Inspirar-Poesia, um segundo sopro

o mareante

Por Sueli Maia (Mai) em 8/25/2009

Tanto ontem foi lembrado e havido – ela – mar profundo nos seus sonhos, era vinho sorvido, posto perdido e agora achado na memória que ondulava. Recordava tantas vezes a santa e n’outras profanas, transpiradas em seu corpo tatuado, rolando n'areia, nas camas, no cais. Ele era terra, porto e mar. Ele era vida e mundo amante, singrando oceanos em casa navio, um novo tempo de voltar. Recordava a família, amigos, sorrisos mas, só ela, marejava seu olhar. À borda do mar, a cidade. Em filme, uma vida e o medo por partir e por voltar. Das separações havidas, o cansado marujo tinha à bordo seus contos em malas por guardar ou esquecer. Nas desolações costeiras, toneladas de saudades choradas por dentro e disfarçadas em branco sorriso, contrastado ao azul. Daquilo que deixara, ocupava-se pouco. Apelos do mar ao cais, coração mareante compassado, acelerado, querendo chegar. Anos separando a história e aquele dia. Quando o sol se deitava foi ouvido o sinal. À mesa, um olhar desembarcando engoliu os seus medos e respirou as batidas do seu coração. E no copo vazio do mar, ocupou-se de ocultar o seu pranto. Novamente calado, o mareante vinho, vencera tormentas, chegava em terra, amante do mar.
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Imagem Google
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23 comentários:

Letícia disse... @ 19 de maio de 2009 às 21:20

Estou aqui, Mai. Eu voltei e o Jerry nunca mais fugiu. =)

E faz isso sim. Escreve "sem se distrair". Acho que você me entende.

Bjos, Mai.

Sandra Costa disse... @ 19 de maio de 2009 às 23:38

de tudo, quero destacar duas belíssimas coisas nesta postagem. primeiro, a imagem. excelente escolha. está tudo nela. a solidão, a beleza, apesar de tudo, a garra, a humildade. ô coisa rara humildade...

e outra coisa: esse trecho me indaga.. como é que não nos ocupamos daquilo que deixamos? impossível, Mai..

te digo já o porquê.

Sandra Costa disse... @ 19 de maio de 2009 às 23:46
Este comentário foi removido pelo autor.
Sandra Costa disse... @ 19 de maio de 2009 às 23:47

lê isso:

***

Triste é não chorar
Se eu também chorei
E não, não há nenhum remédio
Pra curar essa dor
Que ainda não passou
Mas vai passar!
A dor que nos machucou
E não, não há nenhum relógio
pra fazer voltar... O tempo voa!

Eu não suporto ver você sofrer
Não gosto de fazer ninguém querer riscar o seu passado
E o que passou, passou
E o que marcou, ficou
Se diferente eu fosse será que eu teria sido amado?
Por você, por você

***

nestes ultimos dias, quase todos os dias quando vou trabalhar essa música toda no rádio. essa coisa de não se ocupar ou ocupar-se pouco com o que deixamos para trás não existe. passamos e ficamos, vamos deixando nosso rastro e nos preenchendo com coisas novas, ruins ou boas. estamos sempre à frente, mas com o olhão ó.. lá no passado...

Paula Barros disse... @ 20 de maio de 2009 às 11:01

Suas histórias são profundas, sempre são, porque fala da produndeza do mar/mente, das correntes frias que passam por dentro do ser, dos tsunamis que acompanham momentos de vida...bem é assim que leio.

"Em filme, uma vida e o medo por partir e por voltar"


Muitos permanecem por medo do partir. Do novo. Com medo do partir-se ou partir.


abraços




Em filme, uma vida e o medo por partir e por voltar

Anônimo disse... @ 20 de maio de 2009 às 13:40

Anos separando, como mares, a vontade daqueles corações. Uma maré de ideais, idéias e temores.

Cruzar a vida a nado... por um amor mais forte.

Eu disse... @ 20 de maio de 2009 às 16:07

Mai... são profundas as águas desse mar!
E estar aqui é navegar em emoções!

Receba o meu beijo carinhoso

Byers disse... @ 20 de maio de 2009 às 16:19

Oie Mai tudo bem?

Rs to de volta.... a comentar.

"singrando oceanos em casa navio"

acho que quis dizer:

"singrando oceanos em cada navio"

troco um d por um s.

Não tava muito a vontade a comentar aqui com medo de estar sendo chato com vc ...rs depois de várias vezes te convidar para a revista, resolvi dar uma sumida nos comentários. Mas nem por isso deixei de acompnhar o seu blog.


:) fui !

Quintal de Om disse... @ 20 de maio de 2009 às 18:34
Este comentário foi removido pelo autor.
Quintal de Om disse... @ 20 de maio de 2009 às 18:38

Quando meus olhos querem chorar. É só me achegar quietinha, de mansinho por aqui. Que o sorriso, logo e inevitavelmente me acontece. Mesmo que teus versos sejam tristes.

Carinho sempre, querida Mai.
Sam

Mari Amorim disse... @ 20 de maio de 2009 às 19:38

Mai,
que delicia esse texto,me faz refletir! vou seguir teu blog,adorei!
estou com uma blogagem em defesa da infancia,seu comentário é imprtante,e sua visita um prazer,
beijos
Mari

M. Nilza disse... @ 20 de maio de 2009 às 21:14

Olá!!

Quando o sonho se perde no mar, fica ainda mais forte, pois enfrenta tantos marés, ventanias e tempestades que ao voltar a terra está pronto para se tornar real.
beijos

Erica de Paula disse... @ 20 de maio de 2009 às 23:22

Ah, cada vez mais encantador visitar seu blog e ler-te Mai querida!!!


Bjos em teu coração lindo!!!

Maria Dias disse... @ 20 de maio de 2009 às 23:54

Ela mar ele porto...Vez ou outra se encontravam e matavam suas solidões regada em vinho encorpado q fazia vencer as tormentas...Nossa viajei agora!rs...Perfeito o texto,divina a música e belíssima a imagem!

Beijos Mai!

Maria

:.tossan® disse... @ 21 de maio de 2009 às 01:05

Certa vez existiu um mercador vendendo saudade para as pessoas dos países da língua portugêsa, se deu muito mal e morreu de fome sem saber o significado da palavra...Mal ele sabia que todos já tinham e no mar ou na terra isso era de graça.
Belo texto! Beijo

lula eurico disse... @ 21 de maio de 2009 às 07:51

As ondas já não são as mesmas... tudo vai passando e ficando nos reconditos da alma. Um mar vai enchendo e vazando...

Navegar é preciso.

Abraço fraterno.
Força, amiga!

Márcio Vandré disse... @ 21 de maio de 2009 às 08:52

Mai, primeiramente queria me desculpar por não ter aparecido aqui antes.

Agora vamos ao que interessa.
A vida de um marinheiro pode ser bem triste se ele não tiver aspirações. O mesmo acontece conosco quando pegamos nosso barco carregado de sentimentos e rumamos contra a maré desesperadora.
Aí ficamos sós. Aí queremos voltar. Mas enquanto isso não acontece, nos perdemos em devaneios e saudades. Em amarguras e felicidades que somem num piscar.

A vida no mar não é para todos.

Excelente texto!

Um beijo!

Germano Viana Xavier disse... @ 21 de maio de 2009 às 11:44

--

em que cais aportou o teor da garrafa?

marinheiro eu
mar
mar


Um carinho.
Sigamos...

:.tossan® disse... @ 24 de agosto de 2009 às 01:23

Me identifico muito com este teu belo texto. Muito bom mesmo! Beijo

Ricardo Valente disse... @ 25 de agosto de 2009 às 13:19

escreves sonoramente. gosto. mesmo me deixando confuso. as vezes.
beijo!

Éverton Vidal Azevedo disse... @ 25 de agosto de 2009 às 15:47

Lindo e saudoso.

BAR DO BARDO disse... @ 25 de agosto de 2009 às 16:07

... mistura bastante sugestiva: mar e vinho.... fiquei até meio tonto...

eu gostei...
vivi sensações e não sentidos.

beijo, mai!

Batom e poesias disse... @ 25 de agosto de 2009 às 23:36

Marinheiros, viajantes, vivem de despedidas, saudades e memórias.
Texto mar-avilhoso.

bjs
Rossana

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