com medo e com sede de gente, na casa vazia é noite, bem tarde da noite, sou febre.
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Imagem Google
Música: Martelo Bigorna - Lenine
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11 comentários:

Tata disse... @ 24 de junho de 2009 às 23:14

Uau!!!

Que forte!!!

Mas como sempre vc consegue ser intensa naquilo que escreve!

Impecável, triste mas, impecável!

bjinhos

:.tossan® disse... @ 24 de junho de 2009 às 23:44

Que sede em Mai! Eu também....Afasta de mim este cálice....Belo, muito! Beijo

Mateus Araujo disse... @ 25 de junho de 2009 às 00:25

Sede de gente não é só quando estamos com febre e sozinhos, também quando precisamos de alguém específico no meio de multidões.

AMUL *_*


BJO♥

Abraão Vitoriano disse... @ 25 de junho de 2009 às 01:05

"..., sou febre."

Mai,
ser febre é ficar quente no remoer das lembranças, vivê-las intessamenta... e quando o suor aparecer, é sinal que a saúde voltou, e além disso, é nesta transpiração que se vão os maus fluidos para que os poros purificados recebam os bons sentimentos... nosso corpo também é uma procissão, velas tantas vezes acesas em busca de um milagre...

quanto ao sentir é culpa sua*.rs

como sou feliz por ti.

carinho muito,
do seu homem-menino.

Sandra Costa disse... @ 25 de junho de 2009 às 01:16

eu não sou muito fã daquela máxima:
'devagar e sempre'

foi isso que me pareceu o teu texto. foi?

ahm.. eu hei de concordar, Mai-Mai.
antes 'devagar e sempre' do que 'parado por todo o sempre'.

mas eu preferiria ir a mil por hora mesmo!

Ilaine disse... @ 25 de junho de 2009 às 03:52

Mai!

Senti um grito de solidão nestas palavras. Solidão lindamente descrita através de tantas antítises: quarto vazio - cheio de febre, febre e frio, há gritos de gente - sem gente ao redor, há muitas vozes no quarto vazio...

Frio, febre, afeições.

Ah, que lindo texto!
Beijo

Rafael Sperling disse... @ 25 de junho de 2009 às 04:48

Oi, Mai!
Gostei do seu texto, do ritmo dele, bem intenso.
Bjs

Jaquelyne Costa disse... @ 25 de junho de 2009 às 10:15

Mai,

essa tua "onda" me lembrou uma música de Renato Russo...

Lindo!

Um grande beijo=*

adouro-te disse... @ 25 de junho de 2009 às 12:21

Anda, Mai, anda que a febre cura-se no mar.
Beijo.

Daniel Hiver disse... @ 25 de junho de 2009 às 16:58

Essa é a pior das febres... Estar só... e com sede de gente... cheio de pensamentos recorrentes e imagens nem sempre claras... isso cria uma guerra dentro da gente que é quase sem fim...
Daniel Hiver

Éverton Vidal Azevedo disse... @ 30 de junho de 2009 às 18:31

Assim... como se fosse um delírio de febre o texto né.
Massa!

"...e a morte é mística e as vozes na mística gritam à razão que me grita e ao redor não há gritos de gente.."

Que massa mesmo!

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