Inspirar-Poesia, um segundo sopro

outra vez - o tango e teu perfume...

Por Sueli Maia (Mai) em 2/13/2009


Vinho rubro-carmim. Minha boca e o som de um tango ao violino. Música que inebria mais que o vinho. E nos cabelos-azeviche minhas mãos sustentavam cabeça e alma, nuas, em meus assombros-sós. Eu a esperar um quem-qualquer olhava o tempo sentia o vento que trazia longe um perfume estonteante que instigava os meus sentidos provocando fera-fêmea, louca, prá sair e fugir daquela pose de total sobriedade. O violino, covarde, sussurrava ao meu ouvido um bom Gardel. Dona de mim ainda esperava aquele-quem talvez, ninguém, pois me deixara ali sozinha a esperar... Azar! Pois o perfume tocou com a mão meu ombro nu. Eu me virei e um deus, um Zeus ou quase Apolo, estava ali. Uma mística e sensual magia rodopiou mil borboletas a voar em meu estômago. Um frio percorreu-me inteira. Suas mãos tocaram levemente as minhas e eu-menina obedeci-lhe, escrava. O deus hipnos habitava aqueles olhos que agora eram meus. E riam e brilhavam só prá mim. Eu fui nem sei prá onde e fui... E andei levitando, flutuando de tão leve-alma. Minha vida estava inteira ali. Eu dançaria em um minuto aquele tango de Gardel. O mais interminável e feliz instante dos últimos mil dias de uma vida sem sal, sem sol ou dó-maior. E entreguei corpo-serpente ao bailarino - Orfeu. Submeti-me aquele olhar e boca e cheiro e pernas, tudo... E assim sorri aquele minuto sem-fim. Seguro às mãos de Eros, meu corpo sempiterno, quase éter de tão leve girava em seus braços, rodopios... O cheiro e o suor daquele deus ali colado ao meu me entorpecia, entontecia, enlouquecia-me em febre-fêmea que fervia. O perfume se fundira aos suores e os quereres de nós dois. Uma química perfeita impregnara ambos. Minha pele e eu arrepiada, sem fingir mostrava – te quero, agora! Minha boca, pernas, olhos, eu, inteira consenti o nó e o nós. Foi quase ali sob os olhos de Gardel. Ah! Que delícia teu perfume e tudo e muito. Teu alfabeto, geografia e a linguagem do teu corpo no meu corpo que tocavas deslizando tuas mãos em meu vestido... Ah! Não me acorda ainda... Deixa mais um pouco eu sonhar com o perfume e este tango. Amando sob a chuva e com teus olhos brilhando e sorrindo prá mim. Teu cheiro e o perfume desse tango ainda estão em mim. Ouvir Gardel, ainda me arrepia...

texto reeditado
Música: true lies scent of a woman
Imagem Google

6 comentários:

Nuno de Sousa disse... @ 13 de fevereiro de 2009 às 20:34

Lindo seu tango nestas suas palavras que transborda beleza e alegria além de mta sensualidade.
Gostei amiga e um bom fds para ti,
Recebe desse lado uma grande bjoca de Portugal que eu vou fazer um curso de aves e também fazer umas fotos para colocar meu novo blog :-)

Nuno

Café da Madrugada® Lipp & Van. disse... @ 13 de fevereiro de 2009 às 21:04

Nossa. Recebemos sua visita no nosso blog, obrigada pelos elogios! Mas ao vir aqui, nos deparamos com textos ótimos como esse!
A musica então, fascinante!

Ah, tango... é envolvente, inspirante... 'paralizante' !

=D volta sempre ok?

Vamos add seu link lá.
Beijos.

Leo Mandoki, Jr. disse... @ 13 de fevereiro de 2009 às 21:48

fala serio Mai..Carlos Gardel é sacanagem....
tango é sacanagem...
tango é produto para exportação...assim como o samba...
tango e samba despertam o imaginario sensitivo de quem nao sabe sambar nem dançar o tango...
tango é chato..é dificil...e é brega..
o unico tango que vale a pena é o marlon brando em o ultimo tango em paris....depois dele nem o al pacino...
esquece essa coisa do tango...

Paulo disse... @ 13 de fevereiro de 2009 às 22:35

Olá Mai,

A musica nos inspira a sonhar. Através desse tango fluem num crescendo palavras de amor, paixão, desejo, sensualidade...

Perfeito compasso entre a música e as palavras!

Meia-luz e rosas vermelhas para você.

Jaya Magalhães disse... @ 14 de fevereiro de 2009 às 00:51

Nossinhora, Maaaaaaai!

Enquanto eu lia, Gardel cantava ao pé do meu ouvido. E eu me arrepiava, como que vivendo tuas palavras. O filme. A dança. A sensualidade. Os jogos.

Delícia na vida, é te ler. Perco até a hora, vendo o que andei perdendo. Vai ter livro quando, hein? Fico impressionada com a quantidade de inspiração que você carrega em si. Não acho que seja só poesia. Tem mais o que, hein? Me ensina? Rs.

Uns beijos, nocê.

Paula Barros disse... @ 14 de fevereiro de 2009 às 01:11

Gosto de observar dançarinos dançando tango. Acho uma dança muito sensual. E ao ler imaginei um perfume para me envolver mais ainda no seu texto.

E lembrei de uma foto que vi, se enquandra nesse Deus. rsrsr

abraços

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