
"Sol buito quente" era a fala, nos goles da manhã de uma criança. E novamente, o menino estava em seu colo. No quarto a brincadeira era um painel com mosaicos do tempo em que as pernas e as roupas cresciam e em cada fotografia havia comédia e memória de madagascar nas estórias do menino. Quadro a quadro ela revia a mescla da infância de um e outro. Imagens de fraldas, chupetas, fantasias de piratas, domadores de pôneis nos parques, e sonhos, muitos sonhos. E o sorriso do momento foi a ordem: – eu quelo batata navalha. - Mas aquilo não era a comida, era o jogo e ela disse: batalha naval? – Não. Eu quelo batata navalha. – Crianças sempre tentam um reinado vitalício e parece não haver democracia porque em seu território só existe Um, ele - o rei - mas ainda usa fraldas. E sempre tentam outra vez e novamente, e agora mais alto: – eu quelo agola! - E o agora da criança, desafia o tempo das coisas, os poderes restritos, a impotência dos humanos e os perigos, e tudo para eles são coisas e crianças não conhecem os perigos das coisas e ainda desconhecem os perigos das verdadeiras batalhas navais ou as dores dos embates das guerras que Vitor ou Vitória - na vida – terão que enfrentar, sustentar, vencer ou perder, mas sempre com a possibilidade de aprender e crescer, viver, ser feliz e contar essas mesmas estórias aos seus filhos. E novamente as duas crianças a brincar e o menino apontou e disse: - você lembra daquela batata navalha? – Manhãs de sol são sorrisos na voz das crianças e nos painéis de madagascar.
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Imagem: Google -
Música : Sítio do Picapau Amarelo - Tema: Pedrinho