estrangeiro...
Por Sueli Maia (Mai) em 3/25/2009Acenos ausentes e desamor na despedida. Ao norte a pesca dos sonhos e a falta da Pátria entre o pacífico e o atlântico. Na térmica celeste o baile das aves migratórias e o adeus. Não há presságios, somente as mãos. Na solidão que cresce, um coração emigrante e pouca pressa de voltar. O estrangeiro habitando e as rotas, todas rotas, não cabem mais. Está cansado, carece um porto prá ancorar. Ainda ama, ainda sonha e quer voltar... E chega o dia. Um estrangeiro em seu País, atraca ao cais...
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Fotografia: Tossan
Música : What a wonderful world - Katie Mellua
El Farol - Carlos Santana
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21 comentários:
Bonito.
Navegar é preciso, ancorar num cais seguro também é preciso! Gostei muito! Beijo
Oi, Mai;
O emigrante deixa de ter Pátria a partir do momento que decide partir.
Os pescadores da Terra Nova na pesca do bacalhau passavam meses em duras fainas com riscos de vida, quantos não a perderam por lá, e quando regressavam ao porto, após a descarga e da entrega do benefício amealhado à mulher e filhos, duas semanas depois sentia-se o seu nervosismo contando os dias para voltarem ao mar, porque o mar, esse mar revolto, corria-lhes nas veias e o ódio e ferocidade do cofronto com as ondas temerárias trasnsformava-se em respeituosa paixão porque esses homens, nascidos na Terra, são homens do Mar...
Parabéns, Mai, por te lembrares deles.
bjs
Osvaldo
Voltar, atracar, amar e sonhar. Movimentos da vida, caminhos que fazemos todos.
Um beijo.
isso que vc tentou captar (se auxiliando da foto do Tossan) tem um nome próprio: «despaísamento»
....
o sentimento de despaisamento é distinto da saudade e da nostalgia..é mais uma espécie de limbo que não é, necessariamente, o intervalo oceanico entre dois continentes. Eu sou um despaisado há quase 20 anos. E não tenho a necessidade alguma de atracar em porto algum....
e para que se conste em registo notarial:
...Não devo nada ao Brasil, nem o Brasil me deve nada...assim como também não devo nada a nenhum outro canto deste planeta...
Sou o que vou sendo. Parto sem olhar para trás.
Se cuida!
Mas quantos não atracaram...
Mas não são as cordas que nos prendem aos cais.
São as mãos que nos "adeusam"!
Beijo.
Preciso de um cais. Estou em pleno mar... profundo mar de mim.
Abraçamigo e fraterno.
Post inusitado! Acabei de receber o e-mail garantido minha travessia do Atlântico, ou seja, em breve serei uma estrangeira...
Beijos moça inspirada que inspira.
E em cada partida, há sempre um novo cais pra nos receber... sempre!
Meu beijo pra você!
sabe Mai, andas tão amis sensível... bom senti-la assim, intensamente Mai!
Que interpretação de What wonderful world!Me deixei ficar aqui um pouco me deliciando...
Seu texto me lembrou um conto do Milan Kundera sobre a decepção de Ulisses ao voltar á Ítaca ...estranho se sentir estrangeiro em casa.
Tem link pro conto aqui :http://literatus-leticia.blogspot.com/2007/06/ignorncia.html
Bjks.
- Viajar é preciso, voltar ao seu cais seguro, é uma obrigação [...]
Claro que não há pressa de voltar... voltar para onde? Voltar para que? Voltar para que pátria? Para a ausência e o desamor?
Quando não se tem para onde nem o porquê de sonhar, almejar, desejar, esperar, planejar voltar: a rota, a "hightway", é o que há. É o que é possível e o que é bom!
Menina que texto lindo!
Bjooooooooo!
Ei, querida. Sabe, sobre ser estrangeiro, algo que mais me facina, não é o ser estrangeiro fora de onde vivemos, é ser estrangeiro onde sempre achamos que pertencemos, onde temos nossas referências. E, nesse sentir paradoxal, eu fico fascinado, não por exister essa faceta estranha que, em maior ou menor grau, é inerente do ser humano, em determinada fase da vida. O ser estrangeiro de nós, com nós, alheio ao alheio, não por desamor, mas por um amor diferente, inexplicável, não por não se importar, mas por saber ser preciso deixar cada um seguir seu rumo, por deixar cada um viver a vida como acha melhor, sem barreiras, dogmas, sem diretrizes deterministas, sem, enfim, alterar qualquer coisa que não permita as pessoas serem felizes a seus modos. Tem um livro, que eu adoro, e, duvido que não o tenha lido, mas recomendo assim mesmo. Chama-se "O Estrangeiro", de um escritor e filósofo argelino, Albert Camus, que eu, simplesmente adoro. Ele diz tudo sobre esse estranhamento que há nas pessoas e que nos faz estrangeiros mesmo tão perto de nós.
Beijos, querida.
obs: fascina, rs... correct
As sua palavras com a foto de Tossan, a foto de Tossan com suas fotos, é uma viagem, sem querer atracar...é só a vontade de ir, de chegar, de abraçar..
abraços bem apertadinho.
Muito lindo!
estrangeiros acabam ficando estrangeiros até em casa, se o tempo que se passou foi muito longo ...
Que lindo e a imagem ficou perfeita com seu texto!
Beijão!!!
Tenha um ótimo restinho de semana!
Mai,
Que lindo...
Fiquei com uma sensação de abraço, de encontro, de aconcehgo.... depois de ler seu post !
Bela fotografia...
Beijo no coração,
Solange
http://eucaliptosnajanela.blogspot.com
Senti-me despatriada... :) Uma hora eu pouso... uma hora eu pouso... ;)
bjs
Olá querida,
É preciso ter a esperança de poder atracar, é o que nos mantém vivos!
Seleção Musical privilegiada a sua!
Bons Ventos!
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