Inspirar-Poesia, um segundo sopro

quarteirão das horas do cheiro

Por Sueli Maia (Mai) em 10/01/2009
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Entra menino, sai da chuva. E a terra molhada é cheirosa. Brincadeira na chuva e o sujo escorre com suor e suor de criança tem um cheiro que é azedinho. Cheiro prá lembrar do cachorro que se gosta. Mas o pelo molhado tem cheiro que faz torcer o nariz. Águas de cheiro no corpo e cabelo. Desalinho é lembrar que cabelo molhado tem cheiro. Cheiro do linho na roupa lavada e engomada. Pipoca de longe e de lá vem o cheiro da moça que não volta e que ainda se espera. Cheiro de esperar pai e mãe chegar prá só então tomar café. Café de toda hora na torrefação da rua de trás. Quarteirão onde, sem relógios, as horas se sabe pelo cheiro no ar. Ar com aroma de flores que cedo ou tarde exalam seu cheiro. Meninos e meninas a mascar chicletes e a guardar figurinhas perfumadas nas mãos e mãos tem cheiro de tudo que se pega sem lavar. Cheiros de bem respirar e em todas as horas, na rua de cima, o nome do cheiro era pão. Lá vem grito: - menino vai comprar o pão. Horas de pão quentinho. Olhos de menino com vontade e a memória é a manteiga derretendo no miolo do pão. Pão quentinho. Olfato ordenando a boca que umedece a língua. Memória atemporal e essas horas tem cheiros de lembrar ou de esquecer. Quarteirão das horas do cheiro que aqui se há de lembrar.
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Música: Vanessa da Mata - A carta

38 comentários:

Dauri Batisti disse... @ 1 de outubro de 2009 às 22:30

Dizem que de todos os cheiros o que mais mobiliza o ser humano é o cheiro de pão.

Beijo.

Macaires disse... @ 1 de outubro de 2009 às 23:27

Os cheiros são capazes de despertar as mais ocultas lembranças, lembrar pessoas, lugares, sentimentos. Os cheiros são presenças marcantes em nossas vidas, umas, as quais fazemos questão de recordar, outras, esquecer! O que seria de nós se não pudéssemos sentir os diversos aromas existentes e curtir cada momento que eles nos trazem?

Oi querida, estou de volta! Apesar de não ter me ausentado totalmente, é bom saber que fiz falta!
Beijo imenso, Mai!

Lara Amaral disse... @ 1 de outubro de 2009 às 23:38

Adoro o cheiro da pipoca doce de pipoqueiro! =) Mas os cheiros aqui vão muito além na inspiração.
Beijos.

:.tossan® disse... @ 1 de outubro de 2009 às 23:47

Eu gosto do cheiro da chuva! Cheiro dos biscoitos de povilho Praiano da minha cidade e gosto de te ler. Beijo

Mário Lopes disse... @ 1 de outubro de 2009 às 23:51

O cheiro nasceu da necessidade do homem percorrer os caminhos da pele de olhos fechados. Rente à sua sombra-o único modo de a percorrer-eles tornam-se inúteis, porque os rios que ardem nela nasceram do oiro que ela recolheu dos seus olhos, antes de eles fecharem. É quando ele lhe diz que assim "vê melhor as estrelas que caiem do seu sorriso". Antes de chegar à fonte para onde confluem todas as águas, todos os cheiros.


Mai, os cheiros do seu maravilhoso texto fizeram-me divagar. Tenho uma recordação da adolescência de pele molhada pela chuva que nunca me abandonou. Sem querer, levou-me a ela, de olhos fechados. É para ver a força da sua ARTE!
Abraço.

Bia disse... @ 2 de outubro de 2009 às 00:16

Cheiros....cada um me remete à algum momento ou pessoas especiais...

Que delícia que são os cheiros!

Uma linda sexta-feira cheirosa para você!

Beijos com amor!

Biazinha

Paulo disse... @ 2 de outubro de 2009 às 00:17

Olá Mai!

Quarteirão inspirador, que faz voar a imaginação!
Lembranças, Espera-anças, Desejos...

Sempre acrescentas algo.

Beijos, Preciosa amiga!

byTONHO disse... @ 2 de outubro de 2009 às 00:43

Ah! Que cheiro bom veio daí!

Adoro cheiro de terra molhada...lavada.

Beijos cheirosos!

Jacinta Dantas disse... @ 2 de outubro de 2009 às 07:16

Oi Mai,
no seu texto vejo cheiros do cheiro do que há em mim na criança que um dia fui. Chuva-menina-e busca pelo pão.
Um beijo

Anônimo disse... @ 2 de outubro de 2009 às 08:03

Cheiro, toque, cor... tanta coisa com gosto de infância, de acasos, de despreocupações.

Senti-me palpável, erguido de minhas lembranças, nesse texto. Bateu nostalgia, bateu alegria, bateu sorriso. Adorei.

Tem um presente para ti no Palácio, hj, caríssima. Espero que goste.

Ilaine disse... @ 2 de outubro de 2009 às 08:56

Quero sentir o cheiro das flores de laranjeiras...

Beijo

Passageira disse... @ 2 de outubro de 2009 às 09:05

"as horas se sabem pelo cheiro do ar" Isso, além de poético é tão verdadeiro! Às vezes a gente até confunde as horas com as lembranças. Mas o cheiro do ar é sempre um excelente combustivel!
Assim como excelente é seu teto, menina. Não me canso do espanto que eles me causam!
Beijocas

Betho Sides disse... @ 2 de outubro de 2009 às 10:57

Que tal participar do Evento 1º Encontro Nacional de Blogueiros ou do concurso...
+ ionformações:
http://bethosides.blogspot.com/
Forte abraço
Betho

Elcio Tuiribepi disse... @ 2 de outubro de 2009 às 12:09

Oi Mai, então digo que seu lado é falar dos cotidianos do nosso lado interno que se faz externo através do olfato escravo que se rende aos perfumes vindos das padarias e das águas de chuva, além aquele suor de menino vindo daquela pelada em dias de temporal onde o cabelo é coberto por um xampoo de lama, minha mãe adorava quando chegávamos assim, o tenis ficava marrom, a roupa era um teste para as antigas lavadeiras...lembra disso? Ou na sua época já usavam máquina de lavar...rsrs...acho que ela não aguentaria tanta lama..rsrs
Brincar de bafo com as figurinhas, passar cuspe na mão para virá-las com mais facilidade...bom , uma coisa concordo, meu lado é o interno, seja qual for, ele mora aqui dentro da minha alma...
Show e bola o texto...to sentindo um cheirinho de café torrado, mas a hora é de almoço...fui...um abraço na alma...menino vai buscar o pão!! To indo mãe...calma...rsrsrs...bjo

Vivian disse... @ 2 de outubro de 2009 às 13:05

...eu gosto é de cheiro de mãe.

sabe aquele cheiro de colo
quentinho onde deitamos nossos
medos, e ela com sua mão de anjo
mete seus dedos em nossos
cabelos desgrenhados, e
assim sentimos o céu?

é deste cheiro que eu gosto
agora de me lembrar...

e gosto de tí...
ah como gosto!!!

beijo imenso...

Ricardo Valente disse... @ 2 de outubro de 2009 às 13:22

exaltação do cheiro... muito legal... quem não tem suas lembranças?
saudades olfativas...

Cadinho RoCo disse... @ 2 de outubro de 2009 às 15:37

Tenho singular afeição pelo cheiro feminino.
Cadinho RoCo

Paula Barros disse... @ 2 de outubro de 2009 às 15:48

Cheiros...desperta sentido, aguça desejos, vontades, lembranças.

Você conseguiu colocar tantos cheiros em seus textos, que me transportou a vários momentos da vida, e deu água na boca.

E nem sei de devo dizer aqui, que você é muito cheirosa. rsrsr

abraços e cheiros.

Lembrei do cheiro do banho, cheiro do chocolate quente, cheiro do pão com carne, cheiro de mato ao som do bem-te-vi....viu que cheiros traz lembranças?

Laura disse... @ 2 de outubro de 2009 às 17:15

Olá, obrigada pelo carinho no blogue do osvaldo...
Pão com manteiga, quentinho, sim, sim, tão bom aquele cheirinho do tempo que já não retorna...Um abraço d alaura

Wania disse... @ 2 de outubro de 2009 às 19:04

Eu acho fascinante como podemos despertar a nossa memória com os cheiros! Às vezes, voltamos anos e anos no tempo só por um simples aroma que sentimos no ar...
Gosto do cheiro de terra molhada, do cheiro de bolo quentinho, do cheiro de cabelo lavado...tantos que ficaria horas lembrando!

Mai, belo texto!
Me deixaste com um cheirinho de quero-mais!!!

Um final de semana muito cheiroso pra ti,
Bjs

Unknown disse... @ 2 de outubro de 2009 às 19:21

Os cheiros são poderosos em todos os sentidos!

Texto maravilhoso com memórias de infância e terra molhada!

Lindo, Mai!

Beijos

Mirse

Erica de Paula disse... @ 3 de outubro de 2009 às 09:23

Ah, os cheiros hipnotizam, inspiram...

Adoro!

Belo texto Mai, bjos em seu coração :)

Jacinta Dantas disse... @ 3 de outubro de 2009 às 09:37

Com a beleza dos cheiros, deixo um selinho para vc lá no meu florescer.
Um abraço

Anônimo disse... @ 3 de outubro de 2009 às 10:46

há quem confunda o cheiro de café torrado com amendoim queimado.
fazer o quê?
bj poeta

Márcio Vandré disse... @ 3 de outubro de 2009 às 13:15

Era verão aqui no ceará. As chuvas permeavam toda a temporada. E eu na janela esperava o céu enegrecer com a ameaça das gotas caírem.
Logo descia, me molhava. E na inocência mais pura, lavava a alma.

Doce tempo de criança, que infelizmente não volta.

Um beijo, Mai!!

Valdemir Reis disse... @ 3 de outubro de 2009 às 23:10

Olá Mai.

Volto aqui para matar a saudade. Sempre que o tempo permite aproveito para visitar e me atualizar. Confesso que estou ausente face às atividades, mas como diz o poeta; “amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, assim falava a canção...” Aproveito para compartilhar o poema a seguir;
"Viva a Vida"...
“Por que Viver é Exalar Pura Energia!
É Devolver Sorrisos.
É Acreditar que o Bem Sempre Vence o Mal.
É Conquistar Amigos.
É Ser Sempre Leal e Fiel.
É Transformar a Dor em Alegria.
É Ter Amor no Coração.
É Correr Atrás dos Sonhos, da Inspiração, e dos Projetos
Buscando Sempre o Entendimento das Coisas.
Viver é Ser Sempre da Paz.
É Orar em Agradecimento pelas Dádivas Recebidas.
É Buscar o que Te Faz Bem, e aos Outros Também.
Viver é Lembrar que o Sorriso é o Idioma Universal.
É Lembrar que o Final não Existe.
É Saber que Tudo é um Eterno Recomeço.
E Ver a Vida Sempre com o Amor no Coração.” A. d.
Votos de um ótimo fim de semana. Muita paz, saúde e proteção. Brilhe sempre! Fique com Deus. Sucesso...

Valdemir Reis

Adriana Riess Karnal disse... @ 4 de outubro de 2009 às 01:16

realemten, é impressionante como os sentidos evocam memórias...para mim o cheiro do iogurtem, o pastel quentinho, o ovo cozido lembram o jardim de infância...a q delícia...adorei o texto

_Sentido!... disse... @ 4 de outubro de 2009 às 10:54

Eu gosto do cheiro da terra molhada da chuva,
e do cheiro que a saudade me trás em letras de gente que tanta falta me faz,
também o do café que não dispenso e adoro em companhia amada,
e o do pão que se partilha em momentos de cumplicidade bem sentida,
Gosto do cheiro da relva orvalhada na madrugada,
e sinto ainda, com tanta saudade, o cheiro do meu cachorro na minha almofada!

Pronto, está bem, eu sei, estou divagando. É você que me faz isso, com os seus textos que me desatam os dedos e os sentires.

Adoro ler-te Mai!
Beijo, amiga!

Unknown disse... @ 4 de outubro de 2009 às 11:03

O olfato..visao..paladar tato...é coisas maravilhosas que deus nos deu....

os cheiros sao peças fundamentais para distinção de perfumes....

um otimo domingo...volterei sempre...

l. rafael nolli disse... @ 4 de outubro de 2009 às 16:02

Vários cheiros me levam de volta a minha infância: pão quentinho com manteiga, cheiro de chuva... Muito bom esse texto, me fez refletir sobre muitas coisas. Abraços.

Nine disse... @ 4 de outubro de 2009 às 16:35

Cheiro de chuva me dá vontade de voltar no tempo...

Amei o texto...

Rafael Sperling disse... @ 4 de outubro de 2009 às 17:50

Muito bom, Mai! Sempre muito bonitos os seu textos!
bjs

Luna disse... @ 4 de outubro de 2009 às 18:21

Quem não adora o cheirinho de pão quente e faz a mente percorrer a gaveta tirar a faca e barra-lo com manteiga, mesmo antes de o saborear já esse desejo esta consumado no cérebro, é engraçado, mas sabes que são a esses pequenos instantes de prazer que eu chamo felicidade, até pode parecer bobo mas tento juntar muitos pequenos momentos para sentir a leveza neste pesado mundo.
beijinhos

lula eurico disse... @ 4 de outubro de 2009 às 23:24

Um cheiro bem pernambucano pra ti.
Te quero muito bem!

Osvaldo disse... @ 5 de outubro de 2009 às 04:08

Mai;

Hoje não comento, apenas te conto uma pequema estória de cheiro;

Quando cheguei ao Brasil ainda criança, o meu pai tinha uma casa na rua Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro (onde hoje foi contruido o Sambodromo)... A cem metros da nossa casa tinha (e tem) a fábrica de cerveja Brahma e todas as noites o cheiro da cevada inundava o bairro. Foram vinte anos inalando esse divino perfume. Hoje quando viajo por esta Velha Europa e passo perto de uma fábrica de cerveja, paro uns instantes, fecho os olhos e me transporto para essa linda rua e divinos cheiros da minha infância.

bjs, Mai.
Osvaldo

Laura disse... @ 5 de outubro de 2009 às 05:05

Pois, mai, eu só retive o cheiro d aminha terra amada, terra onde não nasci, mas, de pequenina vivi...Luanda, assim, me levo para lá através do cheiro da terra vermelha, do café que pretas torravam no mercado, nas casas, na ginguba, ah, belos e deliciosos cheiros d minha infância...Beijinhos a vc..laura

Everson Russo disse... @ 5 de outubro de 2009 às 10:22

Nossa que delicia, que cheiro de interior, daquelas cidadezinhas pequenas e aconchegantes....beijos e uma linda semana pra ti...

Anônimo disse... @ 30 de outubro de 2009 às 13:22

Passaram tantos cheiros pelas minhas lembranças...
Cheiros têm imagens!
Que bom ler algo sobre eles, este sentido que não apenas "lê", mas que "carimba" as sensações.

Tua poesia tem cheiro de folha de papel que sonha ser livro!

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