Inspirar-Poesia, um segundo sopro

férias e cafés.br

Por Sueli Maia (Mai) em 7/08/2009
Grãos quebrando em peneira e o fim da tarde tinha aroma de café aos lentos goles na cozinha. Ela aquecia na xícara, as mãos. E enquanto o bule renovava o sabor, seus olhos fixos à parede viam filmes de férias postadas. Sabores que ficam na língua com imagens a reprisar a gritaria das crianças, lutando no banco traseiro do carro. E não há quem não afirme que família é sagrada, que filhos são fortuna, mesmo quando fazem algazarra e que tesouro de verdade é saber lidar com o tempo sem que o tempo tenha o gosto de um café sem açucar na memória da língua. Vida é brindar o tempo com ternura e paz. Porque há tempo de viver em paz mesmo no agitar desses tempos modernos. Era julho de um ano qualquer porque julhos são iguais com manhãs bocejando mais tarde no País das férias escolares com roteiros de viagem da família. Crianças revisadas na partida e o carro saindo na hora que, cedo, a preguiça se estica em verde, com orvalho levitando amarelo rumo ao sol. Ela às voltas com malas e as crianças cantando, nas estradas de cafés pelos Brasís. E a questão era a bússola ajustar e decidir os roteiros ao norte com verões da Amazônia, por chuvas no calor do nordeste, ou poriam as botas no alagado centro oeste? Usar agasalhos no frio sudeste, ou ver neve nas serras, ao sul do País? Brindar ao tempo é se aquecer na ternura das xícaras e, em goles, beber os cafés da memória.
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Arte Naif : Cardosinho
Música: Quem saberia perder, Aqui é o meu País - Ivan Lins

14 comentários:

Márcio Ahimsa disse... @ 8 de julho de 2009 às 09:58

...brindar ao tempo é sentir a textura de hoje refletida na memória de ontem, e tocar um perfume novo de amanhã...

Beijos, querida.

Fique bem.

Márcio Vandré disse... @ 8 de julho de 2009 às 11:19

Sun Tzu, em seu magistral livro "A Arte da Guerra", prenuncia que a guerra tem cinco fatores fundamentais. São eles: A Influência Moral, o TEMPO, o terreno, o comando e a disciplina.
Sobre o tempo ele diz que as tropas devem saber se portar diante de um inverno ou mesmo um dia muito quente.
Essa interpretação pode ser trazida à vida.
Quando o tempo for de corações gelados e partidos, uma brisa quente e acalentadora pode ser suficiente para se desprender, no ar.

Belo texto, Mai!
Um beijo!

T@CITO/XANADU disse... @ 8 de julho de 2009 às 12:13

Certa vez,
diluí lágrimas
num copo cheio de café
fui abençoado por um rio
assoviando silêncios...
Parabéns!
Tácito

Anônimo disse... @ 8 de julho de 2009 às 14:28

Fui me vendo em cada letrinha... sei lá porque... :))
Vontade de pegar as malas e fazer estrada de novo...

Beijo grande!

DBorges disse... @ 8 de julho de 2009 às 15:27

"tesouro de verdade é saber lidar com o tempo sem que o tempo tenha o gosto de um café sem açucar na memória da língua."

Isso é o que eu diria: sentir a verdade das coisas, em sua essência. Foi um prazer passar aqui hoje e saber de você.
Texto incrível, Mai.
Beijo enorme!

Paula Barros disse... @ 8 de julho de 2009 às 16:41

Falou em férias e meu coração logo faz bum-bum-bum....e que bom que estou na contagem regressiva para entrar de férias, ir a um lugar que adoro, e com certeza farei tudo para conhecê-la.

Me encantou esse final:
"Brindar ao tempo é se aquecer na ternura das xícaras e, em goles, beber os cafés da memória"

beijo

MARTHA THORMAN VON MADERS disse... @ 8 de julho de 2009 às 18:07

...O tempo, este, capaz de tudo até de afastar dores profundas.
Estou encantado com seu blog, está diferente mais bonito.
Beijos .

Anônimo disse... @ 8 de julho de 2009 às 18:49

nuuus fazia tempo que eu nao passava por aqui..
nem preciso te dizer que eu adoooro seus textos!

beijo

Paulo disse... @ 8 de julho de 2009 às 19:06

Fez-me lembrar de férias que também passei, saudades da simplicidade de ontem

Monday disse... @ 8 de julho de 2009 às 22:46

Maizita querida do meu coração! Eu sei que não pensaste que te abandonei, apenas me ausentei por uns tempos ...

julho não terá férias com as meninas neste 09, mas houve os feriados e pudemos voltar a ser família e dormir juntos nas noites frias de Campos do Jordão ...

tudo bem, ganhei mais cinco filhos nesta viagem, mas a presença das duas oficiais é sempre uma brisa fresca no meio de qualquer tumulto que seja ...

eu não costumo saborear cafés, mas contigo, com certeza me sentaria à mesa para um, com longas histórias até a tarde virar noite ...

e, se a voz aguentar, por que não entrar pela noite madrugada?

Átila Siqueira. disse... @ 9 de julho de 2009 às 01:21

Adorei o texto, muito bom toda essa alusão ao café, as manhãs, ao mês de férias em família, e a todas essas coisas agradáveis que fazem a vida valer a pena.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.

Solange Maia disse... @ 9 de julho de 2009 às 12:23

Mai querida,

Você escreveu desse café, dessas memórias e dessas férias tão suas, tão minhas, tão nossas...

Cheirou aqui em casa, e esquentou não só minhas mãos como também minha alma...

Lindo demais...

Beijo grande e muito carinhoso,

Solange

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

Erica de Paula disse... @ 9 de julho de 2009 às 12:31

Mas que texto gostoso e lindo!

*Por conta do trabalho, ando meio sumida, cansada...

Mas adoro ler vc !

Carinho MAI!

Éverton Vidal disse... @ 9 de julho de 2009 às 16:59

May,

Escrevi um poema tempos atrás que falava sobre Café. “Café tem cheiro de familia à mesa posta”. Lembrei assim que comecei a ler o seu texto. E essa frase é perfecta “Vida é brindar o tempo com ternura e paz”. Sim, isso é vida.

Seu texto passa isso pra gente.
E adoro Art Naif.

Inté!

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