Inspirar-Poesia, um segundo sopro

supersônicos

Por Sueli Maia (Mai) em 11/24/2009
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Sunday em domingo barulhento derretendo ao sol. Tumulto na areia. Praia e supersônicos silenciosos no céu, rasgam a monotonia desses tempos e uma nova semana convida à alegria. Hinos que eu canto. Tiss e mais um tiss e o cuidado com a onda. Tiss é o som do lacre rompido saciando as sedes. Sigmas sibilam no ar estes múltiplos esses. Os Sssssss supersônicos ensurdecem. Mas a alegria é barulhenta, é uma menina indiscreta, moleca catando latinha na areia a brincar com o gari, bem ali outra lata a luzir. E todo corpo a bronzear brilha ao sol e os dentes reluzem em gritos de gol. São brilhantes os artilheiros e eu sorrio com o sol. Times são signos do desporto a flamular suas insígnias. Isto significa mais uma vitória e outro tiss a hidratar as bocas. Loiras a escorrer. Escudos em toalhas e sungas desfilam na areia. Domingueiras em tardes peladas e na praia há corpos expostos à camada de ozônio e uma cambada assovia sob óculos escuros. Espio e percebo beliscões em ais às coxas. Ui...E neste domingo fez sol e calor. Sundays resfriando cabeças. Insolação pede filtro. À sede um suco ou água de côco. Ciúme incendeia e água apaga incêndio. Sombra a esfriar os pés na areia. Réstia de medalhas e troféu que se ergueu. Restos de ontem que eu sibilo e silabo neste texto. E o meu assovio moleque modulou na acústica, so I cried. Ecos propagados em feixes e captados no radar. Um domingo e uma garganta, supersônicos em SOS. Gritos há muito calados são melodias que hoje o silêncio protege e novamente, monday.
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Música:
Lulu Santos, Jorge Ben Jor, Tim Maia

deleites - sabores das línguas

Por Sueli Maia (Mai) em 11/18/2009
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Ocultos pecados capitais. Pequenos delitos culinários são deleites das línguas e tudo é pura sedução. Imagine. A frigideira é uma cama com pedacinhos de manteiga a derreter. Quente. E a manteiga escorrega lentamente até dourar em fina espuma. Nus. São filés de trutas banhadas por mãos em fio de água pura e corrente. Rente a frágil carne está aqui em minhas mãos e suavemente aperto os filés. Água a escoar sem descuidar de deixar húmidos os filés. E hoje salivam aqui, os deleites de trutas. Nada mais que deitar filés em cama doura de manteiga e depois salpicar-lhes sabores a gosto. Pares. Virar-lhe o dorso quando tudo soltar livremente. Perfeito! E neste lado novamente deixar ficar. Reservar e agora o deleite. É um molho de queijo que serve como base a tudo. Hummm... Banhos de leite com fio de azeite são brancos lençóis madrigais e o leite se incorpa aos queijos. Cream Cheese. Poeira de noz moscada no ar, aroma dos deuses e agora é mexer lentamente. Rebolar os pedaços de queijo, requeijão no leite com creme de leite sem soro e tudo dança que dança, até engrossar com colheres de fina farinha de mesa. Mandioca é gostosura natural que entra na dança enquanto o mundo gira na panela com queijos ralados na hora. Sabores das línguas, e acrescente o que quiser, como alcaparras, castanhas piladas, salmão e jogue tudo por cima. Lençóis em delícias. E ali sobre a mesa, bocas, filés e aromas e trutas em puro deleite. Amores à mesa e hummm... Mas Shhhh...agora imagine o seu.
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infinitos sobrenaturais

Por Sueli Maia (Mai) em 11/17/2009
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Dias passam intradérmicos e agitados e quando é noite tudo se amplia e um dia indormido vira noite. A insônia é rebeldia que traveste-se de tudo o que quer. Assombro-me com uma pluma que cai e incorporada embebedo-me de nós. Alucino-te e a teus cabelos. E já não domino o medo de ver-te em tudo que não há neste mundo. Alma de outro mundo vai-te embora e vê se me erra! Tu és errante, eu não, e agora minto. E, sobretudo porque o natural seria tudo acabar de uma vez e ao final nada mais que um punhado de pó e poeira restar, eu não cria ser possível perceber-te novamente. Mas és tu aqui, essa presença incorpórea a me atormentar. E há tanta chuva e cheiros no ar que uma débil luz forma um halo e tu me apareces perfeito. És aura em sutil movimento. Leve, és lento ao mover-te e tudo no entorno é sobrenatural. Pluma planeando ao redor. E se não sou eu, o que é tudo isto que é um não querer de um querer inumano? Me obrigas a acender sob a pele, reacendes-me silente e inflamável te riscas e atiças uma chama qualquer. És tu que em segundos a tudo irrompes e num raio imenso de nada, tudo é só devastação. Tempo é poeira e eternidade. E quando se perde e se insiste em não abandonar, tudo incrusta na pele. Memórias da pele onde tudo se imanta. Manta de amantes tem imã de lã em infinitos sobrenaturais. E um perfume toca a língua e se transmuta em puro sabor e pele etérea tem sabor e calor de presença corporal. E nada é frio ao incorporal e neste agora inconfundível, és calor e chama. Meu peito se inflama e como nunca és sempre. Espaço vazio de pleno que faz desse sempre um tempo fugaz. Vai e já vais tarde como pluma no espaço. Dança na solidão que me deixaste e vai mais além que o nada mais, porque entre arrepios e a sede, eu sei, hoje psicografarei esta tua presença. E se em tudo estás, olho ao redor e não hás. Nada além da insurgência de coisas e o vazio se precipita organicamente. Projeções no ecrã. E o cosmo se move aqui, moras em mim, visceral. Mistérios de fogueira que crispa e num tempo que cabe em punhado, há suor em minhas mãos e tu não te destróis por castigo. És um castigo e minha pele ainda sofre a intuir que há presença e estás aqui e tudo dispara os sentidos e nada se vê. Olhares bem perto e eu te respiro ofegante. Um frio na espinha e há signos espalhados por toda parte incitam, te evocam nesta ausência com a qual te fazes presente neste sempre de infinitos sobrenaturais. Coisas da fé ou de não tê-la. Shhhhh... há vozes e agora é teu nome que ouço baixinho e estás aqui dentro de mim. Sussurro morrendo de medo, mas vai de uma vez, ascende agora, eu preciso dormir!
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Música: Trouble - Coldplay e diversos
Imagem: Google

África, escrevendo na pele

Por Sueli Maia (Mai) em 11/15/2009
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Escrevo na pele em yorubá a dúpé - eu direi - África. E a África fica em tudo. Nas veias circula sangue em rios de africanidades. Ê Zumbi! Tambores em ritos e gritos de gentes e bichos das matas. Sonoridades d'África. Orixás, sincretismo em congás. Benzedeira rezando quebranto e guiné prá quebrar a mandinga. Púrpura. Uma figa de cedro e guiné prá abolir os seus medos e abrir seus caminhos. Alforria! Sorria com os marfins e Gnus em nações. Ao redor desta terra um Brasil com raizes e mãos africanas em tudo. Angola. Ah! Luanda é tão linda de se ver. Melanina é força a proteger a pele que brilha por si. Negritude. Tudo repercute em sons e alegria. Sorriso e dança com um remelexo que encaixa os corpos suados. Jambo e malemolência ritima a kizomba. Ginga é Jogar capoeira e gritar liberdade. Coragem de lutar. Oiço vozes e raízes da ancestralidade. Dendê é esse cheiro com fogo na língua. Quente é um acarajé. Negra face e um sorriso perfeito. Aff! Como é bela essa moça que dança com trança. Pixaim é o cabelo. Moçambique, alambique tem cheiro e sabor que arde da cana, na cama. Ruanda, muamba é só uma rima. E na panela de barro a galinha d'angola é à cabidela e põe a ferver. Há mais, muito mais, forte e quente nesse tudo que é um pouco do muito que da África fica, aqui.
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Imagem: google
Música: The circle of life
E songs of África

periféricos na andaluzia

Por Sueli Maia (Mai) em 11/12/2009
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Impulsos oníricos a lhe perturbar e os feixes de luz que saiam dos olhos encandeavam os seus. Não era humano aquilo, mas como suava aquela cristã! Mouros. Ou seriam lobos da andaluzia? Noturnos assaltos que de tão surreal confundiam os sentidos. Mordiscava de medo os lábios, mas aquela invasão mourisca, era tudo de bom. E entregue se perdia. Restava inerte de tanto querer e nem queria acordar ou gritar por socorro. Corria nas ruas da Andaluzia e aquilo era tudo um sonho mas haviam lobos e os mouros a invadir a janela. Selvagens aromas lembrando Servilha. E tudo servia e suava, mas não havera de correr naquela noite. E tudo estava tão bom que fingia dormir com um olho aberto mas queria bem mais. Ao longe os sons da percussão encobriam seus uis. Granada. Guitarra flamenca e as platinelas arábicas davam o toque andaluz. Breu. Tudo ali era tatil e os cheiros da noite aguçavam os sentidos. Cravo, canela, baunilha, ou seria Channel? Intuição. Aquilo tudo era a pele e a seda da flor. E na fruição de quereres, seus uis reforçavam aquela selvageria mourisca. Arisca era aquela mulher que da periferia se arriscava a colear sob os lençóis. Silêncio por fim e enfim, uma estranha mutação. E a devota cristã restou-se pagã e feroz, correndo com os lobos na periferia.

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música: Andaluz - Djavan


Imagem:Google






explícitos

Por Sueli Maia (Mai) em 11/11/2009
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Dia de acordar indolente e simplesmente espreguiçar, bocejar, e espiar sobre teu ombro. Que fazes agora? Espio. São tuas mãos que dedilham pianíssimo. Quisera tê-las. Te exploro; percorro teu corpo, tuas fomes e nesta desatenção eu respiro teu cheiro e essa nuca instiga a pudica menina a desabotoar-se dos recatos. Cato e toco tua boca e contorno teus lábios e essa memória me eriça os pelos e as peles parecem uma fruta de conde. Lembrei dos castelos. E há dias de erguer-se sobre o olhar de perto e ir longe. Hoje é desses dias em que se é o próprio dia e apenas olhar ou lembrar não sacia. Tátil. Tocar tua pele apetece romance. Lance. Pura lã é teu corpo que inteiro, esquadrinho, persigo e conspiro. E a ti me dedico, tateando o teu território e tuas vastidões. Boca que é minha e que seca sedenta, pedindo licores. Águas, braços de rios a caminho do mar ou além e mais além d’além mar. E tudo se expande e contrai. Minho, vinho, é um ninho este sonho que em meu peito se demora. Moro em ti e aqui há ritmos de se ouvir e dançar e depois uma explosão escutar. Mas no após quando é bom se acalmar em silêncio e aninhar em abraço, morarás em mim. Compasso de esperar enquanto cai esta chuva, lá fora e aqui. Corporais. Esta é a explícita sincronia dos amantes que fica no ar e que aqui deitará. Esta presença que fica sem ir, sempre está. Memória do teu corpo no meu e mesmo se fores ou não, ficarás.
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magnéticos

Por Sueli Maia (Mai) em 11/10/2009
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Imã é o teu olhar que me abriga neste instante. E o mundo inteiro estava em teus olhos e mais que tudo eras um vórtice que me prendia aos teus braços. Hipnos. E tua pele era lã que em mim roçava e ao meu olhar se derretia em desejo. Magnética é a força deste olhar que hoje está e que impressiona minha memória e os meus sentidos. Olhos a me penetrar e em qualquer direção havias tu, aqui e ali que só de lembrar a minha força se expandia e em ti eu me fundia como um amálgama de não se perder. Magna era a linguagem do teu corpo a imantar os nus. E um universo carregado de sentidos permanecia em nossas peles. O teu olhar espelha o meu, que a te pedir insaciado, amalgama um sorriso luzindo com o teu. No ar a fusão do teu cheiro em minha pele e tudo espraia nós dois. Sonho e verdade condensando desejo e mistério e eis aqui a espera por mais vida que parece não ter pressa pois sabe que dia haverá de chegar. Imã é teu olhar que é meu presente e memória a nos imantar, ontem, hoje, sempre.
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noites nascentes

Por Sueli Maia (Mai) em 11/10/2009

Segundos são noites eternas e nós estamos deitados por segundos nas bocas nascentes das águas dos igarapés e águas são zonas de amar. E por vezes fomos noites que em segundos sussurramos desejos eternos às águas e mansinha e imersa, prá sempre, estive em teu rio que - noite - banhou-se em minhas águas segundos sem fim. Noite, sou pedra e, nua, me deito nos braços de um rio que roça-me as ancas e, rolando, escorro e escoo minhas águas em suas águas ao encontro do mar - oceanos em noite. Segundos dormimos em águas saciadas em bocas da noite, abraçados por braços de um rio de águas quentes que inundou uma gruta e um feixe da luz de um luar penetrou-me em sorriso. Eu - pedra e noite - desfaço-me agora em mil olhos d’água ebulindo, eclodindo minhas águas que rompem a areia em segundos. Noite, seremos nascentes perenes por infindos segundos.
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Imagem Google

rebeldes modernos

Por Sueli Maia (Mai) em 11/09/2009
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Noviços rebeldes em tempos modernos, também. Hoje verso a primavera brasileira e os festivais dos anos rebeldes. Poetas bravios versando com flores os ditos e as cores da bandeira nacional. Rebeldes e as dores do mundo. Ora direi e também cantarei os cravos de abril dum ano qualquer. E prá não dizer que não falei das flores, versarei à Flora e Yasmin. Lembrei Gandhi e o sal dessa terra. E por vezes estar liberto é deixar-se quedar sem quebrar seus ideais e ossos, também. E houve um dos heróis nacionais que escreveu que derrotas tinham gosto de vitória por não se vender ou estar ao lado de alguém em quem não se confia. Prosseguir porque navegar e viver é preciso também. Mente dura e um tenro coração, Luther King falou. Há rebeldes que ditaram um tempo e deitaram numa cama a vadear e amar. Lennon vive e Mandela também e há atos sem balas ou gestos violentos que calam platéias. E no cenário nacional há o frágil que é forte àquilo que precisa ser preservado. Quadros da atualidade, natureza morta e calmas Marinas a se contemplar. Ouví Hendrix no youtube e ainda me arrepio com seu solo. Nada fazer também é uma forma de lutar. E ao pescador o seu peixe, inteiro e sem dilacerar. Há rios rebeldes, também. Lumiar e o encontro das águas. Porque há rios com corredeiras e mistérios, com trutas ariscas e rebeldes a pescar e depois saborear. Vi alguém que lembrou Kerouac na estrada. Todo mundo foi ou é rebelde e um dia quis dominar alguém. Mas liberdade sem luta pode ser simplesmente ouvir o que se quer, quando e com quem se quer bem. Beatles, soul, jazz ou new age mas também o Tim Maia ou o maestro Jobim. Meu cabelo tem raiz africana, eu sou índia brasileira e rebelde, também.

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Música: Primavera - Santana
Imagem Google
Fotografia encontro das águas - Lumiar - Friburgo

mosaicos modernos

Por Sueli Maia (Mai) em 11/05/2009
Mandalas populares. Passarela da modernidade é um desfile da palavra em elegância poliglota. Idiomas à solto nas línguas, tudo igual e bem up to date - condomínios. Ditaduras com domínio pelo mundo. - Fala sério, meu chapa, isso é mod e eu sou fashion, sou autêntica e tou na mídia. Ilimites de um show nas novelas sem limites. In or out, black or white tudo é cor, simples tom e os mosaicos modernos são plurais e singulares. Equilíbrio de tons, tolerância. Olha a moda reeditada e ditando o mundo - old or new? Fashion week. Ditadores gritando na mídia - black is beautiful, joga pedra! Zeppelin tá no céu e o morim é um padrão popular na avenida. Tô vendida, very cheap! É um marketing global. Animal! Linha branca e eu sou sempre do contra. Tô na onda, Black sheep. Macramê – tudo feito por mãos artesãs com uma manga raglan e uma saia evazé. Ao emule um bom som nacional e um DJ vai usando o velho vinil. Mocassim aos meus pés, transição de costume é um padrão - sou high tech. Aimoré na edição do pasquim, Hollywood, o distrito é aqui e o barraco também. Geração tolerância com in é outside. No youtube, linha branca é tão demodé. Ar blasé e um juiz faz login, por favor, dá um play que eu sou emo e contrasto na cor. Tudo é clean e está sóbrio demais. Solta um vírus, manda tudo pro espaço! Tafetá, ulálá! Etiqueta. Finos panos, alvas nuvens e um vestido de noiva é um sonho fairytale. E entre o soul e o hard eu sou basicamente diferente e igual. Baixa o tom, desliga o som, apaga a luz. Tá na hora, quem sou eu e onde estou?
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Arte: Tonho Oliveira
Música: Pierre Bensusan e
mosaico musical

um blues para Lévi-Strauss

Por Sueli Maia (Mai) em 11/03/2009
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De perto e de longe as idéias de um homem podem estar na vanguarda de um tempo. Harmonia em tons de azul de um dia qualquer. Ouço um blues, uso um jeans que é um legítimo índigo do alemão levi's que não é o Lévi-Strauss de quem falo. Mas o meu pensamento selvagem transborda na hora do rush. Meu estresse é grafado em tupi-guarani e espanto ouvindo uma valsa de Strauss. Lévi-Strauss é o nome de um homem que pensava o homem e mitos das tribos e ritos de sonacirema que escrevo invertido e leio ao contrário. Yeah! Você viu na TV que o homem é o mesmo, ontem e hoje nas tribos ou nas universidades? É porque a mente selvagem dormita junto à civilizada. Verso hoje um poema pequeno e diferente porque não faço versos, hoje faço silêncio e um blues para um centenário que vive.

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ao pé da letra - a função do orgasmo

Por Sueli Maia (Mai) em 11/03/2009
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Littera e amarras. Linhas onde escrevo o que gosto. E este alinhavo de escrita é o gozar de uma verdade. Gaudium cum veritate. Ao tribunal eu me declaro - sou Inocência. E inocente eu faço arte irreverente. Porque meu nome é Inocência da Silva, simplesmente. Ao inclemente eu mesmo afirmo, não sou Irene, não dou risada. Volto a dizer não sou nociva ou libertina, sou inocente. Minha inocência é a palavra e a verdade que - inocentemente - aqui escrevo. E no que eu sopro eu sei de cor o que não sou. A minha aldeia é minha Polis genesíaca. Esta poesia de nascença sou eu mesmo e o infinito que não vejo, eu sou, também. Na tessitura desse verbo eu sopro idéia - Paidéia. E, arriégua! Eu sopro tudo o que eu quiser. Eu sopro ao vento e sobre as tribos sopro a arte dos meus versos. Não sou um verbo ou uma verba. Eu sou eu mesmo e, imagine, eu estou sendo. Verso sem sílabas, poemo verbo e sou poesia em pé de vento e ao pé da letra sou cio da terra. Cio da memória do meu mundo, sou feixe e mó. Constelação. Apenas Uma. Eu sou só uma, mas eu sou UNA e o meu umbigo está no chão da minha terra e aqui - em mim - há outra ponta. Sou só um grão e minha terra é meu umbigo, meu torreão. Hoje estou eu, pois ontem eu fui. E nisto o tudo ou o nada que amanhã, eu, só, serei. Saudade muita. E hoje eu sei, sou Inocência. Este é meu nome. Depois do gozo, o riso e, novamente, a lágrima e a solidão. Este é o orgasmo da palavra e da verdade. Eu sou, só eu e a corda, eu desamarro. Então acorda! Há tempo ainda.
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Imagem Google
Música: Djavan
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