Perdidos no espaço e Darwin - Um filme...
Por Sueli Maia (Mai) em Da ficção e do real... 2/08/2009..........................Domingos são dias longos e a solitude é que o sabe mensurar em suas dores e fomes. Dias amanhecem cedo e os jornais estampam o mesmo e o sempre. E hoje é Darwin. Ali o ilusório e o real na crônica sobre a morte do Robô de um sériado-ficção americano que chegou ao Brasil no final da década de 60 (eu não estou louca. Robôs também morrem). Bob May foi o ator (por trás ou por dentro) que interpretou o robô da série Perdidos No Espaço (não é coisa da minha geração porque a fox, veicula até hoje). Ingenua e erradamente, eu pensava que o tal robô era uma máquina. Mas era gente, era Bob May. Quando menina brincava viajando pelo espaço (imaginativa que só vendo) e intergaláctica eu era Penny e odiava o Dr. Smith (o velho era metido a sofisticado e tinha cara de psicopata). Menina eu cria e ainda, que de alguma forma a ficção, por ser inventada, é repleta de verdade. Com garbo (sem sê-la), eu era a roteirista e produtora de filmes inteirinhos e os projetava nos pedaços de película que restavam dos cortes do cinematógrafo da cidade (produção barata. Eu comprava com dinheiro de papel de cigarros – fediam à beça). Era a festa da imaginação. Mais tarde passei a compreender que os cineastas são espécie de Nostradamus. Filmes de ficção parecem ter sido concebidos por alguém que tem a primazia da antevisão de um caos ou de uma realidade que só na arte se acessa e transita (me queimariam outra vez em alguma fogueira, mas, não sou tonta. Eu negaria para sobreviver). Bem mais tarde nós mortais poderemos, ou não, ver nas ruas aquilo que há anos vimos nos cinemas ou lemos nos livros (tenho a tendência de pensar que por mais inverossímil que pareça um filme, a qualquer momento, aquela ficção poderá se confirmar como a mais inteira e plena verdade). Assim não me assutei com os implantes e transplantes de órgãos ou membros e nunca tive medo de Frankstein,(queria defendê-lo. Sempre vi um ar de bondade naquele ‘monstrengo’. Um simples afago e ele quedava seu pescoço com vergonha...) Assim entre o seriado e as viagens aeroespaciais, para mim, nada havia de novo. Aquela odisséia já havia sido filmada, era apenas a reinvenção do ululante. Entre o real e o absurdo, chegamos à cyber-dependência-química e não mais a do personagem ‘Will Robinson’ (o garoto era um nerd em plena década de 60), mas das novas (e nem tão novas) gerações. O fenômeno da sociedade em rede me fez retrovisar meus tempos de infante-cineasta e pensei em Darwin, visionando uma geração cyber-humana (homo-solitarius-internéticus) como mutação evolutiva dos sobreviventes do medo do contato, da alteridade, de amar, e sendo máquinas não haveria suicídios ou qualquer tipo de morte, nem mesmo as de amor. Estudos arqueólogos atribuem ao sapiens o genocídio do homem de Neanderthal. E lá se vão mais dois séculos entre a cegueira, Darwin e as bases de sua teoria. Basta olhar no espelho, ficar ereto sobre os pés ou se ater ao movimento de pinça do dedo indicador, que nos quedaremos à evolução. Estupefatos diariamente e em tempo real, assistimos à releitura de Dante e assim caminha a humanidade, perdida no espaço vestindo ‘Prada’ e com alma, irmã gêmea do ódio e egoísmo humano. Perdidos na terra e no espaço e em meio a um caos (o que é pior, sozinhos porque nos distanciamos de nós e do outro, como se tivéssemos mesmo perdidos no espaço) e sem intervenção divina para as escolhas e os equívocos absurdos do humano pois cegos de nossa responsabilidade, não queremos envelhecer e nos matamos antes de adolescermos e matamos crianças, (assistimos a maior estupidez humana - suicídios e genocídios) em plena era das pesquisas genéticas. Tentamos sobreviver mais que isto, temos que sobreviver com coragem para limpar a sujeira das crianças... Bob May era um robô e nada mudou, mudou? Assim pensei meu novo filme em que Darwin inventava a humanidade perdida no espaço e na supremacia do 'homo-solitarius-internéticus', a extinção do sapiens...
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Imagens Google
12 comentários:
Fez-me lembrar dos tempos em que a minha boneca dormia permanentemente em um canto, enquanto eu, comandante de uma nave espacial com 6 tripulantes, viajávamos pelas galáxias e olhávamos pela escotilha (da máquina de lavar roupa) o universo. Eventualmente deparávamos com um inimigo ou um asteróide em rota de colisão, mas nada que nosso piloto (de uma enceradeira) não pudesse desviar a tempo, ou que uma luta corpo a corpo não resolvesse. Acho que não tínhamos robôs nem um dr. Smith... O nosso computador de bordo, hoje, está entranhado nas malhas da informática até o último fio de cabelo e morre de ciumes das filhas (pobre coitado...).
Assim, acabo por concordar com voce: no fim, a ficção acaba por dar pistas do que vai ser o futuro.
Mas... eu gostava, mesmo do cínico Dom Diego de La Vega.
bjs
Não, não precisamos que se crie um novo homem, amiga. Precisamos de alguma nova invenção que programe em nós o amor. Que a conexão de nossa rede seja o amor.
Que seja o amor globalizado, que se torne a conexão total. rs
Que venha do futuro o ser-para-o-amor!!! Eis a minha ansiada ficção.
E tb assisti Perdidos no Espaço. Era a novidade da época. rsrsrs
Cá estou...
Assim...
Parece que você sempre sabe o que está pra acontecer comigo...
O proximo post tem algo a dizer...
Quando a sua questão...
Num sei bem se sou capaz de resolver...
Mas...acho que por ser um tanto quanto louco, enxergo os tais buracos como brincadeiras de criança...
Sei que é super inconsequente e imaturo...
Mas esse é o jeito que tenho pras coisas...
Quanto as tabuas...tenho muito que agradecer a Deus...
Elas sempre aparecem quando o buraco é grande demais pra eu pular por sobre...
Confesso tambem que acontece algo masoquista...eu gosto de chegar ao fundo as vezes...
Por maior que seja a dor...
Outra coisa...
Os arduos dias passados de trabalho me fizeram viciar em adrenalina como droga...
Outra coisa...
As tabuas as vezes quebram...
Qual a graça de viver se não for pra arriscar...vivendo assim vou tentando pular uns buraquinhos maior que minhas pernas...
Não sei se cheguei onde queria...
Abraços...
Beijos...
Eu.
ei, obrigado pelo comentário lá No Tripé, passo aqui depois pra te ler com mais calma, mas eu queria mesmo saber quem é a Vanessa e de que entrevista tu fala guria, porque não concedi entrevista algum e sequer 'conheço' alguma Vanessa pelo blog, se puder me esclarecer isto, ficarei grato.
Té mais :)
Olá Mai,
É triste o resumo evolutivo atual, porém os fatores ambientais que se apresentam com a facilidade, a velocidade de comunicação e interatividade entre indivíduos, impulsionam a criação de uma nova consciência, talvez um Homo-Dignus?
De "Perdidos no Espaço" a "Blade Runner", podemos ter noção do Homo- e seu ambiente...E escolher
Muito oportuno seu comentário sobre a autoria do poema "Y Uno Aprende" pesquisei e encontrei o verdadeiro autor, você tinha razão, grato!
Rosas brancas!
Viajando pelo espaço cibenético encontrei seu espaço; muito bonito por sinal; parabéns!! Com certeza voltarei aqui outras vezes.
Um excelente início de semana.
Querida Mai,
Como é bom estar aqui acompanhando a sua escrita...
Cada dia algo novo repleto mensagens.
Que essa seja uma semana rica em realizações para o seu belo coração!
Beijos com meu carinho
*
belo texto,
obrigado,
como cinefilo
como amigo da tua casinha,
,
conchinhas mareantes, deixo,
,
*
E vamos viajando sempre, vamo-nos aperfeiçoando geneticamente, mas ao mesmo tempo degenerando como " humanos" acho que prefiro continuar a sonhos com seres especiais vindos do espaço
beijinhos
Ah, querida, dessa coisa de premeditar o futuro através, mais dos livros que nos filmes, da ficção, confesso, que também sinto um pouco disso sempre. Me lembro quando li Aldous Huxley em seu Admirável Mundo Novo e fique perplexo, não com a ficção que ali se desenhava, mas com a incrível verossimilhança com a realidade dos nossos dias. Se formos analisar ao pé da letra a sociedade em que vivemos, aquele livro do Huxley é super atual e fala de algo que acontece nas entrelinhas da nossa contemporaneidade. As pessoas sendo deterninadas a cumprirem seus papéis, e ainda se sentirem culpadas, quando não exercerem esse papel imposto na sociedade. É o que acontece em relação a uma colocação profissional, inclusão social, inclusão de todas as espécies. Somos educados desde pequeninos a sermos marionetes, a sermos servidores do sistema.
Mas esse já é um outro filme.
Bom, querida, melhor mesmo a fazer e continuarmos escrevendo uma página diferente nesse livro tão comum a muitas pessoas.
Beijos e carinho.
Sabe Mai...
Tb levei um susto pq imaginei q o tal robô era um robô.Hoje seria.Imagino q sim.Ele se foi e nunca ficamos sabendo quem era ele ou q este ator dava vida ao robô mas sua vozinha ecoa agora nos meus ouvidos(perigo perigo!).Tenho o robozinho q comprei nos EUA... Trouxe para meus filhos...rs... Eu sempre assistia perdidos no espaço e outros da época e lembro q depois ficava olhando e buscando uma brechinha na tv para entrar.rs... Boas lembranças me remetem aquele tempo.Obrigada por mais esta lembrança q me trouxe neste belo e aconchegante espaço!
Mai
Lembrei do filme, do dinheiro de papel de cigarro, lembrei que também era protagonista dos filmes, das histórias....seu texto me trouxe recordações boas.
Eu pensei que quando crescesse teria robos fazendo o serviço doméstico, todos. rsrsr E não me disseram que crianças acordavam de noite e podiam fazer muito coco. Minhas bonecas dormiam a noite toda. rsrsr
Tantas evoluções tecnológicas, tantos avanços na medicina e o homem está cada dia mais perdido.
Bela reflexão.
beijos
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