cantos e contos, estórias de cigarras e formigas...
Por Sueli Maia (Mai) em 7/06/2009Pautas com linhas iguais e, deitadas as notas - em linhas gerais - melodias e estórias se cantam, como contos e fábulas se cantam e contam, no quarto de tempo que, em qualquer idade, o Homem é criança. E em memória das boas memórias da infância, os dois estavam no quarto. Ela a repetir as canções dos pijamas de outrora, contava ao menino de ávidos olhos, as havidas estórias e as histórias de cigarras e formigas, nascer e morrer, trabalhar e cantar, cantar e contar enquanto eles, os dois, divertiam-se olhando e contando, cigarras e formigas que os pontos do abajour formavam no teto. Ela contou a fábula do ócio e do trabalho cantando histórias da vida e o prelúdio das formigas desses dias. Falou das crianças que trabalham e das cigarras tardias que, para viver, ainda ensaiam seu cantar. Contou da natureza com ninfas a hibernar sob a terra dos Homens e falou dos invernais corações dos homens e dos corações dos cantores a cantar seus amores. E cantou que em sol de uma outra estação, pequenas cigarras subiriam às árvores e no instinto de cantar intensamente sons em si, arrebentariam em seus verões. E contou ao menino canções de formigas poupadoras e avisou que é preciso cuidar porque formigas que trabalhem sem descanso, podem um dia invejar a alegre cantilena das cigarras e que opostamente, cigarras preguiçosas indiferentes ao labor das formigas, poderiam sentir fome e, sem saber como buscar seu alimento, morreriam famintas. Falou sobre as coisas, cigarras, formigas e homens porque aquele rito fabuloso era condição da criança dormir. Mas após o sisisi... das cigarras e no sesese... das crianças, o menino falou à menina: - Vó, conta outra história? - Lembrando de tudo sorriu e fechou seus ávidos olhos, também.
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Aquarela: Poesia
Música: Cigarra Milton Nascimento e Simonee Marisa Monte em diariamente, vilarejo, velha infância
25 comentários:
Ah, Mai, sem palavras para o q escreves: tocante, lindo, inspirador!
Bjos e carinho sempre!
...ôh my God!
eu agora fui lá no baú
dos meus dias encantados
e cheguei a ouvir a vovó
nos contando histórias
de embalar...
isso não se faz, querida linda!
isso não se faz, porque meu
pobre coração não aguenta...
te amo
amo...
bjbj
Cigarra/formiga/mulher/mãe - Mai,
que o teu sono seja embalado pelos contos mais lindos, nessa noite de domingo. Desejo isso a todas as crianças que habitam na alma dos adultos. Precisamos cuidar mais de nossas crianças internas.
Abraçamigo e fraterno.
Porque as cigarras só cantam e as formigas trabalham.
Ouço o chicoteio.
Que há de justo?
Não há justiça.
Ela nunca morou aqui.
Belo texto, Mai!
Um beijo!
Cigarras só cantam e as formigas trabalham, depois comem os seus corpos secos e era uma vez uma raposa..Ah esta é uma outra fábula. Fabulosa! Beijo
Oi, Mai;
Depois deste belo conto... uhhhmm, boa noite, aaahhh, bom sono, belos sonhos!...
Lindo, gostei. Que saudades da minha mãe, que saudades da minha avó!...
bjs, Mai
Osvaldo
Hora do conto.
Uma linda história de crianças, cigarras e formigas, contada por uma pessoa sensível, cujo coração está a cantar. Maravilhoso, Mai!
Abraço, com muito carinho
qnd eu era bem criança (é o Mandoki já foi criança!) a minha bisavó me contava estorias e eu adormecia na cama dela...é uma memória tão antiga q nem parece q existiu, mas tenho essas memórias de como se fossem ontem...e têm cerca de 35 ou 36 anos...
Que saudades, que nostalgia, lindo, um beijo e uma otima semana pra ti...
É delicioso para as crianças ouvir as estórias da vovó antes de dormir, embaladas por sua voz terna e carinhosa. Quem não usufruiu desses instantes mágicos?
Estou com um novo blog além do que já tenho, só que o mais recente é dedicado à literatura de cordel. Gostaria de receber sua visita também nesse meu novo espaço virtual.
Poético abraço do amigo Gilbamar.
....e a menina falou ao menino: Netinho, vvoce quer uma história real ou um conto de fadas?
tem do Pinóquio, do Rei Leão, da
Bela e a Fera, do Gato e o Rato e mais, mt mais.
ou vc quer ouvir sobre o Poeta e a Lua?
gosto de te ler
Lúdico e parece uma cantiga. Bom de ler e saber que foi escrito por você, Mai.
Beijo.
que meigo...
isso me faz lembrar que nunca tive avós. e a única canção de ninar que tenho lembrança, que tenha sido um dia cantada para mim, foi sob a voz da minha mãe.
'a velha debaixo da cama.. a velha criava um cachorro.. cachorro latia.. gato miava.. e a velha dizia..'
oh, meu Deus, se acaba tudo!
tão bonito :')
andas desaparecida do meu espacinho :P
Boa semana, Mai *
Nossa Mai! Se eu te disser que uma vez escutei esta música umas 9 vezes você acredita? E a emoção vinha desafinando junto...rsrs
Essa música é muito bonita, melodia, letra, enfim...
São tantos os Se...que como diz um amigo meu, "Se minha mãe fosse homem eu teria dois pais"
Bobagens a parte, esta parte arrebentou: Falar das crianças que trabalham e das cigarras tardias...e de todo o resto foi uma aula sobre a vida, um contar estórias de verdade...Um abraço na alma...as músicas...show o post
Tantas vezes adormeci ouvindo minha vó contando estorinhas que me faziam sonhar.
Fraternos abraços.
"em qualquer idade, o Homem é criança."
sim, e é do conto infantil que se fabrica o grande herói... Adultos de 6 anos de idade que respeitam aos mais velhos, que não maltratam ninguém, que tire de toda história uma lição, sem precisamente ser "moral"... uma lição de carinho, um aprendizado sobre o amor, uma conclusão que ser criança é ser gente pra sempre!
beijos tantas,
carinho muito,
aqui sempre estarei...
do homem-criança-bem menino.
Aqui, a inferência vai dar nas fábulas de Esopo e, compiladas mais tarde, por Jean de La Fontaine, remete-me à cigarra e a formiga. Toda fábula tem como pano de fundo uma história, aparentemente inocente, contada pela voz de animais, mas com um severo ensinamento de moral. Nessa, “A cigarra e a formiga”, diz que quem não pensa no dia de amanhã, tende a pagar um preço algo por sua imprevidência. Pois digo, contrário a Esopo, La Fontaine, contrário a esse rio corrente que ruma sempre para desaguar n`algum rio, n`algum mar... Eis a máxima de uma vida, determinismo. Ora, o cantar faz bem a alma, posto que durante um verão, cantam as cigarras, voam as andorinhas, trepida o sol. As formigas são sinônimos de sabedoria, de destreza, de trabalho. Pronto, cada qual arruma teu ofício a que melhor se encaixa. E não devemos nos preocupar com o inverno, pois cada qual possui sua fonte de fuga, tua pele, tua oca, teu iglu imerso em uma sobrevivência que vai além de qualquer moral. Sábio é o menino que ouve atentamente uma história e a conclui com sabedoria, de menino... Eu fico aqui com o encanto desses cantos seus, com a harmonia desses contos-poesia que me faz sempre inspirar.
Beijos, querida minha. Aparece, viu. Essa semana tem poesia quase todo dia, estou de folga, rs.
Que texto tão bem estruturado, as frases são melódicas, uma prosa recheada do bom sabor da poesia !
As histórias foram inventadas para ensinar ás crianças a crescer, mostrando a brincar a vida real, mas sempre ensinando que o bem deve de ganhar.
Em resposta ao que perguntaste no meu cantinho- vê-se mal mas é uma esfinge pintada por mim
beijinhos
Mai... duas palavras apenas me ocorreram para comentar este belissimo texto:
TALENTO...
TERNURA...
Beijos...
Gostei de ler esta estória ns história. É um prazer passar por aqui...
Chris
Eu lembro da minha avó contando as histórias para mim - que nunca tinha hora. Lembro do meu menino, que ainda é menino, que ainda ama as minhas histórias e que diz: conta de novo!
bjs
Acho que todo mundo que lê faz uma viagem aos jardins da infância. Eu lembrei de minha vó me contando fábulas. Por sinal hoje é o aniversário dela e fiquei de lugar, vou fazer isso.
Bj!
Inté!
Mai, lindo desenho, que curiosamente me lembrou os que o Gerald Thomas posta aí pela web.
A obra é boa, mas o autor em si, como pessoa...pfui!
Abs do Lúcio Jr.
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