Inspirar-Poesia, um segundo sopro

ilhéus do milênio

Por Sueli Maia (Mai) em 10/21/2009
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Ilhéus. Eita tempo medonho que dá arrepio e não se sabe de que. Millennium é uma ilha remota, um atol do Pacífico mas lá não há medo. Medo é o pesadelo do milênio, é um nada poderoso que se esconde com um olhar arregalado. É um vulto que espreita e nunca aparece mas reaparece em todo lugar. E tudo se mexe, assusta e persegue o que fica encolhido. O medo é um covarde que gosta de apavorar quem está só, quando se está só. Medo é a boca de um gigante com fome. É o frio de um alpinista solitário. É o monte aconcágua prá uma formiga. E quando uma só folha cai, arranhando o silêncio, o medo é o bastante para um grito que rasga o espaço feito bala assustando o silêncio mortal. Então o homem, sem voz, grita por socorro com as mãos, o olhar, o pavor e por favor, alguém acode esse homem! Terreno baldio é esta vida, e o medo é o atravessar no escuro um abismo, com nada por baixo e o escuro esconde tudo e nada se vê. A vontade é correr e tudo é pavor. Assovio de vento é fantasma que ri. Coruja que é ave de mau agouro chamando a morte e meu deus, quem vai morrer? Medo é um buraco acima do umbigo, do tamanho da fome do mundo que nada engole e vomita o mundo. E ninguém engole a fome do mundo. Ilhéus do milênio num tempo esquisito que dá arrepio mas não se sabe de que. Calma, você tem medo de quê?
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24 comentários:

Márcio Vandré disse... @ 21 de outubro de 2009 às 22:54

O medo nos impede de cruzar a ponte.
Estruturada ou não.
O medo majora o próprio medo.
E o perigo da queda iminente.
É o desafio.
A dor de vencer, com brilho.
Não é morte.
Não é falta de sorte.
É algo inerente ao humano.
Sombras contam segredos.
Escuto canções de piratas.
Quarto escuro.

Um beijo, Mai!

lula eurico disse... @ 21 de outubro de 2009 às 23:03

Medo de perder o que jamais me pertenceu e nunca me pertencerá. rsrsrs

Abraço fra/terno.

Cosmunicando disse... @ 21 de outubro de 2009 às 23:14

imagens incríveis do medo... metáforas pra lá de arrepiantes, Mai.
super, super!


beijos

Paula Barros disse... @ 21 de outubro de 2009 às 23:15

Medo eu? rsrsrs
São tantos medos, que nem me dou conta, que nem gosto de pensar em todos, para não acordar todos de uma vez só.

E tem uns que nem dá mesmo para assumir aqui.

E fico até com medo de me expor.rsrsr

beijo

Marcelo Mayer disse... @ 21 de outubro de 2009 às 23:30

eu tenho medo de ler algumas coisas (como seus textos) e me sentir como um tapa na cara que tomei. medo é me frustrar com meus planos, por isso evito faze-los!

perfeito!

bjs

Rosângela Cunha disse... @ 21 de outubro de 2009 às 23:46

E no finalzinho do seu texto
"lindo de morrer", eu ouvi
Titãns... "Você tem sede de que"?
Então, tá, de tantas coisas,
e tenho medo... Muito medo!
Do escuro, do absurdo,
do assobio atrás do muro,
medo de viver nesse mundo
de tantos horrores, e ninguém
pra acabar com nossas dores.

Adorei!

Lara Amaral disse... @ 22 de outubro de 2009 às 00:21

Tenho tantos medos. Mas lendo textos assim, sinto-me menos sozinha com eles.

Fiquei arrepiada, Mai. Seu texto tem tanta sensibilidade que até dói.
Adoro aqui.

Beijos.

Abraão Vitoriano disse... @ 22 de outubro de 2009 às 00:58

"Medo é um buraco acima do umbigo, do tamanho da fome do mundo que nada engole e vomita o mundo."

O medo e o tempo e a fome de ser e tocar... e o meu medo de ousar, e ser excluído do paraíso... mas agora temos meninos de brinco e meninas de boné...! meu receio de ser além irá me levar a quem?

um beijo do seu menino-vento,
e carinho...

byTONHO disse... @ 22 de outubro de 2009 às 02:18

Calma,
você tem medo de quê?

É tanto medo... como posso ter calma?

Famílha → fome é ilha!

Medo de humilhação...

Adorei MAI!

Ilaine disse... @ 22 de outubro de 2009 às 04:36

O medo transgride nossa vida. Limita-a e entristece-a. Uma sociedade, onde vigora o medo- medo de cada um -, é um mundo cercado, sem liberdade. Sem qualidade de vida.

Abraço, com carinho

Osvaldo disse... @ 22 de outubro de 2009 às 05:54

Mai;

Eu só tenho medo do que vejo no escuro profundo em que nada se vê... e se nada vejo, não sei de que poderei ter medo. Mas gostaria de sentir a sensação do medo abstrato porque o medo real é palpavel, visivel, tem sobra. E deste medo real eu respeito-o, evito-o e por isso não tenho medo.

bjs, Mai,
Osvaldo

Jacinta Dantas disse... @ 22 de outubro de 2009 às 08:58

Mai,
seu texto, hoje, arrepia-me e me faz pensar que, de alguma forma, também nós estamos produzindo esse medo, a longo prazo, nos seres que hoje são crianças. Parece que estamos desorientados, sem rumo, sem prumo. Meu Deus!
Vejo-me de cabeça para baixo.
Valeu mesmo te ler agora.
Bjos

Unknown disse... @ 22 de outubro de 2009 às 10:01

Oi Mai!

Com que maestria você descreve o monstro do medo.

Há momentos que penso que por tudo que já passei, nem da morte, tenho medo. E de repente me surpreendo com uma pergunta ou um desafio que me amedronta. mas na minha percepção é sempre bom ter medo.

Como um escudo a nos protejer.

Belíssimo!

Beijos

Mirse

Anônimo disse... @ 22 de outubro de 2009 às 11:15

Mai, máxima-máxima,

O medo para mim é um par de olhos vez por outra cegos e, por isso, impedidos de ver horizontes. Medo para mim é assassinato, e eu tenho medo de descumprir as leis que tracei para mim, também chamadas de princípios.
Sabe?

Meu beijo, querida.

Andre Martin disse... @ 22 de outubro de 2009 às 15:14



Ó, céus! Tenho medo do comentário que aqui farei...
De Ilhéus a Millenium, isto é uma verdadeira troca_d_ilha KKKKKKKK

Impliquei com a localização do seu medo... Em geral, ele fala e geme em algum lugar acima do umbigo, mas normalmente o medo é um buraco ou uma saliência abaixo do umbigo! rsss

f@ disse... @ 22 de outubro de 2009 às 19:43

Medo em todas as suas vertentes...
o beijinho

Priscila Lopes disse... @ 22 de outubro de 2009 às 20:32

O medo da chuva, ao contrário do Raul, eu não perdi - ele me segue, carente, como um cão sem dono; eu o mantenho por pena, como querendo conservar qualquer coisa minha.

Batom e poesias disse... @ 22 de outubro de 2009 às 23:26

"O medo é um covarde que gosta de apavorar quem está só"

Meu maior medo é perder a fé, Mai.

Ótimo texto.

bjs
Rossana

Wania disse... @ 23 de outubro de 2009 às 08:09

Medo é o pesadelo do milênio, é um nada poderoso que se esconde com um olhar arregalado.

Mai, o medo é um dos sentimentos mais paralisante que existem...
Criamos nossos próprios medos, portanto a ameaça pode vir de qualquer coisa ou lugar, mas será sempre um olho arregalado a nos espreitar por qualquer fresta que deixarmos aberta!


Tuas palavras, como sempre, trazem a poesia nas imagens/pensamento e a força na essência/sentimento!
A-d-o-r-o te ler!

Meu maior medo é de perder a esperança...


Bj enoooorme pra ti!

PS: Amizades como a nossa, fazem o medo fechar os olhos!!!

Cris Animal disse... @ 23 de outubro de 2009 às 11:03

Medo desse planeta explodir antes que os animais sejam libertos da escravidão humana.

Medo que meus filhos se afastem da luz !

meus únicos medos!

Ahhhhh....medo de perder a consciência da liberdade que se faz urgente!


beijo, minha Amiga !

Anônimo disse... @ 23 de outubro de 2009 às 13:38

Medo é arma, vício, controle, é prisão. Medo, em qualquer ilha, continente ou mundo, é coisa de uma covardia não de quem sente, mas de quem inflige.

Às vezes, admito... tenho medo de mim mesmo. Do Troll.

À PÉ ATÉ ENCONTRAR disse... @ 23 de outubro de 2009 às 20:23

Meu problema não são os medos...E sim o orgulho!
rsrs
É preciso evoluir, seu texto é bem legal em relação a evolução e essa questão dos medos.
Um grande abraço pra vc.
Tou de volta!
Lindoo akiie, e riico!

Mário Lopes disse... @ 23 de outubro de 2009 às 23:00

O medo é a ilha de que não quer comunicar. O medo é o contrário, o antagonista, o opositor do amor. Só deixa de o ter quem sair da ilha e procurar o outro preparado para pensar, sentir e agir em relação a ele como se fosse ele mesmo. Só assim nasce o amor, que é a confissão desta necessidade, e as ilhas desaparecem. Ou então não são habitadas, como a Millennium. O que será uma vantagem quando a ganância e a estupidez humana a submergirem de vez. Dizem que tem pouca altitude...E que o mar está a subir.


Aos teus medos, querida Mai, juntei o meu: o de não conseguir sair da ilha, e nadar, nadar, nadar...
Beijo doce, sem medo, juro.

Mário Lopes disse... @ 24 de outubro de 2009 às 00:11

Corrigindo: "o medo é a ilha de quem..."

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