a ventureira
Por Sueli Maia (Mai) em 8/21/2009.
Ventura é encontar um azul ondulando. E o espelho era a janela no encontro do horizonte com seus olhos. Lá fora o beijo de uma onda que era uma boca faminta e só. Céu copulando com o mar e ampliando o infinito que haveria de chegar. Sons do vento a embalar o coito do oceano com a areia. Marcas do tempo incrustadas na face, no peito e nos pés que afundavam a terra sem chão, no mesmo lugar. Sons com lembranças da voz e qualquer toque era a pele soprando nas algas. Sempre era um pulo do mar nos rochedos e era ainda a palavra que o mar sussurrava, dizendo seu nome. Aguas de lembrar espalhando na pele, no ar, na areia, nos olhos no tudo de dentro. E o seu cheiro era gosto de um mar amando na boca das rochas e depois indo embora deixando somente o molhado e a pedra, molhada na pedra. Pele, atrito de pele com pele e um suspiro de querer estar dentro e estar só. E por fim essa presença ausente que pra sempre ela via e não via e ouvia, sentindo, chamando e esperando na janela e no azul. No silêncio do sempre, a certeza de jamais ouvir o seu riso. Sonhos, nada nos olhos em que ele nadava no fundo do azul. Tarde, já noite e a janela debruçava seus sonhos, no espelho das águas.
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Música: Debussy
20 comentários:
A espera.
O navio que não chega.
O vento que não sopra.
O dia que não cai.
A felicidade que não sobra.
A espera.
Amarga e doce.
A espera.
Ilusão deletéria.
Voa o tempo e não nos recordamos mais nem o porquê.
Mai!
Como sempre vibrante nos textos e me inspirando a escrever um caco de qualquer coisa.
Um beijo.
E o seu cheiro era gosto de um mar amando na boca das rochas e depois indo embora deixando somente o molhado e a pedra, molhada na pedra.
Fantástico isso. Sao lindas as imagens que você cria, e as vê vivas, como num filme, como num album de fotografias. Admiro a conotatividade* dos teus textos.
*É um termo que nós do Bilhetes usamos para falar dessa cascata de imagens que, cada um à sua maneira, gente como você, a Letícia e o Neres, conseguem nos trazer.
Inté!
Gosto da forma como, com palavas, você utiliza a natureza para criar belas metáforas sobre sentimentos, sobre a vida de suas personagens.
Isso me ativa a imaginação, para interpretar o que acho que queres dizer!
É ótimo!
Grande beijo!
ah.... essa presença ausente...
ah.... como dói....
Beijo carinhoso
Texto delicioso, ainda que eu não seja viciado em mar...
"Céu copulando com o mar e ampliando o infinito(...)"
A-do-rei!!!
Boa noite, MAI!
Mai, tenho sentindo os textos cada dia mais intensos, vibrantes, bonitos. A escrita flui, seja pontuada ou não, é emoção que borbulha, é pensamento se derretendo.
Hora poéticos demais. Hora inquietantes demais. (para mim claro).Sempre de uma criatividade sem igual.
Andas sumida? Espero que esteja tudo bem. beijo
eu acho que eu ando meio insensível ultimamente. O.O
Insensível eu não sei.
Mas sumida está, Sandra. :)
Pra variar ficou muito bom, Mai!!!
Bjsss
legal
"Sons do vento escondendo o coito do oceano com a areia."
Mai minha,
são bons também dependem do tamanho... por que não enfeitar a vida, e até mesmo a dor? se na partida tudo é sempre dó...
um beijo melado de paz e luz e amor,
sonho contigo,
carinho,
do seu homem-menino-quase-lá...!
Parabéns pelo fantástico texto, os sonhos se espelham nas águas e a inspiração flui certeira se banhando nas águas dos sonhos dando origem a uma combinação perfeita entre o real e o imaginário.
Beijinhos,
Ana Martins
Reflexos da janela "tudo de dentro". Uma ressaca com o mar. Ondulante linda. beijos boa sexta, ótimo fim de semana.
Você me fez sorrir. Sempre tinha mais gente, não é mesmo? Sempre lembrados. Mesmo quando não citados, ou não escritos.
beijos no seu coração.
Ah, Mai, não sei bem, mas esse teu escrito me levou para as cenas do filme Mar adentro do diretor espanhol Alejandro Amenábar, onde o drama gira e torno de um poeta, Ramon Sampedro, que, paraplégico, tenta o direito a eutanásia como uma luta pela liberdade de escolha, pela democracia de viver. Bom, seu texto não diz sobre isso, é lógico, mas as cenas do mar, do voo livre que essas linhas inferem, lembram as muitas cenas do filme de um mar aberto e uma sensaçao de liberdade.
Beijos, querida, bom fim de semana.
Céu copulando com o mar e ampliando o infinito...
Oi Mai, fiquei imaginado esta cena, onde os azuis se encontram formando o horizonte...e se ali eles copulam, é nos dada a chance de novos horizontes...quem sabe ainda mais azuis...
A música não sei...mas lembrou´me Cristina Braga...conhece?
Esteve aqui por perto certa vez com sua harpa e com seu talento e nos contou uma história linda e sobre uma outra pessoa também linda
Que as palavras continuem por aqui...ampliando o infinito...
Um abraço na alma...bom fim de semana
que lindo texto :')
quando a diferença das idades é muita, a própria sociedade condena a prática desse amor, logo, torna-se impossível..
bom fim-de-semana Mai *
Mai, amiga!
Todo texto é poesia. Quis destacar uma frase, a que mais gostei... Impossível! Teria que escrevê-lo por inteiro. Belo, simplesmente!
Beijo
E o seu cheiro era gosto de um mar amando na boca das rochas e depois indo embora deixando somente o molhado e a pedra, molhada na pedra.
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ah! vem tu rainha!
Destino fãtástico!
desMAIei!
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