Inspirar-Poesia, um segundo sopro

DESEJOS...

Por Sueli Maia (Mai) em 12/29/2008
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.............................................................................. Aqui ainda chove. Um hoje molhado e cansado numa ressaca de vinho e de chuva. Chuva de esperança e desejos, num verão preguiçoso que teima, em repousar sob nuvens. Ali ainda há desejo... Desejo de pele, de prazer e de amor que espero, eu e tu encontremos, sempre. Aqui, ali ou em qualquer lugar desse mundo sem fronteiras, desejo que encontres um sentido para tua vida. E depois de amanhã, quando estiveres cansado, bem cansado... Ainda assim, tu queiras viver, renovar a vida e não sejas mais, tão só. Desejo que tenhas um alguém para amar, te amar e te fazer feliz. Que em qualquer lugar, em todo lugar, em cada canto do mundo, multipliquem-se os amigos. Que os Amigos se amem, confiem, se abracem e recomecem, sempre, um novo caminhar... Desejo que faças muitos amigos, aonde quer que vás... Em todas as estradas da vida, em todos os caminhos, que faças amigos, onde quer que eles estejam. Desejo que tu, consigas confiar... Que escolhas viver. Porque apesar de todas as dores, a vida, também tem suas delícias... Desejo que acredites no amor e que acredites que o amor, existe de verdade, em tua vida, ao teu redor... Sempre haverá alguém que te ama. Amigo, neste novo ano que está chegando, eu desejo que tu, desejes, muito e mais...
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A todos os amigos do ontem, de hoje
e de um possível amanhã, eu desejo
que 2009 seja um ano muito especial.
Que tenhamos amigos, que saibamos amar...
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inverso - um conto real

Por Sueli Maia (Mai) em 12/28/2008

Minha rotina natalina é desapegada das tradições. Os homens que se vestem de papais-noéis, sempre me pareceram melhores, do que a lenda. Uma das poucas coisas que consegui manter neste natal que passou, foi o hábito que tenho de, a cada natal, pegar nos correios, uma carta, para atender os sonhos de uma criança. Escolhi como sempre, aleatoriamente, a de um garoto – Miguel. Ele pedia ao papai Noel, uma roupa e um par de tênis. Dizia que seus pais, lavradores simples, não poderiam dar. Faltava-lhe dentre muitas coisas, inclusive, comida. Miguel dizia, que só estava pedindo porque, tanto roupa como tênis, estavam furados. Um garoto de 9 anos, é Miguel. Antes de viajar entreguei o presente. Acrescentei três carrinhos. Criança sonha com brinquedos. Miguel não era diferente. Precisava de roupas mas sonhava com brinquedos.
Ontem, antes do embarque, fui até uma farmácia homeopática. E, enquanto aguardava, vi numa prateleira, medicamentos florais com as seguintes indicações: “baixa auto-estima”, “carência-agressividade”, carência-depressão”... (sintomas emocionais). Surpresa percebi, que eram medicamentos veterinários. Florais para cães. Achei interessante, ainda não conhecia. Mas fiquei pensando... - Finalmente terei que me debruçar sobre algo que jamais pensei estudar – “A Subjetividade Canina” – Aquela frase: “Cachorro também é gente” enfim, é algo real. Talvez, eu devesse estudar.
Gosto muito de animais. Tive três adoráveis cães. Cuidei, dei-lhes carinho, liberdade e Joguei bola com todos. Eles eram viciados em esporte. Ultimamente me questiono se fiz tudo o que deveria por: Portus, um Cocker, Quito, um Pastor e Bonsai, um Lhasa-Apso com pedigree e tudo... Eu nunca permiti que dormissem em minha cama e, jamais, os deixei lamber ou beijar minha boca. Admirava e recompensava seus feitos. Também gostava de assistir, atenta, às exibições e reações de cada um, em seus instintos animais.
Cheguei hoje de viagem, após 10 dias. Tentava dormir quando fui, “obrigada” a desistir do meu repouso. PRINCESA, uma minúscula cadela vira-latas corre e late, o dia inteiro, no terreno da casa vizinha. Aliás, Princesa (assim, com letra maiúscula) não late, ela fala. Princesa pensa. Mais que isto, Princesa “pensa” que é gente. Porque Regina, minha vizinha, “fala” fluentemente, um dialeto canino com o qual, se comunica, em tom amplificado e equalizado. A fofoca se dá em agudos que ferem os ouvidos e o direito do outro, ao sono. Regina e princesa conversam alto, um inacreditável diálogo onde, uma pergunta e a outra, imediatamente, responde.
Princesa não vai à escola, mas sai para passear todas as tardes, com sapatos novos e coloridos (quatro sapatos, óbvio). Hoje ela vestia, em seu passeio, um novo modelito. Talvez tenha sido a sua roupinha de natal - um modelo cor-de-rosa, que deixou princesa, fashion e sexy. Ela usava uma calcinha de babados. Lamentavelmente hoje, era perceptível nela, o incômodo uso de absorventes higiênicos – (coisas de mulher...) Uma mini-saia de babados, rosa, deixava faceira, princesa, para terror do labrador (cabeção) Maguila que, em vão, baba atrás de princesa. Os seios não estavam nus. Ela compunha o seu figurino, com um top. E, completando o seu look, dois lacinhos, denotavam a sua feminilidade. Uma cadela-perua, poderíamos dizer. Nada falta à Princesa. Eu não tenho qualquer dúvida, Princesa tem vontade própria e personalidade forte... Regina faz tudo o que ela quer.
Princesa, como eu disse, PENSA mesmo que é Gente e, mais que isto, ela É uma princesa.
Mas ocorre um problema sério, nesta relação emocional entre as duas. Regina trabalha e se ausenta, todas as quartas-feiras retornando, apenas aos sábados. Desde quarta até o sábado, princesa definha... gemendo em grunidos lancinantes, o seu sofrer... Me preocupo com os níveis de tristeza e depressão da cadela-real. Porque penso que ela, é uma vítima dos excessos. Mesmo assim, inevitavelmente me irrito. Sobretudo quando quero dormir, e não consigo.
Princesa geme alto, um sofrer tão compreensível, que quase traduzo. É algo meio assim: Aiaiaiaiai meu deus, como eu sofro de saudade...aiaiaiaiaiaiai.
Esta é a interpretação que faço, leigamente, porque eu sou ignorante neste idioma.
A questão que se configura como dramática é que, justo ali, na ausência da Regina, e, somente às quartas-feiras, Princesa se defronta e se conecta, com uma triste realidade: Ela É, uma cadela e não, uma pessoa. A partir das quartas-feiras, princesa, que tem copo e come em prato, passa a comer em uma tigela, e bebe água em uma bacia de alumínio, a triste vida animal.
Com sono, cansada e sem conseguir dormir, lembrei Miguel, os florais, e a inversão dos papéis – vida real e vida de cão.
Me perguntei... quantas garotas e garotos de nove anos, tem, na vida real, uma vida de príncipe ou “PRINCESA” com amor e atenção? E me lembrei que muitos, tem uma vida de cão.
Desisti de dormir. Princesa me fez escrever e pensar, apesar de cansada. Princesa é mesmo gente!
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ÁRVORE - BONSAI...

Por Sueli Maia (Mai) em 12/25/2008
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'Todo vivente, sofre. E sofre ali, bem na fronteira entre o que é, e o que está sendo. Entre o que deseja, e que não se permite aplacar. Entre o que sente, e se nega viver e admitir. Eu, sempre quis ser simples. Mas, megalômana e utópica já tive um dia, o pensamento mágico de talvez, pensando-me um deus, poder lenir as dores, da humanidade inteira. Sobrevivi desapontada, por um bom tempo, à constatação da minha humana impotência, e cresci. Ciente de mim e dos meus limites, eu tenho cá os meus sonhos, conflitos, manias, só minhas... E um jeito de ser que procura um caminho, possível, e a medida do meio, em tudo.
‘ - Adoro subverter normas e paradigmas mas, também tenho especial pendor e fascínio, por pesquisa cientifica. Eu as faço bem, e com prazer. Não sou ortodoxa em quase nada (a não ser na minha própria heterodoxia). Mas, se quero, sou vegetariana. E como folhas, às vezes... Devoro folhas, de livros... Mas minha ânsia inesgotável de saber, possui um vício – Ser simples. O senso comum me alimenta, também. A vida e o homem singelo, me encantam. Eles guardam um conhecimento e sabedoria, que as academias vaidosas, soberbas e repletas de verdades e certezas, ignoram. É que eu mesma, ainda, não escrevi uma “epistemologia dos saberes populares” (na verdade eu penso, que a indiferença científica sobre qualquer coisa, dura até, que um qualquer-quem constate, a cientificidade implícita, da “suposta” bobagem... Ai, o(s) doutor (es), se apodera(m) da verdade científica... xiiiii deixa eu pensar baixo...(ou irão me banir, novamente...) O simples de um modo geral, guarda tímido-acanhado um saber, gigantesco, sobre um mundo que, só ele, conhece, domina e, se ele quiser, replicará, sempre. Minha curiosidade-festiva, brinca e se alegra ouvindo, sem pressa, o saber popular. São das poucas histórias que eu não encontro, nas bibliotecas - minha ou públicas, ou nas folhas dos livros com que alimento, a minha inquieta e notória fome de saber...
‘ - Amo viajar. Descobrir coisas, conhecer pessoas, interagir, inspirar novos ares, em liberdade. Me apaixonar e renovar a vida...Eu me apaixono mil vezes, por tudo. Jamais consegui ser superficial com qualquer-isso, ou qualquer-quem, com quem eu tenha estado. Assim, desde sempre-gente, eu ando pelos mundos... Verde-amarelos Brasis... Rurais e urbanos, agrestes e úmidos, inóspitos e acolhedores, brejeiros e sofisticados, serranos e marinhos.
Em todos olho coisas, vejo vida, ouço gente.... Eu, mochila-mala, andante-navegante, vou indo, caminhando, existindo, sendo...
Me descobri resiliente e adaptável, nessas estações-trilhos e, nas estradas-atoleiros de um viver já gasto, um tanto... Na metade de uma vida que renasce a cada dia, estou eu... E entre ruas, caminhos e descaminhos. E em meio à idas e vindas, encontros e desencontros, eu sempre volto, ao chão e aos rios de minha terra simples. Aqui, eu me reencontro. Meu eu, com as vastidões de mim se aninham e se gritam, se acusam, se cobram, se xingam, guerreiam, se agitam... E, no limite de uma dor, pacificam seus quereres. Dosam dualidades, ajustam sintonias e equilibram polaridades para que enfim, eu consiga viver a minha reles, humanidade. Experimento todas as minhas sensações, emoções, desejos e vontades, possíveis, oscilo e contenho o selvagem e o terno, o metálico e o erudito, o intenso e o gradual, o sussurro e o grito, o suave e o brutal, a doçura e a agressividade (são doses mínimas e medianas que eu me permito, é bem verdade. É que eu evito os extremos.)
‘ - Estou em solo, em berço, em útero. Na Veneza - brasileira, arranhando os céus de mim, planto-me, finco-me, há dias, nos andares medianos de um edifício, chamado “Esperança”. Da cobertura olho, ao longe, um infinito-horizonte de um lugar... Carros e construções, minúsculas, resgatam em flashback minha vida, as experiências, o “pé na estrada” e os dilemas entre o eu simplicidade-campo e o eu, sofisticação-metrópole.
Nesta mesma proporção, ontem-longe e hoje-perto, se atualizam. Um fenômeno inexplicável, se revela. E uma luz cinematográfica projeta, as minhas ambigüidades e conflitos, que habitam: terra e cosmo, nascente e oceano, o raso e o fundo do mar dos meus sentires...
Num filme dinâmico então eu vejo, dores e angústias que senti, bebi e me embriaguei. Os mil caminhos que andei, as zil viagens que já fiz, os amigos que deixei, as mais distâncias que corri e percorri... E o tanto e imenso que tentei, encontrar “um” lugar e “um” alguém... Eu amei e desamei... Porque, distante de mim, como eu poderia? Como me acharia se eu me perdi de mim, do eu, do tu, do nós e do amor?
‘ – Não sei como, mas pressenti que este ano, meu natal seria atípico. Deu meia noite, em 24 de dezembro e, justo agora, meu pensamento, (que sempre teve vontade própria) me ocupa e me obriga um repensar...Gosto de tudo que me faz pensar... Assim decidi registrar este momento, inusitado, de um natal em que, sozinha, estranhamente, não estou só. Acompanhada e em companhia da cidade inteira, avisto, soberana, o ilimite sem fronteiras de um mundo, incontido de casinhas e luzinhas, rios e pontes e gente. Nas casas não os vejo, mas sei que estão lá... A cidade é um mundo iluminado, é um todo. Lembrei Lennon, numa festa natalina com mil árvores a piscar... Então sorri prá mim, comigo, myself e pro meu self. Porque só havia eu, ali.
Epílogo - Assim conclui que, apesar de toda economia psíquica, investida em novas trilhas e pensares, foi uma simples árvore iluminada e um neon piscando longe, um natal, que me acenderam uma luz e inspiração. Eu concebi de repente, um roteiro modesto. E me fiz cineasta, diretora e atriz... E me dei de presente um filme, já escrito, estrelado e lançado, por mim...
Este filme seria caótico-incompreensível, não fosse a legenda. Porque nele eu mesclo, imagens, metáforas que, de tão complexas, fadariam ao insucesso, ambos - roteiro e atriz, desta trama. Pausa.
Vou ligar a tecla SAP, a legenda e rewind... Pois a partir de agora vou segredar um embate: Meu pensamento e eu, se questionam...‘Prá problematizar e entender, o que será que me dá... E saber:
- Onde cabe o simples e o campo? - Em mim.
- Onde guardas o gosto cultural e o requintado? - Em mim.
- Onde está a cientista? - Em mim.
- Onde anda todo o resto? - Em mim.
- Onde cabe isto tudo? - Em mim.
- Como fazes para ter, assim? – Amo! Apaixonada e viciadamente, eu amo. E acredito que o amor existe, de verdade!
- O que fazes prá viver e estar assim? - Escrevo e reescrevo e me emociono e gosto disso. Ser e Estar assim, me faz humana, civilizadamente - gente. Invento e reinvento, poesias e roteiros a cada dia... E experimento, corajosa, as doses diárias de cada coisinha que sinto e que amo, bem dentro de mim.
- Onde e como distribuo este filme? - Em árvores. Em folhas que espalho, soprando a quem queira, no ar ou no mar, sem fronteiras, em sopros de vento...
- De onde vem tua força? – Da minha alegria-menina-maria que ri e que brinca que ama e que gira no sol...Sou um girassol... E, apenas, um ser humano.
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FOLIA DE ESPERANÇA...

Por Sueli Maia (Mai) em 12/23/2008
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.............................................................................No caos-folia do meu dia, inteira ordem, lá, havia. Eu, um quase-Zen, atento-calma, estava pronta para agir e urgir, o necessário àquela vida. Da janela, Veneza eu via. Alumbramento, ela era linda! Casas mínimas brilhavam longe, pirilampos. Carros ágeis, minúsculos, cruzavam o espelho de um rio, como mísseis traçantes no céu. Rio dos meus dias-ontem, aquele leito atraía meu olhar. Madrugada de dezembro, um carnaval-natal sem frevo, sem graça, sem festa. Alegorias, fantasias e adereços de fios, tubos, máscaras, de uma ala, colorida de enfermeiros. O enredo ritmado numa tela, controlava em sincronia, toda métrica-assimétrica de uma vida. Ela, não podia me ouvir ou falar. Seus olhos falavam tudo, em linguagem alfabeto-dor, de um corpo já cansado e velho. Estudar semiótica serve muito, nessas horas.
– Medo, mãe?
– Eu? Medo algum nessa vida tão medonha... Eu, só evito morrer, porque ‘inda tenho muita coisa prá fazer.
– Envelhecer, mãe?
– Todo mundo vai um dia, minha filha. A juventude, sempre passa. Da velhice, ninguém veio... Nenhum vivente vai passar da justa hora, no dia que chegar.
– Reage, mãe!
– Eu vou. Claro que eu vou. Vou sair daqui com vida, porque eu mesma, me proíbo de morrer.
Lá fora - luzes da cidade. Aqui – uma luz de esperança. Naquele instante percebi, que renascia. Seus olhos brilhando, sorriram prá mim. Eu, um Zen-feliz, também sorri prá nova vida. Enfim, o meu sorriso e coração, eram folia de esperança. Neon, piscava longe e me lembrava que é natal. Natal, feliz!
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FÊNIX

Por Sueli Maia (Mai) em 12/18/2008
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.............................................................................Morria. Porque ali jazz_ia força imortal. Tocava. Tantas coisas mortas, e estirpadas, queimava, prá depois renascer. Ruia. Pássaro ferido, coisa pequenina-imensa, se ergue prá voar. Voava. Levando nas asas, as cargas e as dores de um mundo de um peso sem-fim. Renascia. Força e luz-egípcia menina-maria, Linda que emergiu da morte, sem dor e sem dó. Queimava e depois voltava, findando e fincando seu ninho-carvalho, queimado no breu. Ressurgia. Ave-pequenina cinza-ciclo, força-vida e Sol. Revivia. Porque na poesia, a palavra-alegria da força-maria é fênix-imortal.
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Desejo a todos os amigos, do ontem, do hoje e do amanhã,
todo o bem que eu puder inspirar. Voltarei em breve!
Alegria! Paz! Harmonia! Saúde! Força! Coragem!
Feliz Natal!

MEDOS

Por Sueli Maia (Mai) em 12/17/2008
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....................................................................Naquela terra, medo não era a morte, que espreitava-abutre, louca prá comer. Lá, medo era a vida-criança que doía, muito, com a boca tapada, sem poder gritar. Naquela terra, medo não era a morte, que rachava-fendas, louca prá sumir. Lá, medo era a chaga-velha, que jazzia, aberta, com as mãos amarradas, sem poder doer. Naquela terra, medo não jazia. Mas as chagas fendidas da criança-maria, doíam em leito-silêncio de morte. Naquela criança-alegria-ferida, medo, era o niilismo.
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Imenso...

Por Sueli Maia (Mai) em 12/14/2008
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.......................................................................Eu fitava aquele corpo e perguntava: como amo? Quanto amo? O que eu faria? Quantas coisas te daria? E sem juízo nessas horas sei, não há qualquer resposta...Mas num desses domingos em que se acorda bem cedinho, enquanto o orvalho ainda se espreguiça sobre as folhas, e uma bruma se levanta bem mimosa... E mesmo o sol, inda indolente, boceja calor-brando. Um dia-branco... Fiquei ali parada, te cheirando e espiando... Com perguntas me rondando...Minha mão não te tocava, somente acompanhava teus contornos, tão perfeitos, como se quisesse ainda, decorar o que não mais teria...Lembrei dos abraços-ontem, dos afagos-tantos, dos meus dedos, desenhando em tua boca, dos sorrisos e dos corpos nus. E assim como um farol que joga lume aos navegantes, senti verão na primavera, e chorei. Era tão terno e fugidio aquele instante-fim... Aquilo era despedida? Tão desmedido aquele amor-havido! O quanto amei? Imenso-amor. Mil vezes a distância até o Sol ou ao planeta mais distante. Profundo como o fundo do mais fundo do oceano ou do meu mar... Não sei como explicar. Não há o que explicar ou entender, é só sentir. Simples assim... Porque minh’alma é que ama aquele quem, que o meu corpo, ainda clama. E não preciso nem saber do teu amor, porque esse meu tão descabido amor, é amor bastante a mais de um. Assim tão fundo, intenso e imenso, é o meu amor.
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UM TANGO E O TEU PERFUME...

Por Sueli Maia (Mai) em 12/13/2008
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...........................................................Vinho rubro-carmim, minha boca, e o som de um tango ao violino. Música que inebria mais que o vinho. E nos cabelos-azeviche, minhas mãos, sustentavam cabeça e alma, nuas, em meus assombros-sós. Eu, a esperar um quem-qualquer, olhava o tempo, sentia o vento que trazia, longe, um perfume estonteante que instigava os meus sentidos, provocando fera-fêmea, louca, prá sair e fugir, daquela pose de total sobriedade. O violino, covarde, sussurrava ao meu ouvido, um bom Gardel. Dona de mim, ainda esperava aquele-quem, talvez ninguém, pois me deixara ali sozinha, a esperar... Azar, pois o perfume tocou com a mão, meu ombro nu. Eu me virei e um deus, um Zeus ou quase Apolo, estava ali. Uma mística e sensual magia, rodopiou mil borboletas a voar em meu estômago. Um frio percorreu-me inteira. Suas mãos, tocaram levemente as minhas e eu-menina, obedeci-lhe, escrava. O deus hipnos habitava aqueles olhos que agora, eram meus. E riam e brilhavam, só prá mim. Eu fui, nem sei prá onde, fui... E andei, levitando, flutuando, de tão leve-alma. Minha vida estava inteira, ali. Eu, dançaria em um minuto aquele tango de Gardel. O mais interminável e feliz, instante dos últimos mil dias de uma vida sem sal, sem sol ou dó-maior. E entreguei corpo-serpente, ao bailarino, Orfeu. Submeti-me aquele olhar e boca e cheiro e pernas, tudo... E assim sorri, aquele minuto, sem-fim. Seguro às mãos de Eros, meu corpo sempiterno, quase éter de tão leve, girava em seus braços, rodopios... O cheiro e o suor daquele deus ali, colado ao meu, me entorpecia, entontecia, enlouquecia-me em febre-fêmea que fervia. O perfume se fundira aos suores e os quereres de nós dois. Uma química, perfeita, impregnara ambos. Minha pele e eu, arrepiada, sem fingir ditava – te quero, agora! Minha boca, pernas, olhos, eu, inteira, consenti o nó e o nós. Foi quase ali, sob os olhos de Gardel. Ah! Que delícia teu perfume e tudo e muito. Teu alfabeto, geografia, e a linguagem do teu corpo, no meu corpo que tocavas, deslizando tuas mãos em meu vestido... Ah! Não me acorda ainda... Deixa mais um pouco, eu sonhar com o perfume e este tango. Amando sob a chuva e com teus olhos, brilhando e sorrindo prá mim. Teu cheiro e o perfume desse tango, ainda estão em mim. Ouvir Gardel, ainda me arrepia...
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CONTROLE REMOTO

Por Sueli Maia (Mai) em 12/13/2008
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.........................................................É tão amorfa tua fala a me cobrar... É tão vetusto esse teu vício - vigiar. É tão arcaico esse desejo - controlar. É demodé essa história - dominar. É impotente o teu poder, prá me domar. Obsoleta essa vontade - me dobrar. É tão caduco esse teu crime - me prender. Ouve bem, não vês ? Então sente... Presta atenção, pela última vez. Ontem, passou. O dia e o amor, estão no Hoje. O meu amor está remoto... É tão remoto o teu controle... O que será que será?
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Duo de Cordas - Desiderata

Por Sueli Maia (Mai) em 12/10/2008
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Lira que toca ao vento, vento te toca lira. Vem Orfeu, toca comigo essa lira? Vem compor nossa melodia que hoje sou olhos de apenas desejo. Não fala nada, espera e sem qualquer pressa, toca essa lira devagar. São belos os tons e os sons e teu toque é sol. Essa noite tem duo, tem pausa e silêncio. Essa lira é ternura não tem dissonância, mesmo quando as cordas gemem seus sons. De novo meus olhos falam sorriem nessa desiderata festa musical. Sim, minhas maõs tocam leve. Quero nada-fazer. Hoje sou só contemplação. Liras são frágeis e choram a emoção da melodia. Dorme, já te amei bastante e minha lira de amor foi tocada em Sol e lá, em mi maior, foi toccata em dueto.
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