plácidos pronomes
Por Sueli Maia (Mai) em 2/25/2010.
Acordou com o barulho. Quis caminhar sob a chuva que deitava com o vento e adentrava a soleira. Lembrou que pela manhã voltaria à margem do rio e molharia os pés e o vestido em busca de frescor. E sobre a relva miraria o curso das águas e mais uma vez perceberia que o tempo, como o fluir, não se permite medir. E sob a ponte veria as árvores que as mãos tatearam diariamente, mas que - juntos - só tocariam no instante de uma nova travessia. E lembraria que no reflexo do olhar, a placidez de um branco faz-se azul. E sorriria ouvindo em outro ritmo a melodia, e cantaria em reencontro outra canção. E dançaria sem falar em desencontros e diria que as águas passam depressa sob a ponte e sua força leva tantas coisas. Mesmo assim e por mais forte que seja, a chuva obedece ao vento e ele muda de repente a direção. Mas, mesmo sabendo que contrário a tudo, a dor é igual e se demora, falaria de amor novamente. E portanto e por saber o quanto, com plácidos pronomes diria: - amo. E conjugaria este verbo, em todos os tempos.
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