plácidos pronomes
Por Sueli Maia (Mai) em 2/25/2010.
Acordou com o barulho. Quis caminhar sob a chuva que deitava com o vento e adentrava a soleira. Lembrou que pela manhã voltaria à margem do rio e molharia os pés e o vestido em busca de frescor. E sobre a relva miraria o curso das águas e mais uma vez perceberia que o tempo, como o fluir, não se permite medir. E sob a ponte veria as árvores que as mãos tatearam diariamente, mas que - juntos - só tocariam no instante de uma nova travessia. E lembraria que no reflexo do olhar, a placidez de um branco faz-se azul. E sorriria ouvindo em outro ritmo a melodia, e cantaria em reencontro outra canção. E dançaria sem falar em desencontros e diria que as águas passam depressa sob a ponte e sua força leva tantas coisas. Mesmo assim e por mais forte que seja, a chuva obedece ao vento e ele muda de repente a direção. Mas, mesmo sabendo que contrário a tudo, a dor é igual e se demora, falaria de amor novamente. E portanto e por saber o quanto, com plácidos pronomes diria: - amo. E conjugaria este verbo, em todos os tempos.
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53 comentários:
Que coisa mais linda!
"E portanto e por saber o quanto, com plácidos pronomes diria: - amo. E conjugaria este verbo, em todos os tempos. "
Fiquei aqui encantada!
Como é bom saber que a dor se demora, mas um dia ela se vai!E nós ficamos, nós sempre ficamos.
Então falemos de amor, falemos de amor...
Milhões de beijos
Mai , isso chega a ser injusto de tao bom .
agora nem tenho oque dizer .
beijos .
conjugar o verbo é preciso, ser o pronome é indispensável, inefável e não engorda...
Beijo, minha companheira, sempre.
Bom fim de semana.
Mai, você escreve deliciosamente. Faz imagens com as palavras: meu cérebro fica povoado de visões, e sinto até a temperatura do local. Maravilha!
Quanto às dores, costumo dizer que algumas delas (sejam boas, sejam ruins, vão lá segurar uma das alças de nosso caixão...).
Abraços de duas asas!
Na verdade, desejaria para sempre um clima tátil assim. Com o mistério... o mistério de ser amado...
Beijo, Mai!
Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Fabrício Carpinejar. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Eu sei que é ridículo da minha parte te mandar essa propagando control c control v, mas sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas no blog Fabrício, estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs
Narroterapia:
Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.
Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.
Abraços
http://narroterapia.blogspot.com/
Maravilha, Mai!
Trouxe-me uma Paz esse texto!
Beijos, querida!
Mirse
Belo texto, menina buliçosa! ;)
Beijos
Gosto muito do seu blogue. Acima da média! Quando vai publicar seus microcontos, Mai?
Muito bom
Nossa que lindo!
A bela cena da natureza inspirou o amor e deixou de lado o rancor.
Vc escreve muito bem. Adorei o final, me surpreendeu.
Beijos
Mai, estava sentindo falta de ler você.
Gosto dessa danças das palavras, entre a natureza e os sentimentos...chuva, vento, direção, tempo...dor..ponte...amor...
Adorei!
beijos
"chuva obedece ao vento e ele muda de repente a direção."
chuva e amor e guarda-chuva para nos proteger de nós mesmos, afinal amar não é ser apenas, é possuir como medalha que não areia como carne de porco... o vento é suspiro, e a mulher se abana quando não tem ninguém, é vício!
beijos mai,
e de tu gosto!
do homem-menino
Enquanto a água que molhou a barra do vestido evapora, o verbo é conjugado em todos os tempos e estados da matéria...
Que lindo inspirar poesia aqui. Sempre ares tão bons!
Beijos.
muy rico, bela! Tempos chuvosos lembram a limpeza e o fluir do amor em "cartase". Estamos em sintonia. beijos plácidos pronominais pra ti querida. bom fim de semana.
Mai;
Certamente o Amor foi o maior milagre que Deus criou e se o criou à sua imagem,... pode ser conjugado em todos os tempos e... latitudes.
bjs, Mai.
Osvaldo
Agora compreendo porque você andou sumida,com certeza estava confeccionando este lindo poema...
Algumas partes parecem ter saído do futuro e pousado no presente...
É o vai e vem do tempo que para todo e qualquer sentimento não mensura o próprio tempo,apenas conjuga a todo tempo esse tempo que sem tempo nunca deixa de amar, apesar das águas nunca deixarem de passar...
Bons ventos na alma...bjo
as tuas palavras, sinto uma inveja danada de quem escreve além dos versos - e escreve bem e bonito! eu não consiiiiiiiiiiiiigo!
besos e obrigada pela tua ida lá no tanto mar.
besos
De uma delicadeza e suavidade que só é capaz quem consegue conjugar o verbo da poesia. Cheiro.
que coincidência... acabei de escrever uma brincadeira com a conjugação dos verbos... em seguida entro aqui e me deparo com um espetáculo de texto como esse...
fui junto com vc para a beira do rio.
Boa Tarde Mai...
Mas, mesmo sabendo que contrário a tudo, a dor é igual e se demora, falaria de amor novamente. E portanto e por saber o quanto, com plácidos pronomes diria: - amo. E conjugaria este verbo, em todos os tempos.
Lindoooooooooo me emocionouuuuuuuuu!!!
Beijao e um lindo final de semana
e depois de tudo, em todos os tempos... belo!
bjos
O verbo no infinito
un escrito muy cadencioso, muy delicado.
besos
... em todos mesmo!...
Saudades de você.
Beijo.
Um texto cheio de ternura. As alusões feitas ao tempo, ao vento, à chuva e ao reencontro são de uma delicadeza rara. Palavras rendilhadas de poesia. Ah, muito lindo, Mai!
Beijo
Ola Mai
Texto lírico, cheio de poesia e sensibilidade. Adorei.
Beijos
Algumas coisas realmente não podem ser medidas. O tempo, o fluir, o sentimento. E quando se juntam essas 3 coisas? O tempo, o fluir, o sentimento. Quem nunca se percebeu sentindo a coisa certa no momento "errado"? Ou não sentiu que o sentimento, apesar de genuíno, não estava fluindo? Talvez a junção dessas 3 coisas seja o conjugar do verbo amar no pretérito mais que perfeito. Calma aí. É mais que perfeito, mas não deixa de ser pretérito. Mais um equívoco de tempo. Afinal, o que se quer é um amor no presente, não? A maioria quer também um amor-presente. A gente costuma querer o que soa à perfeição, mesmo que sejamos tão imperfeitos, mesmo que a perfeição, no nosso estágio, seja só uma quimera. É isso. Buscamos sonhos e precisamos, a cada dia, nos adaptar à realidade. A sorte é que, como não fugimos de nossa condição de humanidade, acabamos não só nos adaptando, como nos encantando com a realidade, com nossas limitações, incapacidades. Lembra? Incapacidade de medir o tempo, o fluir, o sentimento. Eu estou assim... encantada.
As águas passam depressa sob a ponte. Adorei.
...Mai querida,
você faz a diferença nesta
blogosfera de tantos encantos.
adoro...
beijos mil!
somos sensações o resto é extensão desse sentir... Gostaria que o orvalho fosse mais real que meu sentimento do mundo.
Amei ler seu texto ao som de Coldplay em ritmo latino! Lindo. Beijos.
Eu também dançaria... Verbo a ser conjugado, em qualquer tempo. Ai, ai, que coisa mais bonita, Mai. Me sinto mais leve depois de te ler. Beijoos!
Achei esse texto de uma delicadeza tão tocante que dói. Tá doendo muito aqui, Mai. Parece que não vai passar, embora eu saiba que vai. Uma hora passa. Uma hora o vento muda a direção da minha dor. E uma hora, quem sabe, eu falo de amor novamente.
Adoro você!
Um beijo doce.
UMA MARAVILHA DE TEXTO AMEII, PARABENS APROVEITANDO QUANDO DER FAÇA UMA VISITINHA LA NO MEU CANTINHO TO COM UM NOVO POST
Tá dito como é esse tal de amor - se amor.
Sujeito a cenários e climas e subexiste a estes.
Com a tranquilidade da palavra dita, pensada, sentida.
sempre cativante esses textos, fluem como o rio e o tempo...
Mai, que linda essa natureza como cenário desse coração, que não se sabe bem se manda, como o vento, ou se é fluido como a água, mas o que importa?
Amar, seguir amando, seguir seguindo, ser substantiva e soltar o verbo!
Adorei.
Conjuguemos então, sempre e em todos os tempos, mas principalmente sempre, o amor. Por mais lentas que as águas às vezes insistem em correr, conjuguemos sempre e sem medo o amor.
Gosto muito de seus textos.
Beijos.
Mai
Conjugar o verbo amar em todos os tempos, só poderia ser melhor se fosse conjugado também por todas as pessoas do singular e do plural.
Daí, acho que as dores não se demorariam...
Tão bom te ler, moça.
bjs
Rossana
Mai, "tudo é dor e toda dor vem do desejo..." mas nem por isso devemos desistir do amor e do amar, abraço.
...passado
presente
futuro...
isso me lembra
uma música
que não me lebro agora
mas sinto algo dela nisso
ela ensiste
em cada frase desse texto
meio melancólico
meio contemplativo
a beleza tem um quê
de melancolia...
bj
sim...O vento muda derrepente a direção mas o coração é terra fértil e logo passado a chuva(as estações) vem o sol e uma nova semente vai brotar...
beijinhos
Esta é a poesia que dá significado a frase: "O inferno é o lugar onde se reúnem os condenados a não amar."
Ela diz o porquê: juntando água, pedra, rio, vento e amor. A leveza da água, a sua incontinência, a sua maleabilidade que toma a forma do corpo que ocupa é a melhor e mais bela metáfora para esse sentimento que não se conseguirá jamais definir. Tanto pode ser sólida, líquida ou gasosa. A pedra é o fruto maduro e caído das estrelas e o rio procurará sempre a terceira margem. Amor: apenas poetas podem profetizá-lo. Beijos.
Todos nós conjugamos o verbo amar em todos os tempos e modos e por ser intransitivo é que nos faz completos!
Lindo seu texto, amiga!
Beijos e saudades!
Essa força, realmente, leva tantas coisas por fora, quanto por dentro. Essa força, só sentindo mesmo para entender. Que texto lindo.
que texto forte, apesar de tudo o que sabe de dificil, existe uma força maior que o leva adiante e rever o passado é rever a dor e tambem o amor. um texto que é vida pois vida é dor, é amor, mas vida sabia não é odio e o texto passa uma contemplação da dor sem o odio, sem o rancor, com a cabeça voltada para o viver e viver é antes de mais nada saber sofrer e saber reconquistar o amar.
essa é a minha compreensão desta bela escrita.
Se eu soubesse conjugar esse verbo, diria-o em alto e bom tom.
Mandaria garrafas às águas.
Espalharia mensagens ao céu.
Mas o sol não alcança tudo.
Se existe luz, também temos de convir que existem sombras.
E nesse jogo, corremos, sorrimos, enquanto os dados rolam e esperamos por seus números...
Um beijo, Mai!
Estou retornando à internet! Ela estava de onda comigo! Haha!
Até mais ver!
Mai, que delícia, que vontade de não tirar os olhos do que você escreve.
Conjugo em todos os tempos o "seu escrever".[rs]
...(E lembraria que no reflexo do olhar, a placidez de um branco faz-se azul.) Lindo, D+.
Um beijo
Eu me perco na belza da cena e estremeço ao relacionar o amor com o belo — o meu, a muito, deixou de ser. Assim sendo, fico com a chuva e o vento, independente de quem manda em quem. É frio. Molhado. E machuca.
Que maravilha Mai...
O mor quando nos invade e faz morada em nosso ser pode até nos fazer sofrer... Mas nos modifica, nos engrandece, nos aproxima de Deus.
Lindo!
Um beijo muito carinhoso
Olá, Mai!
Voce conjuga com maestria todos os verbos, descrevendo as emoções e renovando o sentir a cada novo texto!
Abços, Cara amiga!
Emociona Mai, a cada texto teu. Beijo
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