Inspirar-Poesia, um segundo sopro

jardins des_ilusão de ótica

Por Sueli Maia (Mai) em 5/29/2009
Jardins dos vazios privados. Vastidões de silêncios aumentaram no volume dos entulhos dos desertos das cidades. Harpas nas ruas e ágoras ilógicas são palco de platéia vazia. Inverto os tons e os sons que poemo à perplexidade. Minh'alma sangra. Meus olhos oclusos são rios dissecados nos veios dos desertos. Na des_ilusão desta ótica, poemo sem voz o que cala em meu coração - o enchume da técnica. Transmuto silêncio em sons harpeados e choro prá dentro. Quantos gestos haveria de caber na estreiteza dos meus versos? Des_tinos da inércia? Evoco a memória de um timo ancestral. Há thymus de Homero queimando em meu peito e traçando os traços das letras que verso. No entulho acromático eu sonho as leiras de flores, um novo destino. Queria fazer dos meus versos jardins da perenidade. Solidão e noite. Mergulho no centro de mim e me assombram as sombras do passado, as sobras e os restos das maquinas no chão do futuro da terra. Ilusão de ótica são pesadelos desérticos de um homem, privado sonhando com os sons e os tons nos jardins.
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Arte: Benedetto Fellin
Música: Andreas Vollenweider
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21 comentários:

Vivian disse... @ 29 de maio de 2009 às 02:22

...quanto conflito embutido
onde existem tantas respostas!

o exercício de olhar-se
é feito aos corajosos
assim como você.

aos outros dá-se o bailar
nos jardins de maya.

bjbj

adoro...

:.tossan® disse... @ 29 de maio de 2009 às 02:59

Belo olhar e sentimento! És pura para fazer poemas, palavras cultas que nem todos entendem, mas não se priva de dar vida naquilo que escreves muito bem! Beijo

PS: Vá lá no Amigos mudei a homenagem a Paula. Não resisti com a beleza do texto.

Elcio Tuiribepi disse... @ 29 de maio de 2009 às 08:39

Oi mai, chorar para dentro é quase silenciar para fora...rsrs...embolei tudo...
"Mergulho no centro de mim"...assim as vezes tenho feito comigo, mergulho...vou descendo...descendo e quando acaba o ar, volto, buscando a superfície, o sol, as nuvens, mas é uma viagem boa e necessária de vez em quando...Um abraço na alma silenciosa...valeuuu

Elcio Tuiribepi disse... @ 29 de maio de 2009 às 08:39

Oi mai, chorar para dentro é quase silenciar para fora...rsrs...embolei tudo...
"Mergulho no centro de mim"...assim as vezes tenho feito comigo, mergulho...vou descendo...descendo e quando acaba o ar, volto, buscando a superfície, o sol, as nuvens, mas é uma viagem boa e necessária de vez em quando...Um abraço na alma silenciosa...valeuuu

FERNANDINHA & POEMAS disse... @ 29 de maio de 2009 às 09:02

QUERIDA MAI, MARAVILHOSA POESIA AMIGA... VOTOS DE UM BOM FIM DE SEMANA... ABRAÇOS DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA

Abraão Vitoriano disse... @ 29 de maio de 2009 às 09:49

"Mergulho no centro de mim, me assombram as sombras do passado, as sobras e os restos das maquinas no chão do futuro da terra."

e olhar
é por natureza construir
nem que seja no escuro
no murmúro
na bela incerteza que é viver...

"eu me vejo em ti
e isso é tão bom"

Mai,
dentro de mim há interrogações pulsantes, um coração clichê, e muito suor pra ser derramado por amor...(é o que vejo).

milhões de beijos,
carinho...

lula eurico disse... @ 29 de maio de 2009 às 10:02

Andamos numa sintonia surpreendente. Vir aqui é como repassar páginas de um álbum pós-moderno, em que as idéias se fundem com as imagens de um tempo cheio de perplexidades, ao mesmo tempo em que revisitas o que há de remoto aqui e agora.
Belíssima (re)leitura.
Belíssimo texto.

Abraço fraterno.

T@CITO/XANADU disse... @ 29 de maio de 2009 às 10:53

Será que por termos a voz,
nos é possibilitada a fala?
Ou é preciso articular palavras
-como gestos- para que a intenção do fato se faça idéia?
Parabéns.
Tácito.

al disse... @ 29 de maio de 2009 às 16:08

adorei o texto e a pintura :) *

Cris Animal disse... @ 29 de maio de 2009 às 17:31

Mai, quanta força, quantos gritos silenciosos, quanta quietude que explode....
Quem nunca viveu um momento assim?

Lindo texto, apesar de ser sofrido.

Um beijo pra vc e um final de semana leve....rs....cheio de paz e luz!

al disse... @ 29 de maio de 2009 às 21:30

carrega na frase 'what is that' para veres a curta-metragem :P *

Andre Martin disse... @ 29 de maio de 2009 às 22:05

Ja disse que adoro os ritmos de seus textos?

De certo não é coisa de véio!

O enchume tem a ver com "por chumaço em" ou com alguma alegoria com alergia de plural de abelhas?

Vasos privadas de jasmins! Já isto sim, é uma alusão idiótica!!

Adorei você se tornar co-mentária assídua nos meus raros posts! Obrigado!

Sandra Costa disse... @ 29 de maio de 2009 às 22:53

as pessoas elogiaram tanto o texto...
não que ele esteja ruim. esteticamente ou morfologicamente, ou semanticamente ruim.
ruim está o que está por trás dele, sabe.
porque eu sei bem o que é o vazio. e por possuir-me dele, por tanto tempo, já o entendo em qualquer forma. poeticamente ou fisicamente.
sim, platéia vazia. as pessoas assistem à nossa dor, como assistimos à novela das 8.
as nossas dores entram por um ouvido e saem pelo outro, não ameaçam a tranquilidade da platéia.
'minh'alma sangra'
como eu te entendo, Mai...
mas você é forte e se resgata. você sabe que eu creio nisso.

juro que não compreendi o final do texto. mas, seja lá o que for, fica bem.

Erica de Paula disse... @ 29 de maio de 2009 às 23:41

Mai...

não sei nem explicar, a cada vez que venho aqui, parto ainda mais encantada com suas palavras!

Lindo texto amiga!!

Bjos e carinho!

Lú Naíma. disse... @ 30 de maio de 2009 às 13:09

"Quantos gestos haveria de caber na estreiteza dos meus versos?"

É verdade.
Quantos gestos caberiam na estreiteza de um verso....
Milhares.
A palavra tem o poder de simbolizar mais do que um gesto, uma vontade, um sentimento.
Mesmo aquelas que não se encontram lá, mesmo aquelas que permanecem escondidas entre as entrelinhas das quadras...
Para mim, os poemas são campos de batalhas cuidadosamente ornamentados com metáforas, paradoxos e comparações...
São o reflexo do estado de espírito daquele que os escrevem.



Gostei do post, está lindo :)
um beijo

Márcio Vandré disse... @ 30 de maio de 2009 às 13:18

Nunca cheguei a ver de perto uma harpa.
Mas sei que é um dos sons que chegam mais próximos do que podemos chamar de paraíso.
A musicalidade é saber tocar o coração com pequenos acordes ou uma breve canção.

Não sei se isso tem a ver com o post. Mas foi o que me veio à mente.
:)

Está muito bem escrito!
Parabéns!
Um beijo!

Paulo disse... @ 30 de maio de 2009 às 15:55

Olá,

Se pudesse lhe mandava um campo florido com Girassóis

Carinho, Mai!


!!!...

Lú Naíma. disse... @ 30 de maio de 2009 às 17:21

Não, não nos perderemos mais ! :)
Partilho da tua alegria.

O meu irmão?
Está muito bem ! Ele é que sabe viver bem a vida...anda por aí, lançado pelo mundo...!


Beijinho grande em ti**

Luis Eustáquio Soares disse... @ 30 de maio de 2009 às 17:51

ilusão de ótica, sonho dentro de sonho, com sobras de sombras, que assombram, e eis que o poema em prosa emerge, de sua superfície, a memórias de silêncios, nas ágoras ilógicas, de pensar com os tatos, e amar com acromáticos acrobáticos saltos nos jardins do homem.
belo texto, poeta,
beijos
luis de la mancha

grota pálida disse... @ 30 de maio de 2009 às 20:41

Mai,

Tinha prometido não vir hoje a este computador. Fiz um churrasquinho, tomei cerveja sem alcool, vi os passaros do meu jardim, brinquei com os meus filhos. Tratei dos cachorros dos gatos e dos peixes, mas, pressenti seu canto, e vim ler-te.
Adorei o texto e a maneira como passeia pela imagem. A qualidade das palavras...
Fico sempre intrigado com o público ávido que te lê. E com as interpretações animadas extraídas do texto imediatamente após a publicação.
Você é mesmo uma sereia, e o seu canto atraí quase que instantaneamente. Não há nada de banal no que escreve, ao contrario, são textos audaciosos e desafiadores. O que deveria te tornar mais hermética e menos popular.
O casamento das imagens com os textos, sempre rápidos e pequenos, trazem algo de pós-modernidade, mesmo a alguns conteúdos que impõem um freio ao leitor e sombreiam um pouco aos significados.
Fico imaginando um livro seu, que deliciosa leitura seria, e como eu teria que ser rápido para conseguir um exemplar, antes que seus outros amigos egotassem a edição.
Olha, não tem um tanto que eu corra para lê-la, que me coloque entre os três primeiros colocados! rs

Sucesso de público e de crítica. Acho que o nome disso é: talento!

Beijos,

Domingos

Andre Martin disse... @ 31 de maio de 2009 às 12:57

Mai:

Ora, mais esta!!! Agora não são apenas duas letras ( "C" e "F" ), você introduziu mais uma ( "_" ) !!!

Ok, acato seu desacato. Pode _ALAR (novo verbo!!) à vontade, para não se _ALARmar, ta?

Por falar em neulogismo, seu verbo POEMAR foi ótimo. Nunca tinha ouvido EU POEMO antes... Esqueci de mencionar isto no meu comentário anterior... PÕEMOedas de créditos na sua conta, ok?


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