a arte, um cálice e um teorema
Por Sueli Maia (Mai) em 8/12/2009Eu tenho a arte e tenho as botas de Van Gogh
Eu tenho corpo, emoção e pensamento
Eu sou ambígua e posso ser e estar em tudo ou nada
Mesmo que seja em palavra ou intenção
...
Pois se me calam engulo ou morro e invento um grito
E se oprimem meu direito eu vejo um cálice
Está sem vinho sem pacto, intacto e em mim, sem sangue
E este cálice eu pinto e bordo em outras cores
...
Se assim inscrevo, escrevo e imprimo um grito mudo
E se há rotas que são vias aos destinos
Há trilhas livres de acesso ao que me falta
E outros caminhos que me levam ao que eu suprimo
...
Se o silêncio imposto cala a minha fala
E na ausência de minha fala eu quase implodo
O meu silêncio no inaudível explodo
Eu tenho a arte e não a faca nem o açoite
...
Mas não se explica se reinvento o óbvio
Quando minha voz se cala por um ato
E se calado o meu pensar não exprimo
Ele se amplia na palavra que escrevo
...
Exprimo em arte o meu grito contido
E há um direito que em silêncio eu revelo
E há silêncios que só eu sei o grito
E vem da ausência do respeito à fala
...
Eu quero a arte e assim expresso tudo
...
Se mimetizo a fala e o silêncio em cores
E porque sou artista, reinvento o óbvio
O que eu escrevo pode ser nada ou tudo aquilo
Porque a linguagem e a arte são apenas rotas
...
E nessa via em que eu sinto e penso
E se pensando encontro outras rotas
Entre o silêncio e o grito tenho a palavra e o signo
Eu vivo em arte eu tenho a luz que não me roubas
...
Eu vejo um cálice e na linguagem a minha força
Ninguém faz arte só por que prefere
E o meu cálice só eu sei quanto me custa
Eu sou artista eu sinto, penso e existo
Eu tenho corpo, emoção e pensamento
Eu sou ambígua e posso ser e estar em tudo ou nada
Mesmo que seja em palavra ou intenção
...
Pois se me calam engulo ou morro e invento um grito
E se oprimem meu direito eu vejo um cálice
Está sem vinho sem pacto, intacto e em mim, sem sangue
E este cálice eu pinto e bordo em outras cores
...
Se assim inscrevo, escrevo e imprimo um grito mudo
E se há rotas que são vias aos destinos
Há trilhas livres de acesso ao que me falta
E outros caminhos que me levam ao que eu suprimo
...
Se o silêncio imposto cala a minha fala
E na ausência de minha fala eu quase implodo
O meu silêncio no inaudível explodo
Eu tenho a arte e não a faca nem o açoite
...
Mas não se explica se reinvento o óbvio
Quando minha voz se cala por um ato
E se calado o meu pensar não exprimo
Ele se amplia na palavra que escrevo
...
Exprimo em arte o meu grito contido
E há um direito que em silêncio eu revelo
E há silêncios que só eu sei o grito
E vem da ausência do respeito à fala
...
Eu quero a arte e assim expresso tudo
...
Se mimetizo a fala e o silêncio em cores
E porque sou artista, reinvento o óbvio
O que eu escrevo pode ser nada ou tudo aquilo
Porque a linguagem e a arte são apenas rotas
...
E nessa via em que eu sinto e penso
E se pensando encontro outras rotas
Entre o silêncio e o grito tenho a palavra e o signo
Eu vivo em arte eu tenho a luz que não me roubas
...
Eu vejo um cálice e na linguagem a minha força
Ninguém faz arte só por que prefere
E o meu cálice só eu sei quanto me custa
Eu sou artista eu sinto, penso e existo
*
Sueli Maia
*Mai
.
Arte: botas de Van Gogh
Música: O que será - Chico Buarque e Pesadelo - MPB4
18 comentários:
Nesta reedição assino o texto que em meu ultimo post, um anônimo, inspirou-me a fazê-lo.
Agradeço todas as críticas e comentários.
Sueli Maia
*Mai
12/08/2009
Mai, eu juro, vou falar gritando.
(porque eu fui ler o texto anterior, e depois li os comentários, e me indignei com o comentário do/a covarde anônimo/a). e eu lhe digo, em alto e bom som, que:
QUANDO EU TE ENCONTRAR, EU VOU TE DAR UM SALTO LINDO DA CARMEM STEFFENS DE PRESENTE!
sabe por quê?
porque mulheres como nós nunca, NUNCA, NUNCAAA descerão do salto. e, se é de ser um SALTO, que seja um bem ALTO, que seja à la CARMEM STEFFENS, que seja ÚNICO/EXCLUSIVO, que seja FINO, que seja ELEGANTE, que seja DIFERENCIADO, que seja FEITO COM ARTE, que seja INOVADOR e, sobretudo... LEGITIMAMENTE BRASILEIRO!
assim como são as suas palavras.
belo, Mai. nunca deixe a sua arte calar. escrever é nosso hábito, é o que nos faz bem. quem quiser, que diga o que queira.
só o que faltava... um anônimo/a no teu blog e um/a hacker no meu! danoooou-se!
bate. o/
p.s.: belíssimo culto à arte é esse teu texto. um dos melhores. um ápice!
O que você escreve me lembrou o tempo da repressão. Um tempos dos bons artistas, de boas músicas, de boas expressões.
Para quem tem a arte tem o poder mais belo da expessão do grito contido. E você expressa isso muito bem.
beijos mil
"sou artista, reinvento o óbvio" está nosso epitáfio em papel e tinta, aquela que não se enterra se absorve e espalha. Belo linda tudo acaba inspirando >D bj
ps: se o "coments" a ignorância me indignou o seu m fez levantar e aplaudir Orgulho de te ler e ser seu amigo.
Você não deve nada a ninguém, muito menos ao anônimo covarde e a tua escrita poética muito menos a prova está neste belíssimo poema.
Eu não apagaria deixaria de lembrança do fracasso do outro lado que na verdade sente a tua ausência quer apostar? Beijo
A sua arte poética encanta e fascina não somente a nós, seus amigos, mas a quantos tem a oportunidade de conhecer e ler sua poesia.
Poético abraço do amigo Gilbamar.
Você é única Mai!!!!
E nem precisa que ninguém lhe diga isso, porque você sabe quanto vale, mas nunca é demais dizer-lho!
Fui ler a afronta que lhe fizeram, de facto de muito baixo nivel!!!
Você é maior, é de facto artista, assim... de letras garrafais!!!
Quem é MAIOR tem sempre em seu redor invejosos que também queriam ser.... mas sabem que nunca lá chegarão!...
Este seu grito está fabuloso!
"Eu vejo um cálice e na linguagem a minha força
Ninguém faz arte só por que prefere
E o meu cálice só eu sei quanto me custa
Eu sou artista eu sinto, penso e existo"
Beijo Mai.
Adoro você!
Preciosa poesía para un cuadro qtá entre mis preferidos.
Un beso.
É fácil criticar atrás da máscara de anônimo. É fácil apunhalar pelas costas. É fácil emitir uma opinião sobre um texto artístico, sem nunca ter lido uma vírgula.
A ignorância grassa e grossa e cega.
É boca suja, escura, de dentes podres mal tratados. De um passado morto.
Quanto aos seus textos, é graça e brincadeira de sons e palavras. É liberdade de pensar e rir.
Adoro você e revolto-me junto.
Grande beijo, amiga.
Vou te dizer uma coisa. Verdade irrefutável. Pelo menos para mim. Teus textos estão impregnados com as pegadas das botas de Van Gogh...
São pegadas de artista que se expressa sem pressa... e que enche de compressas as têmporas da dor de cabeça da falta de idéias.
Tu tens idéias... E tuas idéias tem identidade própria.
Como já disseram, quem escreve e tem o dom da escrita, não tem que provar nada a ninguém! O escritor, em primeiro lugar, escreve para si mesmo. Ponto. A exposição para o mundo exterior, é secundária. Ponto. Deste mundo coberto pela neblina, salvam-se os famosos poucos, mas bons. E o que sobra de tudo isso, é justamente a ignorância dos milhares de anónimos que vão surgindo no decorrer das nossas vidas. Nada que não seja ultrapassável. Aliás, é um dos grandes motivos, para continuarmos ainda mais fortes.
Ponto.
*
Anônimos, nossa, como eles são valentes!
Bj
Beto.
"Porque há o direito ao grito.
Então eu grito."
(Clarice Lispector)
Beijo, Mai!
É Mai, tu és artista sim! E podem dizer o que quiserem, e fazer o que quiserem, que de ti a arte nunca sairá.
Eu te amo muito
e sua arte também
Na verdade são uma só:
Sueli Maia
BJo♥
“como beber dessa bebida amarga” – cálice!
Cale-se a voz acintosa do covarde
Que, sem face e sem nome,
Num prelúdio de outros tempos,
Revela-se agora vil e estúpida.
“tragar a dor engolir a labuta” – cálice!
Cale-se a voz “invisível” e implícita
Da opressão, que desce o látego
Em nossas costas, para fazer-nos mudo
Nesse mero mundo de ambições...
“mesmo calada a boca resta o peito” – cálice!
Cale-se tu, migalha insignificante desse teu AI5
Insensato de ideais mortos, pois tu
Não sabe a cor do sangue que já foi
Derramado em todos os textos, em todas as letras,
Em toda palavra que um dia, tentastes calar.
“é difícil acordar calado, mas na calada da noite
Eu permaneço atento, para a qualquer momento
Ver emergir em todas as pessoas” um cálice novo
De novos alentos, de vinho tinto de luta,
Nessa nossa escuta imaculada de um novo tempo
Que faz se ouvir e falar na voz de uma arte nova,
Nessa nova aurora de gritar.
Cálice! – sim, cale-se tu!!!!
(esse texto é um apoio incondicional à liberdade de expressão, à artista tão cheia de lisura, nossa querida Mai, em relação à estúpida manifestação e tentativa de fazer calar a voz, num comentário feito aqui mesmo nesse espaço, por parte de um covarde anônimo)
Mai, bebamos juntos um cálice de liberdade e que, cale-se a voz da censura.
Beijos, querida, estou contigo para o que der e vier. Fique bem.
Você foi grandiosa em não ter deletado o anônimo. Mas eu o recusaria, amiga.
Recusar esse tipo de gente não é censura, é apenas um ato de higiene. Nosso espaço virtual não merece ser conspurcado por uma pessoa de alma pútrida e fétida como esse anônimo. Não devemos dar-lhe espaço de mídia gratuita. Devemos sim, fechar-lhe as nossas portas. Em meu blogue ele não será publicado jamais, amiga. Mas a tua atitude foi importante, pois nos alertou para a mentalidade que está renascendo no lamaçal político de Brasília: raivosos e fedidos filhotinhos da ditadura.
Aqui não aconselho a ninguém lhes dar espaço.
Abraço fra/terno e solidário.
lindissimo , faço das suas palavras minhas ( DE NOVO !!!)
Você faz sua Arte, pela palavra. E ai de quem tentar apagar essa Palavra!
Mai! Eu nem ligaria prá "anônimos"...
Quem não tem nome, não existe na sociedade civil. E, pelo jeito, esse "anônimo" não existe nem na subjetividade dele...Ou seja, se ele não existe...
Beijos prá você, que existe muito!!!
Dora
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