Inspirar-Poesia, um segundo sopro

incontido

Por Sueli Maia (Mai) em 8/17/2010
.
O mar da minha terra é como eu. Primeiro se arrebenta nos corais e arrecifes, e espraiando no alto se espalha e expande, marcando lugar. E domado ele rola miúdo e mansinho, na beira, na areia, olhando pro sol. O ar da minha terra está em mim. Porque ele inspira, insípido, invisível, as mais fortes paixões. Depois ele exala o tempero e cheiro das índias e suas especiarias. Os rios da minha terra correm em minhas veias, e lembram Veneza que deita seus veios, sem rumo e sem foz. O chão da minha terra é meu plexo, meu nexo, oriente e nordeste, porque é nele que nascem mangabas, goiabas, sapotis e cajás, que no pé, eu trepo faminta e no alto eu pego, o fruto maduro que eu quiser chupar. O mar da minha terra é como eu, nada contém.
.
Escrita em 16/12/2008

51 comentários:

Márcio Ahimsa disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 07:26

...o meu mar nada contém,
nada além de essencial,
mistura homogêna de água e sal,
um vintém maroto de menino
para inundar nosso astral.
"Minha terra tem palmeiras", já
dizia Gonçalves, onde as meninas
rodopiam matreiras
beliscando sonhos em arvoredos
"Para lá desse quintal"
na voz veludo de Chico Buarque.
Minha terra tem sabiá, papá, naná,
sinhá, cá, bah! E José Paulo Paes
tem paciência e facilita a vida da gente. Minha terra tem poetas vários, tem mulher bonita, tem gente acolhida, tem café torrado, e um pingado na padaria.
Minha terra tem sertão, tem catapora e amarelão, "minha terra é cheia de árvores e gente indo embora", talvez lá fora, a saudade
me convide a beijar meu mar, a nadar minha terra com poeira e cimento, com arreio e jumento,
para me fazer lembrar que sou Brasil, sou tão anil como meu céu, meu mar.


Beijos Mai,

De repente, não mais que de repente, me deu uma saudade do Brasil, e eu estou aqui, sem poder ir, sem poder ficar.

Anônimo disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 08:05

E nisso de conter o nada, nos fazemos verdadeiros em abraçar o mundo. É a essência do Zen, que pode vir tornar-nos parte de tudo ao nosso redor, mas mais q isso, trazer o mundo para dentro de nós.

Pq perder-se tanto no SER, quando o EXISTIR pode por si só ser tão prazeiroso?

Leo Mandoki, Jr. disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 08:14

muito bom isso!...como vc já sabe...eu moro fora do Brasil, do Rio, há 17 anos...está quase fazendo meio a meio...23 anos de Brasil com 23 anos de exterior. E fico me perguntando: o que serei eu no meio a meio? E rapidamente me vem a resposta: serei meio a meio. Gosto tanto do Brasil como de qq outro país por onde já passei, especialmente Portugal. E gosto na especificidade de cada um deles. Por exemplo: vc escreveu mangaba..e ainda agora estou fazendo um esforço brutal para me lembrar do que é mangaba..e não sei. Mas eu morei numa casa no Rio que no quintal de trás tinha uma goiabeira e eu passava os dias trepado na goiabeira comendo goiaba (algumas com bicho) fingindo que era o Tarzan. Essa sua poesia teve assim um toque clássico de Manuel Bamdeira né?! gostei...fez tocar o coração do homem que proibe as saudades.
beijos

Qualquer Um (Bigduda Nobody) disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 09:35

Cara Mai,

Belo, cheiroso e molhado texto. O mar que nada contém, a nós tem.
Um ab
Edu

Dauri Batisti disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 09:59

O tudo e o nada. A fartura e a penúria. O que se é, o que não se é. O desejo de ser tudo, ao mesmo tempo, ninguém.

Um beijo.

Anônimo disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 10:17

Nem sei mais o que eu digo quando leio suas palavras Mai. São tão belas, traçando um caminho perfeito, uma conexão perfeita...
Adoro vir aqui!
bjos

Anônimo disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 10:19

E seu eu te disser que eu não sou de terra alguma? =) Vai ver por isso eu sigo com essa sensação de que quase contenho tudo.

LINDO!
Emocionante o teu texto... Como tudo or aqui.

Meu beijo.

:.tossan® disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 15:57

A bruma sobre o mar,
o arrebal do céu
com o mar morno,
aroma de verbena
e nos cantos do pensameto
vem os teus poemas!

Beijos

adouro-te disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 16:07

Ficou-me aquele cheiro a terra molhada. Conhece?
E tanta sensualidade.
Beijos.

Monday disse... @ 16 de dezembro de 2008 às 23:07

talvez seu mar não possa ser contido, mas com certeza suas ondas chegam plenas de conteúdo ...

samantha jones disse... @ 17 de dezembro de 2008 às 00:18

e que bom que nada te contenha...
também não gosto de me conter, não me sinto eu quando isso é necessário..prefiro me deixar levar pelo turbilhão do mar, os cheiros e sabores da vida! bj

Vivian disse... @ 17 de dezembro de 2008 às 02:50

...e quem poderia conter
um coração de poeta?

que lindaaaaaaaa

um beijo procê!

FRAN "O Samurai" disse... @ 17 de dezembro de 2008 às 03:01

Oi querida!

Não se preocupes pois sempre estarei aqui! Hehehe!

Sobre seu poema, acredito que a força das águas do mar inspiram não só você, como muitas pessoas. As águas do mar tem essa força e beleza! O mar é maravilhoso.

Beijos e estarei sempre aqui. Como as ondas do mar... Elas vão e voltam!

Paula Barros disse... @ 17 de dezembro de 2008 às 15:14

Mai você é de onde? Me pareceu falar do Recife.

Me identifiquei com o mar, o rio, as frutas.

belo texto.

abraços

samantha jones disse... @ 18 de dezembro de 2008 às 03:18

para sobreVIver, tb fiz e refaço esse caminho.
já me reinventei de tantos cacos no chão que às vezes quando olho parar trás acho uma vítoria homérica ter chegado aonde estou e seguir par onde vou, não me arrependo de nada.
se não fosse tudo aquilo, eu não estria onde estou e sera quem sou.
me libertei, gritei, rugi assim como vc, amar é uma força, e amar porque se ama sem nada esperar ainda mais, sem dranmas, sem romantismos ou ilusões. somente amar.
e deve ser por iso que tb me leio muitas vezes nas suas palvras. bjs

poetaeusou . . . disse... @ 18 de dezembro de 2008 às 14:49

*
incontida prosa,
gostei,
,
conchinhas de amizade, deixo,
,
*

Beto Canales disse... @ 17 de agosto de 2010 às 11:09

legal

Unknown disse... @ 17 de agosto de 2010 às 11:11

de um lirismo cativante este teu incontido que tudo contém, principalmente poesia,


beijo

O Neto do Herculano disse... @ 17 de agosto de 2010 às 11:28

Minha terra é melhor do que qualquer outra terra. Mesmo sem palmeiras ou sabiás, mesmo com poluição, insegurança, medo... Não há terra melhor do que minha terra.

maria claudete disse... @ 17 de agosto de 2010 às 11:31

AH! Que belo, amiga Mai...o mar nada contém porque nestes versos é tudo ...É você por inteiro.É sempre um prazer esperar suas postagens. Estive na nossa região este final de semana, há esperança! Beijos nesta alma bondosa que não esqueceu suas origens.

Marilu disse... @ 17 de agosto de 2010 às 12:27

Querida Mai...nunca esquecer as origens é sagrado. Sentir saudades da nossa terra. Tenha uma linda semana..Beijocas

Marcantonio disse... @ 17 de agosto de 2010 às 13:23

Belo texto. Eu me fiz a mesma pergunta que a Paula Barros. Nordeste que namoro e ao qual faço a corte nostalgicamente distante. A minha terra é ânsia de desterro, a minha terra seca e em sua uniformidade me desinteressa. A minha terra é urbi, e eu sonho orbi(tar). Sonho fazer o meu mar desandar, mas ele é continente/conteúdo, sobrepasso impaciente no mesmo lugar.
Tanto que o seu texto evoca, viu?

ABRAÇO!

Paula Barros disse... @ 17 de agosto de 2010 às 14:04

Mai, juntei algumas emoções que estavam contida, feito o mar contido pelos arrecifes, e com o seu texto e os comentários o mar transbordou em ondas...

Mai, quando li pensei assim para dizer: tudo o que nós escrevemos sempre tem muito de nós, sempre tem muitos significados, principalmente num texto feito esse seu.
Mas quando ele volta ao blog ele tem mais e mais significados, acredito, e é preciso a gente se reler, e se ver ali. E não esquecer que é mar, que é cheiro, que é onda, que é vida...que é você, com toda essa força e beleza.

Mai, relendo os comentário, de Leo, Dauri, Tossan e meu, foi quando as lágrimas rolaram. Tanto tempo. Eu não sabia nem de onde você era, e hoje já estive com você, acolhida em sua casa, conhecendo a sua família, falando de nós, falando deles. rsrs Eu vi Dauri, eu estivesse pertinho de Tossan e nos desencontramos.

Meu Deus, me espanto com esses encontros, com as nossas vidas pulsando nos blogs.

abraço querida, abraço.

Ilaine disse... @ 17 de agosto de 2010 às 14:24

Incontido... Há uma beleza infinita nestas palavras. E eu me emocionei, pois senti saudades do lugar em que nasci: de meu mar, do ar, das frutas, dos cheiros e sabores e de tantas paixões incontidas... Algumas já esquecidas. Mai, amiga! Ah, estou encantada. Que presente escrito! Beijo

olharesdoavesso disse... @ 17 de agosto de 2010 às 14:44

este texto tocado tocando, cheio vazio, cadenciado nas ondas;;; belo querida, saudades suas beijos ótima semana

Eleonora Marino Duarte disse... @ 17 de agosto de 2010 às 14:55

o texto é belo, tem palavras que se completam como elos de uma corrente. sua escrita não necessita elogios, só observações para ajudar-nos a expressar o quanto gostamos da sua letra. você (d)escreve como quem sente. o lugar é você.


eu não fiz a mesma pergunta de paula e marcantonio.. eu sei de onde você é, e imagino a dificuldade que seja quando você resolve explicar como chegar até você... talvez seja mesmo necessário mapa, embora mapa nenhum te localize, sei de fato que é preciso galope para chegar até você, galope ora destemido, ora trote, mas de animal que ainda não tenha sido domesticado...

o texto em si é a localização exata do seu interior.

um beijo, querida,
um beijo de fã!

Anônimo disse... @ 17 de agosto de 2010 às 15:01

siempre es un placer visitar tu espacio.
besos

Jorge Pimenta disse... @ 17 de agosto de 2010 às 15:45

mai, se este mar não conjuga a água que te corre nas veias com a terra que te calça os pés... e se não é a brisa que te enrola os cabelos enquanto o coração arde em labaredas na mão... se este mar não és tu e todos os que vivem num lugar único que não tem geografia nem nome: a vida (e tudo o que a torna vivível).
um beijinho!
p.s. distingues-me com a tua presença, amiúde, no viagens de luz e sombra; crê-me que são pérolas maiores todos os teus depoimentos.

Dauri Batisti disse... @ 17 de agosto de 2010 às 17:12

Novamente passando por aqui. Nem sempre o que importa é a atualização.
Você faz provavelmente caminhos bons por ai, sem novas publicações aqui.

Beijo

Unknown disse... @ 17 de agosto de 2010 às 18:01

Mai, querida!

Um texto-poesia que arrebenta mais que o mar. Exala a beleza da escrita ímpar que é só sua. E como você, TUDO contém!

Uma beleza!

Beijos

Mirze

Beto Canales disse... @ 17 de agosto de 2010 às 20:43

de novo.

manohead disse... @ 18 de agosto de 2010 às 13:08

Obrigado pela visita Mai, a técnica é pintura digital, no meu blog tem o link videos onde mostra o processo da técnica. Abração.

Unknown disse... @ 18 de agosto de 2010 às 13:55

amiga voltei \o/

já já eu faço o poste do material que me mandou tá, abrigada pela força, você é uma amiga especial
adoro!!!

beijos Mai

Anônimo disse... @ 18 de agosto de 2010 às 15:13

lindo de viver...

Luciana Marinho disse... @ 18 de agosto de 2010 às 16:07

tão belo teu texto... belo.
e tudo que nos emociona mergulha em nós.

beijinho.

OutrosEncantos disse... @ 18 de agosto de 2010 às 17:28

... "o mar da tua terra é como tu"...

Um dia vou atrever-me a deixar-me abraçar pelo mar da tua terra e sei que ele vai também me apaixonar...
Beijo Mai.

Anônimo disse... @ 18 de agosto de 2010 às 17:43

Li um comentário:
"De repente, me deu saudade do Brasil".

E eu pensei o mesmo.

Mesmo estando aqui.

José Sousa disse... @ 18 de agosto de 2010 às 22:10

Olá Mai... é a primeira vez que aqui venho e gostei de tudo. Vou ficar seu seguidor, seja meu tambem em:

www.minhaalmaempoemas.blogspot.com

www.congulolundo.blogspot.com

www.queriaserselvagem.blogspot.com

Um abração

Anônimo disse... @ 18 de agosto de 2010 às 23:10

"Nada contém", nada que se compre, só o estado de entrega, de contemplação da matéria, é isso que conténs, é isso que aquilo que te inspira e te pertence exala. Vc pertence a isso, poetisa.

Beijos, querida!

Maria Dias disse... @ 19 de agosto de 2010 às 02:40

Nada contém?Ou será q contém um pedacinho do mundo todo neste pé de fruta?Taí tua escrita da vontade de tirar do pé e saborear(impossível sair daqui vazia)gostoso demais voltar a ler vc!

Beijinhos

Maria

Zélia disse... @ 19 de agosto de 2010 às 09:31

Linda comparação! Me emocionei ao ler o texto. Não apenas pela forma como vc organizou seu pensamento mas também porque o mar me faz lembrar muita coisa. Amo aquele mundo. A última coisa que ele me faz lembrar é de minha sobrinha de 1 ano e meio. Toda vez que ela vê o mar (nem que seja em foto) ela se admira e diz:

"Oooo maaaarrr!" :(

Bjo grande!

PS: Sempre aqui e sei de vc por lá. ;)

líria porto disse... @ 19 de agosto de 2010 às 09:47

o mar da tua terra é o meu mar - e minha terra não tem mar...
besos

Macaires disse... @ 19 de agosto de 2010 às 10:21

O mar da sua terra é belo, como você!
Grande beijo, amiga!
Saudades tuas!

Luiza Maciel Nogueira disse... @ 19 de agosto de 2010 às 11:33

conheci esse espaço pelo Assis, um verdadeiro presente recebeste dele. E esse lugar´inspira realmente poesia! Bjs!

Ribeiro Pedreira disse... @ 19 de agosto de 2010 às 14:42

um olhar oriental sobre o nordeste...

Mateus Araujo disse... @ 19 de agosto de 2010 às 18:05

VC fala das frutas, dá vontade de comer mais, prq até o gosto da pra sentir...
*_*

<3

Tava com saudadonas do cê Mai
;D
hoho

Só venho aqui quando me sinto capaz de sentir tudo isso q escreve
é lindo demais
bjãoo *_*

Andrea de Godoy Neto disse... @ 19 de agosto de 2010 às 20:30

Mai, este teu incontido texto poético fez meu corpo arrepiar, principalmente por este mar que nada contém, onde tudo está contido...
o mar faz parte de mim, embora eu more distante dele, é nos seus movimentos que encontro o colo que reconheço.

beijos

Gerana Damulakis disse... @ 19 de agosto de 2010 às 23:38

As águas,o ar e a terra: integração total com a sua alma num texto elaborado por quem tem talento verdadeiro.

Ricardo Valente disse... @ 26 de agosto de 2010 às 21:27

Tribonito, massa, bala... FODA!

Unknown disse... @ 2 de setembro de 2010 às 13:28

O meu mar...
Sempre o tive,
Sempre o vi,
sempre o amei.
***
No dia em que perdi minha mãe,
fiquei apenas eu e o mar.
***
Vidé:http://joe-ant.blogspot.com/2010/08/no-dia-em-que-te-perdi.html

Anônimo disse... @ 5 de setembro de 2010 às 16:44

Denso conteúdo.

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