Inspirar-Poesia, um segundo sopro

periféricos na andaluzia

Por Sueli Maia (Mai) em 11/12/2009
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Impulsos oníricos a lhe perturbar e os feixes de luz que saiam dos olhos encandeavam os seus. Não era humano aquilo, mas como suava aquela cristã! Mouros. Ou seriam lobos da andaluzia? Noturnos assaltos que de tão surreal confundiam os sentidos. Mordiscava de medo os lábios, mas aquela invasão mourisca, era tudo de bom. E entregue se perdia. Restava inerte de tanto querer e nem queria acordar ou gritar por socorro. Corria nas ruas da Andaluzia e aquilo era tudo um sonho mas haviam lobos e os mouros a invadir a janela. Selvagens aromas lembrando Servilha. E tudo servia e suava, mas não havera de correr naquela noite. E tudo estava tão bom que fingia dormir com um olho aberto mas queria bem mais. Ao longe os sons da percussão encobriam seus uis. Granada. Guitarra flamenca e as platinelas arábicas davam o toque andaluz. Breu. Tudo ali era tatil e os cheiros da noite aguçavam os sentidos. Cravo, canela, baunilha, ou seria Channel? Intuição. Aquilo tudo era a pele e a seda da flor. E na fruição de quereres, seus uis reforçavam aquela selvageria mourisca. Arisca era aquela mulher que da periferia se arriscava a colear sob os lençóis. Silêncio por fim e enfim, uma estranha mutação. E a devota cristã restou-se pagã e feroz, correndo com os lobos na periferia.

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música: Andaluz - Djavan


Imagem:Google






22 comentários:

Macaires disse... @ 12 de novembro de 2009 às 22:57

O misto de prazer e medo é uma coisa de outro mundo, hã?

Belíssimo texto, Mai, aliás, como sempre!
Beijos, amiga!

Unknown disse... @ 12 de novembro de 2009 às 23:39

uma musica que eu gosto do Djavan é A Carta

bjo moça passei só pa dexa um sinal

tem coisas la no blog viu! deixe seu sinal lá vo adorar! bjo

Marcelo Mayer disse... @ 13 de novembro de 2009 às 00:20

djavan nos melhores dias.

Marcelo Mayer disse... @ 13 de novembro de 2009 às 00:21

é por isso que me perco nos detalhes de sua escrita. leve isto como um baita elogio

Erica de Paula disse... @ 13 de novembro de 2009 às 00:47

Querida Mai,

A tua escrita possui um encanto indizível, que adoro e me faz sempre querer mais...

Lindo texto!


Bjos no teu coração♥

Carinho sempre.

Mário Lopes disse... @ 13 de novembro de 2009 às 02:12

Rios a correr na pele (ou lobos) orientados pelo odor do desejo até às hastes da loucura. Assim regressados às fontes, lentamente apaziguados, os lobos (ou rios) aumentam a alcateia ou estendem os braços, ainda farejando onde a erva é mais escura, mais quente e, definitivamente, contaminada, como se marcassem o seu território, para regressarem novamente.(Fim do sonho?)



Mai e as suas palavras em pele ardente, queimando-nos, irremediavelmente, na sua febre. Como só ela sabe, tão bem.
Outro beijo.

Dauri Batisti disse... @ 13 de novembro de 2009 às 08:25

O inconsciente ditando em fluxos contínuos uma estética. Sonho de fogo, fogo de desejos. Estilo inconfundível: Mai.

Um abraço.

Anônimo disse... @ 13 de novembro de 2009 às 09:47

O mais interessante nisso é que, quando vi a atualização, já até sentia o qeu leria.

Brilhante! :)

beijinhos

Mafê Probst disse... @ 13 de novembro de 2009 às 10:29

Tua mistura de palavras transformam letras em melodias.

Caio Fern disse... @ 13 de novembro de 2009 às 11:16

Oi Mi , eu nao entendi , desculpe minha ignorancia , mas esse e uma musica do djavan ou e seu ?
foi bom ter lido isso de qualquer maneira .
abraços !!

Fábio disse... @ 13 de novembro de 2009 às 16:40

Na boa, teu texto está muito melhor do que a música, que nem faz muito sentindo.

Como disse alguem aí em cima, medo e excitação, dos lobos ou dos mouros tanto faz. Consentir em ser invadida, parece rer feito bem à personagem.

Abraços.

MissUniversoPróprio disse... @ 13 de novembro de 2009 às 17:00

Perfeito. Um combinar de sensações e sentidos, emoldurado pela emoção e pelo primor de escrever tão bem.

Obrigada pela visita, é uma grande honra. Fique à vontade para visitar sempre que quiser.

Beijo. :)

Unknown disse... @ 13 de novembro de 2009 às 17:38

Oi Mai!

Lembrou-me Estée Pínkolas em, "MULHERES QUE CORREM COM LOBOS".

Intenso, filosófico e maravilhoso Texto

Beijos

Mirse

Katrina disse... @ 13 de novembro de 2009 às 18:57

Se eu fosse ela, correria com os lobos da estepe

Anônimo disse... @ 13 de novembro de 2009 às 21:32

criatividade e ousadia. sua escrita é música. bjo.

Andre Martin disse... @ 14 de novembro de 2009 às 12:43

Em Andaluz, se corre ou se anda??

Existem mouros louros?

Uivo... Ui, vô!
tá bom, vô... Vê? não uivo mais!


Muito linda a música misturando francês e português. Tres joli!

lisa disse... @ 14 de novembro de 2009 às 19:09

Perfeito senhorita!

Germano Viana Xavier disse... @ 14 de novembro de 2009 às 20:54

Andaluzia só me faz recordar de Federico Garcia Lorca.

Bom reviver...

Continuemos, Mai...

Marcelo Novaes disse... @ 14 de novembro de 2009 às 21:38

Mai,



Converteu-se, pois, a dama.




Beijos,










Marcelo.

Anônimo disse... @ 14 de novembro de 2009 às 22:49

E tudo porque era lua
e ela estava cheia -
prenha de instintos
que uivavam para a castidade.

Fabuloso, Mai.

BAR DO BARDO disse... @ 15 de novembro de 2009 às 08:45

A luz anda...

Ilaine disse... @ 15 de novembro de 2009 às 10:15

... pele e seda da flor...
Sempre belo o que escreves. palavras em forma de flor, que nos toca a pele.

Abraço

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