tecnológicas
Por Sueli Maia (Mai) em 12/04/2010.
O amor é essa luta interminável
onde a idéia de bastante
é bastante inoportuna nesta época
O fogo apressa o tempo e ciclicamente o tempo se vê, não nos relógios digitais, nos movimentos e momentos onde as fomes e sedes se esbarram e ninguém se entende em seu querer. Mas entre o cru e o cozido, Juan continuava a comer as suas saladas franzinas, Michel preferia marinar todas as carnes; e avinagrados - João e Maria, continuavam engolindo os congelados e seus malabarismos. Dissabores se descartam onde se compra sabor, e mesmo exaustos de tanta fome e desencontro, Hélio e Júlia, Bruno e Bia trocaram torpedos e se encontrarão depois do shopping, no churrasco, onde todos se olham, se esnobam e confraternizam.
46 comentários:
entre fomes e diversidades, quereres díspares e singularidades, a nau da vida segue o seu curso
cheiro
Cada um com sua fome e sede, sabor e dissabor, e o tempo somando mais desencontros do que encontros, numa luta interminável...pelo encontro...ou pelo amor?
CARINHOSSSS
MAI querida!
É! Tem gente que consegue se confraternizar. Numa época onde é tudo tão estranho.
Texto fenomenal, como você!
Beijos
Mirze
Mai, um belo texto para reflexão, em um blog Avassalador. Belissimo.O meu blog, é muito simplório, mas vou ousar lhe convidar a visitá-lo, e se possivel seguirmos juntos por eles. Estarei grato esperando por vc, lá
abraços de verdade
O tempo..... tbm tenho pensado nisso...rsrsrs. Ele existe mesmo?Se ele existir, ele se vê nos nossos olhos e corações. Porque de tudo que é vivo, só nós, humanos damos valor a ele.
Mai.... gosto tanto dos teus pensamentos!
Há vazios a serem preenchidos,
que não estão nas vísceras, mas são viscerais.
Estou buscando o fogo desse amor, desse amor humano. Mas, o princípio da chama é queimar...
E a dor do fogo nos afasta do amor verdadeiro.
Que a chama celtíbera do Amor acenda tua alma nessa época difícl de renovação de ciclos.
Abraço mais-do-que-fra/terno!
Eu tenho sede e fome
do cozido e guizado,
aquele mamão verde
que era refogo.
Eu tenho utopia
de coisa antiga,
ainda vejo guardada
num envelope
aquela carta amarela,
ainda vejo na janela
o ranger dos dias,
o quintal sem cercado,
a velha amendoeira
que um dia encontrei,
pequena, espremida
entre a fresta de uma
calçada de paralelepípedo.
Depois foi estrada e chão,
e edifícios, e agito,
e multidão,
e me ver sozinho,
uma face no abismo
de concreto e lida.
São tecnológicas as histórias que não ouço mais...
Beijo Mai, querida, belo post.
Adoro.
São tantas fomes e sedes, são tantos olhares negados, punhos cerrados, abraços mal dados...são tantos vazios, tantas correrias, tantas conversas não ouvidas...
E eu estou no time dos abusados, dos fechados, dos insuportáveis...sem torpedo, sem encontros...ou na superficie...
beijo
tempos e sabores .
otimo .
Muitooooo bem escrito. Uma leitura prazerosa do mundo que nos pertence!
Beijos
minha mãe dizia - fome, a melhor cozinheira... mas ela sabia das outras fomes, só não falava...
o tempo? ah, o tempo vupt!
besos
várias interpretações encontro neste teu texto,mas fico-me pela dualidade entre o que queremos e o que fazemos como o fazemos ou repartimos, nesse tempo que passa e vivemos sem viver
beijinhos
Coisa mais linda, minha querida Mai!
Seus escritos trazem o selo(inconfundível) de qualidade.
A vida, sempre envolvida em dualismos: aqui, sabor e dissabor...
Grata, amiga, pelo belo momento que me proporcionou.
Beijos
é... a gente fica aqui pensando : confraternizar o quê ?
encontros desencontrados...
belo texto, como sempre !
beijo
Eu me lembrei da Quadrilha do Drummond. O seu texto prece uma Quadrilha existencialista pós-moderna,onde sob a fome e a sede superexcitadas se encontra a náusea de um vazio impossível de preencher, e inseparável de uma inapetência diante do excesso de ofertas, de sabores. Por que tecnológicas? Por que fala do desejo automatizado em rituais formais, em anti-banquetes de exclusão afetiva, em ambientes para pré-formatar comportamentos? O ingerir, o comer tem tanto sentido simbólico, sobretudo o de conectar o interno e o externo, justamente aquele em que, apressados e desencontrados, costumamos falhar: não conseguimos comunicar nossos íntimos porque usamos a mediação mistificadora de códigos supérfluos que não podem ser digeridos, como se comêssemos pedras, qual Cronos.
Esse clima de solidão, de assepsia, de desencontro não tem uma antítese no papel simbólico da comida no filme A Festa de Babette? Outro tempo, outra dimensão, outro contato numa era não tecnológica...
Muito fecundo esse texto.
Abraço.
vim te conhecer...
coisa fina sua voz!
e comer é perder tempo neste mundo de hábitos saudáveis, recomendados como ser livre e magro a todo custo... o verde, o molho, a mostarda e nada de amor no prato
um beijo, do seu homem-menino
fique com Jesus!
saudades*
Ficou bem a canção.
Eleanor Rigby.
Ela somos todos nós.
Abraçamigo e fraterno.
Às vezes a tecnologia me dá uma tecnofobia. Gostei muito de todas as personagens das suas linhas. Ótimo domingo.
razão tem borges ao dizer que o tempo somos nós. nós e os nós com que nos atamos (e raramente desatamos).
um beijinho sem corda (mas alguns nós :))
gosto muito de teus escritos. assim despretensiosos. e que dizem justamente no não-dizer.
tem concurso de narrativas curtas rolando lá no um-sentir. confere e participa que tens potencial :)
ítalo.
Olá Mai,
Nossa eu perdi todas estas postagens, mas então .. o fogo acelera mesmo o tempo, acelera as percepções, unem as pessoas em seus dissabores ao frio, desconhecido.
Abraços
...tão antigo quanto nós
chega a se perder no tempo
o ato da chama o fogo
o cozimento a aproximação
o alimento o aconchego...
é um chamamento...
bj
Que nos desencontros dos olhos, os abraços ainda se cruzem na próxima esquina.
Beijo nessa alma bela.
De facto, Mai.
É na compra dos sabores que todo o mundo se desforra dos dissabores, mas o que dói mais é as pessoas se olharem sem se verem, trocarem torpedos como se fosse a coisa mais natural do mundo, onde se compram os sabores é onde se confraterniza a única coisa que pelos vistos vale a pena para bem ver passar o tempo: esnobar todos e cada um, da maneira mais canalha possível...
São os sinais dos tempos..., como muito bem lhe chamaste: - tecnológicas...
Beijo meu, Mai.
Esqueci de falar da música que inspira:
- perfeita no enquadramento do teu post!
letra e música e gente, tudo belo e de um tempo em que a técnologia ainda era bébé, relativamente aos tempos que correm...
E la nave va... Sabores e dissabores se entrelaçam e os encontros facilmente assinalam desencontros. Um texto pródigo em sentidos que em poucas linhas dá uma visão de mundo completa. Coisa de mestre, Mai.
Beijo.
Disseste poeticamente uma triste verdade. Abraços!
Algumas aparências precisam ser mantidas.
Beijo, querida.
Senti um gosto bom de algum curta europeu, francês eu diria, daqueles lindos, sem final... A vida é mesmo assim, minha cara: tantos personagens, mas nem sempre seus enredos se entrecruzando... Muito bom, como sempre! Abração!
ao mesmo tempo simples, profundo, verdadeiro; cheio de imagens e significados. cada vez melhor, Mai. beijo procê.
Mais uma vez temos o prazer de convidar os nossos amigos para participar de nosso Concurso Literário. Nosso maior objetivo é a interação e levá-los a se inspirar e a expressar através das palavras o que o momento despertar em seu coração. Então em nome do Amor e da Caridade, estamos lançando o nosso: 2º Concurso Literário – Tema: Então é Natal...
Contamos com a sua presença!
Um abraço carinhoso
O espaço à individualidade está alcançando o seu máximo potencial.
Cadê a feijoada que nos une?
Bejo!
"lógica" de glutões.
Um primor, Mai!
Beijos
e o mundo sempre foi assim e vai continuar sendo.
ainda bem que tem a música, que acalma os nervos!!!
beijo!
Minha querida
O estar e o ser...a vida e as aparências.
Um texto muito reflexivo.
deixo um beijinho
onhadora
Estranho como vivemos em grupo mas a VIDA de cada qual segue alheia...
Uma postagem bastante inquietante.
A fome nem é de carne e nem de salada sei lá é de algo que ninguém vê e nem entende, assim como eu. Belo texto! Beijo
Nada é o bastante para os viventes de hoje em dia...
Mai Querida,
Passe lá em casa, no "Vou te contar..." que tem um presentinho pra você ;-)
Beijo na alma!
É uma fome de sentimentos... Vamos engolindo bem mais que comida, vamos devorando os sentimentos alheios!
Bjkss e já te sigo!
tanta diversidade
uns olhares e outros...tudo poesia, não deixando as banalidades de lado, as falsidades e as indiferenças...beijos!
Gostos & desgostos...
Pão e circo é o que faz a roda girar.
Adoro seus textos, querida!
bjs
Mai,
Muito bom!! Gosto de te ler e fico muitas vezes em silêncio contemplando o que tu escreves.
Beijos
Mai,
...e ninguém se entende em seu querer. E o tempo passa com pressa deixando-nos cada tão estranhos,tão robotizados!
Um belo texto!
Um abraço, Marluce
"Será que tenho um coração?"
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