Inspirar-Poesia, um segundo sopro

cantilena brasileira...

Por Sueli Maia (Mai) em 9/01/2009
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Sou força e delicadeza, sou vento e véu, veio d'água, encontro das águas, uma itaipu. Fino véu com o qual eu me cubro e saio, no claro ou no escuro, despida e vestida, dançando ao vento porque estou no controle do tempo e sem o controle do tempo das horas, estou, ordenando o tempo do sol e, no agora, estou. E sou ontem – memória – e sou a utopia das horas nas manhãs, sou também um amanhã com sorriso, olhando a luz sob o prisma de um sol noutro sol que refrata em mil cores a luz sobre a água, e no ar de um aquário, eu respiro bem fundo e mergulho no fundo de um mar, com a minha reserva de ar. E tal qual estivesse num mar, eu mergulho em todas as coisas que faço, eu me solto no espaço, eu viajo com chuva ou sol, eu viajo... Eu mergulho no oceano, eu sou a escafandrista de mim. Sem pudores me dispo, desnudo, mas sempre me cubro sem receios mas com os recatos femininos, me visto. E me dispo em palavras e me cubro com um fino véu transparente, e saio de novo cantando e dançando no tempo e nas avenidas do mundo de mim e nesse mundo sem fim, eu gosto de gente e gosto de dar luz e voz a essa gente. Gosto de alimentar os meus e os seus sonhos e descobrir com as pessoas, o melhor das pessoas, porque - sombra ou luz - somos todos iguais e se não, de um jeito ou de outro seremos. Gosto de pescar e brincar com a palavra, mergulhar e trazê-la do fundo, no dente ou nas mãos. E tranquila, debatendo ou bem crua, prepará-la com calma ou não, porque posso ser lenta ou breve e no fast I food pelo simples prazer que me dá o brincar, nesse gozo que me dá viver com alegria e fazer a alquimia e criar e depois servir do meu jeito e ofertá-las a quem desejar se fartar. Eu sou esse isso, eu sou esse nada e esse tudo, eu sou essa cantilena brasileira, sou um dito popular, eu sou popular e erudita.
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Música: Ária Cantilena n°1 bachianas brasileiras n°5

26 comentários:

Beto Canales disse... @ 1 de setembro de 2009 às 17:40

Plac, plac, plac.

f@ disse... @ 1 de setembro de 2009 às 18:11

esse véu de cetim no sonho das tuas palavras...

!menso beijinho

BAR DO BARDO disse... @ 1 de setembro de 2009 às 18:17

"sou também um amanhã com sorriso, olhando a luz sob o prisma de um sol noutro sol que refrata em mil cores a luz sobre a água"

caraca!
dona escafandrista, a senhora está de parabéns!!
você é esse isso e muito, muito mais!!! deus te abrigue...

Luciene de Morais disse... @ 1 de setembro de 2009 às 18:18

E romântica...
Beijo

Maria Dias disse... @ 1 de setembro de 2009 às 18:26

Daqui te percebo uma mulher cheia de charme e tb super humana...Uma artista com as palavras(vc sabe esculpi-las muito bem)quando quer deixa se notar (é transparente) quando não se esconde entre metáforas...Sim és alguém muito interessante!

Beijos

P.S.Te esperando no Avesso para brindar comigo!

lula eurico disse... @ 1 de setembro de 2009 às 19:03

Lindo!!! Bravo!!!
Salve a música brasileira, a mágica música brasileira.
Força e delicadeza, brisa e tempestade.

Grato, amiga!

Abraço fra/terno!

Vivian disse... @ 1 de setembro de 2009 às 19:32

...e lúcida, é claro!

e é justamente em meio a esta lucidez que eu fico tonta
quando venho aqui!

muahhhhhhhhhhhhhhhhh

Zélia disse... @ 1 de setembro de 2009 às 19:47

Pois é, Mai. Eu também já sei (muito) de você. Não apenas pelas leituras de comentários no Afeto mas por meio de Letícia. Ela tem grande carinho por por ti. Eu já devria ter vindo aqui. Ou você ido até mim. Não importa! O importante é que vc deu o primeiro passo. Estamos aqui e seguiremos.

A leitura do teu texto me deu a sensação de liberdade. Eu acredito e prezo muito a liberdade. Eu concordo com o que vc falou e acredito que o caminho é esse. Escrever exige seriedade mas somos livres para "brincarmos" com palavras e soltá-las ao vento. Quem quiser, que segure-as!

Gostei mesmo de estar aqui!
Bjo! ;)

Macaires disse... @ 1 de setembro de 2009 às 21:46

E nesse "ser" que carrega tantos atributos, tantas possibilidades, tanta versatilidade, que se encontram as pequenas felicidades, pequenas grandezas da vida, pois não nos damos conta, que a alegria está nas coisas simples, nos pequenos momentos inesperados, sem planejamneto, sem expectativa, pois quando criamos muitas expectativas, nos frustramos, o negócio é deixar a vida fruir como as águas de um rio ou cachoeira e se entregar a esse pequenos prazeres!

Grande beijo, Mai!

Ricardo Valente disse... @ 1 de setembro de 2009 às 22:29

Muito boa escrita. Tem essa necessidade de se entregar inteira e - já te falei - viajar nas sensações. Quando penso que tu vais te perder, tu acabas por te encontrar.
Beijo, Maizinha!

Diogo Caceres disse... @ 1 de setembro de 2009 às 22:32

Boa noite Mai!! Continue a seguir pela correnteza dos sentimentos que desaguam sempre nessa pagina!!
Parabens e ótima semana!!

Márcio Vandré disse... @ 1 de setembro de 2009 às 23:56

Somos metamorfoses por natureza.
Mas renegamos isso, muitas vezes, tacitamente.
Não acreditamos no poder da mudança e aguardamos o futuro virar presente enquanto mofamos na cadeira de balanço.

Somos possibilidades.
Vida jorrando vitalidade cascata abaixo.
Somos, seremos. Deveriamos ser serenos para escolher.

Um beijo, Mai!.
Belo texto!

Abraão Vitoriano disse... @ 2 de setembro de 2009 às 00:51

"eu sou popular e erudita."

isso já havia eu notado, e confirmei ainda mais quando soube que era nordestina, e aí me apaixonei mais...
Mai,
lendo este texto, consegui construir um pouco de você, não sei explicar, mas me sinto protegido ao seu lado, como se suas palavras fossem conforto, reflexo do bom...! não se trata de um sentimento de admiração apenas, tanto que escrevi algo sobre eu e você que postarei em breve, e espero que goste...

um beijo bem grande e bonito,
e ser é ver!

do seu homem-menino-feliz-e-ocupado...

Luis Eustáquio Soares disse... @ 2 de setembro de 2009 às 01:15

eu sou essa cantilena brasileira, pré-edipiana, imaginária, que se recusa entra na ordem simbólica,porque sabe que tudo está escrito e prescrito, em nebuloso estatuo, e que é preciso reiventar-se, aqui ali e lá, entre nós...
belo texto mai
beijos
luis de la manha

byTONHO disse... @ 2 de setembro de 2009 às 03:05

Gosto de pescar e brincar com a palavra, mergulhar e trazê-la do fundo, no dente ou nas mãos.

deMAIs!

Beijos!

Sidnei Olivio disse... @ 2 de setembro de 2009 às 07:55

Mai, aqui recarrego minhas ilusões e energia. Obriagdo pelas visitas sempre. Beijos

Anônimo disse... @ 2 de setembro de 2009 às 10:32

Parir palavras e frases, esticá-las, dar nós, cortá-las, recortá-las, esticar novamente, mudar o compasso... compasso? ritmo, balanço, brincadeira. de roda, de barra-manteiga, pega-pega. Pega! Peguei a Mai!
Sua vez... :)))

bjs

Mateus Araujo disse... @ 2 de setembro de 2009 às 12:40

Por isso disse que tinha ficado bem feliz a cantilena não é?
sashsuasha
És sim, o tudo em tudo. Mai, simplesmente.
És a Mai, humana e desumana.

Ilaine disse... @ 2 de setembro de 2009 às 13:53

"Gosto de pescar e brincar com a palavra, mergulhar e trazê-la do fundo, no dente ou nas mãos."

Há uma certa mágica em suas palavras.
É porque elas são você. Carregam um pouquinho de ti para a gente. Te trazem mais perto e "alimentas nossos sonhos". Lindo texto. Estou encantada.

Beijo

Andre Martin disse... @ 2 de setembro de 2009 às 14:20



E tem aquela aqua_rela, não só amar_ela mas de todas as cores e dores onde pores e puronde fores.

Aquarela é pintura e música ao mesmo tempo, que leva o "sonho" do paraíso brasileiro ao exterior e os trazem de volta para desvendarem nosso interior, que pomos à venda.

Afinal, quem somos senão pomos da laranja mecânica e impensante quando não agimos racionalmente?

olharesdoavesso disse... @ 2 de setembro de 2009 às 14:59

Me identifico muito em seu manifesto poético de um eu descontruído;. Somos paradoxos e contradiçõs, sarcarmos, ironias e na soma alegrias. Beijos Belíssima.

Luis Eustáquio Soares disse... @ 2 de setembro de 2009 às 15:41

olá, may, vim te agradecer a visita e ler seu texto de prazer, a la roland barthes, novamente, com suas letras garatujas, intrusas, com também, corujas, coitadinhas, tal que o popular e um erudito não mais se apartam ou se fronteirizam, de vez que são a embodura de uma mesma cachoeira transcriativa.
saudações,
beijos
luis de la mancha

Elcio Tuiribepi disse... @ 2 de setembro de 2009 às 18:17

Eu sou a escafandrista de mim...é, ando mergulhando aqui entro também, esses dias quase me afoguei, a mangueira soltou quando eu estava perto do estromo, assim bem do ladinho da alma...ai me deu uma angustia, uma vontade de volatr, prendi o folego, expandi os pulmões e voltei são e salvo, mas amanhã tento de novo...
Esse ser assim é complicado...
mas ainda acho que vale a pena sentir desta maneira...
Qualçquer semelhança é mera verdade...rsrs...um abraço na alma...

Madalena disse... @ 2 de setembro de 2009 às 21:24

Assim tão cheia de si, imaginei corais como se palavras fossem.

Sandra Costa disse... @ 2 de setembro de 2009 às 21:54

eu adoro esses posts que definem, só servem para dizer ao mundo que somos complexos demais para dar um ponto final à nossa definição de nós mesmos.

Anônimo disse... @ 8 de novembro de 2009 às 15:52

Querida Mai,

Tens ideia do que senti ao ler este teu texto???
Como se dilatassem-me as pupilas, frio na espinha dorsal da emoção, euforia tanta...

Será que poderia guardá-lo comigo?

Lindíssimo!

Aplausos.

Katyuscia.

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