plurais univitelinos
Por Sueli Maia (Mai) em 3/11/2010
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A alma da noite tem cheiros, sabores e surpresas. E a madrugada é longa ou curta, alegre ou triste como tudo, mas quando o ofício é cantar há na noite o calor de um sol. Eu já havia decidido parar quando Dirceu chegou. Uns poucos casais ainda estavam no bar, me animei e recomeçamos. Parceiro há muito, Dirceu sabe o meu tom em cada melodia e pelo entrosamento, a divisão é uma delícia e invertemos o ritmo em algumas músicas. A comunicação flui entre olhares, sombrancelhas e acenos e se traduz em um repertório que se espalha noite adentro. A música chama memórias, acende os humores, as histórias e os amores. Dirceu sabe a hora de tocar bossa nova e sabe quando é preciso um blues. No escuro do bar se percebe a madrugada pelas mesas vazias como a rua, o que ajuda na acústica. Para minha surpresa chegaram já tarde - Luíza e Lizandra. Muito de mim acompanhou o crescimento dessas duas. Eu sempre soube que Luíza não gostava da noite. Idênticas no rosto, no corpo e na voz, por um ângulo misterioso se consegue diferenciar uma da outra. Mas, enquanto Luíza tem a disciplina dos trens, Lizandra é a mais pura liberdade. Vogais e consoantes, uma flui e a outra contrai. Luíza esteve noiva por anos e Lizandra voltou da Europa esses dias. O garçom serve um vinho e um malte. Luíza acena para mim e o garçom vem vindo com pedidos das duas em dois guardanapos.
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Imagem: Jana Magalhães
42 comentários:
Provavelmente, uma bossa e um blues =).
Gostei do conto, amiga, vc domina!
Beijos.
legal...
vai dar jazz. no sentido real da palavra. ótimo
mesmo útero, mesmo planeta, mundos obtusos :D É querida vc sabe fluir os desejos e as visões. beijos Mai querida. obrigadoo pelas palavras. Bos sonhos quando dormir , bons sonhos para acordar>
Tão iguais, tão diferentes. Não somos mesmo todos assim? Gostei do tom, Mai. :) beijooos.
lindo, acho que pedem os dois ritmos, cada uma com um gosto, logico...rssss...
besitos!
Interessante tamanha diferença.
Bem narrado, muito legal.
↓
Uma é casa
a outra é asa...
Muito bom MAI!
:)
Estes seus pequenos contos são sempre uma delícia. Gostei especialmente da primeira parte. Na verdade Lizandra e Luíza são apenas a sombra da ligação, não univitelina, mas unimusical entre a narradora e Dirceu.
Um beijo.
Muito bom.
O entendimento entre a narradora e o outro músico, era quase telepático, só no feeling, tipo gêmeos musicais.
Abraços.
Escrevo poemas em guardanapos como se fossem recados, que jamais serão entregues.
São iguais por fora mas não por dentro(as almas são distintas graças a Deus!).Uma almeija ser como a terra:Que brota,dá frutos e se perpetua na forma de sementes a outra é feito o ar: livre e cheia da liberdade...Interessante esta crônica, me faz pensar nas diferenças,nas digitais nunca iguais por mais que a parte de fora se pareça.
Beijo!
Lindo, Mai!
O bonito, são as diferenças, nas mentes com físicos quase iguais.
Beijos, querida!
Mirse
Gosto desta tua música Mai!
As diferenças, sim!... em corpos iguais, ou no mesmo...
... e achas que com Arte chego lá?!...
Não sei não amiga, ou seja, às vezes chego, outras nem por isso...
Beijos!
O que li aqui eu chamo de 'escrever bem' e com textos assim qualquer boa música aflora na memória. Bom fim de semana!
Deu vontade de dançar...
Beijo, querida.
muy bueno, muy bacano tu texto.
un abrazo.
eu me pareço mais com a Lizandra.ela me lembra a vontade de plantar flores por ai.
Sou gêmea e vejo a disciplina dos trens na minha irmã e as asas da liberdade em mim...Muio bom mesmo!
Somos iguais sendo diferentes, não só a aparência conta, podemos ser bonecos da mesma colecção mas cada um tem a sua particularidade diferente
beijinhos
Oi Mai...aqui a raiz da arvore é profunda...principalmente na escrita.
Adoro esse cotidiano nos bares da vida...ese pedido feito em guardanapo e muitas das vezes não atendido...rsrs
Uma vez pedi a um cara..."Chão de Giz" e nada...pensei, não é possível que o cara não saiba nem mesmo usando da famosa embromacion...rsrs
Fiquei decepcionado..pois enchiam a bola do cara e fui conferir...
Mas foi legal...
Deixa eu ir e continuar na disciplina da linha dos trens...rs
Um abraço na alma...bom fim de semana..bjo...brigadim pela presença lá no verseiro
Dos gardenias para ti. Não resisti. Me deixaste de stand by, mas vou fazer o final. Cheiros.
Mai,
Obrigado pela sua presença amiga lá no blog, pelo comentário. Gostei do seu espaço virtual, do seu jeito de dizer, estaremos nos acompanhando, trocando, aprendendo, crescendo. Abraço/ney.
Me transportei para esse bar... sentei-me com Luzia e Lizandra, ouvi a música. Percebi a noite esvaziando no ritmo da madrugada.
Fazer o leitor se transportar não é para qualquer letra.
Beijos! E obrigada pelas visitas.
Maizita querida. Talentosíssima há um selo pora ti do lado esquerdo do meu... Blog. beijos
Olá Mai,
Que lindas as meninas…
E um texto sublime… onde a madrugada é do tamanho das longas noites de magia sem =….
Musical este encanto de te ler…
Sempre o B ELO….
Mtos e g r a n d e s beijinhos
Sempre muito bom vir aqui.
Gêmeas têm histórias incríveis, porque as semelhanças escondem as diferenças.
Beijo e uma semana muito boa.
Gostei demais do texto. Foi o meu cotidiano de antes nos fins de semanas eram bons até o dia raiar nas praia aí a realidade aparecia. Beijo
Dirceu, Luíza e Lizandra. Quase os pude tocar de tão nítidas suas imagens. A madrugada, essa sim toco, me enrosco, me confundo. Em alguns momentos, não sei ao certo quem sou eu e quem é ela. O fato é que sou mais eu quando estou com ela, mas isso você já sabe. Aliás, você sabe das coisas, querida. Isso é tão nítido em suas linhas quanto as imagens que você cria em minha cabeça. Bjs.
Q doce!
Beijos
Não precisei ler os guardanapos... Toda música que vem de vc, vem bem!
Beijo!
Hum...O que será que há no guardanapo?
Uma música, barzinho, clima...
Mai, adoro seus textos.
Beijos
Fico boba com a tua capacidade de fazer poesia em notas simples. Tudo que recebe teu toque se torna doce, tocante e suspiro.
Pega-se com a mão as palavras e nada mais é preciso. Já vêem tecidas com alma, ambiente.
Já Luíza e Lizandra, luzes que incidem.
Mas que saudade que me deu do tempo em que eu era gente e morava no Rio de Janeiro e de quando em vez, regava-me em cantos.
Viajei nessa e fez bem sim, até a saudade fez bem.
tem modesto presente para vossa pessoa lá no poema e filosofia.
abraço!
Eu adoro a maneira como você escreve, gosto mesmo, amo!
:)
"(...)bonito é que gente é assim sempre tão diferente de gente, assim como a voz que ecoa não é mais daquele que grita(...)"
Faço minhas as palavras de Gonzaguinha.
O que vc escreve é lindo... sou leiga no assunto, às vezes não entendo, mas sempre que acesso seu blog, com tais palavras e músicas... momentos perfeitos me tomam conta!
Parabéns, de coração.
Oi...parei pra ler de novo e aproveitei pra escutar a música...boa né...transmite calma...
Boa quarta Mai...um abraço na alma...bjo
Bom texto! Um prazer lê-lo...
L.B.
Mai, muito legal ler uma crônica relâmpago do momento, aliás o que vale são os nossos momentos.
valeu.
abraços.
Adorável! O diferente pode ser positivo!
Agradeço seu apoio em formas de palavras, muito carinhoso de sua parte!
Um grande abraço, querida!
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