Inspirar-Poesia, um segundo sopro

evolução e perenidade

Por Sueli Maia (Mai) em 8/31/2009
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Uma nova manhã na estrada, entre a serra e o mar, ao redor, tudo é vida e diversidade. Evoluir com verdade é, em princípio atentar para a sustentabilidade do ecossistema, do Homem, do ego em sistemas quaisquer. E dirigia - um carro, uma vida e, um mundo de erros e acertos na evolução necessária da vida. Mutações não são leis, são sacadas criativas do mais fraco prá conseguir sobreviver. Na curva a placa dizia - preserve a natureza. Evolução e descartes. E os erros escapam e há mutações do acaso e o que não subjaz ao poder do que forte, sobrevive, mutável e forte, um outro e vivo, se adapta em qualquer lugar.E a evolução e a perenidade é saber que, em princípio, não há lei ou poder que não escape ao poder de um só que escapa ao poder porque quem sustenta, sistemas quaisquer são os ciclos da vida e Homens, podem dirigir por estradas e ao redor, tudo é vida e diversidade. E nos ciclos da vida, tudo começa outra vez, numa nova manhã na estrada...
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anunciata, fogo e água

Por Sueli Maia (Mai) em 8/29/2009
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O fogo está calmo e calma é a pele anunciata que suporta, a chama e o calor dessa chama. E chama tem calor que derrete e derrama em sangue e suor, fora ou dentro. E dentro o sangue bombeia, é fluido da vida e a vida é chama que arde no fogo que há dentro. E dentro, há vida e o fogo e a vida estão calmos. Calma, procuro o emprego correto das coisas, procuro emprego das coisas corretas na calma da vida e as coisas corretas do tempo e do verbo, no tempo correto do verbo. E o vício da posse que dentro ou fora se pensa que pode deter, um dia escapa e tudo, um dia escapa. E a pele sem viço no vicio da posse, aflora em dores na pele e há pele que ganha ao se dar e é assim que se perde ganhando. E ganhando a posse da vida é que o fogo acalma e a alma que não mencionei tem a calma e a idade do céu e assim como água de aquário, está limpa, está calma, está clara e a chama está viva e calma.
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Música: Song for you

autorama

Por Sueli Maia (Mai) em 8/28/2009
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Fórmula UM, grande prêmio disputado no desporto, e no mundo infantil - autorama - não é mais que um simples brinquedo. Mas também é uma palavra, é um jogo no emprego da palavra que, sem brincadeira, reproduz os fatos da vida real. Autorama tem som, tem semântica, tem verdade na verdade de um ser que ama. Autor_ama tem curvas e nas retas tem linhas concretas e escreve, as vezes, errado no certo do que é certo para uns, nas linhas tortas da vida. E existem bandeiras miúdas que acenam em todas as cores, mas nem sempre se vê. Porque o autorama não mostra, mas as corridas da vida real tem bandeiras que avisam os cuidados com óleo na pista porque há pistas que escorregam e o piloto precisa permitir a passagem. A bandeira amarela avisa perigos a frente, proibindo ultrapassar. Reduzir velocidade tem bandeira bicolor que adverte que um piloto foi antidesportivo e que deve ser corrigido, o mais rápido possível. Autorama é uma corrida infantil mas nas corridas de verdade e na vida, o autor_ama e depois de muitas voltas chega a hora da bandeirada final. Mas existe uma bandeira de cor branca do autor_ama que vem antes da bandeira xadrez. E no fim da corrida, o autorama é apenas um protótipo da fórmula UM, da vida, e o autor ama, e isto, não é brincadeira, isto é de verdade.
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métrica

Por Sueli Maia (Mai) em 8/25/2009
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Meu exercício é ser menos e mais
Menos racional e MAIS humana
Há casos em que menos é mais

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o mareante

Por Sueli Maia (Mai) em 8/25/2009

Tanto ontem foi lembrado e havido – ela – mar profundo nos seus sonhos, era vinho sorvido, posto perdido e agora achado na memória que ondulava. Recordava tantas vezes a santa e n’outras profanas, transpiradas em seu corpo tatuado, rolando n'areia, nas camas, no cais. Ele era terra, porto e mar. Ele era vida e mundo amante, singrando oceanos em casa navio, um novo tempo de voltar. Recordava a família, amigos, sorrisos mas, só ela, marejava seu olhar. À borda do mar, a cidade. Em filme, uma vida e o medo por partir e por voltar. Das separações havidas, o cansado marujo tinha à bordo seus contos em malas por guardar ou esquecer. Nas desolações costeiras, toneladas de saudades choradas por dentro e disfarçadas em branco sorriso, contrastado ao azul. Daquilo que deixara, ocupava-se pouco. Apelos do mar ao cais, coração mareante compassado, acelerado, querendo chegar. Anos separando a história e aquele dia. Quando o sol se deitava foi ouvido o sinal. À mesa, um olhar desembarcando engoliu os seus medos e respirou as batidas do seu coração. E no copo vazio do mar, ocupou-se de ocultar o seu pranto. Novamente calado, o mareante vinho, vencera tormentas, chegava em terra, amante do mar.
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Imagem Google
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a ventureira

Por Sueli Maia (Mai) em 8/21/2009
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Ventura é encontar um azul ondulando. E o espelho era a janela no encontro do horizonte com seus olhos. Lá fora o beijo de uma onda que era uma boca faminta e só. Céu copulando com o mar e ampliando o infinito que haveria de chegar. Sons do vento a embalar o coito do oceano com a areia. Marcas do tempo incrustadas na face, no peito e nos pés que afundavam a terra sem chão, no mesmo lugar. Sons com lembranças da voz e qualquer toque era a pele soprando nas algas. Sempre era um pulo do mar nos rochedos e era ainda a palavra que o mar sussurrava, dizendo seu nome. Aguas de lembrar espalhando na pele, no ar, na areia, nos olhos no tudo de dentro. E o seu cheiro era gosto de um mar amando na boca das rochas e depois indo embora deixando somente o molhado e a pedra, molhada na pedra. Pele, atrito de pele com pele e um suspiro de querer estar dentro e estar só. E por fim essa presença ausente que pra sempre ela via e não via e ouvia, sentindo, chamando e esperando na janela e no azul. No silêncio do sempre, a certeza de jamais ouvir o seu riso. Sonhos, nada nos olhos em que ele nadava no fundo do azul. Tarde, já noite e a janela debruçava seus sonhos, no espelho das águas.
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Música: Debussy

incité

Por Sueli Maia (Mai) em 8/18/2009
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Bonsoir! É um paraíso esta cidade. Eu ouço incité e estou excitada, aguardando a tua chegada. Paraíso, campos elísios, e eu te espero com um sorriso no rosto e estou indo a gosto, com gosto e há gosto para tudo, eu sei. Agosto esperando setembro e num site francês eu vi um magné passeando em Champs Elysées com penacho e cocá. Paris está em festa, é teu aniversário e aqui do platô eu avisto aviões, degusto aviú com farinha, regado à suco de umbú e me lembro de ti. Estou lendo um e-book em francês porque por aqui, o l’argent, na real, tá difícil, é suado e eu tenho o carnê do meu carro prá pagar. Em suma, presumo que estejas de posse do teu território. E respeitarei a tua decisão, mas repetirei o que conversamos em março e direi novamente: Ame, Ema, ame! Eu daqui vou amando também. Tome posse e governe o que é teu. Ai onde estás é teu território, tua terra, teu País, ai é teu estrangeiro. Esse é o teu poder, mas não te esqueças, o poder é algo que não se detém, porque ele escapa. Há forças indómitas que bem sabes, carecem de lutas e são plenas em resistências e dores. Finca a tua bandeira, reforça as tuas defesas e te embala na rede com esses teus sonhos de uma vida radical. Mas somos felizes no chão e somente quem é forte consegue assumir sua fragilidade e hoje eu estou frágil, amiga, e estou à caminho e te esperarei ouvindo incité. E daqui desta minha cidade, mon coeur, eu te deixo um, Bonne nuit!
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silenciosonoramente...

Por Sueli Maia (Mai) em 8/17/2009
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Silenciosa e sonoramente eu faço música, escrevo bobagens e pesco palavras. Neste texto estaremos eu, a música e a rede que eu pesco. O silêncio, o nada e o vazio serão minha lógica, na emoção que me dá pescar e com paciência esperar os sons, os peixes e as palavras. O silêncio fala alto e claro os sons. Há dias em que preciso compreender o que se passa comigo, e fico muda, tentando ouvir a melodia harmoniosa do silêncio. Então convoco em sentinela meus sentidos. Minha audição se amplia e, assim, ouço melhor a vida e seus sinais. Aos poucos, meu pensamento inquieto se acalma. Minha boca cala, velando um pacto de ouvir em silêncio, o som do coração das coisas. Nas horas que se seguem a expressividade costumeira, cede lugar a uma lânguida e lenta mansuetude. Diante da escolha, eu sou o mais puro silêncio e pauso o mundo em mim e à minha volta. Convictos desse momento, meus olhos falarão por mim em meu exílio. Gestores do diálogo com o mundo, meu toque e olhar expressarão tudo que ecoar em mim durante este degredo. A partir de agora o que eu vir, ouvir, sentir e pensar, estará contido nessa afasia voluntária. Na primazia dos sentidos, minha audição captará e revelará os sons, os tons e os ritmos na diversa natureza. O silêncio, como a noite, tudo amplia. Em alumbramento, eu paro diante de pequeninas coisas, antes, óbvias. Percebo riqueza em coisas banais que o burburinho diário obscurece e oculta. Eu, inteira pele, burbon e arrepiada, ouço os sons mais sutis da poesia do mundo. Meu corpo sedento e faminto fala silenciosamente que é preciso sacia-lo, já. Mas estou em silêncio e, porque só em silêncio se pode perceber a sonoridade de tudo, eu ouço o silêncio sonoro das águas e descubro que a água, geme em agonia, anunciando que já vai ferver. A música tem pausas e no silêncio os sons se harmonizam em melodia.
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Música: Senhorinha de Guinga por Hamilton de Holanda

ouvidos nas bocas e pimenta nos olhos, em um botequim...

Por Sueli Maia (Mai) em 8/16/2009
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Mulas urbanas no encontro dos copos e os drinks com brindes tirintando no ar agitavam o bar. O cruzamento do whisky com a tecnologia é o dia seguinte com ressaca e as fotos com legendas logo cedo na internet.
- Ele era de esquerda.
- Era.
- Mas agora está no poder.
- Está.
Noite, termômetros marcando cinco graus e aqui dentro há calor e a ardência das pimentas está na ponta das línguas dos amigos a beber. Rever verdadeiros amigos é recordar os bons tempos, é tragar amargor e soprar alegria ao vento. Eu esperava um amigo de infância e percebi que ali, a sobriedade estava apenas no cachorro deitado no canto que constantemente era chamado pelo grupo, que exaltado, incomodava tentando comandar o cão.
- você vem ou não vem?
E o bicho adorável, gaiato e insolente ia ou não ia se queria e se não, ignorava a turba e nem levantava a cabeça. Enquanto isto eu sorria porque a noite prometia um hilário e instrutivo programa. – Saudades da clandestinidade, companheiro. Lembra do Raimundo que era inocente e o acusaram de corrupção? Só foi absolvido no processo, quando subornou um juiz. Depois se soube, que no mundo virtual, o respeitável era um fauno eletrônico que usava o nick - morena pimenta. – O Delmiro aquele chefe rigoroso é o mesmo fetichista-narcisita de sempre. E de tão vampiro é o único narciso que não pode admirar-se no espelho. O umbigo dele é tão grande que outro dia, beijava uma garota e se achando o bam bam bam, nem percebeu que a garota se contorcia e gemia porque estava sem coragem de dizer que, a boca, estava cheia de aftas. - Instantes de silêncio com copos à boca e eis que chega um novo personagem em cena e... Ação!
- Ohhh! Grande D E L M I R O!!! Senta aqui conosco, amigão!
Eu, com meia taça de vinho, brindava a chegada de um amigo de verdade, que não via, há anos. Encontros cheios de copos vazios e drinks com falsos brindes, pois não existe meia ética.
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Música: João Luiz e Douglas Lora - Duo Brasil Guitar
Imagem: Google autoria desconhecida

Ctrl versos

Por Sueli Maia (Mai) em 8/15/2009
Tudo
Que IMperfeito critico
Que IMpermanente rejeito
Que INcorreto anulo
Que INconstante esqueço
Que INsubmisso descumpro

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Que IRreverente censuro
Que INdesejado suprimo
Que INsuspeito condeno
Que INsuportável recalco
Que INegável discordo

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Que IMperdoável desculpo
Que INdigesto refluxo
Que INsatisfeito excreto
Que IMprovável suspeito
Que IRreal descreio
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Que INternet eu vivo
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Sueli Maia
*Mai
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Imagem net - autoria desconhecida

meu eixo, meu país, meu estrangeiro...

Por Sueli Maia (Mai) em 8/13/2009
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Meu eixo é lúcido, plástico, flexível
Cinge, primeiro a mim e meus desejos
Depois a ti
Se me pedires manso
eu me ofereço-gueixa em riso, e gosto disso
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Meu eixo é seguro, sereno, adaptável
Vigia, primeiro a mim e os meus quereres
e os aplaco, sempre
É invigilante a ti, não és minha posse
Tua liberdade é tua, é incoercível como a minha
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Meu eixo é ninho, nexo, colo
Abriga, primeiro a mim e minhas dores a lenir
Depois a ti
Se me pedires, calmo, em febre
eu cuidarei de ti, e faço mil vezes se precisares
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Meu eixo é solo, chão, caminho
Sustenta, primeiro a mim e os meus anseios
Depois a ti.
Se me pedires lento, atento
eu te abasteço, nutro e dou-te
o que beber, e saciar
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Meu eixo é ingênuo, dança, canta
Ama, primeiro a mim, e o meu viver
Depois a ti E não tem se...
Pois se eu te amar, te amarei porque te quero
Não morrerei se não me amares
Porque meu eixo não está em ti
Está em mim
Eu mesma faço

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Sueli Maia
*Mai
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a arte, um cálice e um teorema

Por Sueli Maia (Mai) em 8/12/2009


Eu tenho a arte e tenho as botas de Van Gogh
Eu tenho corpo, emoção e pensamento
Eu sou ambígua e posso ser e estar em tudo ou nada
Mesmo que seja em palavra ou intenção
...
Pois se me calam engulo ou morro e invento um grito
E se oprimem meu direito eu vejo um cálice
Está sem vinho sem pacto, intacto e em mim, sem sangue
E este cálice eu pinto e bordo em outras cores
...
Se assim inscrevo, escrevo e imprimo um grito mudo
E se há rotas que são vias aos destinos
Há trilhas livres de acesso ao que me falta
E outros caminhos que me levam ao que eu suprimo
...
Se o silêncio imposto cala a minha fala
E na ausência de minha fala eu quase implodo
O meu silêncio no inaudível explodo
Eu tenho a arte e não a faca nem o açoite
...
Mas não se explica se reinvento o óbvio
Quando minha voz se cala por um ato
E se calado o meu pensar não exprimo
Ele se amplia na palavra que escrevo
...
Exprimo em arte o meu grito contido
E há um direito que em silêncio eu revelo
E há silêncios que só eu sei o grito
E vem da ausência do respeito à fala
...
Eu quero a arte e assim expresso tudo
...
Se mimetizo a fala e o silêncio em cores
E porque sou artista, reinvento o óbvio
O que eu escrevo pode ser nada ou tudo aquilo
Porque a linguagem e a arte são apenas rotas
...
E nessa via em que eu sinto e penso
E se pensando encontro outras rotas
Entre o silêncio e o grito tenho a palavra e o signo
Eu vivo em arte eu tenho a luz que não me roubas
...
Eu vejo um cálice e na linguagem a minha força
Ninguém faz arte só por que prefere
E o meu cálice só eu sei quanto me custa
Eu sou artista eu sinto, penso e existo

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Sueli Maia

*Mai
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Arte: botas de Van Gogh
Música: O que será - Chico Buarque e Pesadelo - MPB4

governo central...

Por Sueli Maia (Mai) em 8/12/2009

Palavra se quebra assim: plan_alto, se_nado, seria assim? Con_fiar e quebrar a palavra é perder o governo e o controle sobre a palavra e sem controle não há governo. E o que eu governo? Tudo e nada ou simplesmente pouco. Talvez apenas a imensidão do mundo que cabe aqui dentro de mim. O meu poder reside aqui. Na vastidão de mim e do apenas-eu. Do que em mim habita não conhenho e desconheço ou contenho e conheço. Aposso-me e governo este EU, indivisível por dois, três, cinco ou mais. Meu território? A imensidão do meu pequeno e frágil corpo feminino. Território infinito-finito que, só, eu governo. Tão somente - EU que tomo posse de um mandato-escolha - Governar meu corpo, razão e emoção. Não somos inteiros mas podemos ser íntegros. INDIVÌDUO-INTEGRIDADE. E não renunciarei a este mandato. Seria uma escolha-desgoverno. Ambos, razão e emoção que controlam corpo e mente, me escapariam. IN_DIVI_DUO-ELISÃO. Decreto a mim o privilégio de pensar, sentir, viver, sofrer as dores e delícias das minhas emoções. Aposso-me e governo-me a mim e não a ti isto me faz livre e nisto está meu limite. Liberdade, eis meu governo, única hipótese de UM ser DOIS. Sujeito de mim não me assujeito a ti. Destituo o poder de qualquer outro sobre mim. Subverto ordem e governo, externos a mim. Meu corpo é meu mas posso dar-te, apenas pelo prazer de nós – juntos. E no prazer que me dás, meu desgoverno. Mas não sou tua! Estou tua. E este é o meu governo. Caos urbano, mulas urbanas no planalto central, palavra se quebra assim: sar_ney e porque não há mais cala_bouço, eu ouço - em Brasília, dezenove horas. Desligo o meu rádio porque ninguém ouve a voz do Brasil...
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Arte: Salvador Dali

o vapor dos pontos ordinários...

Por Sueli Maia (Mai) em 8/07/2009
Ordinárias orações e o tempo verbal é confuso numa chuva difusa que caia com o vapor. Pontos cardeais são ordinários e as zonas de um corpo feminino diante do espelho, são desordem e desnorte querendo relaxar. Norte, sul e num cansaço feliz, ela caminhava em direção ao banho. Vapor se espalhando e depois do após, aquele banho desejado era mais justo que posto. E agora sou eu desabotoando o meu dia, em comportado strip-tease literário com direito e avesso, frente e verso e tudo que se tem direito após um relatório watergate. A boca cheia de língua, palavra e água, não é novidade, também sou eu. Tarde engolida com papéis a seco, e já molhada nesse canto, essa voz que vos canta, também sou eu, na acústica perfeita do banheiro. Pele ou flor - hoje, ambas queimaram e à flor da pele, eu me apressei ao banho. Cantora ou escritora ordinária de banheiro sei, que sob a água, eu não mais ardia. Mas também sei que não posso redigir o que pensava, enquanto a água escorria e eu a espraiava no blindex fumê. Bordas delicadas e a espuma escorregava em minhas mãos e lentamente deslizava e já macia, o vapor tinha aroma de desejo e banho. Vontade de engolir palavra e língua, e parte de tudo precisava de shampoo. Cabelos, ordinariamente sujos espumavam, ao norte de mim. Eu, cantava uma oração e no vapor, tocava pontos ordinários e profanos...
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Música: Zeca Baleiro - vapor barato
Arte: Kim Molinero

cinética...

Por Sueli Maia (Mai) em 8/04/2009
Cinética é uma palavra, é energia e movimento dos corpos. É resistência, flexibilidade, força e delicadeza das mãos. Eixos do corpo, centro de gravidade e o mundo à volta de tudo e em tudo há um mundo e tudo é fluxo no coração das pessoas e das coisas. E ela era elástica, flexível e no balanço ritimado do corpo, a impulsão e o voo, na transposição do obstáculo. E ali, a vara, era de fibra de carbono e ela tinha fibra e era a mais pura e branda energia e superação. E lembrava os encantadores de serpentes e o engodo de uma flauta em movimento. Pôr do sol e o escuro vinha vindo e fixava o olhar, pensando que idéias como noites, são açoites que marcam, rasgam laços e caminhos, nos rituais de passagem de meninos e meninas. Viagens de regresso, malas desfeitas e competir em Bangladesh era um estrondo e era um lugar ou apenas uma palavra que ao final era nada, porque bradava o som do silêncio. Presença de signos, metáforas e selvagens animais se movendo e dançando ao som da flauta. Ela pensava e fixava o seu olhar na passagem do corpo sobre o sarrafo e naquele movimento havia força, nas mãos a fibra de carbono, a sua fibra e a delicadeza de um movimento que mimetizava os animais. Corpo perfeito ultrapassando os limites e a ação das forças na mudança é uma escolha e é um corpo qualquer, um movimento qualquer. E Bangladesh é um lugar e um estrondo, uma explosão, um baque e a queda de um corpo sobre um colchão d'água. E ao final da palavra, o - sh, era apenas o som do silêncio... .
Música o último pôr do sol - Lenine
Imagem: Isinbayeva - recordista olímpica
 

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