Inspirar-Poesia, um segundo sopro

tecnológicas

Por Sueli Maia (Mai) em 12/04/2010
.
O amor é essa luta interminável
onde a idéia de bastante
é bastante inoportuna nesta época


O fogo apressa o tempo e ciclicamente o tempo se vê, não nos relógios digitais, nos movimentos e momentos onde as fomes e sedes se esbarram e ninguém se entende em seu querer. Mas entre o cru e o cozido, Juan continuava a comer as suas saladas franzinas, Michel preferia marinar todas as carnes; e avinagrados - João e Maria, continuavam engolindo os congelados e seus malabarismos. Dissabores se descartam onde se compra sabor, e mesmo exaustos de tanta fome e desencontro, Hélio e Júlia, Bruno e Bia trocaram torpedos e se encontrarão depois do shopping, no churrasco, onde todos se olham, se esnobam e confraternizam.

46 comentários:

Unknown disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 12:40

entre fomes e diversidades, quereres díspares e singularidades, a nau da vida segue o seu curso


cheiro

lolipop disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 12:45

Cada um com sua fome e sede, sabor e dissabor, e o tempo somando mais desencontros do que encontros, numa luta interminável...pelo encontro...ou pelo amor?
CARINHOSSSS

Unknown disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 13:06

MAI querida!

É! Tem gente que consegue se confraternizar. Numa época onde é tudo tão estranho.

Texto fenomenal, como você!

Beijos

Mirze

José María Souza Costa disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 13:30

Mai, um belo texto para reflexão, em um blog Avassalador. Belissimo.O meu blog, é muito simplório, mas vou ousar lhe convidar a visitá-lo, e se possivel seguirmos juntos por eles. Estarei grato esperando por vc, lá
abraços de verdade

Anônimo disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 13:37

O tempo..... tbm tenho pensado nisso...rsrsrs. Ele existe mesmo?Se ele existir, ele se vê nos nossos olhos e corações. Porque de tudo que é vivo, só nós, humanos damos valor a ele.

Mai.... gosto tanto dos teus pensamentos!

lula eurico disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 13:39

Há vazios a serem preenchidos,
que não estão nas vísceras, mas são viscerais.

Estou buscando o fogo desse amor, desse amor humano. Mas, o princípio da chama é queimar...
E a dor do fogo nos afasta do amor verdadeiro.
Que a chama celtíbera do Amor acenda tua alma nessa época difícl de renovação de ciclos.

Abraço mais-do-que-fra/terno!

Márcio Ahimsa disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 14:32

Eu tenho sede e fome
do cozido e guizado,
aquele mamão verde
que era refogo.
Eu tenho utopia
de coisa antiga,
ainda vejo guardada
num envelope
aquela carta amarela,
ainda vejo na janela
o ranger dos dias,
o quintal sem cercado,
a velha amendoeira
que um dia encontrei,
pequena, espremida
entre a fresta de uma
calçada de paralelepípedo.
Depois foi estrada e chão,
e edifícios, e agito,
e multidão,
e me ver sozinho,
uma face no abismo
de concreto e lida.


São tecnológicas as histórias que não ouço mais...

Beijo Mai, querida, belo post.

Adoro.

Paula Barros disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 14:40

São tantas fomes e sedes, são tantos olhares negados, punhos cerrados, abraços mal dados...são tantos vazios, tantas correrias, tantas conversas não ouvidas...


E eu estou no time dos abusados, dos fechados, dos insuportáveis...sem torpedo, sem encontros...ou na superficie...

beijo

Caio Fern disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 14:45

tempos e sabores .
otimo .

Gustavo disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 15:53

Muitooooo bem escrito. Uma leitura prazerosa do mundo que nos pertence!

Beijos

líria porto disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 18:18

minha mãe dizia - fome, a melhor cozinheira... mas ela sabia das outras fomes, só não falava...

o tempo? ah, o tempo vupt!
besos

Luna disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 18:48

várias interpretações encontro neste teu texto,mas fico-me pela dualidade entre o que queremos e o que fazemos como o fazemos ou repartimos, nesse tempo que passa e vivemos sem viver
beijinhos

Zélia Guardiano disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 19:09

Coisa mais linda, minha querida Mai!
Seus escritos trazem o selo(inconfundível) de qualidade.
A vida, sempre envolvida em dualismos: aqui, sabor e dissabor...
Grata, amiga, pelo belo momento que me proporcionou.
Beijos

Solange Maia disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 21:09

é... a gente fica aqui pensando : confraternizar o quê ?

encontros desencontrados...

belo texto, como sempre !

beijo

Marcantonio disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 21:47

Eu me lembrei da Quadrilha do Drummond. O seu texto prece uma Quadrilha existencialista pós-moderna,onde sob a fome e a sede superexcitadas se encontra a náusea de um vazio impossível de preencher, e inseparável de uma inapetência diante do excesso de ofertas, de sabores. Por que tecnológicas? Por que fala do desejo automatizado em rituais formais, em anti-banquetes de exclusão afetiva, em ambientes para pré-formatar comportamentos? O ingerir, o comer tem tanto sentido simbólico, sobretudo o de conectar o interno e o externo, justamente aquele em que, apressados e desencontrados, costumamos falhar: não conseguimos comunicar nossos íntimos porque usamos a mediação mistificadora de códigos supérfluos que não podem ser digeridos, como se comêssemos pedras, qual Cronos.

Esse clima de solidão, de assepsia, de desencontro não tem uma antítese no papel simbólico da comida no filme A Festa de Babette? Outro tempo, outra dimensão, outro contato numa era não tecnológica...
Muito fecundo esse texto.

Abraço.

Cris de Souza disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 22:51

vim te conhecer...

coisa fina sua voz!

Abraão Vitoriano disse... @ 4 de dezembro de 2010 às 23:50

e comer é perder tempo neste mundo de hábitos saudáveis, recomendados como ser livre e magro a todo custo... o verde, o molho, a mostarda e nada de amor no prato

um beijo, do seu homem-menino
fique com Jesus!

saudades*

lula eurico disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 00:15

Ficou bem a canção.
Eleanor Rigby.
Ela somos todos nós.


Abraçamigo e fraterno.

Fred Caju disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 11:22

Às vezes a tecnologia me dá uma tecnofobia. Gostei muito de todas as personagens das suas linhas. Ótimo domingo.

Jorge Pimenta disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 12:50

razão tem borges ao dizer que o tempo somos nós. nós e os nós com que nos atamos (e raramente desatamos).
um beijinho sem corda (mas alguns nós :))

ítalo puccini disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 15:52

gosto muito de teus escritos. assim despretensiosos. e que dizem justamente no não-dizer.

tem concurso de narrativas curtas rolando lá no um-sentir. confere e participa que tens potencial :)

ítalo.

Anônimo disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 17:12

Olá Mai,
Nossa eu perdi todas estas postagens, mas então .. o fogo acelera mesmo o tempo, acelera as percepções, unem as pessoas em seus dissabores ao frio, desconhecido.
Abraços

guru martins disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 17:35

...tão antigo quanto nós
chega a se perder no tempo
o ato da chama o fogo
o cozimento a aproximação
o alimento o aconchego...
é um chamamento...

bj

Quintal de Om disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 17:58

Que nos desencontros dos olhos, os abraços ainda se cruzem na próxima esquina.

Beijo nessa alma bela.

OutrosEncantos disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 18:26

De facto, Mai.
É na compra dos sabores que todo o mundo se desforra dos dissabores, mas o que dói mais é as pessoas se olharem sem se verem, trocarem torpedos como se fosse a coisa mais natural do mundo, onde se compram os sabores é onde se confraterniza a única coisa que pelos vistos vale a pena para bem ver passar o tempo: esnobar todos e cada um, da maneira mais canalha possível...
São os sinais dos tempos..., como muito bem lhe chamaste: - tecnológicas...

Beijo meu, Mai.

OutrosEncantos disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 18:30

Esqueci de falar da música que inspira:

- perfeita no enquadramento do teu post!

letra e música e gente, tudo belo e de um tempo em que a técnologia ainda era bébé, relativamente aos tempos que correm...

dade amorim disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 19:44

E la nave va... Sabores e dissabores se entrelaçam e os encontros facilmente assinalam desencontros. Um texto pródigo em sentidos que em poucas linhas dá uma visão de mundo completa. Coisa de mestre, Mai.

Beijo.

Al Reiffer disse... @ 5 de dezembro de 2010 às 20:33

Disseste poeticamente uma triste verdade. Abraços!

Anônimo disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 00:37

Algumas aparências precisam ser mantidas.

Beijo, querida.

Dilberto L. Rosa disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 11:19

Senti um gosto bom de algum curta europeu, francês eu diria, daqueles lindos, sem final... A vida é mesmo assim, minha cara: tantos personagens, mas nem sempre seus enredos se entrecruzando... Muito bom, como sempre! Abração!

Sidnei Olivio disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 13:38

ao mesmo tempo simples, profundo, verdadeiro; cheio de imagens e significados. cada vez melhor, Mai. beijo procê.

Anônimo disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 13:54

Mais uma vez temos o prazer de convidar os nossos amigos para participar de nosso Concurso Literário. Nosso maior objetivo é a interação e levá-los a se inspirar e a expressar através das palavras o que o momento despertar em seu coração. Então em nome do Amor e da Caridade, estamos lançando o nosso: 2º Concurso Literário – Tema: Então é Natal...
Contamos com a sua presença!
Um abraço carinhoso

Edu disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 14:27

O espaço à individualidade está alcançando o seu máximo potencial.

Cadê a feijoada que nos une?

Bejo!

Lou Vilela disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 16:02

"lógica" de glutões.

Um primor, Mai!

Beijos

Ricardo Valente disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 16:17

e o mundo sempre foi assim e vai continuar sendo.
ainda bem que tem a música, que acalma os nervos!!!
beijo!

Sonhadora (Rosa Maria) disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 18:33

Minha querida

O estar e o ser...a vida e as aparências.
Um texto muito reflexivo.

deixo um beijinho
onhadora

Penélope disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 19:56

Estranho como vivemos em grupo mas a VIDA de cada qual segue alheia...
Uma postagem bastante inquietante.

:.tossan® disse... @ 6 de dezembro de 2010 às 22:13

A fome nem é de carne e nem de salada sei lá é de algo que ninguém vê e nem entende, assim como eu. Belo texto! Beijo

olharesdoavesso disse... @ 7 de dezembro de 2010 às 10:07

Nada é o bastante para os viventes de hoje em dia...

Quintal de Om disse... @ 7 de dezembro de 2010 às 12:50

Mai Querida,

Passe lá em casa, no "Vou te contar..." que tem um presentinho pra você ;-)

Beijo na alma!

Rockson Pessoa disse... @ 7 de dezembro de 2010 às 19:20

É uma fome de sentimentos... Vamos engolindo bem mais que comida, vamos devorando os sentimentos alheios!
Bjkss e já te sigo!

Luiza Maciel Nogueira disse... @ 7 de dezembro de 2010 às 21:00

tanta diversidade
uns olhares e outros...tudo poesia, não deixando as banalidades de lado, as falsidades e as indiferenças...beijos!

Batom e poesias disse... @ 8 de dezembro de 2010 às 14:50

Gostos & desgostos...
Pão e circo é o que faz a roda girar.
Adoro seus textos, querida!

bjs

Letícia Losekann Coelho disse... @ 8 de dezembro de 2010 às 20:25

Mai,
Muito bom!! Gosto de te ler e fico muitas vezes em silêncio contemplando o que tu escreves.
Beijos

Marluce, em palavras disse... @ 9 de dezembro de 2010 às 21:58

Mai,


...e ninguém se entende em seu querer. E o tempo passa com pressa deixando-nos cada tão estranhos,tão robotizados!

Um belo texto!

Um abraço, Marluce

lisa disse... @ 10 de dezembro de 2010 às 09:01

"Será que tenho um coração?"

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