Inspirar-Poesia, um segundo sopro

drops...

Por Sueli Maia (Mai) em 12/02/2009
Drops caindo no colo e outro - de anis, ardendo na língua. E o azar daquela moça foi assistir novamente aquele filme. E sonhou com a alegria de um banho de chuva e ouvindo os pingos da chuva ela dançava aquela música, tamborilando na vidraça. E acordou ouvindo baixinho uma criança a chorar. Era a mesma criança que sempre ela via, vendendo drops nas calçadas. A música ao fundo era a mesma, o ritmo entrecortado era o mesmo e era o mesmo, o espanto da moça que, no vinil, escutava o mesmo cantor. E era óbvio que ela ouviria o disco girar em silêncio. Mantinha a calma com a criança mas ela mesma, gritava por dentro ouvindo aquela canção, soluçar em replay. E existe um tipo de amor que não é o que sente uma mãe mas é uma espécie de amor que arrebata os humanos. Porque ver uma criança ferida chorando de medo, desperta a vontade de acolher, conter junto ao colo e baixinho cantar e fazer dormir e deixar sonhar... Queria a alegria daquela criança brincando na chuva, sorrindo com a chuva e na boca, um drops de anis...
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Imagem Google

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25 comentários:

Quintal de Om disse... @ 3 de julho de 2009 às 05:41

Ás vezes me sinto, me vejo e tenho quase a certeza de ser essa criança sem colo, nem abraço, sem sol nem chuva a caminhar pelas avenidas de uma cidade que anda dormindo e a chupar sonhos como balas de sabor de aniz, menta... quando não é amargo.

Criança com medo de si mesma e do que sente. Com medo da saudade que arremata no peito sem ter escapatória,a não ser ficar em seu cantinho escuro e chorar, ou sorrir um sorriso desses quando a chuva lava as lágrimas, mas também desbota o vermelho dos lábios.

Talevz a minha criança seja mais uma dessas que existe por fora e sobrevivem por dentro.

Beijo meu Mai.

Paula Barros disse... @ 3 de julho de 2009 às 07:37

Quantas criança choram, nas ruas, nos colos, sem colos...nas almas?

Mai, sempre fico admirada com o conjunto do seu texto, o drops de anil...o disco de vinil....o soluçar em replay...

Muitas e muitas vezes imagino um livro de contos ou até um romance, para saborear.

beijos e um lindo diz, bem gostoso.

Jacinta Dantas disse... @ 3 de julho de 2009 às 07:45

Caramba, mulher!
Agora voei, voei na imensidão do Ser criança.
Beijo

PS: Minha ausência por aqui só se dá nos comentários. Sempre estou presente, lendo suas composições tão diferentes e tão especiais. Isso é certo.

Dauri Batisti disse... @ 3 de julho de 2009 às 08:09

Drops, vinil, dança na chuva: elementos para uma bela viagem. O passado está tão longe, mas alguns elementos trazem para tão perto.

Um beijo.

Eu disse... @ 3 de julho de 2009 às 09:36

Mai...
Tantas vezes eu queria voltar ao tempo em que ter o colo da minha mãe era a garantia de proteção e amor.

O cheiro do drops de anis veio na memória.

Um beijo carinhoso

lula eurico disse... @ 3 de julho de 2009 às 10:21

Quando criança eu ficava espiando da janela esse tamborilar dos pingos da chuva nas poças d'água. Hoje, vejo a música desse pingo, sinestésicamente, da vidraça do teu blogue.
Música pra meus olhos tão meninos. Hoje vim ver a chuva e ou(vi).

Márcio Ahimsa disse... @ 3 de julho de 2009 às 12:04

...pois eu queria tecer meus sonhos de anis e escorregar na gargalhada macia de alguma criança. Eu queria, quero, submeto-me ao desejo inefável de querer, de sentir, de atiçar-me aos fluídos de percepção numa manhã tamanha, onde minha miséria é mesmo um esmo, onde despejo longe alguns dejetos de intolerância e deixo voar leve meu querer tranqüilo de alado. Eu quero um riso, quero um sonho preciso, quero um viver liso e lícito sem chagas nem prantos, quero mantos dobrados sobre meus sagrados, sobre minha fé imaculada tecendo preces ao viver, louvores ao amanhecer... Quero meus esmeros flutuando por minhas arestas, quero minhas frestas encobertas de uma curiosidade iluminada, de uma densidade de ser, de viver, de estar extraordinariamente vivo. Pois que meus dias são cativos de sonhar, pois que minhas horas são apenas sorrisos esbeltos, são meninos sujos de terra, são meninas descendo em carrinhos de rolimãs ladeira abaixo descobrindo, por baixo, a ternura de um segredo simples: os brinquedos feitos à mão são mais saborosos, trazem um sorriso iluminado com uma mistura de vento e aurora enternecida. Quero, amolecida, minha razão pelas mãos pequenas de uma criança... Nessa dança, eu danço meus espasmos sem demora de terminar... A música é um verso que repete sempre minha condição de ser... Menino.

Beijos enternecidos, querida minha.

Letícia disse... @ 3 de julho de 2009 às 16:16

Eu também queria, Mai. Aliás, eu quero. Ou a música ou o drops.

Bjo.

Márcio Vandré disse... @ 3 de julho de 2009 às 22:15

Queria voltar a ser criança.
Longe das grandes decisões e decepções.
Me achar um super-herói e realmente acreditar nisso.
Ser imbatível e invisível.
Gargalhar sem motivo aparente.
Dormir sem ter hora para acordar.

Ser criança é a melhor profissão hehe.
Um beijo, Mai!

:.tossan® disse... @ 3 de julho de 2009 às 23:26

Este teu estágio é elevado e profundo, viajas com as palavras da poesia refinada para o horizonte a procura do infinito talvez ou de si mesma! Beijo

Sandra Costa disse... @ 3 de julho de 2009 às 23:28

conduziste tão bem a narrativa que pude ver a criança à minha frente.

pisquei os olhos, e ela não mais estava lá.

sabe por quê?

porque o que os olhos não vêem, o coração não sente.

Vivian disse... @ 4 de julho de 2009 às 00:40

...assim não vale.

você me fez retroceder muitos
anos quando contávamos pingos
de chuva a bater na vidraça,
e no final restavam as marcas
dos dedinhos que tamborilavam
no vidro recém lavado...rss,
e só ouvíamos a voz da mamãe
a resmungar:

ai meu Deus!
estas meninas ainda vão me
enlouquecer...rssss

ainda trago guardada aqui dentro
aquela menina que hoje me fez
ser a mulher feliz pela infância
que teve o prazer de desfrutar.

e você, amor meu.
você tem o dom...
o divino dom de nos encantar
com seu canto de lirismo...

adoro

adoro

bjbj

Blue disse... @ 4 de julho de 2009 às 01:06

Visitando e deixando meu rastro,
retribuindo visita.
Enfim vim, li e gostei.
Voltarei!

Beijos

Elcio Tuiribepi disse... @ 4 de julho de 2009 às 10:38

Este sentimento de querer e pouco poder fazer é doído...e me acontece muitas vezes, o lixão é um desses que dói na alma...Aí o pensamento voa e o vinil silencia mesmo...este amor é universal,sem fronteiras e humano na melhor concepção da palavra...
Bonito Mai...um abraço na alma...bom fim de semana, obrigado pelas palavras lá no Verseiro...valeuuu

Beatriz disse... @ 4 de julho de 2009 às 12:21

Chove anis dentro boca da criança
e todo tipo de amor vigora
e soluça ao som do mesmo vinil
no colo da calçada que soluça
espantos de moça e socorros
impedidos e despertos

Filipe Garcia disse... @ 4 de julho de 2009 às 14:55

Triste nossa realidade das balas sem doce. A bala do menino é amarga e imprópria pra sua idade. Enquanto ele chora pela infância perdida, a moça chora no cinema, pela traição. Histórias distintas que sempre vão existir nesse nosso mundo, vasto mundo. Injustiça? Prefiro não definir.

Beijo, Mai.

Robson Schneider disse... @ 4 de julho de 2009 às 15:52

"Anis" amo essa palavra! me lembra sempre coisa boa...
Abraço

Paulo Tamburro disse... @ 4 de julho de 2009 às 16:55

Olha que isto aqui está bom!

Que texto minha amiga.

Haja fôlego para aguentar este emendar de frases, cada uma mais precisa e correta do que a outra.

Belíssimo!

Criança, realmente é a melhor coisa do mundo, depois das mães delas)rsrs)

Sandra Costa disse... @ 5 de julho de 2009 às 18:38

agora relendo o texto e me conectando com o que me disseste, de fato, faz muito sentido.

espero que tenhas tido um fds maravilhoso.

beijo!

Éverton Vidal Azevedo disse... @ 5 de julho de 2009 às 19:42

Mai,

Isto que dissestes: “E existe um tipo de amor que não é o que sente uma mãe mas é uma espécie de amor que arrebata os humanos”.

Sim, é uma grande verdade. Pena que nós de humanos nos fazemos monstros muitas vezes, ou simplesmente nao nos fazemos nada e assim vamos nos perdendo. Por sinal, esse amor é o que chamo de Graça. É o que Deus faz por nós, por isso Ele tem cara de mae.

Belo texto, como sempre. Gosto do seu estilo.

E sobre seu comentário no meu blog que é quase um post rsrs me deixou a pensar. E olha você contribuiu (e muito) para a discussao que acontece por lá. Meu objetivo é este: ouvir pra compreender e aprender.

E apesar de estarmos em "religioes" e vivências diferentes eu posso dizer que concordo com o que você escreveu lá, especialmente no final. Tem tudo a ver com a proposta do Cristo. Tudo a ver com vida abundante.

Fico contente que de alguma forma o Re-novidade consiga atrair gente tão diferente, vindos de caminhos distintos, mas que buscam tornar este mundo um lugar melhor. Ora, isso é coisa rara hoje em dia, aliás, coisa rara sempre.

Beijo!
Inté!

Paulo disse... @ 5 de julho de 2009 às 21:54

Belo texto, como em quase todos, desperta em mim aquela saudade de outros tempos e que sinto tão perto.

Pâmela Marques disse... @ 2 de dezembro de 2009 às 13:00

Isso me dói de uma maneira tão intensa, sabe? Eu sou tão mãe, apesar de não ter filhos. E me cortar o coração saber que existem crianças sem sonhos, sem balinhas, brinquedos e principalmente sem estrelas nos olhos.

Me dói. Deveras.

Oliver Pickwick disse... @ 3 de dezembro de 2009 às 20:28

Pelo visto nestes últimos dias, orbita a face mais escura da lua. Desvantajoso? Nem tanto, nestas viagens sempre aprendemos mais.
Um beijo!

Anônimo disse... @ 4 de dezembro de 2009 às 10:41
Este comentário foi removido pelo autor.
viacimabue27 disse... @ 4 de dezembro de 2009 às 23:32

Mai, obrigada pelos delicados comentarios, fiquei lisonjeada! Volte sempre, tambem estou gostando de passear por aqui!
beijos
Fran

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