Inspirar-Poesia, um segundo sopro

qualquer maneira de amar...

Por Sueli Maia (Mai) em 3/04/2009
Não creio em acasos. Creio em circunstâncias, ‘determinismos’. Mas também em livre arbítrio, escolhas que fazemos. Certas ou equivocadas, precisamos nos responsabilizar e nos ‘implicar’ nas consequências, inclusive. Isto não é do outro ou pelo outro. Escolhas são nossa responsabilidade. Não gosto de pensar em culpa, mas responsabilidade, sim. Na base desse entendimento existencial está a nossa condição humana. Cometemos erros e poderemos estar mais ou menos suscetíveis às fragilidades emocionais, circunstanciais a cada um. Ninguém é capaz de sentir o que o outro sente porque a pele é outra, a emoção é outra e o contexto é diverso. O ir sendo, existindo e vivendo é permeado de altos e baixos, lutas, glórias, perdas e danos, também. Cabe-nos transformar perdas em recompensas. Mas isto demanda exercício de equilíbrio e este, reclama tempo e atenção a si. O tempo tem sua órbita e o hoje é um flash, um klic, um átomo, fugidio e transitório que nos escapa, escorre, esvai... Não é producente determo-nos em dores e lamentos diante daquilo que nada mais podemos fazer.
...

Dor e sofrimento é uma questão de tempo de exposição ao agente... Aqui está minha necessidade de tempo. Tenho pouco tempo e o meu tempo de agir é o agora, o hoje. Não há alcance na promessa de estar aqui amanhã. Meu tempo de reflexão para seguir em frente, é hoje. Meu eixo, meu plexo, meu governo estão em mim e não no outro, apesar da alteridade e apesar de crer nas pessoas e no melhor delas. Uma ferida a ser cicatrizada reclama meu próprio cuidado. Um cuidar de mim. Reencontrar meu eixo, meu governo, minha órbita. Reencontrar-me. Mas existem pessoas que cruzam nossas vidas e tão raras e caras são essas pessoas que, mesmo sem saber ou querer, passam a ter uma importância maior do que supõem e talvez maior do que seria razoável, em nossas vidas... E nessas horas uma dose maior de razão protegeria quem é mais sensível, mais emocional... Não há problema em sermos sensíveis e eu não abro mão da minha emoção. Não desejo ser fria e distante mas preciso equilibrar minha emoção num quantum a menos, para não me ferir demasiado. Quem é superficial, estóico, epidérmico nas relações,(também não há problema em ser assim...) não se agasta, rasura, arranha ou se machuca no trato cotidiano com o outro... Mas há seres ‘submarinos’, profundos, intensos, que não habitam, apenas, a superfície nas relações humanas e interpessoais. Sou uma dessas. Vocês perceberam em tudo o que leram aqui, ao longo desse tempo.
...

Na ponta oposta do EU, o outro, a alteridade. O leitor, o amigo, o seguidor que comenta, interage, intertextualiza o que lê, estreita laços ou se comunica cotidianamente. Nesse ciclo de relações interpessoais – virtuais ou não, pessoas especiais, próximas ou nem tanto, conhecidas ou não, passam a fazer parte de nossas vidas. Aqui estão vocês, assim estamos nós e a minha necessidade de tempo. E não importa há quanto tempo estejamos aqui, nos ‘visitando’, sorrindo, amando, poetando e nos incentivando mutuamente... Não importa onde estejamos. Distâncias são relativas ao tanto que se gosta, compreende e se importa com o outro. O longe é perto. Quase muito é quase pouco... E não importa quem sejam, que aparência tenham... São irrelevantes status, condição cultural, social, religiosa... Parece que nos conhecemos, pessoalmente, há anos...Para mim, vocês não são ‘qualquer um’. Não são apenas ‘amigos’ virtuais...
...

Pode ser ingenuidade e posso ser uma sonhadora. Pode ser. Deixo de saber... Apenas sinto e o que sinto escrevo, não temo a normalidade que à tudo reprime. Cada um de vocês para mim é real, desde o momento em que demos o primeiro olá e interagimos, desde então... O que é a ilusão? A ilusão é uma estratégia comum no mundo palpável e real e não apenas ilusionistas utilizam-se desse artifício... Aqui eu conheci pessoas com as melhores qualidades e para mim, são reais, independente de sua humanidade. Também sou humana e tenho as minhas 'mazelas'...
...

Li emocionada palavras de bom ânimo e compreensão. Percebo sinceridade e preocupação de todos. Desse modo é indispensável agradecer publicamente o carinho que sempre, sempre, todos manifestaram com palavras, gestos, presença, solidariedade, compartilhamento... Nos momentos mais fáceis e alegres e mesmo nos mais dolorosos...Estranhamente e opostamente ao que seria razoável supor, amizades virtuais se configuraram mais presentes que amizades corporais, presenciais, pés no chão, olhos nos olhos, as ditas 'reais'...Por isto sei que irei lembrar de cada um de vocês a cada dia, em cada momento em que eu estiver ausente deste mundo midiático... Mas por certo poderemos nos comunicar. E de algum modo ou ao meu modo, eu sei, estaremos 'ligados', 'linkados', mais próximos do que supomos ser possível...
...

Porque há uma espécie de laço, traço, elo, vínculo, abraço que se dá sem que se esteja perto. O abraço que toca bem fundo o abraço da palavra de quem ama... E é este o abraço que deixo a cada um de vocês. O meu abraço. Cheio, pleno, repleto de uma forma qualquer de amor. Um certo amor que se tem e se dá porque se quer dar e se tem para dar. E eu tenho e desejo deixar este amor aqui e no ar a inspirar. No 'inspirar-poesia', nesse canto... Um canto qualquer... Nisso que não se pondera, uma desmesura, qualquer maneira de amar...
...

Qualquer dia a gente se encontra...
Muito carinho e gratidão,

Mai

32 comentários:

Anônimo disse... @ 4 de março de 2009 às 13:20

Se arder e quiser que eu assopre, eu assopro, viu? É só falar. ;)

Beijinhos.

Ester disse... @ 4 de março de 2009 às 13:28

O abraço de palavras dessa intertextualidade eu entendo bem,

O poder de suas palavras ficarão, pois faz eco em nós,


bjs!

Cris Animal disse... @ 4 de março de 2009 às 13:29

Mai, nos linkamos, como vc mesma escreveu, há muito pouco tempo. Importa?
Não...não importa!
Entro aqui e leio esse texto. Alguém está ferido. Alguém atravessa chuvas fortes, ventos cortantes.
Acho que desde ontem também entrei em chuvas fortes com ventos frios e ... e digo a mim mesma olhando no espelho: hora de fechar os olhos e saltar. Se lançar no "abismo" da fé!
E é o que estou fazendo e é o que desejo à vc!
Lançar-se na fé para lamber suas feridas e delas fazer seu salto maior. Renovar. Achar o caminho de volta pra si mesma.
São dores diferentes a que sentimos, mas a saída é uma só: acreditar na cura.
Minha amiga de pouco tempo( ?) que vc encontre o caminho de volta pra casa.....rs
Com carinho
...............Cris Animal

Anônimo disse... @ 4 de março de 2009 às 13:39

Nossa só pude perceber como estava com saudades de ler toda a poesia contida nas suas palavras quando li este texto magnífico.
Desculpe a ausência, estou tentando voltar aos poucos...
Bjos,
Ly

Paula Barros disse... @ 4 de março de 2009 às 14:00

Querida vi atualizado e vim logo aqui. Li rapidamente, preciso ler com calma.

Estou com obras em casa, nem consegui atualizar o blog.

De tudo espero que você esteja ou fique tranquila, a mente em paz. De tudo é o mais importante.

abraços carinhosos

Osvaldo disse... @ 4 de março de 2009 às 14:14

Oi, Mai;
Todo o tempo que por aqui passei, foi um tempo ganho, um tempo que me abriu as portas e janelas de alguém que aprendi a conhecer como real, como gente, como EU...
A Mai marcou-me pelas belas crónicas que eu interpretava como conversas de pessoas adultas com vivência e experiência que sabem o que dizem através do teclado de um qualquer computador algures neste Planeta...
Aprendemos a se aprender e do respeito para se respeitar.
A Mai, marcou e continuará marcar as pesssoas que tiveram o privilégio de entrar neste seu espaço bem seu e que sempre ousou partilhar com os virtuais amigos que por vezes e como a Mai bem diz se tornam mais reais que os amigos de ocasião...
A Mai abriu-nos as portas para nossas visitas a esta sua casa e nós manteremos sempre as nossas portas bem abertas para que quando a Mai queira passar, não precise bater para entrar...

bjs, Mai
Osvaldo

Café da Madrugada® Lipp & Van. disse... @ 4 de março de 2009 às 14:19

"Tenho pouco tempo e o meu tempo de agir é o agora, o hoje." Então faça isso. É o melhor a ser feito. Agir. Independente do que faça.

Estaremos todos aqui!

Márcio Ahimsa disse... @ 4 de março de 2009 às 15:58

Deixo-te o que em mim fica

De um lugar qualquer onde a razão
não possa explicar,
deixo-te aqui um assopro de vento,
deixo-te grãos, que graúdos
e substanciais, colhi por aqui.
Deixo-te pedrinha coloridas,
dais quais, pequenos cristais
reluziram em meus canteiros
de rosas e crisântemos.
Deixo-te um cordão, uma peteca,
um pião, e um desenho de amarelinha,
para quando sentires vontade de brincar,
pois que a brincadeira está mesmo
impregnada de seu viver, mesmo
que serenidade seja apenas
uma forma de brincar de bailarina
e se equilibrar na ponta dos pés e não cair.
Deixo-te um verso lento
de mornez de tarde, para que lembres
da leveza das coisas que flutuam
como folhas, e que ficam
como abraço terno de amigo
que me fazes ser.

Luciene de Morais disse... @ 4 de março de 2009 às 16:58

Eu simplesmente adorei isso Mai!
Penso e sinto tanto como você!
Amiga de infância! Colega submarina!
AQUELE ABRAÇO!!!
Muito, muito, muito carinho e amor destino a você,amiga!

Eu disse... @ 4 de março de 2009 às 17:12

Mai...

precisando de qualquer coisa conte comigo!

tatiana_cmf@hotmail.com

Os laços que criamos são sinceros e verdadeiros.

Beijo

Jacinta Dantas disse... @ 4 de março de 2009 às 17:45

É...
vc tem razão. Há um não sei quê de muito carinho que vai e vem através dessa rede. Sei bem disso.
Beijo, menina.

TERE disse... @ 4 de março de 2009 às 21:10

Estou ainda na corda bamba mas capaz de te ouvir se precisares conversar.
~Fiquei preocupada ao ler hoje o teu blog de "afastamento" do mesmo.

Espero que os problemas que possa haver não sejam complicados.

E Mami?

Um carinhoso abraço de

Mité

:.tossan® disse... @ 4 de março de 2009 às 22:15

O sofrimetos e as alegrias estão presente em todos. Não adianta odiar o tempo e as letras. Fazem parte do cíclo da vida, eu ando, eu falo, eu vejo, eu brigo, eu...è assim! O sol nasceu para todos e a tempestade também. Beijo

Anônimo disse... @ 4 de março de 2009 às 23:42

As vezes se faz necessário dar um tempo. Remediar a alma, encontrar o ponto e até mesmo sublimar diante as incertezas...um abraço na alma...Elcio

Anônimo disse... @ 5 de março de 2009 às 00:47

"inspirar poesia, expirar sentimento, suspiros,borboletas,carinho,gratidão,saudade,amor,etc....etc...."

"conheça melhor sua respirãção"

Vivian disse... @ 5 de março de 2009 às 03:05

...vá em busca do seu eixo,
centre-se, realize-se
mergulhando na paz.

adoro você!

smackssssssss

Afonso Arribança disse... @ 5 de março de 2009 às 13:07

Procura te encontrar, dá um tempo.
"Qualquer dia a gente se encontra!" :D

E obrigado, eu, pelas palavras que deixaste no meu blog durante tanto tempo. Quando voltares, também eu volto aqui ao Inspirar.

Beijinho*

Quintal de Om disse... @ 5 de março de 2009 às 18:06

"para se estar junto, não é preciso estar necessariamente perto, mas do lado de dentro"

Receba querida, meu sincero e caloroso abraço... e sim, qualquer dia a gente se encontra e eu, espero que não demore muito!

Te gosto e admiro mto!

Beijos Meus

Uma disse... @ 5 de março de 2009 às 18:50

Palavras que expressam gratidão. Mas também exprimem a dor de uma perda ou despedida.

Belo Texto!

Bjs
Uma

Luna disse... @ 5 de março de 2009 às 18:54

Por vezes precisamos de tempo para organizar ideias,
para nos organizarmos, tenho pena de deixar de te ler, mas respeito,
se quiseres sabes onde me encontrar, pois como dizes e muito bem,
podemos ser amigos virtuais, mas criamos raízes, entramos na casa uns dos outros quase todos os dias, partilhamos pensamentos emoções, por vezes sentimos mais afinidade do que com pessoas que vimos diariamente, por isso amiga espero que a tua pausa dure pouco
beijinhos nesse teu coração lindo

poetaeusou . . . disse... @ 5 de março de 2009 às 21:02

*
mai
saudade já sinto,
aquela nostalgia cibernética
como eu chamo,agradeço o abraço,
tens aqui um asilado cais,
sabes como contactar-me, quando
quiseres estou aqui,
,
conchinhas de amizade,
entre a força das marés,
deixo-te,
,
*

lula eurico disse... @ 5 de março de 2009 às 21:25

Beijo d'amigo e volta logo. Força!

Cecília disse... @ 5 de março de 2009 às 22:46

Força, Querida!!!

Precisando é só falar!!!

Beijo Grande e Abraço Apertado!!!!

Tata disse... @ 6 de março de 2009 às 11:34

Ei....Mai,

tem uma frase em um filme que eu ADORO que acho que cabe aqui agora nesse momento:

" sinta a dor, abrace-a, descarte-a e siga em em frente!!!!!"

Cada coisa a seu tempo!



BJINHOS

Ester disse... @ 6 de março de 2009 às 11:56

Olá Mai!!


Passei para
lembrar-lhe que,

Segunda-feira dia 09
é dia de Blogagem Coletiva!

Sucesso para todos nós!


Abs,

Letícia disse... @ 6 de março de 2009 às 13:47

Sincero esse abraço de agradecimento, Mai. E tenho certeza que muitos se enxergaram quando você falou das mazelas e da busca do seu Eu e etc. Eu me vi e estou com você. Mesmo aqui tão longe. Você já me viu. Eu vi você. Nossas caras já se conhecem e as palavras também.

Um grande beijo, Mai.

Lipe M.T disse... @ 6 de março de 2009 às 13:58

Que bom que voltou...

"Enquanto houver você do outro lado aqui do outro eu consigo me orientar"

(Teatro mágico)

iaiá disse... @ 6 de março de 2009 às 14:51

mai,

ando sumida, mas vc eu preciso ler com calam e atenção, então nem sempre dá...

mas adoro vir aqui, e muitas vezes encontro, como hj, palavras e emoções tão parecidas com as minhas, muito melhor explicadas...é uma delícia essa comunicação e achar alguém que tem algo parecido com a gente tão longe ...atrávés de um clic, uma telinha...

bj

adouro-te disse... @ 6 de março de 2009 às 16:25

Daqui, deste lado do nosso mar, um abraço de água pura e da salgada.
O tamanho e a força desse abraço?
O grande e o muito do mesmo mar.
Beijo.

Mateus Araujo disse... @ 6 de março de 2009 às 16:55
Este comentário foi removido pelo autor.
Mateus Araujo disse... @ 6 de março de 2009 às 16:58

Ah Mai ...
com todas essas nossas responsabilidades acaba sendo difícil parar para os nossos deveres internos,
porém quando encontramos essas pessoas "imáginarias" do mundo real,
esquecemo-nos de que há tanto amor e carinho pairando nesta pequena telinha a nossa frente...

É ...sinto o mesmo,
pois quem sempre está me ajudando a vencer os obstáculos
acabam nem sendo os que estão presentes de corpo em nossas vidas
e sim essas que apenas com palavras
fazem o mundo real sair um pouquinho mais da verdadeira realidade,
que é tão lúgubre e sombria...

Obrigao por existir Mai...
Bjim *_*

Eu disse... @ 6 de março de 2009 às 20:20

Obrigada Mai...por seu carinho em palavras!

Você faz falta nesse mundo virtual/real!

Precisando...sabe onde me encontrar!

Beijos mil e feliz dia das mulheres!

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