Inspirar-Poesia, um segundo sopro

conversAfiada

Por Sueli Maia (Mai) em 4/26/2009

Do nada prá lugar nenhum. Eis o comum em meus devaneios literários. Nem só de problemas vive o homem e o sorriso ainda é um bom remédio. Novamente o meu fascínio pela palavra. Trincheira da nossa liberdade, o pensamento possui uma força insabida pelo Homem. Mas há palavras que camuflam novas possibilidades de pensá-las. E eu li uma placa: ‘Não aceitamos fiado’. Des_complicar é facilitar a compreensão. Ou não. Mas pensar requer esforço, persistência, paciência e um par de pernas caminhantes, ajuda bem este exercício salutar. Na imaginação pode residir uma hipótese à felicidade. E caminhando hoje cedo, eu fui feliz. Pensei nas diversas possibilidades do que, estando fiado, ali não era aceito. Talvez existam verdades primordiais à cada um. Mas questionar verdades é não alienar-se e uma verdade jamais será maior do que, na vida, poder vivê-la. E porque eu já trabalhei em fiação, fiado era um fio que, passado em fiandeira, era torcido e retorcido. E por já terem me exigido um fiador sei que, em bancos, um crédito que é fiado, tem fé e é confiável. Opostamente, há outros sentidos para expressões populares e, em lugares por onde andei, conversa fiada é um diálogo sem proveito, uma desculpa, um caô, um lariado. Assim ficou-me a pergunta: porquê o tal fiado não é aceito ali? Eu continuo pensando...


Arte: Salvador Dali
Imagem ao final: Google Alice

26 comentários:

Ana Rita disse... @ 26 de abril de 2009 às 17:23

(...) o pensamento possui uma força insabida pelo Homem (...). É verdade. E às vezes apodera-se de nós, fazendo com que sejamos seus escravos.

Anônimo disse... @ 26 de abril de 2009 às 19:31

Mai,
a palavra se resume numa infinidade de possibilidades de arranjos, ou seria, desarranjos?
Assim, descon-fiado ou não, o certo é que a dúvida permanece...
Uma semana com fé e confiável!
Abraços!

Sandra Costa disse... @ 26 de abril de 2009 às 19:49

quando você vai ao banco, paga a sua conta, o banco se livra de você (e você da sua conta).

quando você decide por dirigir a sua vida, deixa de ser boneco de marionete, cortam-lhe os fios que lhe conduzem.

quando você vai à igreja, e com fé faz a sua confissão ao padre, sai de lá com um alívio na alma, de que não há mais nada que lhe prenda ao pecado.

em geral, Mai, fiar-se é conectar-se. é ainda estar ligado, e ter responsabilidade. e os mecenas não querem esse tipo de ligação. só isso. vende-se, pague-me, realizo-me com o lucro e tchau.

na verdade, isso vem mudando há algum tempo. é coisa de gestão isso. gestão do relacionamento. porque os valores se inverteram, e perceberam que o fiado, quando possui outros valores agregados, gera lucro. mas aí já são outros 500.. (reais). hehe.

Elcio Tuiribepi disse... @ 26 de abril de 2009 às 19:53

Oi Mai...fiado é acreditar, é ter confiança, é reséitar a palavra do outro...Hoje em dia isso é de uma impossiblidade natural, infelizmente diga-se de passagem...
Era para ser o contrário, sabe, fico super feliz quando alguém me deixa ficar devendo e confia na minha palavra sem mesmo nunca ter me visto...já fiz isso algumas vezes no trabalho e na maioria das vezes o resultado foi bom...
Muitas águas para você nesta semana, água boa, corrente e potável...rsrs...um abraço na alma

Anônimo disse... @ 26 de abril de 2009 às 21:08

Isso me lembrou do meu menino, que querendo comprar um jogo na feira, não havia levado o dinheiro e eu já tinha lhe dito que não compraria. Ele negociou com o feirante, que lhe fez fiado! Eu até fui discutir com o feirante: como é que ele podia vender fiado para uma criança? E ele: nele eu confio, tenho certeza que me paga.
E pagou.

beijinhos

Conde Vlad Drakuléa disse... @ 26 de abril de 2009 às 21:51

Concordo com a Sandra, tem muito do conectar-se, do estar ligado...

Beijocas novas do conde :*

Paula Barros disse... @ 26 de abril de 2009 às 22:29

Fiado implica em confiança, que lembra a desconfiança, enganação, enrolação...e hoje em dia é comum acontecer nas diversas relações.

Talvez seja por aí.

abraços

Erica de Paula disse... @ 26 de abril de 2009 às 22:45

Ah, querida Mai, seus devaneios literários sempre dão em algum lugar do meu coração...

Lindos, tocantes...

Minha querida Mai, amiga, linda...

Bjos em teu coração!

Mateus Araujo disse... @ 27 de abril de 2009 às 02:54

Sua loka!
shuashahssshas

Mas pensando mesmo é uma boa questão!
És incrível!

BJo ♥

Osvaldo disse... @ 27 de abril de 2009 às 08:42

Oi, Mai;

Aqui está uma crónica que de conversa fiada não tem nada, antes pelo contrário.

Bem composta, desenvolveste esta crónica baseada numa só palavra que na nossa literatura poderá ter "milhentas" utilisações mas só com um único simbolismo que é ter ou não ter crédito.

Como é bom te visitar!...

bjs
Osvaldo

Fernanda disse... @ 27 de abril de 2009 às 09:04

Olá!
como vc sabe não consigo ficar muito tempo sem um blog,por isso criei outro^^
espero que goste^^

http://liberdadeporfernandaalves.blogspot.com/

Fabio Fernandes disse... @ 27 de abril de 2009 às 09:46

"Fiado hoje, só amanhã." Esse pequenos delitos de subjetividade dão diversão, e aversão à quem precisa do fiado que não se define por presença de crédito e sim pelo uso do débito como tal.

Abraço..

Dora disse... @ 27 de abril de 2009 às 09:59

Mai. Não conhecia você. Mas, vejo seus traços por esse caminhos da Net e fiquei curisoa.
Desculpe-me pela invasão do seu espaço.
Gostei dos devaneios poéticos, que, a partir da placa "não aceitamos fiado", segue os rumos da conotação do "fiado" e consegue significações bem diferentes, em novos contextos.
Deixo-lhe meu abraço e minha admiração.
Dora Vilela

Luciene de Morais disse... @ 27 de abril de 2009 às 10:34

Gostei muito da sua postagem...
Penso que é porque tem que se acreditar... é necessário dar crédito, ter con_fiança de que a pessoa agirá da mesma maneira que agiríamos se estivéssemos em seu lugar. E a confiança é difícil, né? Quando vemos tanta gente agindo de forma muito diferente da nossa, pessoas irresponsáveis, quer dizer, que não respondem pelo que dizem, fazem, prometem, combinam... então não reconhecemos a troca justa... aí é que está... saber onde colocar a fé, o que ou quem é confiável, ou que mereça nossa confiança.
Beijo, amiga

Andre Martin disse... @ 27 de abril de 2009 às 12:02

Vixe! Aloprou... Delirou... Viajou na maionese... hahahaha

Mas eu adorei as incursões (insights) pelas nuâncias do idioma e as armadilhas que as expressões conhecidas pregam!
Você até pode ir atrás da origem e da etimologia das expressões idiomáticas, mas daí a querer fazer sentido atual é outra história!

Aliás, este é um dos maiores desafios de quem aprende um outro idioma: aceita-se as expressões como elas são e entende-se sua aplicação; querer entender sua lógica é receita certa para desistir do entusiasmo de saber uma nova língua.

A placa quer dizer apenas:
"Não aceitamos (que se compre) fiado (aqui)." E pronto. Tudo (sub)entendido!

Traduzindo:
"Só vendemos à vista!" (= em dinheiro vivo, na mão)
E não me venha com esta de que "e aquilo que estiver camuflado, coberto ou fora do alcance da vista? não será negociado?" Ora, pois! rsrs
Ou:
"Só aceitamos pagamentos em dinheiro vivo!" Ah, como não existe diferença entre dinheiro morto, nem queira levar a raridade para ser examinado em laboratórios de biologia. Quer dizer, com dinheiro na mão, em espécie! Vixe! Acho que estou complicando mais ainda. KKKKK

Vê como expressões são intrínsecas e não são fáceis de se explicar sem lançar mão de outras?

Tata disse... @ 27 de abril de 2009 às 15:58

Oi Mai,

ADOREEI seu post!!!!

Talvez pq o fiado seja uma coisa meio sem preocupação de retorno, como a conversa fiada, que sai sem querer, e que se fala por horas sem perceber, sem esperar um retorno, é de graça, e com graça.

bjinhos

:.tossan® disse... @ 27 de abril de 2009 às 16:52

Fiado nada.....Eu invejo esta tua paixão pelas palavras, a tua habilidade com as mesmas, a prova está neste ótimo texto. Beijo

f@ disse... @ 27 de abril de 2009 às 17:27

Olá Mai,

So®riso aberto quando te leio… devaneio também e ainda a reflexão…
Que o brilho das pa lavras liberta tanto quanto um passeio na beira mar…
Fiar o mar, a vida, os pensamentos… como o tecido fino… vamos nós saber o significado de fiar….
Eu fio-me no teu texto….

beijinhos

Valdemir Reis disse... @ 27 de abril de 2009 às 21:56

Obrigado! Obrigado! Obrigado! Mai volto para agradecer por sua visita e também pelo seu gentil e amável comentário. Sinto-me feliz e honrado por sua amizade, muito gratificado pelo apreço que demonstra. Obrigado mais uma vez por sua presença. James Greene costumava dizer; "Todo o bem que eu puder fazer, toda a ternura que eu puder demonstrar a qualquer ser humano, que eu os faça agora, que não os adie ou esqueça, pois não passarei duas vezes pelo mesmo caminho.” Confesso que é muito confortante ter bons amigos mesmo que seja virtual, não importa. Assim desejo tudo de bom para você. Volte sempre! Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Felicidades. Tenha uma semana recheada de muito brilho, sucesso, paz, saúde, bênçãos, proteção e alegria. Que Deus esteja presente em cada momento. Um fraterno abraço.
Valdemir Reis

Dauri Batisti disse... @ 27 de abril de 2009 às 22:07

Bom saber estes significados do fiado. Obrigado.
Este texto me pareceu diferente.
Bom do mesmo jeito. Adorei especialmente a introdução.

Beijo.

Monday disse... @ 27 de abril de 2009 às 22:39

Maizita, óia só eu aqui te fazendo visita ...

pois é, esse tal de fiado tem lá suas várias nuances, não? Uma dúvida: nuance é masculino ou feminino? Esqueci ... e to com preguiça de procurar no dic agora ...

Por falar em dic, esse papo de fiado é bem coisa de dicionário mesmo, daquelas palavras cheias de significados mil, fora as expressões ...

Eu me lembro sempre do fiar com sentido de prender: não se fie a tal pensamento como coisa única e verdadeira, disse fulaninho!

Mas até hoje confesso que não entendi direito porque conversa fiada tem esse significado ... por mim, chamava de conversa furada e tava tudo resolvido ... vai ver, foi coisa de criança, que fala errado querendo falar certo: icho é convelsa fiiada ... e alguém aproveitou o mote e deu o bote ...

bjks

Judô e Poesia disse... @ 27 de abril de 2009 às 22:50

Malabarismos com fios. E sem se enrolar.
Estou saindo de um blog apaixonante chamado "in the meadow", vale a pena conhecer, e corri para cá para ler os novos textos seus. É muito prazeroso isto.
Não vou fazer um elogio gratuito, nem uma crítica pedante. O que me traz a você é o meu prazer de leitor puro, simples e gostoso.
Não sei se você tem livro ou livros escritos, se tem gostaria de saber como obtê-los. Caso você não tenha por favor, escreva e publique. Beijos. Domingos.

Anônimo disse... @ 27 de abril de 2009 às 23:02

Muito bonito seu post...
e muito interessante..
bjus

Maria Dias disse... @ 1 de junho de 2009 às 14:32

Oi amiga...

As pessoas sempre querendo as certezas não?Seria tão bom q tudo fosse assim tao certo,tao garantido como o fiador é para o outro lado.Queria ter a certeza de q meu amor nao fosse enganado(mas só no inicio).O amor q dou desejo ter de volta na mesma quantidade ou maior será q um fiador me daria a garantia q nao seria roubada na hora da entrega?Ah caminhar faz nossos pensamentos fluírem e melhora as idéias...Mas nao leve seu Aipod pq este tira a copncentração na caminhada e nos leva pra bem longe...rs...

Ah tem um assunto bom pra vc comentar no Avesso,venha me visitar senhora Psicóloga!rs...

Beijinho

Maria

mARa disse... @ 7 de outubro de 2009 às 14:07

rssss...risos e sorrisos.

Anônimo disse... @ 18 de dezembro de 2009 às 20:49

É mesmo apaixonante essa nossa língua brasileiramente portuguesa, não é, Mai?!
Como é apaixonante o que fazes com ela.
Admiro este teu estilo de fazer "crônicas" como quem poetiza uma criatividade que só pode ter quem é íntimo da alma das linguagens.

Beijos, queridíssima.

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