Não creio em acasos. Creio em circunstâncias, ‘determinismos’. Mas também em livre arbítrio, escolhas que fazemos. Certas ou equivocadas, precisamos nos responsabilizar e nos ‘implicar’ nas consequências, inclusive. Isto não é do outro ou pelo outro. Escolhas são nossa responsabilidade. Não gosto de pensar em culpa, mas responsabilidade, sim. Na base desse entendimento existencial está a nossa condição humana. Cometemos erros e poderemos estar mais ou menos suscetíveis às fragilidades emocionais, circunstanciais a cada um. Ninguém é capaz de sentir o que o outro sente porque a pele é outra, a emoção é outra e o contexto é diverso. O ir sendo, existindo e vivendo é permeado de altos e baixos, lutas, glórias, perdas e danos, também. Cabe-nos transformar perdas em recompensas. Mas isto demanda exercício de equilíbrio e este, reclama tempo e atenção a si. O tempo tem sua órbita e o hoje é um flash, um klic, um átomo, fugidio e transitório que nos escapa, escorre, esvai... Não é producente determo-nos em dores e lamentos diante daquilo que nada mais podemos fazer.
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Dor e sofrimento é uma questão de tempo de exposição ao agente... Aqui está minha necessidade de tempo. Tenho pouco tempo e o meu tempo de agir é o agora, o hoje. Não há alcance na promessa de estar aqui amanhã. Meu tempo de reflexão para seguir em frente, é hoje. Meu eixo, meu plexo, meu governo estão em mim e não no outro, apesar da alteridade e apesar de crer nas pessoas e no melhor delas. Uma ferida a ser cicatrizada reclama meu próprio cuidado. Um cuidar de mim. Reencontrar meu eixo, meu governo, minha órbita. Reencontrar-me. Mas existem pessoas que cruzam nossas vidas e tão raras e caras são essas pessoas que, mesmo sem saber ou querer, passam a ter uma importância maior do que supõem e talvez maior do que seria razoável, em nossas vidas... E nessas horas uma dose maior de razão protegeria quem é mais sensível, mais emocional... Não há problema em sermos sensíveis e eu não abro mão da minha emoção. Não desejo ser fria e distante mas preciso equilibrar minha emoção num quantum a menos, para não me ferir demasiado. Quem é superficial, estóico, epidérmico nas relações,(também não há problema em ser assim...) não se agasta, rasura, arranha ou se machuca no trato cotidiano com o outro... Mas há seres ‘submarinos’, profundos, intensos, que não habitam, apenas, a superfície nas relações humanas e interpessoais. Sou uma dessas. Vocês perceberam em tudo o que leram aqui, ao longo desse tempo.
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Na ponta oposta do EU, o outro, a alteridade. O leitor, o amigo, o seguidor que comenta, interage, intertextualiza o que lê, estreita laços ou se comunica cotidianamente. Nesse ciclo de relações interpessoais – virtuais ou não, pessoas especiais, próximas ou nem tanto, conhecidas ou não, passam a fazer parte de nossas vidas. Aqui estão vocês, assim estamos nós e a minha necessidade de tempo. E não importa há quanto tempo estejamos aqui, nos ‘visitando’, sorrindo, amando, poetando e nos incentivando mutuamente... Não importa onde estejamos. Distâncias são relativas ao tanto que se gosta, compreende e se importa com o outro. O longe é perto. Quase muito é quase pouco... E não importa quem sejam, que aparência tenham... São irrelevantes status, condição cultural, social, religiosa... Parece que nos conhecemos, pessoalmente, há anos...Para mim, vocês não são ‘qualquer um’. Não são apenas ‘amigos’ virtuais...
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Pode ser ingenuidade e posso ser uma sonhadora. Pode ser. Deixo de saber... Apenas sinto e o que sinto escrevo, não temo a normalidade que à tudo reprime. Cada um de vocês para mim é real, desde o momento em que demos o primeiro olá e interagimos, desde então... O que é a ilusão? A ilusão é uma estratégia comum no mundo palpável e real e não apenas ilusionistas utilizam-se desse artifício... Aqui eu conheci pessoas com as melhores qualidades e para mim, são reais, independente de sua humanidade. Também sou humana e tenho as minhas 'mazelas'...
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Li emocionada palavras de bom ânimo e compreensão. Percebo sinceridade e preocupação de todos. Desse modo é indispensável agradecer publicamente o carinho que sempre, sempre, todos manifestaram com palavras, gestos, presença, solidariedade, compartilhamento... Nos momentos mais fáceis e alegres e mesmo nos mais dolorosos...Estranhamente e opostamente ao que seria razoável supor, amizades virtuais se configuraram mais presentes que amizades corporais, presenciais, pés no chão, olhos nos olhos, as ditas 'reais'...Por isto sei que irei lembrar de cada um de vocês a cada dia, em cada momento em que eu estiver ausente deste mundo midiático... Mas por certo poderemos nos comunicar. E de algum modo ou ao meu modo, eu sei, estaremos 'ligados', 'linkados', mais próximos do que supomos ser possível...
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Porque há uma espécie de laço, traço, elo, vínculo, abraço que se dá sem que se esteja perto. O abraço que toca bem fundo o abraço da palavra de quem ama... E é este o abraço que deixo a cada um de vocês. O meu abraço. Cheio, pleno, repleto de uma forma qualquer de amor. Um certo amor que se tem e se dá porque se quer dar e se tem para dar. E eu tenho e desejo deixar este amor aqui e no ar a inspirar. No 'inspirar-poesia', nesse canto... Um canto qualquer... Nisso que não se pondera, uma desmesura, qualquer maneira de amar...
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Qualquer dia a gente se encontra...
Muito carinho e gratidão,
Mai