o mareante
Por Sueli Maia (Mai) em 8/25/2009Tanto ontem foi lembrado e havido – ela – mar profundo nos seus sonhos, era vinho sorvido, posto perdido e agora achado na memória que ondulava. Recordava tantas vezes a santa e n’outras profanas, transpiradas em seu corpo tatuado, rolando n'areia, nas camas, no cais. Ele era terra, porto e mar. Ele era vida e mundo amante, singrando oceanos em casa navio, um novo tempo de voltar. Recordava a família, amigos, sorrisos mas, só ela, marejava seu olhar. À borda do mar, a cidade. Em filme, uma vida e o medo por partir e por voltar. Das separações havidas, o cansado marujo tinha à bordo seus contos em malas por guardar ou esquecer. Nas desolações costeiras, toneladas de saudades choradas por dentro e disfarçadas em branco sorriso, contrastado ao azul. Daquilo que deixara, ocupava-se pouco. Apelos do mar ao cais, coração mareante compassado, acelerado, querendo chegar. Anos separando a história e aquele dia. Quando o sol se deitava foi ouvido o sinal. À mesa, um olhar desembarcando engoliu os seus medos e respirou as batidas do seu coração. E no copo vazio do mar, ocupou-se de ocultar o seu pranto. Novamente calado, o mareante vinho, vencera tormentas, chegava em terra, amante do mar.
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Imagem Google
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23 comentários:
Estou aqui, Mai. Eu voltei e o Jerry nunca mais fugiu. =)
E faz isso sim. Escreve "sem se distrair". Acho que você me entende.
Bjos, Mai.
de tudo, quero destacar duas belíssimas coisas nesta postagem. primeiro, a imagem. excelente escolha. está tudo nela. a solidão, a beleza, apesar de tudo, a garra, a humildade. ô coisa rara humildade...
e outra coisa: esse trecho me indaga.. como é que não nos ocupamos daquilo que deixamos? impossível, Mai..
te digo já o porquê.
lê isso:
***
Triste é não chorar
Se eu também chorei
E não, não há nenhum remédio
Pra curar essa dor
Que ainda não passou
Mas vai passar!
A dor que nos machucou
E não, não há nenhum relógio
pra fazer voltar... O tempo voa!
Eu não suporto ver você sofrer
Não gosto de fazer ninguém querer riscar o seu passado
E o que passou, passou
E o que marcou, ficou
Se diferente eu fosse será que eu teria sido amado?
Por você, por você
***
nestes ultimos dias, quase todos os dias quando vou trabalhar essa música toda no rádio. essa coisa de não se ocupar ou ocupar-se pouco com o que deixamos para trás não existe. passamos e ficamos, vamos deixando nosso rastro e nos preenchendo com coisas novas, ruins ou boas. estamos sempre à frente, mas com o olhão ó.. lá no passado...
Suas histórias são profundas, sempre são, porque fala da produndeza do mar/mente, das correntes frias que passam por dentro do ser, dos tsunamis que acompanham momentos de vida...bem é assim que leio.
"Em filme, uma vida e o medo por partir e por voltar"
Muitos permanecem por medo do partir. Do novo. Com medo do partir-se ou partir.
abraços
Em filme, uma vida e o medo por partir e por voltar
Anos separando, como mares, a vontade daqueles corações. Uma maré de ideais, idéias e temores.
Cruzar a vida a nado... por um amor mais forte.
Mai... são profundas as águas desse mar!
E estar aqui é navegar em emoções!
Receba o meu beijo carinhoso
Oie Mai tudo bem?
Rs to de volta.... a comentar.
"singrando oceanos em casa navio"
acho que quis dizer:
"singrando oceanos em cada navio"
troco um d por um s.
Não tava muito a vontade a comentar aqui com medo de estar sendo chato com vc ...rs depois de várias vezes te convidar para a revista, resolvi dar uma sumida nos comentários. Mas nem por isso deixei de acompnhar o seu blog.
:) fui !
Quando meus olhos querem chorar. É só me achegar quietinha, de mansinho por aqui. Que o sorriso, logo e inevitavelmente me acontece. Mesmo que teus versos sejam tristes.
Carinho sempre, querida Mai.
Sam
Mai,
que delicia esse texto,me faz refletir! vou seguir teu blog,adorei!
estou com uma blogagem em defesa da infancia,seu comentário é imprtante,e sua visita um prazer,
beijos
Mari
Olá!!
Quando o sonho se perde no mar, fica ainda mais forte, pois enfrenta tantos marés, ventanias e tempestades que ao voltar a terra está pronto para se tornar real.
beijos
Ah, cada vez mais encantador visitar seu blog e ler-te Mai querida!!!
Bjos em teu coração lindo!!!
Ela mar ele porto...Vez ou outra se encontravam e matavam suas solidões regada em vinho encorpado q fazia vencer as tormentas...Nossa viajei agora!rs...Perfeito o texto,divina a música e belíssima a imagem!
Beijos Mai!
Maria
Certa vez existiu um mercador vendendo saudade para as pessoas dos países da língua portugêsa, se deu muito mal e morreu de fome sem saber o significado da palavra...Mal ele sabia que todos já tinham e no mar ou na terra isso era de graça.
Belo texto! Beijo
As ondas já não são as mesmas... tudo vai passando e ficando nos reconditos da alma. Um mar vai enchendo e vazando...
Navegar é preciso.
Abraço fraterno.
Força, amiga!
Mai, primeiramente queria me desculpar por não ter aparecido aqui antes.
Agora vamos ao que interessa.
A vida de um marinheiro pode ser bem triste se ele não tiver aspirações. O mesmo acontece conosco quando pegamos nosso barco carregado de sentimentos e rumamos contra a maré desesperadora.
Aí ficamos sós. Aí queremos voltar. Mas enquanto isso não acontece, nos perdemos em devaneios e saudades. Em amarguras e felicidades que somem num piscar.
A vida no mar não é para todos.
Excelente texto!
Um beijo!
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em que cais aportou o teor da garrafa?
marinheiro eu
mar
mar
Um carinho.
Sigamos...
Me identifico muito com este teu belo texto. Muito bom mesmo! Beijo
escreves sonoramente. gosto. mesmo me deixando confuso. as vezes.
beijo!
Lindo e saudoso.
... mistura bastante sugestiva: mar e vinho.... fiquei até meio tonto...
eu gostei...
vivi sensações e não sentidos.
beijo, mai!
Marinheiros, viajantes, vivem de despedidas, saudades e memórias.
Texto mar-avilhoso.
bjs
Rossana
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