ritual
Por Sueli Maia (Mai) em 2/16/2009Dias com chuvas miúdas caem depressa. Deitam na terra e somem de volta prá quando e prá onde, não sei. Vento quebrando nos olhos em velocidade é lágrima que rola na face prá ninguém ver chorar. Carro crispando na areia da praia com água espraiando é noite, é corpo, é desejo de ir só. Banho de lua no mar com a chuva em meus olhos, é você. Eu ouvia a chuva cantando essa música chamando de volta a alegria. E girava de braços abertos com a roupa colada no corpo. Eu gritei e pari-me de novo num expurgo. Eu chorei minha chuva e falei o teu nome, pela ultima vez. E lembrei que a noite caia em meus braços e ainda doía sentir tua pele na minha. Mergulhei e banhei-me em rito, agora, silente.
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Imagem Google
16 comentários:
Ahhh querida! Eu tbm as vezes, melhor, quase sempre me deixo levar assim, pela natureza, pelas mãos de Deus que faz brotar a simplicidade diante de nós. Num banho de chuva, na luz do sol, vento no rosto e areia ardendo nos olhos... adoro! E se algo tiver que doer, que seja a barriga, de tanto rir pelas cócegas que sinto nos pés ao andar descalça pela grama!
Abraços ensolarados para ti, mulher bela!
Eu gosto quando me sinto em sintonia comigo, com a natureza, com o que se torna extensão de mim. Os movimentos fluem feito cachoeira e a voz sai vibrante até quando tudo é silêncio. Ritualisticamente estético, profano e divino ao mesmo tempo, porque libertar-se através do grito é um monte de coisa junto: sensação, sinestesia e sentimento. E você poetizou isso lindamente, Mai. Tuas palavras tiveram um ritmo bom, que me lembrou aqueles rituais afrobrasileiros, em que se invoca algum orixá. Todavia, senti que evocaste o alívio. E ele veio silente, te trazendo o equilíbrio, sem te deixar vacilate, e te acalmando com a toada do mar. Parabéns!
PS: Eu não estou amando. Muito do que escrevo é fruto de sensação que eu dei algum tempero. Ou então é personagem mesmo. Hehehe! Beijos!
*vacilante
Aqui chove desde ontem. Não sei, adoro a chuva. Mas agora, ela parece me incomodar. Sabe? Um desânimo assim, de repente.
Gostei do teu texto. Essa música, então! =) temos uns gostos musicais parecidos!
Van.
Um geito bem singular, parece ser um eu lirico com uma personalidade muito forte. Gostei!
O importante agora é que a nossa emoção sobreviva para que possamos chegar perto do fim com dignidade. Beijo
Coloca sua máscara para sobreviver.
Sorri, chora, fica brava, faz pirraça.
Desnorteada sente que vai enlouquecer
e como palhaço acha graça da desgraça.
No picadeiro da vida faz malabarismo,
mágica e se arrisca no globo da morte.
Sofre inquieta sem entender o absolutismo,
o desmando de gente que se acha forte.
Parem com esse falso espetáculo,
deixem que a máscara do palhaço caia,
que consiga atingir seu pináculo
mesmo que só consiga vaia.
desconheço o autor,
se alguém souber...
Banhar-e em rito é sinal de que se está prestando atenção à vida, às sutilezas da luz da vida, às variações de tons da música do coração.
Beijo.
Banho de chuva, de mar, de noite. Entrega total à natureza. Pele molhada, ao sabor de arrepios. Necessários. Lindo. Como o que vem após um ponto final.
Beijo
Gostei da parte onde a chuva cai, deita na terra e vai, acho que de certa forma ela sempre volta...silente...Belo poema...um abraço na alma
E esse silêncio berrou, acima do som de toda a água e toda a chuva. Esse silêncio tomou os ouvidos como as gotas tomaram o corpo, no lugar do abraço. E assim, o nome não perdia-se na noite, mas no eco...
E o momento se tornou rito, do qual pudera nascer descoberta.
O mehor jeito de disfarçar a lágrima é deixar ela se misturar à chuva.
Frio no rosto e aquele rastro de água morna vazando dos olhos...
Mas chorar é bom.
Lava a alma...
Bjs!
Finalizações...
Partos em expurgo...
Esses banhos, rituais, são muito importantes!
Sensualidade em cada poro! E que ritmo!
Boa tarde, poetisa/poeta!
Beijos.
PS:Deus é mesmo brasileiro! Nem penso poder fazer o mesmo por aqui. Morreria congelado!
tem um texto de teatro que esse seu texto me lembrou muito. não tem muito a ver não, mas mesmo assim vou te dizer qual é: "fala comigo doce como a chuva" é um texto do americano tennesse william. é sem duvida umas dois mais lindas que eu já vi no teatro. aqui em bh, recentemente fizeram uma montagem dele e eu que não sou de repetir peça, vi ela quatro vezes.
o seu texto ter me lembrado essa peça só faz eu gostar ainda mais do que você escreve, querida!
beijos e beijos, doce como a chuva
Ah, Mai. É bom deixar-se banhar assim de vontades, como é bom. Banhe-se querida sempre dessa chuva de quereres, sempre.
Beijoca.
O meu bem-haja.
A partir de hoje tem novo estatuto:
- O de minha musa-inspiradora
(com o respeito devido)
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