Inspirar-Poesia, um segundo sopro

plácidos pronomes

Por Sueli Maia (Mai) em 2/25/2010
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Acordou com o barulho. Quis caminhar sob a chuva que deitava com o vento e adentrava a soleira. Lembrou que pela manhã voltaria à margem do rio e molharia os pés e o vestido em busca de frescor. E sobre a relva miraria o curso das águas e mais uma vez perceberia que o tempo, como o fluir, não se permite medir. E sob a ponte veria as árvores que as mãos tatearam diariamente, mas que - juntos - só tocariam no instante de uma nova travessia. E lembraria que no reflexo do olhar, a placidez de um branco faz-se azul. E sorriria ouvindo em outro ritmo a melodia, e cantaria em reencontro outra canção. E dançaria sem falar em desencontros e diria que as águas passam depressa sob a ponte e sua força leva tantas coisas. Mesmo assim e por mais forte que seja, a chuva obedece ao vento e ele muda de repente a direção. Mas, mesmo sabendo que contrário a tudo, a dor é igual e se demora, falaria de amor novamente. E portanto e por saber o quanto, com plácidos pronomes diria: - amo. E conjugaria este verbo, em todos os tempos.
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Imagem Google

53 comentários:

Juliana Lira disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 18:44

Que coisa mais linda!

"E portanto e por saber o quanto, com plácidos pronomes diria: - amo. E conjugaria este verbo, em todos os tempos. "

Fiquei aqui encantada!

Como é bom saber que a dor se demora, mas um dia ela se vai!E nós ficamos, nós sempre ficamos.
Então falemos de amor, falemos de amor...

Milhões de beijos

Caio Fern disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 18:46

Mai , isso chega a ser injusto de tao bom .
agora nem tenho oque dizer .
beijos .

Márcio Ahimsa disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 18:59

conjugar o verbo é preciso, ser o pronome é indispensável, inefável e não engorda...

Beijo, minha companheira, sempre.

Bom fim de semana.

Furlan disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 19:01

Mai, você escreve deliciosamente. Faz imagens com as palavras: meu cérebro fica povoado de visões, e sinto até a temperatura do local. Maravilha!
Quanto às dores, costumo dizer que algumas delas (sejam boas, sejam ruins, vão lá segurar uma das alças de nosso caixão...).
Abraços de duas asas!

BAR DO BARDO disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 19:16

Na verdade, desejaria para sempre um clima tátil assim. Com o mistério... o mistério de ser amado...

Beijo, Mai!

Anônimo disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 19:43

Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Fabrício Carpinejar. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Eu sei que é ridículo da minha parte te mandar essa propagando control c control v, mas sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas no blog Fabrício, estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs


Narroterapia:

Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.


Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.


Abraços

http://narroterapia.blogspot.com/

Unknown disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 19:49

Maravilha, Mai!

Trouxe-me uma Paz esse texto!

Beijos, querida!

Mirse

Lou Vilela disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 19:50

Belo texto, menina buliçosa! ;)

Beijos

Carlos Pegurski disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 20:07

Gosto muito do seu blogue. Acima da média! Quando vai publicar seus microcontos, Mai?

Beto Canales disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 20:22

Muito bom

Unknown disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 21:26

Nossa que lindo!
A bela cena da natureza inspirou o amor e deixou de lado o rancor.
Vc escreve muito bem. Adorei o final, me surpreendeu.

Beijos

Paula Barros disse... @ 25 de fevereiro de 2010 às 22:30

Mai, estava sentindo falta de ler você.

Gosto dessa danças das palavras, entre a natureza e os sentimentos...chuva, vento, direção, tempo...dor..ponte...amor...

Adorei!

beijos

Abraão Vitoriano disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 00:31

"chuva obedece ao vento e ele muda de repente a direção."

chuva e amor e guarda-chuva para nos proteger de nós mesmos, afinal amar não é ser apenas, é possuir como medalha que não areia como carne de porco... o vento é suspiro, e a mulher se abana quando não tem ninguém, é vício!

beijos mai,
e de tu gosto!

do homem-menino

Anônimo disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 01:40

Enquanto a água que molhou a barra do vestido evapora, o verbo é conjugado em todos os tempos e estados da matéria...

Que lindo inspirar poesia aqui. Sempre ares tão bons!

Beijos.

olharesdoavesso disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 01:47

muy rico, bela! Tempos chuvosos lembram a limpeza e o fluir do amor em "cartase". Estamos em sintonia. beijos plácidos pronominais pra ti querida. bom fim de semana.

Osvaldo disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 05:18

Mai;

Certamente o Amor foi o maior milagre que Deus criou e se o criou à sua imagem,... pode ser conjugado em todos os tempos e... latitudes.

bjs, Mai.
Osvaldo

Elcio Tuiribepi disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 06:42

Agora compreendo porque você andou sumida,com certeza estava confeccionando este lindo poema...
Algumas partes parecem ter saído do futuro e pousado no presente...
É o vai e vem do tempo que para todo e qualquer sentimento não mensura o próprio tempo,apenas conjuga a todo tempo esse tempo que sem tempo nunca deixa de amar, apesar das águas nunca deixarem de passar...
Bons ventos na alma...bjo

líria porto disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 10:17

as tuas palavras, sinto uma inveja danada de quem escreve além dos versos - e escreve bem e bonito! eu não consiiiiiiiiiiiiigo!

besos e obrigada pela tua ida lá no tanto mar.
besos

Unknown disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 11:22

De uma delicadeza e suavidade que só é capaz quem consegue conjugar o verbo da poesia. Cheiro.

Gian Fabra disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 12:08

que coincidência... acabei de escrever uma brincadeira com a conjugação dos verbos... em seguida entro aqui e me deparo com um espetáculo de texto como esse...

fui junto com vc para a beira do rio.

Anônimo disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 12:44

Boa Tarde Mai...

Mas, mesmo sabendo que contrário a tudo, a dor é igual e se demora, falaria de amor novamente. E portanto e por saber o quanto, com plácidos pronomes diria: - amo. E conjugaria este verbo, em todos os tempos.


Lindoooooooooo me emocionouuuuuuuuu!!!



Beijao e um lindo final de semana

Cosmunicando disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 13:43

e depois de tudo, em todos os tempos... belo!
bjos

Katrina disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 14:56

O verbo no infinito

Anônimo disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 15:46

un escrito muy cadencioso, muy delicado.
besos

_Sentido!... disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 15:49

... em todos mesmo!...

Saudades de você.
Beijo.

Ilaine disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 17:46

Um texto cheio de ternura. As alusões feitas ao tempo, ao vento, à chuva e ao reencontro são de uma delicadeza rara. Palavras rendilhadas de poesia. Ah, muito lindo, Mai!
Beijo

Wanderley Elian Lima disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 20:04

Ola Mai
Texto lírico, cheio de poesia e sensibilidade. Adorei.
Beijos

Dani Pedroza disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 20:27

Algumas coisas realmente não podem ser medidas. O tempo, o fluir, o sentimento. E quando se juntam essas 3 coisas? O tempo, o fluir, o sentimento. Quem nunca se percebeu sentindo a coisa certa no momento "errado"? Ou não sentiu que o sentimento, apesar de genuíno, não estava fluindo? Talvez a junção dessas 3 coisas seja o conjugar do verbo amar no pretérito mais que perfeito. Calma aí. É mais que perfeito, mas não deixa de ser pretérito. Mais um equívoco de tempo. Afinal, o que se quer é um amor no presente, não? A maioria quer também um amor-presente. A gente costuma querer o que soa à perfeição, mesmo que sejamos tão imperfeitos, mesmo que a perfeição, no nosso estágio, seja só uma quimera. É isso. Buscamos sonhos e precisamos, a cada dia, nos adaptar à realidade. A sorte é que, como não fugimos de nossa condição de humanidade, acabamos não só nos adaptando, como nos encantando com a realidade, com nossas limitações, incapacidades. Lembra? Incapacidade de medir o tempo, o fluir, o sentimento. Eu estou assim... encantada.

Gerana Damulakis disse... @ 26 de fevereiro de 2010 às 23:39

As águas passam depressa sob a ponte. Adorei.

Vivian disse... @ 27 de fevereiro de 2010 às 01:08

...Mai querida,
você faz a diferença nesta
blogosfera de tantos encantos.

adoro...

beijos mil!

lisa disse... @ 27 de fevereiro de 2010 às 02:01

somos sensações o resto é extensão desse sentir... Gostaria que o orvalho fosse mais real que meu sentimento do mundo.

Val disse... @ 27 de fevereiro de 2010 às 19:10

Amei ler seu texto ao som de Coldplay em ritmo latino! Lindo. Beijos.

nydia bonetti disse... @ 27 de fevereiro de 2010 às 19:23

Eu também dançaria... Verbo a ser conjugado, em qualquer tempo. Ai, ai, que coisa mais bonita, Mai. Me sinto mais leve depois de te ler. Beijoos!

Anônimo disse... @ 27 de fevereiro de 2010 às 19:34

Achei esse texto de uma delicadeza tão tocante que dói. Tá doendo muito aqui, Mai. Parece que não vai passar, embora eu saiba que vai. Uma hora passa. Uma hora o vento muda a direção da minha dor. E uma hora, quem sabe, eu falo de amor novamente.
Adoro você!
Um beijo doce.

L&L-Arte de pensar e expressar disse... @ 27 de fevereiro de 2010 às 21:42

UMA MARAVILHA DE TEXTO AMEII, PARABENS APROVEITANDO QUANDO DER FAÇA UMA VISITINHA LA NO MEU CANTINHO TO COM UM NOVO POST

Barbara disse... @ 28 de fevereiro de 2010 às 15:00

Tá dito como é esse tal de amor - se amor.
Sujeito a cenários e climas e subexiste a estes.
Com a tranquilidade da palavra dita, pensada, sentida.

Caio Rudá de Oliveira disse... @ 28 de fevereiro de 2010 às 17:46

sempre cativante esses textos, fluem como o rio e o tempo...

Anônimo disse... @ 28 de fevereiro de 2010 às 20:02

Mai, que linda essa natureza como cenário desse coração, que não se sabe bem se manda, como o vento, ou se é fluido como a água, mas o que importa?

Amar, seguir amando, seguir seguindo, ser substantiva e soltar o verbo!
Adorei.

Bárbara Grou. disse... @ 28 de fevereiro de 2010 às 22:15

Conjuguemos então, sempre e em todos os tempos, mas principalmente sempre, o amor. Por mais lentas que as águas às vezes insistem em correr, conjuguemos sempre e sem medo o amor.

Gosto muito de seus textos.
Beijos.

Batom e poesias disse... @ 28 de fevereiro de 2010 às 23:53

Mai
Conjugar o verbo amar em todos os tempos, só poderia ser melhor se fosse conjugado também por todas as pessoas do singular e do plural.

Daí, acho que as dores não se demorariam...

Tão bom te ler, moça.
bjs

Rossana

Luciano Fraga disse... @ 1 de março de 2010 às 09:39

Mai, "tudo é dor e toda dor vem do desejo..." mas nem por isso devemos desistir do amor e do amar, abraço.

guru martins disse... @ 1 de março de 2010 às 20:47

...passado
presente
futuro...
isso me lembra
uma música
que não me lebro agora
mas sinto algo dela nisso
ela ensiste
em cada frase desse texto
meio melancólico
meio contemplativo
a beleza tem um quê
de melancolia...

bj

Maria Dias disse... @ 2 de março de 2010 às 02:34

sim...O vento muda derrepente a direção mas o coração é terra fértil e logo passado a chuva(as estações) vem o sol e uma nova semente vai brotar...

beijinhos

Unknown disse... @ 2 de março de 2010 às 07:52

Esta é a poesia que dá significado a frase: "O inferno é o lugar onde se reúnem os condenados a não amar."
Ela diz o porquê: juntando água, pedra, rio, vento e amor. A leveza da água, a sua incontinência, a sua maleabilidade que toma a forma do corpo que ocupa é a melhor e mais bela metáfora para esse sentimento que não se conseguirá jamais definir. Tanto pode ser sólida, líquida ou gasosa. A pedra é o fruto maduro e caído das estrelas e o rio procurará sempre a terceira margem. Amor: apenas poetas podem profetizá-lo. Beijos.

Macaires disse... @ 2 de março de 2010 às 18:36

Todos nós conjugamos o verbo amar em todos os tempos e modos e por ser intransitivo é que nos faz completos!

Lindo seu texto, amiga!
Beijos e saudades!

Daiana Costa disse... @ 3 de março de 2010 às 04:05

Essa força, realmente, leva tantas coisas por fora, quanto por dentro. Essa força, só sentindo mesmo para entender. Que texto lindo.

Braga e Poesia disse... @ 3 de março de 2010 às 09:16

que texto forte, apesar de tudo o que sabe de dificil, existe uma força maior que o leva adiante e rever o passado é rever a dor e tambem o amor. um texto que é vida pois vida é dor, é amor, mas vida sabia não é odio e o texto passa uma contemplação da dor sem o odio, sem o rancor, com a cabeça voltada para o viver e viver é antes de mais nada saber sofrer e saber reconquistar o amar.
essa é a minha compreensão desta bela escrita.

Márcio Vandré disse... @ 3 de março de 2010 às 09:31

Se eu soubesse conjugar esse verbo, diria-o em alto e bom tom.
Mandaria garrafas às águas.
Espalharia mensagens ao céu.
Mas o sol não alcança tudo.
Se existe luz, também temos de convir que existem sombras.
E nesse jogo, corremos, sorrimos, enquanto os dados rolam e esperamos por seus números...

Um beijo, Mai!
Estou retornando à internet! Ela estava de onda comigo! Haha!
Até mais ver!

Lau Milesi disse... @ 3 de março de 2010 às 09:50

Mai, que delícia, que vontade de não tirar os olhos do que você escreve.
Conjugo em todos os tempos o "seu escrever".[rs]

...(E lembraria que no reflexo do olhar, a placidez de um branco faz-se azul.) Lindo, D+.


Um beijo

Mafê Probst disse... @ 3 de março de 2010 às 13:10

Eu me perco na belza da cena e estremeço ao relacionar o amor com o belo — o meu, a muito, deixou de ser. Assim sendo, fico com a chuva e o vento, independente de quem manda em quem. É frio. Molhado. E machuca.

Eu disse... @ 3 de março de 2010 às 13:25

Que maravilha Mai...
O mor quando nos invade e faz morada em nosso ser pode até nos fazer sofrer... Mas nos modifica, nos engrandece, nos aproxima de Deus.

Lindo!

Um beijo muito carinhoso

Paulo disse... @ 3 de março de 2010 às 22:51

Olá, Mai!

Voce conjuga com maestria todos os verbos, descrevendo as emoções e renovando o sentir a cada novo texto!

Abços, Cara amiga!

:.tossan® disse... @ 3 de março de 2010 às 23:47

Emociona Mai, a cada texto teu. Beijo

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