Inspirar-Poesia, um segundo sopro

A masmorra e o santo ofício...

Por Sueli Maia (Mai) em 1/25/2009
.Estava destinado a salvar o mundo. Um salvador da humanidade relutante de sua missão. E panicou. Borrou-se de medo. De matéria intestinal sujou sua calça e sapatos. (não sei se esta é uma hipótese para o mau hálito...) Se eliminar o frio na barriga e na espinha era aleijar-se e condenar-se ao extermínio de si mesmo...E se ser deus em sua antítese seria heróico, decidira nobremente lavar ele mesmo suas cuecas (..não entendia as cuecas no varal após o banho masculino). Mas as mulheres são medrosas e aquela ópera era congênita para os dois. Um atavismo combinado entre as partes (contratos conjugais são bem modernos...) Um Pavarotti desembrulhado ou uma pele de chapisco só se sabe a aspereza passando a mão, mesmo. Lixar o rosto dói que só vendo e um paralelepípedo no dedo mindinho do pé esquerdo não rimava com coisa alguma (e eu também não gosto de rimas). Pregos machucam a mão e o papel que os embrulha era o Francisco. Fino como uma porta de castelo, morava na masmorra e no seu vício - ser um pitbull raivoso e anti-social (até hoje eu não sei bem, porque se arranja tanta encrenca prá si mesmo...) Se tomate estragado estraga o molho da macarronada, o ‘xiquinho’ (assim com ‘x’ prá ser único) pintou de verde os cabelos. Só esqueceu de se tratar prá não estragar a vida de Sofia. Era um inferno todo dia e ela sabia. Porque havia no sujeito uma ironia plástica como a estética dos bonecos de R$ 1,99... (aquilo é tóxico, eu li a advertência). Mas como todo eremita ele era herege e isso detonava a profecia de um messias-minotauro (gostei desse hífen. Estou relutante nesta nova ortografia mas sou moderna, vou aderir qualquer dia...). De tanta raiva que ele tinha escrevia com caneta 'bic' vermelha e a explodia sujando as mãos e ‘torrando o saco’ de Estela, a faxineira que não agüentava mais tirar as manchas do ambiente...(pior que mancha de caneta só as de sangue ou do xixi no carpete ou no colchão). O minotauro escrevia ou psicografava em pergaminhos. Porque aquilo era um Machado de Assis e tinha mesmo, 'Assis' no nome. O machado Sofia escondia porque tinha medo dos seus surtos-pitbulls...Fazer o quê? Tem gente que escolhe ser atriz... Sofia, não. E eu sou a psicóloga e a louca...
...
...

36 comentários:

poetaeusou . . . disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 13:18

*
“Eu, Galileu Galilei, filho do falecido Vicenzio Galileu, de Florença, tendo 70 anos de idade, sendo trazido pessoalmente a julgamento, e ajoelhado diante de vós, Eminentíssimos e Revenrendíssimos Lordes Cardeais, Inquisidores Gerais da Comunidade Cristã universal contra a depravação herética, tendo diante de meus olhos o Sagrado Evangelho que toco com as minhas próprias mãos, juro que sempre acreditei, acredito agora, e com a ajuda de Deus continuarei acreditando no futuro em todo artigo que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana mantém, ensina e prega. Mas por ter sido ordenado, por este Conselho, a abandonar completamente a falsa opinião que mantém que o Sol é o centro do universo e imóvel, e que a Terra não é o centro do mesmo e que se move, e que eu não vou manter, defender nem ensinar de nenhuma outra maneira, nem oralmente nem por escrito, essa dita falsa doutrina;
,
minha homenagem a Galileu,
sem culpar a Inquisição,
viviam na ignorância . . .
,
conchinhas
,
*

Lipe M.T disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 15:31

Tenho até vergonha de passar aqui e ler uns textos destes...

Me dá medo...
Adrenalina pura...
Mas fazer o que se a adrenalina é substancia com caracteristicas que viciam !?

Salve loucos...

Somos raros...

E por isso que te gosto e te admiro...


Abraços louca...

Te adoro !

Luna disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 15:36

O medo sempre existiu e sempre existirá, talvez
seja o maior condicionante ao desenvolvimento
humano
beijinhos

Monday disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 15:56

ainda não cheguei a alguma conclusão mais conclusiva, mas tenho optado pela alternativa que qualifica a humanidade como um grupo de masoquistas destemperados que adoram fazer escolhas um tanto quanto estapafúrdias ...


mas, dizem meus contrários, que não se pode analisar por somente uma vertente e que devemos ressaltar as demais qualidades, o que até concordo ...

só não consigo entender qual é graça de curtir momentos de prazer sabendo que, a qualquer hora, o pitbull pode escapar da coleira ...

nada contra, cada um na sua ... apenas uma opinião ... rsss

Letícia disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 16:20

Mai ou May,

Que dizer? Não gosto de canetas vermelhas - prefiro as pretas e você fala o tempo consigo mesma. É você e você e o planeta terra. E eu também não gosto de rimas. E sujeira todo mundo faz.

Bjs

"E a gente adora uma dor extra."

Essa é do tempo que eu escrevia e assinava como Alice. Mas eu cresci.

ETERNA APAIXONADA disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 16:31

*****

Mai

ausente involuntária nos blogs amigos, problemas no notebook, consegui agora matar a saudade...
Por aqui sempre super interessante, seus contos, suas poesias e a música a nos receber...
Terei de retornar para ler mais...
Tenha uma linda semana, amiga!
Beijos com meu carinho

*****

Leo Mandoki, Jr. disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 16:37

...ainda me lembro do tempo em q vc escrevia poesia confundindo os seus leitores de que era um estilo pos-moderno...
agora vc está nessa fase de tentativa de cosmogonia e um dia ainda acaba mais louca que os teus pacientes.
Estou ansioso para que tu avances...andas a escrever sempre o mesmo texto...um palimpsesto...
De tanto te interrogares decidi que mereces saber a fonte:
O Mito de Sísifo, de Albert Camus, ensaio nº 1....sobre o suicídio...terás dificuldade em encontrá-lo aí no Brasil.
se cuida!

Vivian disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 17:53

...seu divã deve estar
infestado de 'gnomos'
brincalhões que se divertem
confundindo a dona...

aimygodizinhuduskyhhh!!!
socooooooorro manhêêêê,
olha o pitbull!!!!

te amo, linda!
te amo....

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:07

Olá, Poeta.

O que mais gosto em seus comentários é que transborda lucidez e é um bônus aos leitores.
Bem agradeço-lhe trazer Galileu ao cenário.
Pois se ele que havia percebido o absurdo da acomodação inaugurando o pensamento científico, 'temendo' a fogueira abjurou do que 'medira' em condições de repetibilidade...
Minimamente concluiu que mantendo-se vivo, seria mais prudente e útil.
Não abjurar de um pensamento que depois foi retomado, seria uma escolha equivicada e um suicídio.
Bendito medo.
Salve Galileu e um brinde a ti, Poeta.

Não deixes de vir.
Precisamos de seus comentários.
Imprescindíveis.

Muito, muito grata

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:12

Lipe.

Esta é a questão.
Ser diferente, não é o problema.
A questão é ser forte o bastante para 'sustentar' essa diferença.
Eis a questão.
Se tentarem me pegar, eu corro.
Depois eu volto.
Se me quiserem 'jogar na fogueira' eu nego e juro. como fez Galileu.
Mas não desisto de viver.
Vai por ai
Adrenalina?
É o combustível que prepara as pernas do sujeito para a fuga, também.
Só precisa dosar.
O medo do abismo é preservação da vida.

A vida é um absurdo.
Assim nada haverá mais absurdo que isto.
Mantenhamo-nos vivos.
Para encarar os absurdos da vida.Isto é bom.
Beijos, Lipe.

Van disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:13

Oi, amore.....
Tem indicação pra ti lá no VAN FILOSOFIA!
Passa lá pra ver o que é!
;)
Espero que goste. Foi de coração.
Beijucas

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:14

Sim, Luna.

Esta é a grande 'sacada'...
Por vezes o medo é preservação da vida.
Não há que se ter medo da indignação aos absurdos
mas precisaremos temer os suicídios.

Grata, amiga.
És necessária por aqui.
Beijos.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:17

Oi, Monday.

Escolhas são escolhas.
A mais estapafúrdia de todas é o suicídio.
A vida é mesmo cheia de aberrações e absurdos inenarráveis.
Mas fazer o quê?
Há que se indignar o bastante para vivê-los.
Revoltarmo-nos com isto é uma boa revolta.
É um bom combate.
Desde que estejamos atentos ao 'absurdo' que é o suicídio.

Medo. Este tipo de medo, é saudável.

Grata pelo comentário.
Abraços.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:20

Let.

A dor extra ninguém se livra.
A questão é mesmo que se o pitbull se soltar ele só pula na jugular...
Manter um pitbull é 'morte certa'.

Não morre Let.
Vive a loucura que for mas 'segura a onda e vive'...
Guenta as cadeirantes...
Manda para mim.

A sujeira intestinal do medo que preserva do suicídio, essa eu queria saber como produz.
Galileu mostrou que mesmo diante de uma idéia irrefutável, antes a idéia do que ele na fogueira.

beijos querida, beijos.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:22

Eterna apaixonada.

Paixão é imprescindível ao viver.
Enquanto a reteres, deterás com ela a vontade de viver, mesmo em meio aos absurdos.
Beijos, querida.
Volta mais.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:27

Oi, Léo.

A questão é manter a agonia com toda paixão e gás.
Livrar-se de absurdos, nem sempre é possível mas a indignação cuida do resto.
E eu não me mato por bobagens.
Tenho medo de sujar as calças.
Bem, o mito eu conheço.
Camus não a fundo.
Alguma coisa mas não o bastante para 'guerrear' contigo.
Vou procurar em 'sebos'.
Adoro ácaros de livros.
Têm memória.

Cuida-te também e não te mata por besteira.
Se morreres eu te mato.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:31

Oi, Vivi.

Tem gnomos e fadas e elfos... Vivian, tem de um tudo...
É algo como se diria no nordeste:
uma verdadeira 'botija' de 'zé galego'... tem tudo que se pensar.

Quem anda fazendo os gnomos rirem, sou eu...
Para encarar os absurdos desse mundo
'...é preciso ter força é preciso ter raça é preciso ter gana, sempre...'

Beijos, Vivian.
Também te amo.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 19:32

Oi, Van.

Vou correndo te ler.

Beijos zil...

Paula Barros disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 20:46

(até hoje eu não sei bem, porque se arranja tanta encrenca prá si mesmo...)

Tem gente que tem esse dom. Faz escolhas equivocadas para manter-se rodopiando nas encrecas e geralmente se fazendo de vítima, reclamando.

obrigada pelo convite. A vontade de voltar ao Rio só aumenta.

abraços

Sueli Maia (Mai) disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 21:14

Oi, Paula.

..vou te esperar, mesmo.
enquanto se fizer escolhas e bancar a 'M', meno male...
a questão não é o absurdo que se vive.
a questão é o que se faz com o absurdo. Tem que se viver o absurdo, sem desistir.
Porque ai é que está, realmente o maior dos absurdos que é a desistência.
assim, deixa reclamar mas que viva a escolha e se responsabilize por ela no absurdo que é o mundo e a vida, do jeito que está.

Então...
reservo ou não?
beijos.

Nuno de Sousa disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 21:29

Sempre belos os teus textos minha boa amiga... estou voltando aos poucos e já sentia saudades deste cantinho q mto gosto de visitar... assim como quem o escreve... uma artista na escrita e uma pessoa q admiro...
Parabéns pela pessoa q és...
Bjs grandes
Nuno

Jay disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 21:52

uau, curti mesmo seu blog, vouvoltar sempre...
té mais

Anônimo disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 22:15

Eu fico boquiaberta com sua habilidade com as palavras!
Bjos e ótima semana!
Ly

Anônimo disse... @ 25 de janeiro de 2009 às 23:11

Desde ontem tenho ouvido um comentário, visto em jornal. O articulista, na verdade, refere-se a outro autor: a realidade não precisa de coerência e lógica, já a ficção necessita, senão passa a ser desacreditada.

Somos os dois polos, não? ;)

Beijinhos!

Sueli Maia (Mai) disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 08:02

Oi, Nuno

Grata, amigo pela visita e comentário.
Se eu tivesse o teu talento para a fotografia, talvez me arriscasse mas, também não descarto essa possibilidade.
Talvez um outro blog fosse interessante.
Vou pensar na idéia de articular textos com imagens ai serei multimídia porque não abriria mão da música.

Abraços, Nuno.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 08:04

Oi, Lyane.

A minha história com a palavra escrita é bem recente, Lyane.
Tu escreves eu, faço tentativas...
Mas gosto muito.
Tem sido bom sobretudo pelos amigos que encontrei na blogosfera.

Abraços, querida.

Sueli Maia (Mai) disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 08:08

Bruxa-linda, ai está o sabor da diversidade.
O sal o doce o ácido...
são alguns e depois misturamos e outros sabores surgem...
É na diferença que se verifica a riqueza...
'...nenhum de nós sabe mais do que TODOS nós...'
Ai adoro ir ao 'caldeirãodabruxa' ler textos perfeitos com uma beleza absurda.

Beijos, querida.
És bruxa?

adouro-te disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 09:13

Que ninguém me condene na minha loucura!
Bjs

mundo azul disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 09:26

_________________________________

Bem, eu gosto de rimas...Mas, acho ótimo que nem todos gostem, senão ia ficar bem chato...

Lendo seu texto, viajei com você e percebi como nossos pensamentos podem ser tumultuados...

Gostei do seu texto, muito!

Beijos de luz e uma semana feliz!!!

__________________________________

Átila Siqueira. disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 11:04

Sabe, o interessante é que o meu primeiro livro fala exatamente sobre o santo ofício. Eu adoro esse assunto. Adorei seu texto, cheio de uma escrita surreal que me inspira.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.

Ester disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 12:17

Mai,

quanto mais sua escrita se distancia da minha, mais me encanto!

Ainda escreverei como tu! De tanto lê-la quem sabe não acabo aprendendo, rs

um beijo para a psicóloga, e para a loucura todos os meus aplausos!

Márcio Almeida Júnior disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 13:31

Um exercício um tanto surreal, um tanto onírico, um tanto interessante.
Sobre o post anterior, gostei do "abismo". A imagem define bem a alma feminina, mas veja que nesse abismo nem sempre se afunda. Alguns homens, não muitos, são capazes de flutuar sobre ele e vê-lo inteiro de cima. Se elas deixarem, naturalmente...

Anônimo disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 16:17

E assim vi meus olhos se perderem pelas linhas e a mente me perdendo em busca desse minotauro, dessas inconstâncias e indefinições burlescas.

Me perdi em um texto-turbilhão, eu leitor incauto e sob efeito dessa sede q é a curiosidade. Torcendo por mais luz na próxima curva, apenas para ver mais do q a mente tentará montar de peças de um quebra-cabeças fascinante.

Belo post, caríssima.

Quintal de Om disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 18:47

Somos um pouco de loucos e um muito de infinitamente felizes... ainda bem!

Lindo texto!

Abraços, flores e estrelas...

Delírios de Maria disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 19:19

abraços e muito brilho pra você.
beijinhos

Conde Vlad Drakuléa disse... @ 26 de janeiro de 2009 às 22:31

Que bom rever o bom Galileu Galilei, delicioso e emblemático comentário, assim como teu texto também... Será que tem pessoas que ainda crêem que a Terra é quadrada? Devem existir pessoas assim sim, ainda ontem vi uma que não acreditava em Darwin e achava que a espécie humana foi criada assim, de barro e estalar divino de dedos... Mas o que mais se diverte é Deus, sem dúvida, creio que Ele, "Domine", só criou o gênero humano terrestre porque acabou a pilha do controle remoto da tv à cabo dele... huheheuhe, beijocas do conde, arrivederci, ciao bela ^^

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