Inspirar-Poesia, um segundo sopro

ritual

Por Sueli Maia (Mai) em 2/16/2009

Dias com chuvas miúdas caem depressa. Deitam na terra e somem de volta prá quando e prá onde, não sei. Vento quebrando nos olhos em velocidade é lágrima que rola na face prá ninguém ver chorar. Carro crispando na areia da praia com água espraiando é noite, é corpo, é desejo de ir só. Banho de lua no mar com a chuva em meus olhos, é você. Eu ouvia a chuva cantando essa música chamando de volta a alegria. E girava de braços abertos com a roupa colada no corpo. Eu gritei e pari-me de novo num expurgo. Eu chorei minha chuva e falei o teu nome, pela ultima vez. E lembrei que a noite caia em meus braços e ainda doía sentir tua pele na minha. Mergulhei e banhei-me em rito, agora, silente.
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Imagem Google

16 comentários:

Quintal de Om disse... @ 16 de fevereiro de 2009 às 23:04

Ahhh querida! Eu tbm as vezes, melhor, quase sempre me deixo levar assim, pela natureza, pelas mãos de Deus que faz brotar a simplicidade diante de nós. Num banho de chuva, na luz do sol, vento no rosto e areia ardendo nos olhos... adoro! E se algo tiver que doer, que seja a barriga, de tanto rir pelas cócegas que sinto nos pés ao andar descalça pela grama!

Abraços ensolarados para ti, mulher bela!

Renato Ziggy disse... @ 16 de fevereiro de 2009 às 23:36

Eu gosto quando me sinto em sintonia comigo, com a natureza, com o que se torna extensão de mim. Os movimentos fluem feito cachoeira e a voz sai vibrante até quando tudo é silêncio. Ritualisticamente estético, profano e divino ao mesmo tempo, porque libertar-se através do grito é um monte de coisa junto: sensação, sinestesia e sentimento. E você poetizou isso lindamente, Mai. Tuas palavras tiveram um ritmo bom, que me lembrou aqueles rituais afrobrasileiros, em que se invoca algum orixá. Todavia, senti que evocaste o alívio. E ele veio silente, te trazendo o equilíbrio, sem te deixar vacilate, e te acalmando com a toada do mar. Parabéns!

PS: Eu não estou amando. Muito do que escrevo é fruto de sensação que eu dei algum tempero. Ou então é personagem mesmo. Hehehe! Beijos!

Renato Ziggy disse... @ 16 de fevereiro de 2009 às 23:37

*vacilante

Café da Madrugada® Lipp & Van. disse... @ 16 de fevereiro de 2009 às 23:38

Aqui chove desde ontem. Não sei, adoro a chuva. Mas agora, ela parece me incomodar. Sabe? Um desânimo assim, de repente.

Gostei do teu texto. Essa música, então! =) temos uns gostos musicais parecidos!

Van.

Xando Vilela disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 00:12

Um geito bem singular, parece ser um eu lirico com uma personalidade muito forte. Gostei!

:.tossan® disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 01:16

O importante agora é que a nossa emoção sobreviva para que possamos chegar perto do fim com dignidade. Beijo

Coloca sua máscara para sobreviver.
Sorri, chora, fica brava, faz pirraça.
Desnorteada sente que vai enlouquecer
e como palhaço acha graça da desgraça.
No picadeiro da vida faz malabarismo,
mágica e se arrisca no globo da morte.
Sofre inquieta sem entender o absolutismo,
o desmando de gente que se acha forte.
Parem com esse falso espetáculo,
deixem que a máscara do palhaço caia,
que consiga atingir seu pináculo
mesmo que só consiga vaia.
desconheço o autor,
se alguém souber...

Dauri Batisti disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 08:11

Banhar-e em rito é sinal de que se está prestando atenção à vida, às sutilezas da luz da vida, às variações de tons da música do coração.

Beijo.

Alfredo Rangel disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 08:20

Banho de chuva, de mar, de noite. Entrega total à natureza. Pele molhada, ao sabor de arrepios. Necessários. Lindo. Como o que vem após um ponto final.

Beijo

Elcio Tuiribepi disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 08:59

Gostei da parte onde a chuva cai, deita na terra e vai, acho que de certa forma ela sempre volta...silente...Belo poema...um abraço na alma

Anônimo disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 09:59

E esse silêncio berrou, acima do som de toda a água e toda a chuva. Esse silêncio tomou os ouvidos como as gotas tomaram o corpo, no lugar do abraço. E assim, o nome não perdia-se na noite, mas no eco...

E o momento se tornou rito, do qual pudera nascer descoberta.

Anônimo disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 10:20

O mehor jeito de disfarçar a lágrima é deixar ela se misturar à chuva.
Frio no rosto e aquele rastro de água morna vazando dos olhos...
Mas chorar é bom.
Lava a alma...

Bjs!

Luciene de Morais disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 11:55

Finalizações...
Partos em expurgo...
Esses banhos, rituais, são muito importantes!

adouro-te disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 15:19

Sensualidade em cada poro! E que ritmo!
Boa tarde, poetisa/poeta!
Beijos.

PS:Deus é mesmo brasileiro! Nem penso poder fazer o mesmo por aqui. Morreria congelado!

Fabiano Rabelo disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 15:28

tem um texto de teatro que esse seu texto me lembrou muito. não tem muito a ver não, mas mesmo assim vou te dizer qual é: "fala comigo doce como a chuva" é um texto do americano tennesse william. é sem duvida umas dois mais lindas que eu já vi no teatro. aqui em bh, recentemente fizeram uma montagem dele e eu que não sou de repetir peça, vi ela quatro vezes.
o seu texto ter me lembrado essa peça só faz eu gostar ainda mais do que você escreve, querida!
beijos e beijos, doce como a chuva

Márcio Ahimsa disse... @ 17 de fevereiro de 2009 às 20:00

Ah, Mai. É bom deixar-se banhar assim de vontades, como é bom. Banhe-se querida sempre dessa chuva de quereres, sempre.

Beijoca.

Unknown disse... @ 14 de outubro de 2009 às 07:56

O meu bem-haja.

A partir de hoje tem novo estatuto:
- O de minha musa-inspiradora
(com o respeito devido)

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